Alguns poucos dias depois, o corpo chegou finalmente em Osaka. O humor de Yusuke não ia nada bem, era provavelmente apenas o carinho e gentileza de Harumi que o impediam de se estressar e sair gritando com todo mundo. O enterro seria logo logo, faltavam apenas alguns minutos. Yusuke estava com Harumi em seu quarto e ambos estavam se arrumando. Harumi estava de pé com um vestido preto comportado que ia até os joelhos e Yusuke fechava o zíper nas costas do vestido da garota. O semblante do garoto era inexpressivo e geralmente tomado pela tristeza quando estava com ela, mas assim que notava que os dois não estavam sozinhos, ele se tornava rancoroso e estressado. Harumi não sabia bem o que fazer nessas horas... Só sabia que todas as noites desde da notícia da morte do pai, Yusuke havia se agarrado a ela fortemente na cama. Ela fazia carinho nos cabelos dele enquanto sentia algumas vezes lágrimas que escorriam pelo rosto dele.

Para o enterro, o garoto vestia um terno completamente preto. Quando os dois estavam prontos, ele segurou na mão de Harumi, que logo se agarrou ao braço dele, e foram juntos para fora da casa entrando então no carro para ir ao enterro.

– Yusuke... – disse a garota baixinho tentando quebrar o silêncio que estava ali – está tudo bem com você?

– Haru... – disse ele suspirando passando o braço pelos ombros dela fazendo com que ela aninhasse em seu ombro – desculpe te preocupar tanto. Não diria que estou bem, mas estou bem melhor que antes.

– Não gosto de ver você triste assim...

– Sei que meu pai nunca foi muito legal com você, mas ele ainda era meu pai. Tive meus problemas com ele vários vezes, casamento e namoro sempre foram assuntos de brigas entre a gente... Mas se tivesse conhecido o lado “pai” dele ao invés do lado “líder” acho que teriam se dado melhor... – disse Yusuke suspirando deitando a cabeça sobre a cabeça da garota.

Ela se agarrou a roupa dele levemente com o rosto cheio de preocupação. Não sabia o que falar para fazer o sorriso voltar ao rosto dele. Pouco minutos depois, eles chegaram ao templo onde o pai do garoto seria enterrado. A cerimônia foi bem séria e silenciosa demorando um bom tempo. Yusuke por nem um segundo soltou a mão de Harumi. Sempre que alguém se aproximava deles, eles tinham que se curvar junto com a pessoa e ele apertava a mão dela para que ela soubesse certinho a hora.

Algum tempo depois, eles estavam de volta a casa. Yusuke nada falou no caminho até a casa e Harumi estava um tanto temerosa em puxar assunto com o garoto.

O período de luto se seguiu pelo resto do dia, mas provavelmente era o máximo que eles conseguiam esperar sem fazer nada, pois logo queriam fazer uma espécie de cerimônia para que Yusuke fosse agora oficialmente o líder do clã. O tal dia da cerimônia havia amanhecido tranquilo como qualquer outro. Yusuke acordou olhando por uns segundos Harumi adormecida ao seu lado. A garota repousava tranquilamente agarrada a blusa dele. Ele delicadamente soltou a mão da garota e saiu da cama o mais silenciosamente que pode não querendo acordar a garota não se esquecendo de antes depositar um selinho leve e doce em seus lábios. Ele então foi ao banheiro fazer suas necessidades e tomar banho. Quando ele já estava se vestindo, a garota acordou.

Harumi sentou-se na cama bocejando e coçando o olho.

– Yusuke...? – perguntou ela.

O garoto imediatamente se aproximou e sentou-se ao lado dela na cama lhe dando um doce beijo na bochecha. Como ainda estava se arrumando, ele estava ainda só de calça e com o corpo um pouco úmido e os cabelos molhados do banho recente.

– Bom dia Haru. – disse ele num tom doce.

– Bom dia. – respondeu a garota com um doce sorriso notando que ele parecia ao menos mais calmo.

– Haru... Quero falar uma coisa séria com você.

– O-o que é? – perguntou ela enquanto Yusuke a envolvia com seus braços fortes lhe dando um forte abraço e deixando-a em seu colo.

– Sabe o que vai acontecer hoje né? – perguntou ele.

– Mais ou menos.

– Um bando de coisa chata pra esse bando de marmanjo me fazer de vez o líder.

– Sabe que isso quer dizer que vou me meter em mais encrencas ainda né? Que talvez não esteja todo santo dia ao seu lado como eu quero e que em alguma missão eu possa me machucar.

Harumi ouvia aquilo atentamente e com um semblante meio triste se contentando em afirmar brevemente com a cabeça.

– Eu te amo Haru... – disse ele a abraçando fortemente enquanto ela retribuía o abraço.

– Eu te amo mais.

– Depois que toda essa tristeza pós-morte de meu pai passar... Vamos nos casar. S-Se... Se você quiser é claro... Está livre do trato. Não quero te obrigar a ter que viver como esposa do líder de um clã perigoso.

– Yusuke... – disse a garota segurando delicadamente o rosto dele juntando testa com testa – achei que você fosse inteligente. Deixe disso. Não consegue ver? Não tem mais ninguém que eu queira mais um dia chamar de marido do que você.

Yusuke sorriu levemente corado ao ouvir aquilo puxando a garota para mais perto de si e começou a distribuir beijos doces e leves pelos lábios de Harumi. Beijos aos quais ela correspondia. A sessão de beijinhos terminou então com um beijo longo e romântico de língua até que os dois se separaram ficando com os rostos a milímetros um do outro.

– Ficará hoje o dia inteiro ao meu lado? – perguntou Yusuke.

– Claro que sim... – respondeu Harumi.

Assim, eles terminaram de se arrumar para ir tomar café da manhã. O café da manhã foi bem tranquilo, apenas os dois. Maisha havia voltado para a Rússia logo depois do velório. Estava sentindo a atmosfera não muito convidativa e tudo mais, resolveu então estender sua visita para no máximo prestar as últimas homenagens ao pai de Yusuke.

Tirando o café da manhã, o resto do dia foi um corre corre sem fim cheio de burocracias e afazeres que envolviam saquê e uma enorme e poderosa tatuagem de dragão que foi feita nas costas de Yusuke como símbolo de ser o novo líder do clã. Durante todo o dia, Harumi havia ficado ao lado do amado e o apoiando quando ele se sentia desconfortável no meio de tanta coisa, tantos afazeres e tanta responsabilidade. A tatuagem nova de Yusuke não estava pronta, pois isso demorava alguns dias devido ao tamanho dela, teria que voltar todos os dias ao tatuador até terminar ela.

Ao fim do dia, com o sol já se pondo no horizonte, os dois estavam de volta a casa. Assim que Harumi se sentou na cama, ela rapidamente se jogou nela deitando soltando um suspiro aliviado.

– Foi mesmo um dia puxado... – disse a garota

– E você foi incrível. – disse Yusuke ficando por cima dela e lhe dando um selinho enquanto acariciava o rostinho dela imediatamente deixando-a vermelha.

– E-Eu não fiz nada...

– Claro que fez! – insistiu o garoto – ficou lá ao meu lado e me apoiou e confortou. Eu não teria conseguido sem você. Já teria me estressado e gritado com todo mundo.

Ela deu uma risada ao ouvir aquilo o puxando delicadamente para um selinho.

– Mesmo? – perguntou ela fofamente com o rosto pertinho ao dele.

– Mesmo. – confirmou ele começando então a passar a mão na coxa da garota e então subindo a mão até entrar dentro da blusa dela fazendo Harumi ficar rapidamente mais e mais vermelha – merece um prêmio...

– P-Prêmio? – perguntou ela toda vermelha.

– Aham... – disse ele começando a dar um ardente beijo de língua na garota enquanto a mão dele subia por dentro da roupa dela. E assim, eles passaram grande parte da noite acordados e acordaram no outro dia apenas com o cobertor a esconder a nudez dos dois que dormiram agarradinhos.