Amada escrita por juuh_lautner


Capítulo 3
O Infermo.


Notas iniciais do capítulo

Aa brigada pelos comentários, de verdade. Espero que gostem desse *--------*



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 amada2.jpg picture by morgantizinha

Capítulo 2 - O enfermo
"Is no suprise I won't be here tomorrow
I can't believe I stay 'till today"


Assim que abriu as portas brancas, arrependeu-se do ato. O movimento absurdo, o barulho, o sangue. Tudo lá era quinze vezes pior. Mesmo sendo apenas a ala 'pós-trauma'. Tentou não pensar como seria, então, o PS.

Viu uma mulher morena vindo em sua direção, desviando hábilmente dos que passavam por ela, sem ao menos olhar. Anotava qualquer coisa em uma prancheta que levava a mão.

- Essa é Angela Webber, Bella - explicou Mike parando ao seu lado - Ela é a chefe da sua sessão. Não desgrude dela, ok?

Bella assentiu mais uma vez com a cabeça, ainda boquiaberta com a situação na qual se encontrava. Engoliu em seco, pegando seu uniforme na bolsa segurando-o firmemente contra o peito.

- Oi, vem comigo - chamou a sua nova chefe, de longe fazendo um movimento com a mão, sem desgrudar os olhos da prancheta.

O médico deu dois tapinhas em suas costas, antes de deixar as duas sozinhas e seguir para seus afazeres, feichando as portas atrás de si. Bella foi com Angela, seguindo-a até o vestiário.

- Seu armário - disse apontando o de número 2507, ao que a novata sorriu, hiláriamente, o dia e mês de seu casamento - Vou te esperar lá fora - concluiu, olhando pela primeira vez para sua residente

Estacada na frente do armário, Bella olhava para a chave em sua mão com tanto medo quanto teve no primeiro dia de casada, realmente casada, não quando 'brincava de conto de fadas'.

Passou as mãos pelo número colado a porta da armário, só o número já a deixava louca. Jorravam memórias tão desagradáveis quanto o próprio ser em si, em sua mente. Doía, de verdade. Cada marca que um dia já foi um machucado, toda lágrima que não podia ser derrubada, mas foi. A ardência da água salgada que escorria pelos seus olhos já não incomodava mais, só servia para lembrar o quão burra ela era.

Levou a chave à fechadura, com a mão trêmula e abriu. O tal já estava equipado, com um kit de primeiros socorros pessoal, um uniforme reserva com a máscara e touca e um pequeno squeeze de água.

Tirou da bolsa uma foto antiga, do casamento de seus pais, prendendo-a na porta cuidadosamente, enfiou a bolsa na pratileira de cima e tratou de se trocar.

- Que demora mulher, tem que ser mais rápida! - exclamou Angela, assim que saíra do vestiário, prendendo o cabelo em um coque. A chfe riu da cara de 'perdão' que a sua residente fez, pegando-a pelo braço e guiando corredor a frente.

- Err... Angela? - perguntou insegura de si, parando de andar - Por quê?

A enfermeira a olhou sem entender.

- Porque o quê, querida?

- Por que trauma? Quer dizer, eu sou inexperiente, eu não sei se consigo... - respirou fundo mordendo o lábio - se consigo lidar com tal tipo de paciente.

A mulher a olhou por um instante, considerando seriamente o que estava prestes a fazer, as marcas de preocupação expostas no rosto, não pela idade, não era muito mais velha que Isabella, com seus cabelos pretos perfeitamente presos, mas sim pela vida que lhe dera experiência.

- Eu não sei se tenho permissão para lhe contar isso - começou caminhando até uma sala próxima e convidando Bella a entrar.

Sentou-se atrás da mesa, do que seria seu escritório, com as mãos juntas no colo.

- Mike é muito perceptivo, sabe? Ele as vezes me lembra uma criança, chega sempre sorrindo. Ele ama o que faz e o faz muito bem.

A menina escutava-a atentamente, tentando achar nas palavras da mulher alguma resposta para sua dúvida.

- Bom, não vou te enrolar. No dia que você veio a nós, seu olho esquerdo estava machucado. - Angela explicou apontando para o rosto pálido da menina que institivamente levou a mão a frente. Como podia? Ela lembrara de por manga comprida e passara maquiagem para disfarçar o roxo - Como bom médico, ele te examinou, fazia 31°C e você estava com manga comprida e base no rosto.

Bella abaixou a cabeça envergonhada por ter sido 'desmascarada', entendia agora porque fora contratada. Não porque era comepetente, ou a melhor da turma, mas sim para ser mais uma paciente. Uma paciente passiva.

Trauma... tão ridículo que se surpreendeu por não ter percebido antes. Achavam o que? Que colocando-a ali, ela poderia ser auxiliada? Que ela procuraria ajuda?

Cercada de médicos que estavam acostumados a cuidar de pacientes seriamente machucados por agressões, tentativas de suicídio e qualquer outro tipo de acidente horrível relacionado ou não a brigas familiares, ela não teria como escapar de cuidados. Ela teria que estar sempre bem, então o tratamento começaria por ela, não pels pacientes.

Sorriu de lado, sentindo-se estúpida quando uma lágrima caiu por seu olho machucado.

- Perceptivo... realmente, han? - começou já nervosa - Que mais ele sabe? Que eu sou indefesa? Ele sabe o que eu vivo? Quem eu sou pelo menos, para brincar com a minha vida sem permissão?

Levantou-se estupidamente derrubando a cadeira na qual se encontrava e socando as duas mãos na mesa. As lágrimas ainda caiam, mais e mais, como nunca pudera deixá-las escorrer. Ser forte doía.

- Ele sabe por acaso o que é não ter escolha? O que é ter que ser submissa todos os dias da sua vida porque não tem pra onde correr? Não, ele não sabe. Ele não sabe o quanto dói, o quanto é ruim ter que dormir com uma marca de cinto nas suas costas e acordar de manhã como se nada tivesse acontecido porque senão você ganha mais uma!!

Agora, um estúpido metido a médico super-herói surge do nada e resolve que vai arrumar a vida dela? Ninguém nunca fizera nada, as pessoas passavam longe dela na rua. Sabia que sua vida não era a ideal mas tinha que conviver com isso. Que adiantaria fugir de casa? Não tinha pra onde ir, nem com quem contar. Muito menos iria a polícia, Jacob descobriria e no dia seguinte provavelmente não existiria Bella para contar história.

Abaixou a cabeça, apoiando as mãos na mesa. Ainda estava de pé. Nervosa demais pra se sentar e ouvir mais alguém falando que 'tudo ia melhorar'.

A chefe levantara e se postara ao lado dela com os olhos quase em lágrimas também. Passou o braço pelas costas da aluna, trazendo-a mais para perto.

- Você merece mais do que tem Bella, eu posso não saber muito de você, mas eu vejo isso no seu sorriso.

A menina deixou-se levar pelo abraço da mulher. Sentia-se suja, pequena ... inútil. Desagradava muito a situação, mas já não era uma questão de escolha.

Sempre quis ajuda, só não sabia bem como pedir... não, como pedir não. Nunca pediria ajuda, só não sabia como conseguir.

O silêncio se alastrou por alguns instantes até a respiração da interna voltar ao normal. Assim que o fez, a pequena se afastou da médica, arrumando o avental e secando as lágrimas. Seca, com a mesma expressão indiferente que aprendera a usar com Jacob. Não gostava de demonstrar emoções, mesmo sendo completamente fraca nesse quesito.

A falta de ruídos agora, se tornava constrangedora. Bella olhava pra baixo, ainda inquieta com o que passara.

Um som estridente pegou as duas de surpresa, vindo do bolso lateral do avental da médica. Angela pegou o bip do bolso, com as mãos trêmulas.

- Merda! - exclamou guardando o bip e caminhando a passos largos para a porta - Vem comigo, não tenho tempo de te largar com alguém.

Aflita, a menina correu atrás da chefe sem saber o que acontecia. Quando fechou a porta do escritório, Angela já havia virado o corredor a frente. Toda a ala estava movimentada. Provavelmente um novo paciente... e ela estaria junto?

Quando passavam pelo PS, Angela pegou o bip e jogou nas mãos de Bella.

- Sabe usar um desse? - perguntou colocando o estetoscópio em volta do pescoço ao olhar para a menina.

- Sei... sei sim - respondeu em um fio de voz

- O n° está atrás, mande Carlisle descer - ordenu continuando a andar com a menina em seu encalce.

Com as mãos tremendo, mandou o aviso para o médico, que obviamente, LA inteira conhecia, e voltou sua atenção para a médica. Segurando os cabelos que se soltavam, atravessou a extensão do prédio até a entrada de trás, onde sabia que era o ponto para as ambulâncias.

Saiu pela porta com a respiração falha, a tempo de ver a ambulância se abrindo.

O coração disparou. Nunca tinha presenciado alguma coisa como aquela. Que tipo de enfermeira era ela? Nem residência ela tinha completa. Sentiu seus joelhos tremerem quando a maca ensanguentada desceu da ambulância.

O que ela fazia ali? Sentiu raiva de Mike. Ele era estúpido em tê-la contratado. Mas não teve tempo o suficiente para alimentar aquela raiva, foi atropelada pelas enfermeiras que realmente deveriam estar ali, indo em direção a maca junto com Angela.

Saiu do caminho, se expremendo na parede com a mão no peito, a respiração mais falha do que antes, tinha sérias dúvidas do que fazia ali.

- Bella? Isabella, você está bem?

A voz distante a chamava, fazendo seus olhos voltarem ao foco. Se perdeu por um ou dois instantes na imensidão azul dos que a observavam, até enconstrar voz para responder.

- Sim, eu... eu acho que sim - ficou de pé, observando em volta, o paciente já entrara para cirurgia ou qualquer outra coisa que precisasse. Olhou de volta para Mike - O que houve?

- Acidente de carro, esse homem e uma mulher mais velha, provavelmente mãe - a menina olhou em volta procurando por mais uma ambulância - Não, ela não sobreviveu, levaram-a direto para o IML*.

Assentiu com a cabeça e seguiu seu caminho para dentro do hospital. Ainda fraca, suando frio, mas de algum modo alguma coisa ali dentro a fazia crer que estava no lugar certo. Agora estava.

Foi indicada a uma outra enfermeira, Jessica, que a orientou o resto da manhã. Ensinou-a como avaliar um paciente, lembrou-a de como fazer pontos, enfaixar, preencher fichas e tudo mais que a anos não praticava. Agradeceu por medicina ser - quase - como andar de bicicleta.

Terminou a manhã cansada, sentada na recepção de frente para o balcão de atendimento, de onde Eric, o atendente a olhava.

- Não vai almoçar não Bella? - perguntou curioso abrindo um pacote de salgadinho.

O cheiro de queijo exalado pelo pacote fez seu estômago roncar, mas não queria pensar nisso, não tinha dinheiro para almoçar, nem aquele dia, nem os próximos 29 dias do mês antes de receber seu pagamento.

Sacudiu a cabeça em um não, sorrindo triste. Fez força para levantar-se da cadeira desconfortável e caminhou até o menino.

- Se não vai almoçar não vai roubar meu salgadinho também não - completou puchando o saquinho para si dando com a língua para a menina.

Fazendo uma cara de falsa indiguinação, Isabella parou no meio do corredor com as mãos na cintura.

- Vai mesmo me deixar morrer de fome porque meu marido gastou todo meu dinheiro? - perguntou pronta para ir embora e segurando o riso.

- Marido amiga? Aonde que eu não vejo aliança? - respondeu o outro se dobrando em cima do balcão para olhar a mão esquerda da garota.

- Ah... - suspirou empurrando ele para trás e se apoiando - Ele vendeu para comprar cerveja... ou drgas, já nem sei - deu de ombros e puchou um saco intocado de salgadinhos debaixo do balcão, aproveitando que o menino ficara sem reações.

Abriu o pacote, fazendo-se indiferente ao menino a sua frente ainda sem se mecher, e quando o fez, ela caiu em risadas.

- Argh, por isso que eu gosto de ser solteiro, maridos abusados, fala sério.

Ainda rindo, a menina jogou um salgadinho no atendente e saiu andando, não tinha tempo o suficiente para gastar com papo furado.

Parou na parede de atendimentos, constatando que seu nome já estava lá.

Quarto 257. Bufou, o número a perseguia.

Terminou o pacote sentada em uma maca vazia olhando os médicos irem e virem. Alguns a comprimentavam, paravam para se apresentar, mas sempre iam embora. Hospital maluco, era o que pensava, ninguém parava quieto. Nem para respirar.

Não era como Grey's Anatomy que todos tinham tempo para fazer sexo na salinha do descanço. Alias, pelo que avaliou, nem com quem fazer. Intimidade zero na equipe.

Caminhou para o vestiário de seu andar, ainda ou já, vazio. lavou o rosto, as mãos, escovou os dentes e passou um brilho nos lábios.

"Nunca se sabe..." , riu.

Pegou seu estetoscópio, ajeitoando o avental e continuou em seu ritmo para o quarto, parando na porta para pegar a ficha do paciente e prendê-la em sua prancheta.

Não fora dificil como pensu que seria. Ainda era designada para as tarefas mais simples, mas mesmo assim travou. Ficou olhando o número da borta com o ritmo dos batimentos cada vez mais acelerado.

Primeiro paciente solo, eles eram loucos de larga-la assim?

Respirou fundo, teria que ser uma hora.

Postou a mão na maçaneta, incerta, o enfermo estava acordado e não queria incomodá-lo. Abriu a porta devagar, sussurrando um 'licença' que sabia que não seria escutado. Teve vergonha até de que ouvi-se sua voz. De verdade.

Passara a manhã, analisando pacientes. Aprendera direito e tinha certeza que não esqueceria. Medir a pressão, analisar os batimentos cardíacos, as ondas... tudo o que o monitor mostrava e qualquer pessoa que não tenha faculdade de medicina entenderia como meros apitos.

Entrou no quarto cabisbaixa, não encarou o paciente deitado na cama, ainda com a cabeça enfaixada, um braço e uma perna engessados, e que ria com um programa qualquer na televisão. Quarto de luxo. Não devia ser a primeira visita de... conferiu o nome do homem na prancheta em sua mão antes de tê-la puxada para baixo. Edward Cullen, a olhava com um sorriso no rosto.

Tremeu. E que sorriso.

-O-oi, eu sou Isabella, sua... a enfermeira - conseguiu soltar segurando a prancheta firmemente contra o peito.

- Sim, eu li no seu crachá - disse ainda sorrindo - Edward Cullen, mas já deve ter lido na ficha também. Ela assentiu - Eu ia perguntar se pode, por favor, trazer um copo de café pra mim.

A menina baixou os olhos para a prencheta, procurando qualquer coisa que indicasse que ela não podia fazer isso. Não tinha. Ela teria que fazer.

- Si-sim, eu trago, só um minuto - voltou-se para o monitor, nervosa, tremendo, louca para sair dali. Mesmo sabendo que teria que voltar.

Sentia o paciente a olhando, a fazendo ficar cada momento mais desconfortável.

- Você não é muito nova para ser enfermeira não? - perguntou com uma sombrancelha arqueada.

Sorriu sem querer, relaxando o corpo. Ele tinha uma voz doce, um sorriso torto, a íris verde. Não sabia mais, não queria. Era encantador só por ser.

- Não - respondeu rindo - Provavelmente sou mais velha até que você.

Caminhou a porta, prendendo a ficha novamente e foi buscar o café.

- Duvido ! - ainda ouviu, junto a uma risada, antes de fechar a porta. Se esse fosse seu único paciente, estaria feita.

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N/A: Decididamente, morri.

Caaaaaaara como escrever isso é dificil. Ed/Bells não entra na minha cabeça. A chefinha sabe IOSAIOSAIOA;

Parei. Assim, espero que gostem. Essa fic como já disse não é muito comprida, mas eu gosto dela, tem um plot... diferente haha.

É minha, primeira e única Ed/Bells, então é meio diferentezinho do comum haha.

Não tenho muito o que dizer, realmente, então, comentem, sim?

PS: Me desculpem pelos erros ortográficos, eu não tenho word aí fica dificil. Estou a corrigir.


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