– G-Grávida?!? - gaguejou Yusuke olhando meio pálido para Harumi, ele não sabia exatamente o que sentir, aquilo era de mais para ele. Ele olhou para ela atrás de alguma reação mas Harumi parecia ter congelado.

Harumi tão pouco sabia o que sentir, a garota levou delicadamente a mão até a barriga ainda sem nenhum vestígio da tal gravidez e então começou a chorar calmamente deixando as lágrimas rolarem pelo seu rosto enquanto um singelo sorriso ia aos poucos aparecendo no rosto da garota. Sempre quis ser mãe... Ter seu próprio bebezinho para amar e cuidar mas mesmo assim, tinha que admitir que tivesse medo. Não tinha certeza de que poderia ser uma boa mãe. Doía nela pensar que nunca poderia algum dia ver seu bebê.

– Haru... - disse Yusuke segurando suas mãos, o garoto tremia de leve - t-tá... Tudo bem?

– t-tá... A-acho - disse Harumi com uma leve risada abraçando ele bem forte - vamos ter um bebê Yusuke! Um filhinho só nosso! - disse a garota rindo sem conseguir parar de chorar.

Contagiado pela animação da garota, Yusuke começou a rir também e a abraçou fortemente tentando segurar as lágrimas que enchiam seus olhos. O médico ficou em silencio deixando os dois se abraçarem e aproveitarem aquele momento. Alguns minutos se passaram até que Yusuke segurou o rosto da garota delicadamente limpando suas lágrimas e pedindo com uma voz extremamente doce para que ela se acalmasse. Harumi respirou fundo, limpou também suas lágrimas e abriu um sorriso já bem mais calma.

– Bom... – disse o médico depois de um tempo – vejo que estão felizes... Mas devo avisá-los sobre uns detalhes...

O médico então começou a dar vários avisos típicos que se dava para os pais, tinha aquele discurso já de cor. Aquele médico conhecia Harumi, era o médico dela de todos esses anos, tinha a ficha dela e tudo mais. Com um suspiro, ele achou que seria necessário contar uns detalhes ainda mais importantes e cruciais que diferenciavam Harumi da maioria das mães.

– Tem outra coisa... – disse ele – O corpo dela não é muito forte, sua saúde é frágil e fraco. Quando digo que ela terá que repousar... Estou falando de descanso total a partir de agora até o bebê nascer e talvez alguns dias depois disso. Nada de andar por ai ou fazer muito esforço.

Harumi mordeu o lábio preocupada agarrando-se com força ao braço de Yusuke que a abraçou deitando a cabeça da garota em seu ombro fazendo carinho em sua cabeça e então lhe dando um beijinho no topo da cabeça.

– Calma Haru, eu vou cuidar de você – disse ele num tom tranquilizador embora ele mesmo tivesse ficado um tanto assustado com aquilo.

– Outra coisa... – disse o médico – normalmente quando uma mulher fica grávida explicamos os procedimentos do parto cesariano e do natural para que ela ou o casal possa escolher qual prefere. Lamento Harumi, mas não poderá fazer essa escolha. Acredito que com o devido descanso você consiga passar por um parto normal, mas não vou arriscar, teremos que fazer uma cesariana em você. É mais seguro.

– T-Tudo bem... e-eu entendo... – disse ela tremendo com a ideia de ser cortada ao meio, notando a insegurança dela, Yusuke a abraçou mais forte.

– Calma meu amor, estarei cada segundo a seu lado... E além disso... Ainda tem muitos meses pela frente até ter que se preocupar com isso.

– Isso mesmo... – disse o médico com um leve sorriso – Pode ficar ai descansando mais um pouco e então faremos uns exames, passarei uma dieta para você e então pode ir para casa.

– Hai... – disse Harumi sorrindo toda fofa, não conseguia parar de sorrir – obrigada doutor – completou ela enquanto o mesmo fechava a porta do quartinho.

Yusuke ficou vendo o médico fechar a porta e então olhou para ela com um sorriso radiante.

– um bebê... – disse ele.

– um bebê! – respondeu ela toda alegre caindo na risada enquanto Yusuke a abraçava bem apertadinho e achava um cantinho entre ela e a beirada da cama para se deitar deixando obviamente a maior parte da cama para ela.

– Acho que seu pai vai me matar – disse ele rindo.

– Provavelmente vai – concordou ela rindo e se aconchegando nos braços dele fechando lentamente os olhos sem conseguir tirar o sorriso do rosto. – um bebê... Um filho... Ou filha... Seu e meu... Bem aqui... – disse ela colocando a mão na barriga.

– Hai... – disse ele ficando juntinho dela e colocando a mão sobre a mão dela. Tudo aquilo parecia um sonho embora os dois tivessem que admitir que lá no fundo, tinham medo. Isso iriam arrumar depois pois o momento, era de pura felicidade.

Ficaram ali deitados juntinhos até o médico voltar dando uma leve risada ao ver os dois tão grudadinhos. Passaram mais algum tempo no hospital fazendo os exames de rotina que se faziam quando se acabava de descobrir uma gravidez. Descobriram que o bebê aparentemente estava saudável, ainda era cedo de mais para saber se era menino ou menina, só sabiam que tinha 2 meses de vida.

O sorriso de Harumi pareceu ter ficado colado em seu rosto, ela não conseguiu diminuir ele e várias vezes chorou de emoção e felicidade. Haviam ido de ambulância até o hospital então só lhes restou pegar um taxi.

– Vamos para sua casa agora? – perguntou Harumi agarrada ao braço de Yusuke enquanto andavam pelos corredores do hospital indo embora do mesmo.

– Nossa casa – corrigiu Yusuke rindo.

– Ainda me acostumo – respondeu ela com uma risada, não havia tirado a mão da barriga nem por um segundo o caminho inteiro até a porta do hospital.

– E sim... Vamos... Você tem que descansar. – respondeu ele enquanto procurava um taxi por perto.

– Podíamos ir lá em casa... Quer dizer... Na casa do meu pai e... Contar pra ele – disse ela calmamente e Yusuke na hora gelou.

– Quer que o bebê fique órfão de pai logo assim tão cedo?! – brincou ele fazendo a garota dar uma risada.

– Ele não vai te matar bobo! – respondeu ela com uma leve risada.

Yusuke suspirou e mordeu o lábio tentando organizar as ideias na cabeça. Teriam que contar para o pai de Harumi de toda forma, mas ele ainda não sabia como faria isso. “Droga” dizia ele dentro de sua cabeça “Queria ao menos ter casado realmente com ela antes... darei um jeito nisso também...”.

Era realmente muita coisa para organizar. Yusuke esperava que conseguisse dar conta de tudo. Harumi, no entanto, estava perdida de mais em sua felicidade para pensar em problemas e assuntos inacabados apesar de que lembrava muito bem que contar ao pai seria um desafio à parte.

– Ok ok... Vamos lá... –disse Yusuke torcendo silenciosamente para que não se arrependesse dessa ideia e que arrumasse um jeito de sair vivo de lá.