Os dias foram se passando sem nada de muito relevante ou fora do ciclo normal do cotidiano. Harumi ficava a maior parte do tempo na cama aproveitando a televisão que ficava a maior parte do tempo num canal de música enquanto Yusuke estava quase sempre fora de casa resolvendo alguma coisa. Teve até uma ocasião em que ele precisou passar alguns dias na China. Harumi ficou com o coração na mão durante esse tempo, mas, para a alegria de ambos, deu tudo certo e ele voltou como se nada tivesse acontecido. Conforme o tempo ia passando, mais a barriga de Harumi ia crescendo ao ponto de que agora, já no 6º mês, a barriga era impossível de ser escondida se a garota quisesse. Mas assim como a barriga dela ia crescendo, mais ela se mostrava obviamente cansada. Passava a maior parte do dia dormindo. Agora ela só saia de casa mesmo para ir para o hospital ver se tudo estava bem, e era o que eles estavam indo fazer naquele dia.

Harumi estava sentada na cama apoiando as costas num travesseiro enquanto comia um sanduiche simples com uma caixinha de suco de laranja já acabada ao seu lado. Shinju, seu fiel companheiro canino, estava deitado ao lado dela na cama olhando para Yusuke que agora estava vestindo o casaco já que Harumi estava já prontinha, só faltava terminar de comer mesmo.

– Ei... – disse Yusuke ao terminar de se vestir e então deitando ao lado de Harumi enquanto ela comia. – Está se sentindo bem hoje?

– Uhum... – disse ela com um sorriso fofo enquanto comia – descansei bastante ontem.

Yusuke sorriu lindamente para a amada que logo parou de comer com uma cara de surpresa.

– ah! Yusuke! Yusuke! Me dá sua mão! – pedia ela apalpando o ar. Rapidamente ele deu a mão para ela embora tenha aparentado estar preocupado com a reação da garota que tudo o que fez foi colocar a mão dele sobre sua barriga. Não demorou muito para Yusuke sentir um chutezinho. – Sentiu? Sentiu? - disse ela toda feliz.

– Senti sim! – disse ele rindo colocando ambas as mãos na barriga a acariciando e então colocando o ouvido para escutar o filho. – Você tem que dar um jeito de não me matar do coração toda vez que me chama pra sentir amor! – reclamou ele fazendo a garota rir.

– Foi mal – disse ela dando a mordida final no sanduíche e então mastigando bem.

Ele se levantou da cama e logo ajudou Harumi a fazer o mesmo com muito cuidado e lentidão a segurando sempre com firmeza.

– Tudo bem? – perguntou ele preocupado sem soltar Harumi que se segurava nele com um braço e com o outro protegia a barriga. Ela se conteve em afirmar com a cabeça.

Eles foram indo lentamente até o carro, Yusuke olhava toda hora para a garota. Ela sempre parecia cada vez mais fraca. Quando chegaram ao carro, o garoto perguntou novamente para ela se estava tudo bem e novamente ela afirmou com a cabeça abrindo um pequenino sorriso.

Assim que o carro saiu, uma movimentação começou na casa comandada por Emiko.

Da casa, eles foram direto para o hospital e direto para a salinha do médico. Harumi se sentou na cadeira e depois de educações e perguntinhas como “bom dia” e “tudo bem com você hoje?”, o médico ligou o aparelho de ultrassom com um sorriso no rosto enquanto Yusuke segurava na mão da garota.

Harumi levantou a camiseta que usava e o médico passou uma geleca gelada e então a maquininha.

– Prontos de novo? – perguntou o médico com um sorriso.

– Hai – disse Yusuke sorrindo – tem como botar para ouvir o batimento do bebê de novo?

– Claro, não precisava nem pedir – disse o médico rindo colocando para ouvir os batimentos. Isso sempre fazia Harumi sorrir enormemente e segurar a mão de Yusuke mais forte com algumas lágrimas nos olhos.

– É um bebê forte né, doutor? – perguntava Harumi com os olhos mareados.

– Sim. Sim. Muito. – respondeu o médico – decidiram se vão querer saber o sexo do bebê ou se vai querer que seja surpresa?

– Surpresa – disseram os dois ao mesmo tempo.

– Ok. Então guardarei esse segredo comigo – disse ele rindo e então mostrando a imagem do rostinho do bebê e começando a indicar onde ficava cada coisinha e Yusuke praticamente se grudava na tela e Harumi ouvia com cuidado se corroendo de curiosidade a ponto de morder o lábio de leve.

Depois de todos os procedimentos de rotina, eles foram liberados para ir embora. Como Harumi estava muito fraquinha para poder sair por ai comprando as coisas para o bebê que ambos concordaram em deixar o gênero como surpresa, sobrava para Yusuke que, sabendo que a garota queria participar de tudo, arrumava uma revista ou fotos das opções e ia descrevendo para a garota que ia dando suas opiniões. Eles montaram na frente do quarto deles um quartinho para o bebê que ainda não estava pronto. Tinha um berço branco com um colchão coberto com um lençol estampado delicadamente com o céu e as nuvens e um travesseiro pequeno e fino usando uma fronha que combinava com o seu lençol só que tinha ainda um ursinho voando num balão de ar quente estampado junto. O quarto tinha ainda três estantes até agora com apenas dois bichinhos de pelúcia que não faziam diferença de gênero. Havia um armário também, branco para combinar com o resto do quarto. Dentro deste, havia várias fraudas e algumas roupinhas que eles compraram ou que haviam ganhado. Na única janela do quarto, uma cortina branca protegia do sol e assim que descobrissem o sexo, estavam preparados para colocar mais uma cortina rosa ou azul por cima para proteger direito dos raios do sol. As paredes usavam um papel de parede que passava no meio dela com uma cena de ursinhos brincando num parque bem florido de graminha verde. Como o papel de parede não cobria uma boa parte de parede, eles decidiram que acrescentariam mais detalhes dependendo se fosse menina ou menino. Se fosse uma garotinha, encheriam a parte de cima da parede de borboletas e fadinhas como se fosse o céu do parque. Se fosse um garoto, colocariam aviões e foguetes. Pra completar o quartinho, há pouco tempo havia sido montado ali uma cadeira de balanço almofadada para colocar o bebê para dormir.

Não foi para o quarto do bebê que eles se dirigiram ao chegar a casa, mas sim para o quarto. Harumi não precisava enxergar para notar que havia algo de diferente no quarto.

– Aqui... tá com um cheiro diferente. Um cheiro bom... – disse ela enquanto Yusuke a ajudava a entrar no quarto.

– M-Mesmo? – perguntou Yusuke evidentemente meio nervoso.

– Yusuke... Tá tudo bem? – perguntou a garota preocupada.

– Tá sim. – disse ele com a voz mais confiante que conseguiu arranjar, mas ainda sem convencer a garota.

Harumi notou logo outra diferença ao sentar na cama e se aconchegar ali. A cama estava cheia de almofadas super fofinhas. A garota se perguntava o que estava acontecendo ali. A cama estava mais confortável do que o normal e o quarto cheirava a flores dando um ar de leveza ao ambiente.

– Y-Yusuke... O q- - a garota mal terminou de falar quando uma música começou a tocar. Yusuke estava tocando um violão.

– Foi mal eu... – disse ele enquanto tocava – não consegui fazer uma letra que estivesse a seus pés. Ficaria com raiva se fossem só os acordes?

– Claro que não. – disse ela vermelhinha sorrindo enquanto ele se sentava ao lado dela na cama sem parar um minuto se quer de tocar e ela apoiava a cabeça em seu ombro. – Mas porque isso? Sabe que meu aniversário já passou né?

– C-Claro que sei... – disse ele – a gente até comemorou lembra? Só... Aproveite a música por enquanto.

Harumi ia abrir a boca para perguntar por que ele parecia tão tenso ou nervoso, mas decidiu fazer o que ele pedia e aproveitar a doce melodia. Ela deixou a cabeça pousada no ombro dele respirando calmamente com a mão acariciando a barriga e os olhos fechados. Era uma melodia doce e delicada. Mesmo sem palavras, era como se ela conseguisse sentir tudo o que ele queria dizer com aquelas notas. Era extremamente relaxante ficar ali, ela conseguia se sentir como se nada de ruim fosse acontecer com ela.

A música então parou e ela permaneceu ali sem abrir os olhos, apenas respirando fundo.

– Foi lindo... – disse ela com um sorriso no rosto e toda relaxada.

– A-Ainda tem mais uma coisinha... – disse ele todo nervoso pegando então do cantinho da cama, não muito longe dele, uma sacola com um coração de pelúcia dentro. Era extremamente fácil esconder as surpresas de Harumi.

Ele deu a sacola para ela todo tenso tremendo um pouco. Ela abriu os olhos e pegou as sacola curiosa levantando a cabeça do ombro dele. Não foi muito difícil tirar o coração de pelúcia da delicada e linda sacola, pois ele já tinha deixado fácil para ela. Com o mesmo ar de curiosidade, ela apalpou o objeto tentando entender o que era e logo percebeu que era um coração de pelúcia mais ou menos do tamanho de um livro comum como um dos mais grossos de Harry Potter.

– Yusuke... É lindo... – disse ela sorrindo sentindo os cotornos do coração e então o abraçando. Ao abraçar, ela parou e se afastou do coração de pelúcia, parecia que tinha algo ali dentro.

Quando Yusuke notou que ela tinha percebido algo de diferente, ele ficou quieto e nervoso prestando atenção a cada movimento dela. Ela apalpou e apertou o coração para ter certeza que tinha sentido certo que havia algo lá dentro.

– Tem algo aqui... – disse ela confusa.

– T-Tem um zíper na parte de trás... – se conteve em explicar o rapaz todo corado e nervoso.

Ela virou o coração, achou o zíper e o abriu. Tirou de lá dentro sem muita dificuldade uma caixinha pequena. Estranhando ainda mais, apalpou a caixinha com cuidado sentindo logo que ela abria. Ao abrir a mesma, a garota ficou pasma e surpresa ao sentir dentro da mesma um anel.

Para Yusuke, essa foi sua deixa. Tentando deixar a mão firme, sem tremer, ele pegou delicadamente na mão dela, deu um beijo delicado e doce nela e então disse:

– Harumi Kurosaki, quer casar comigo?