Variando um pouco dos outros dias, Harumi foi quem acordou primeiro. A garota sorria ao sentir Yusuke abraçado a si. Os dois ainda estavam completamente pelados. Ela se aconchegou melhor nos braços dele e delicadamente tocou seu rosto e então lhe deu um leve selinho no queixo, selinho que era para ter ido nos lábios do noivo. Aquilo fez Yusuke acordar. Sonolentamente o garoto bocejou e então sorriu para Harumi lhe dando um beijinho na testa.

– Bom dia dorminhoca – disse ele.

– Porque eu sou a dorminhoca se acordei primeiro do que você? – resmungou ela com um biquinho fazendo o garoto dar uma leve risada.

– Porque eu disse que você é a dorminhoca da casa e ponto final – retrucou ele começando a fazer cócegas nela. Harumi morria de rir enquanto se contorcia devido às cócegas – vem, vamos nos vestir logo. Já são quase 11 horas.

Assim, rapidamente os dois se arrumaram. Havia muitas coisas para resolver naquele dia, vários assuntos pendentes. Depois de se arrumarem eles comeram o “almo-café-da-manhã” que foi num estilo tradicional japonês e então começaram as coisas que teriam que resolver. Yusuke se sentou num dos sofás da casa com Harumi sentada ao seu lado. A cabeça de Harumi estava deitada no ombro dele e uma mão estava agarrada a camisa dele enquanto ele passava o braço ao redor do ombro dela a abraçando e a puxando para mais perto enquanto a mão livre do rapaz segurava o telefone. Ele discou o número e então botou o telefone no ouvido do lado onde Harumi estava, pois ela havia pedido para ouvir também.

– Bonjour – respondeu a voz do outro lado do telefone.

– Hey Nicolette! – disse Yusuke fingindo uma voz animada – imagino que esteja atualizada das mudanças recentes que aconteceram por aqui.

–... Talvez...

– Está demitida. – disse o garoto mudando para uma voz bem séria.

– V-Você...n-nã...

– Claro que posso. Eu mando aqui agora. Você está demitida e proibida de pisar aqui novamente.

– Ela não está pronta ainda! Tem que aprender a s-

– Ela é perfeita do jeito que é. –cortou o garoto – Você quem precisa de consertos sua vadia.

– Yusuke... – disse Harumi baixinho dando uma leve risada apesar da intenção inicial dela ter sido controlar a língua dele, mas tinha que admitir que tinha gostado.

– Ah sim... – disse Yusuke pelo telefone – Fiquei sabendo que você receberia mais pelo serviço bem feito. Pois como eu não gosto do seu serviço e muito menos de você... Espero que meu pai tenha lhe dado adiantado porque de mim não conseguirá um tostão. – completou Yusuke coma voz firme e então desligando o telefone na cara da mulher.

– Um problema a menos? – perguntou Harumi.

– Um problema a menos. – afirmou Yusuke segurando delicadamente o queixo da garota e lhe dando um doce beijinho.

Assim, com os problemas com a ex-professora de Harumi resolvidos, eles foram para o próximo destino do dia. O casal entrou no carro e Yusuke dirigia enquanto Harumi sentava-se no banco ao lado do banco do motorista.

– Será que ele vai estar com raiva de mim? – perguntou ela com medo mordendo o lábio.

– Claro que não. – disse Yusuke.

– Como sabe?

– Ele te ama mais do que tudo Haru. Deve estar preocupado com você e morrendo de vontade de te ver novamente.

Não demorou muito para eles chegarem na frente da casa de Harumi. Yusuke ajudou a garota a sair do carro e então foram os dois até a porta. Depois de baterem, demorou alguns minutos para ouvirem outra coisa que não fosse os latidos animados de Shinju, o cachorro, que já parecia saber que era a garota quem chegava. De dentro da casa, Yusuke e Harumi ouviram barulhos de passos e então a porta abriu quando o pai de Harumi, todo descabelado e de pijamas pois trabalhava a noite, a abriu e então foi para cima de Harumi a abraçando fortemente enquanto Shinju pulava alegremente pelo retorno da dona em cima dela.

Eles ficaram ali uns minutos se abraçando fortemente enquanto Yusuke ficava quietinho deixando aqueles momento entre pai e filha acontecer sem interrupções. Harumi abraçava o pai com força e ambos choravam, principalmente Harumi que soluçava pedindo desculpas diversas vezes.

– Gomenasai... gomenasai... gomenasai... – dizia ela sem parar.

O pai da garota soltou-se do abraço lentamente limpando as lágrimas da filha.

– Pronto... calma... está tudo bem Harumi. – disse o pai dela calmamente tentando fazer a filha parar de chorar enquanto ele mesmo teve que limpar o rosto com a manga do pijama. Ele abraçou ela novamente enquanto ela respirava fundo tentando se acalmar e então ele olhou para Yusuke – cuidou bem dela, espero.

– Claro que sim. – disse Yusuke com um sorriso de canto.

– O que aconteceu? O trato acabou? Liberaram ela? – perguntou o pai de Harumi sem entender.

– B-Bem... – começou Yusuke colocando as mãos dentro do bolso da calça – meu pai meio que morreu então... eu quem mando agora.

O pai de Harumi olhou para Yusuke por um tempo com um olhar sério pensando em meio mundo de coisas como se a dívida dele seria perdoada e se Harumi continuaria ao lado de Yusuke. Harumi então se soltou do pai e começou a brincar e fazer carinho no cachorro que já estava ficando mal humorado pela falta de atenção. O brincalhão de seu cachorro lambia o rosto de Harumi e pulava em cima dela enquanto ela se contentava em rir e o abraçar.

– Então... –começou o pai de Harumi – terei minha filha de volta?

– A escolha agora é toda de Harumi. – disse Yusuke enquanto a garota parava de brincar com o cachorro ao ouvir aquilo e começava a pensar sobre o assunto enquanto os dois olhavam para ela – o que vai ser Haru?

– E-Eu... andei pensando nisso sabe? – disse Harumi apalpando o ar em busca deles. Yusuke pegou primeiro na mão dela mas vendo que ela parecia ainda procurar com a mão, o pai dela pegou na outra mão dela – eu gosto muito dos dois. Os amo profundamente, embora sejam dois tipos completamente diferentes de amor. Pai... eu quero casar com o Yusuke.

– Harumi voc – começou a falar mas logo foi interrompido por Harumi.

– Pai... eu sei do que estou falando. Sei que não faz muito tempo que eu e ele estamos namorando, por isso queria que esse casamento não fosse agora, que esperássemos um pouco mais para você ver que não tem erro algum em eu fazer isso.

– Harumi mas ele...

– Eu sei. Eu sei o que ele faz da vida. Não sou idiota pai. – insistiu a garota e provavelmente já imaginando que o pai rapidamente ia lançar um olhar de ódio e/ou raiva para Yusuke, ela continuou – Vocês são as duas pessoas do mundo mais importantes para mim. Não os quero brigando.

O pai de Harumi suspirou e, com a expressão um tanto séria, estendeu a mão para Yusuke e ambos trocaram apertos silenciosos.

– Você vai continuar a cuidar bem dela não é? – perguntou o pai dela antes de eles soltarem as mãos.

– Claro que vou. – respondeu Yusuke fazendo com que Harumi abrisse um doce sorriso.

– Você vai ficar na casa dele então? – perguntou o pai de Harumi para ela.

– Por hora, sim. Mas venho te visitar toda hora ok? – perguntou ela com um fofo sorriso. O pai dela abriu um sorriso de canto e soltou um suspiro passando então a mão nos cabelos da filha bagunçando-os completamente.

Depois disso, eles foram ao tatuador para continuar a tatuagem de Yusuke. No final do dia, Harumi voltou exausta dormindo no carro e Yusuke teve que leva-la no colo para a cama e aproveitou isso para ligar para o pai de Harumi, acertar umas coisas e falar pra ele que toda a dívida estava perdoada e que qualquer coisa, era só pedir. Os dias foram se passando... a tatuagem de Yusuke ficou pronta, a pele avermelhada por causa da mesma logo voltou à coloração normal, Harumi ia todo final de semana com Yusuke na casa de seu pai, o aniversário de Yusuke chegou e passou assim como o de Harumi e o cachorro de Harumi foi se juntar a garota na casa do noivo.

Certo dia então, Yusuke havia saído para resolver uns assuntos e deixara Harumi na casa. Ele chegou no final da tarde, jogou o casaco por ai na casa e foi com um sorriso para o quarto doido para abraçar Harumi mas quando abriu a porta, o que viu deixou ele com o rosto completamente branco. Harumi estava ajoelhada ao lado da cama, o torso, braços e cabeça esparramados em cima da mesma e um rosto obviamente desacordado. Harumi desmaiara.