– É o único que realmente se importa, mas não deveria.– disse a ele.

Ele ficou parado me olhando incrédulo. Eu não deveria ter dito aquilo! Eu estava enlouquecendo!

– Me importo por que te amo– eu gelei - Você é minha irmã, minha melhor amiga. E eu sei que você precisa de mim tanto quanto eu preciso de você. Agora, será que você poderia parar de ser tão idiota?– eu estava com raiva dele.

– Me desculpa se eu não sou perfeita, Vitor! – falei alto.

Meu erro foi me distrair e não perceber que o sinal já havia tocado e a sala estava cheia de gente. Todos ouviram nossa discussão e ouvi alguém dizer no fundo da sala: "Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher".

– Você é uma idiota mesmo– disse-me ele.

– E você acha que todo mundo tem que ser igual a você. Desculpa, mas eu não vou ser escrota igual a você! – eu estava soltando fumaça pelas narinas.

Peguei minhas coisas e sai da sala. Todos ficaram me olhando como se eu fosse maluca. Eu nunca havia brigado com Vitor. Isso doía muito. Fui até a secretaria e pedi para ir embora. Disse que não estava me sentindo bem. Liguei para Paulo e pedi para que ele fosse me buscar. Cheguei em casa e fui direto pro meu quarto. Tomei um banho e depois desci para almoçar.

Rosa havia preparado um lanche para mim. Uma coisa bem gordurosa, perfeito. Comi tudo exageradamente e depois fui para a sala assistir um pouco de TV. Rosa veio até mim e disse:

– Seus pais ligaram e pediram para avisa-la que ficaram fora por mais um mês. E me pediram para que eu pegasse um dinheiro que eles mandariam pra você – me entregou um envelope laranja recheado de dólares.

– Ótimo, dinheiro!– pensei alto e Rosa sorriu - Obrigada, Rosa– sorri e ela correspondeu.

Assisti um pouco de TV e acabei adormecendo no sofá mesmo. Acordei já era noite e subi pro meu quarto. Vesti meu pijama e deitei em minha cama. Adormeci rápido.

Naquela noite, tive mais um pesadelo, na verdade, o mesmo pesadelo, mas desta vez parecia quase real. No sonho, Vitor estava ainda mais longe de mim. Acho que aquilo era um sinal de que ele estava se distanciando de mim. Eu não queria perder Vitor. Acordei chorando e peguei meu celular para ligar pra ele. Eu queria escutar sua voz.

Disquei o número, mas estava tomando coragem para ligar. Respirei fundo e engoli o orgulho. Chamou várias vezes e ele não atendeu. Caiu na caixa postal. Desisti de ligar. Guardei o celular e chorei em silêncio grudada no travesseiro. Resolvi mandar uma mensagem para ver se ele respondia.

"Vitor, me desculpa pelo oque eu disse. Eu sou uma idiota, eu sei. Não deveria ter te magoado. Me perdoa"

Enviei. Ele não respondeu. Voltei a chorar. Eu não podia perder ele. Era tudo oque eu tinha de mais precioso! Acabei adormecendo em meio as minhas lágrimas de dor.