Harumi segurava a mão de Yusuke com força enquanto o carro andava pela cidade, ninguém lá dentro conversava e ela estava muito assustada para perguntar alguma coisa então se contentava em tentar entender sozinha o que estava acontecendo enquanto Yusuke e seu pai se encaravam. Harumi tremia e notando isso, Yusuke passou o braço ao redor da garota e a puxou para mais perto fazendo também a cabeça da garota deitar em seu ombro. Essa atitude do garoto chamou a atenção de seu pai.

- Quem é ela? - perguntou o homem.

- Não te interessa - respondeu Yusuke.

- Pff. Acha que sou idiota Yusuke? - disse o homem - VOCÊ DEIXOU DE LADO TRÊS ÓTIMAS PRETENDENTES PRA FICAR COM UMA CEGA!?

- ÓTIMAS O CARALHO! QUER QUE EU ME CASE COM TRÊS GAROTAS QUE NUNCA VI NA VIDA E AINDA POR CIMA ENGRAVIDAR UMA DELAS?! ELA É INFINITAS VEZES MELHOR DO QUE AS TRÊS JUNTAS! ELA SER CEGA NÃO MUDA EM NADA!

- SABE QUE É ASSIM QUE AS COISAS FUNCIONAM NO NOSSO CLÃ! AINDA TE DEI VÁRIOS ANOS PARA SE LIVRAR DISSO JÁ QUE NORMALMENTE COM 18 JÁ ERA PARA VOCÊ ESTAR CASADO.

- EU NÃO VOU CASAR COM NENHUMA DAS TRÊS POR MAIS QUE VOCÊ INSISTA!

- VAI MESMO DESOBEDECER AO SEU LIDER? - o pai de Yusuke já havia perdido a pouca paciência que tinha e agora puxava Yusuke pela gola da camisa.

- LEMBRE-SE QUE ANTES DE LÍDER, VOCÊ É MEU PAI!

O homem suspirou e soltou a gola da camisa de Yusuke e o silêncio voltou novamente só que agora a atmosfera estava bem mais pesada assim como Yusuke e seu pai se olhavam com mais ódio. O pai de Yusuke olhava para o casal seriamente enquanto pensava em várias coisas até que se virou para Harumi.

- Garota... - disse ele tentando falar calmo - Como se chama?

- Harumi. - respondeu ela.

- Você sabe em que está se metendo? Entende sobre tudo que estamos falan-

- Gritando. - interrompeu Yusuke recebendo um olhar reprendedor do pai.

- Entende sobre tudo que estamos gritando aqui? - perguntou o pai de Yusuke.

- Não muito.

- Você gosta do meu filho? Desse idiota do Yusuke? Não minta.

- Gosto!

- Sabe que ele é de um clã que existe a várias gerações que controla várias áreas do submundo de Osaka? Isso praticamente o classifica como um delinquente... Ou pior. Sabe que as pretendentes dele são também integrantes de máfia ou de outros clãs? Sabe que ele bebe? Sabe que ele tem tatuagens? Sabe que ele quase toda noite sai pra brigar?

Yusuke gelou ao ouvir aquelas perguntas. Obviamente depois daquilo tudo ele teria que explicar o que acontecia para Harumi mas não queria que fosse seu pai a explicar e principalmente daquele jeito, queria ter explicado para ela com mais jeitinho então agora ele a olhava apreensivo.

- N-Não... E-eu não sabia dessas coisas...

- Esse é quem é Yusuke. Um delinquente, um marginal, um brigão, um beberrão, um herdeiro de gang, um garoto rodeado de problemas e inimigos. Continua gostando dele agora?

O que Yusuke tinha vontade agora era de enfiar a cabeça num buraco no chão e acima de tudo, de dar um soco bem dado na cara do pai. Verdade que bebia, mas do jeito que o pai falava ele parecia um alcoólatra, o que não era verdade, nem se quer dava pra falar que ele bebia toda semana. Mas álcool era o menor de seus problemas agora, ele olhava nervoso para Harumi completamente cheio de vergonha mas a garota mesmo assim não o soltava enquanto ele olhava para ela nervoso esperando sua resposta.

- Gosto. - respondeu ela - Claro que gosto. O Yusuke que conheço é o que vem me irritar sempre, o que me ajuda sempre mesmo quando eu falo que consigo sozinha, o que é carinhoso comigo, o que me protege. Você fala essas coisas  porque não vê o lado bom dele. Você pode falar todas essas coisas ou coisas ainda piores mas não me convence que ele é mal.

Harumi falava tudo àquilo com doce sorriso no rosto sem desgrudar de Yusuke e as palavras dela fizeram o rapaz abrir um sorriso também. As mãos da garota que estavam segurando a camisa dele foram subindo lentamente até achar o rosto dele o segurando delicadamente enquanto os esbranquiçados olhos da garota se fixavam num ponto qualquer do rosto do rapaz.

- Eu gosto muito dele - disse ela.

Ela então deu um selinho nele, na verdade, tentou dar um selinho, pois o beijo da garota acabou indo no queixo do rapaz que soltou uma pequena risada. Yusuke então deu um selinho nela e depois um beijo na testa de Harumi.

- Eu também gosto muito de você Haru.

Yusuke abraçou a garota bem forte e ela retribuiu o abraço. Sem soltar ela de seus braços, Yusuke olhou sério para seu pai.

- Eu não vou casar com nenhuma daquelas três disse ele bem sério - Não importa o que você diga.

- Vai ficar com a ceguinha?

- Chame-a pelo nome!

- Não estou afim.

Yusuke revira os olhos com a teimosia do pai e reclama algo baixinho mas Harumi acaricia o rosto dele gentilmente enquanto estava com a cabeça deitada no ombro dele.

- Calma... - disse Harumi.

- Responda minha pergunta Yusuke - disse o homem.

- Sim, vou namorar com ela.

Harumi corou com aquilo mantendo o doce sorriso nos lábios e deu um beijinho na bochecha dele.

- Não estou falando de namorar. Tenho uma proposta para vocês que agradará ambos os lados ao menos um pouco. Fique com ela, não só namore, case com ela e me de um neto. Em compensação, você fará tudo do clã sem questionar e também informará a família das suas pretendentes que você se casará com uma cega que não tem nada haver com tudo isso.

Ambos, Harumi e Yusuke pararam para pensar nisso. Mesmo que se gostassem, não podiam negar que a parte do casamento preocupava um pouco pois haviam acabado de começar a namorar, pensar já em casar naquela altura era pressa demais mas nem se preocuparam com essa parte do acordo. A parte que mais preocupava, principalmente a Yusuke era ter que ficar totalmente a mercê do clã sem poder sair dele que inicialmente era o plano ele. Contar para as famílias das garotas não era algo muito complicado também.

Yusuke achou melhor fazer algumas perguntas sobre a proposta.

- E se discordássemos? - perguntou ele.

- Então eu lhe proibiria de ir ver ela e teria certeza que não fugiria novamente. Mandaria-te para casar com a pretendente que mora mais distante e mandaria os mais fortes guarda costas para impedir que você fuja. Se você tentar fugir, sabe que eu conseguiria te achar sem problemas não importa se você levar a garota ou não.

- E se nós fossemos para bem longe? - perguntou Harumi

- Eu tenho muitos contatos no mundo todo. O mais longe que vocês conseguissem ir ainda é fácil achar.

- Se eu topar... - disse Yusuke - vou ter que te obedecer enquanto for o líder certo?

- Certo. Sem questionamentos. Mas lembre-se que uma hora eu acabarei morrendo e você será o líder, mesmo assim você não poderá deixar o clã ruir ou sair dele. Se isso acontecer, botarei um homem em quem confio que você não saberá quem é para matá-lo.

- M-Matar?! - exclamou Harumi - I-Isso é muito exagerado!

- Não se meta garota - disse o pai de Yusuke ríspido. - Além disso, apatir de agora, independente se toparem ou não, estarão sempre sob observação de alguém.

- Vai espionar o próprio filho? - perguntou Harumi.

- JÁ DISSE PARA NÃO SE METER SUA CEGA! - gritou o homem.

- NÃO GRITA COM ELA! - gritou Yusuke - E TENHA RESPEITO COM ELA TAMBÉM! ELA MERECE MAIS QUE VOCÊ!

O silêncio voltou pela terceira vez. Com certeza o carro estava dando várias voltas na cidade pois já era para eles terem chegado à casa de Yusuke. Até que Harumi suspirou e disse:

- Não é melhor t-

- JÁ DISSE PRA NÃO SE MET- - interrompeu o pai de Yusuke

- EU VOU ME METER SIM! ESSE ACORDO TAMBÉM AFETA A MIM ENTÃO DEIXA EU FALAR!  - gritou Harumi interrompendo o homem fazendo Yusuke soltar uma risada - Acho melhor eu e Yusuke discutirmos isso primeiro e a sós.

- Concordo com ela - disse Yusuke.

O pai de Yusuke pensou por alguns segundos e depois suspirou.

- Certo... Estaremos logo chegando e então arranjaremos um lugar onde sozinhos mas constantemente vigiados e guardados, poderão discutir.

- Feito. - disseram Harumi e Yusuke em uníssono.