Blind And Dangerous Love escrita por kagomechan


Capítulo 26
Flashback: School Days


Notas iniciais do capítulo

Bem... acho que essa é a hora que eu justifico a demora...
bem... seguinte... além da facul e tudo mais. minha amiga me botou pra ler um mangá chamado 1 litro de Lágrimas e... e... *le lembra e começa a chorar* SE VC N TEM CORAÇÃO FORTE N LEIA AQUILO!! T~T *le funga*

graças ao mangá, bateu uma vontade de fazer um flashback para a Haru e eis o que saiu. como eu queria fazer o flashback de toda a vida escolar dela, então ele ficou meio que muito grande kkk e demorou pra sair também por causa disso. mas acho que com ele da pra entender algumas coisas sobre a Haru.
ainda tem de bonus uma imagenzinha da Haru e da melhor amiga dela =3
bem... é isso, boa leitura.


ah, pra quem quiser, as músicas que a Haru vai tocar mais pra frente são essas, nesta ordem:
1- Life - http://www.youtube.com/watch?v=s4gMwtToQBE
2- Tokyo - http://youtu.be/_2ghoaXUPi8
3- Rolling Star - http://www.youtube.com/watch?v=bPhtJrQlGVw



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A manhã começava na grande cidade de Osaka enquanto crianças e adolescentes de todas as idades se arrumavam para ir para a escola, era o primeiro dia de ano letivo depois das férias, o que deixava todos um tanto felizes e também tristes. Um novo ano letivo começava para todos... e para Harumi também. A pequenina de apenas 8 anos estava no colo do pai abraçando seu pescoço com força enquanto chorava. Com um braço o pai de Harumi segurava a criança e com o outro levava as coisas dela para leva-la a escola. Ambos haviam adiado bastante esse dia devido a todas as coisas que aconteceram. Yoshihito estava com dor no coração de ter que levar Harumi para a escola, ainda mais agora que ela não conseguia enxergar nada, mas sabia que tinha que fazer isso... a garota já havia perdido 1 ano, não poderia arriscar perder outro. A quantidade de dinheiro que Yoshihito conseguia com seus vários trabalhos não era suficiente para pagar os tratamentos médicos, os remédios e a escola da menina... e ainda tinha o aluguel! Teve que apelar para pedir vários e vários empréstimos para pessoas boas... e pessoas não tão boas também.

Yoshihito já estava vestido com as roupas do emprego que iria assim que deixasse a garota na escola, enquanto ela estava com um fofo uniforme daqueles de marinheira que tanto mostram nos animes japonês. O uniforme era azul marinho com detalhes brancos e o laço era vermelho. O cabelo da garota, antes tão longo e sedoso, agora se resumia a um cabelo bem curto, mas o suficiente para fazer duas pequenas marias-chiquinhas nela apesar de bem curtinhas... do tamanho de uma moeda de 1 real. Foi preciso raspar o cabelo dela para fazer a cirurgia e no tempo que levou para o cabelo crescer, ela só usara touquinhas. Apesar do drama e todo o choro que fazia naquele momento, ela havia aberto um mínimo sorriso quando o pai fez as marias-chiquinhas nela feliz que agora tinha cabelo suficiente para fazer isso mesmo que fossem bem pequenas.

– E-Eu não quero ir papai. – dizia Harumi chorando abraçada ao pescoço dele com força.

– Mas você tem que ir Harumi... – dizia ele tentando não mostrar a dor em sua voz e tentando não começar a chorar junto com ela – Escola é importante.

– P-Porque você não me e-ensina em c-casa então?

– Porque o papai não tem tempo e também não sou um bom professor... a escola vai ser legal, é uma escola nova. Você vai gostar... Eu prometo.

Ela deu uma fungadinha e ficou quietinha enquanto chorava silenciosamente enquanto Yoshihito teve que se contentar em suspirar.

Depois de alguns minutos de caminhada, ele pode ver a escola. O único problema era a distância da casa deles até a escola... o tráfego atrapalhava tudo... mas pelo menos tinha o metrô e ônibus. A escola era realmente bonita e aconchegante. Árvores bem bonitas faziam sombras confortáveis onde alguns alunos que já haviam chegado sentavam-se em bancos embaixo das mesmas e conversavam botando o assunto em dia. A escola era dividida em três blocos, todos eles sem andar, todas as salas eram no térreo mesmo. O primeiro bloco, mais colorido e alegre, era o da Educação Infantil, o segundo, era do Ensino Fundamental e o terceiro era do Ensino Médio. Um muro branco cercava a escola e do lado do portão onde os alunos entraram, estava uma placa preta grande e escrita com letras brancas “Escola Higashinari para portadores de necessidades especiais”.

Yoshihito não pode deixar de ler a placa e ela incomodar um pouco a ele. Soltando um suspiro, ele se dirigiu ao bloco da Educação Infantil. No Japão, as crianças começam a ir para a escola com 7 anos de idade... Harumi havia ido para a escola antes da doença, mas pouco antes da metade do ano letivo, ela parou de ir. Agora com 8 anos, ela entraria novamente na primeira série do ano escolar japonês, mas seria tudo diferente.

Depois de perguntar a algumas pessoas e pais onde ficava a sala da coordenação, Yoshihito foi para lá e teve que ficar em pé esperando, pois havia uma certa fila de outros alunos novos com vários tipos de deficiência então Yoshihito decidiu ficar em pé na fila com Harumi chorando no colo. Alguns poucos minutos depois, foi a vez dele ser atendido. A coordenadora era bem simpática e devia ter uns 60 anos... parecia aquelas vózinhas que fazem biscoito para você. A sala era bem alegre e cheia de bichinhos de pelúcia e a senhora os recebeu com um doce sorriso pedindo para que eles se sentassem. Yoshihito sentou-se então na poltrona em frente da mesa dela com Harumi ainda no colo que parecia ter se acalmado mais, mas ainda não largava ele e ainda escondia o rosto.

– Bom dia – disse a coordenadora estendendo a mão para cumprimentar Yoshihito – Me chamo Fuyumi Hasegawa.

– Yoshihito Kurosaki – disse ele apertando a mão dela aproveitando que tinha deixado a mochila de Harumi no chão.

– É sua filha?

– É sim... – respondeu ele mantendo o olhar firme notando a leve surpresa dela como se ela dissesse com o olhar “Você não é meio novo pra ser pai dela?”.

– Bem... – disse a velha fazendo uma voz bem doce – Qual é seu nome lindinha?

Ao a ouvir falando, Harumi recomeçou a chorar. A garota soluçava e lágrimas caiam por todo o seu rostinho enquanto ela abraçava o pai com mais força enquanto ele tentava a acalmar. Depois de alguns segundos, vendo que ela não ia responder, Yoshihito fez isso.

– Harumi... Harumi Kurosaki. – disse ele.

– Ah... Harumi-chan – disse a senhora Hasegawa enquanto começava a procurar alguma coisa entre um pequeno maço de papeis e logo achando a fixa de Harumi que Yoshihito havia preenchido quando fez a matrícula da garota. Na fixa, havia tudo sobre Harumi, onde morava, quantos anos tinha que doença tinha, quais remédios tomava e tudo mais. A mulher leu rapidamente a ficha de Harumi e então falou docemente enquanto ainda lia – Não se preocupe Harumi-chan... você vai ficar na sala na Sasaki-sensei e da Ishida-sensei. Elas são bem legais, todas as tias aqui são legais.

A garotinha ficou quieta se agarrando com mais força ao pai e a Senhora Hasegawa notou isso.

– Harumi-chan... – disse ela – Ir para a escola é uma coisa muito importante e divertida... você vai fazer novos amigos e aprender várias coisas.

– O p-papai pode f-ficar na sala c-comigo? – perguntou ela manhosa ainda escondendo o rosto.

– Não, não pode... – disse a senhora – o seu papai tem que ir trabalhar.

– Mas eu chego aqui para te pegar antes que sua aula acabe – disse ele dando um beijinho no topo da cabeça dela – ai vamos para casa... e ai eu deixo você tomar sorvete se ficar sem chorar.

Ela pareceu ficar mais calma, mas ainda não muito confortável com a ideia de ir para a escola. Com Harumi mais calma, a senhora Hasegawa começou a fazer algumas perguntas e comentar algumas coisas com Harumi e seu pai até que deu o papelzinho para ele com um mapinha da escola e outro com onde era a sala de Harumi.

– O senhor já conhece a estrutura da escola e tudo que fornecemos aos alunos? – perguntou ela.

– Sim, fiz o tour no dia da matrícula. – respondeu ele.

– Bem... então, o senhor pode ir com ela para sala. E Harumi-chan... não se preocupe, vai ser um dia bem divertido – disse a senhora o mais docemente possível e Harumi continuou quietinha.

No percurso da sala da coordenadora até a sala de Harumi, apesar de Yoshihito comentar algumas coisas ou perguntar algumas coisas a Harumi, ela permaneceu quietinha sem falar nada e sem se soltar do pescoço do pai. Quem diria que seria possível se sentir um monstro só pelo simples fato de estar levando a filha para a escola?

A sala de Harumi era uma das primeiras, o que significava que era perto da entrada.

– Chegamos à sua sala Harumi... ela é logo na entrada, assim o papai chega mais rápido pra te pegar né?

Ela se conteve em afirmar com a cabeça continuando quietinha em seu esconderijo no pescoço do pai. A sala de aula era bem aconchegante. Havia duas mesas de professoras, uns livros infantis na estante, brinquedos em outra estante e até uma porta indo para um banheiro. Só tinham 10 mesas para alunos e em algumas delas, estavam crianças da idade de Harumi sozinhas esperando a aula começar ou crianças chorando com os pais amparando. Yoshihito notou que todas as crianças ali pareciam ser cegas e ao notar isso, suspirou e foi indo pegar um lugar para Harumi. Ao deixar ela sentada na cadeira, ela não largou de seu pescoço e ele viu como o rostinho dela estava sujo de lágrimas.

– O papai tem que ir Harumi... – disse ele tentando segurar as próprias lágrimas

– F-Fica... p-por favor...

– Vai ficar tudo bem. Prometo.

– E-Eu to com m-medo... m-medo de não te achar mais... m-medo de me perder aqui.

Isso fez com que lágrimas enchessem os olhos de Yoshihito que fez de tudo para segurá-las nos olhos. Ele olhou para o teto tentando controlar as emoções e então olhou para Harumi com um sorriso pequeno... era o maior sorriso que conseguia fazer no momento.

– Você não vai, eu vou vir até a sua sala te pegar e as tias vão cuidar de você e te ajudar em qualquer coisa que você quiser. – disse ele dando um beijo na testa dela enquanto ela soltava o pescoço dele. – Sua lancheira tá embaixo da cadeira, tem três onigiri com furikaki de frutos do mar e tem uma caixinha de suco de uva. Se ainda estiver com fome, tem um pacotinho com biscoito recheado.

Ela continuou quietinha e meio cabisbaixa segurando sua saia. Ele suspirou e então deu um beijinho na testa dela. Ele então remexeu no bolso da calça, pegou a garrafa de água da garota e disse:

– Abre a boca... vou te dar logo o remédio de dor de cabeça. – disse ele o mais docemente que podia, a garota obedeceu e tomou o remédio. Ganhou um beijinho na bochecha final do pai e então ele foi embora.

Foi um primeiro dia meio assustador para Harumi. Assim como todo o resto da primeira semana. Não que acontecesse algo de arrepiante ou assustador, mas sim porque na primeira semana as tias da sala de Harumi ficaram ensinando os alunos a ir ao banheiro sozinhos, pegar brinquedo na estante e coisas do tipo... coisas simples, mas que envolviam uma coisa que agora Harumi morria de medo... andar por ai sozinha. Os dias foram se passando enquanto Harumi estava na Educação Infantil. As aulas que a garotinha tinha eram de matemática, história, braile e várias outras. Ela tinha que admitir que gostou de aprender braile, mas realmente não gostava quando as tias entravam no modo “você tem que se virar sozinha”. Um dia ela foi reclamar disso com o pai e ele disse que ela tinha que aprender a se virar sozinha porque não podia ficar toda hora no colo dele agarrando seu pescoço. Ela ficou emburrada o resto do dia quando ele disse isso.

Com o tempo os dias na escola foram melhorando vagarosamente. Antes de terminar a Educação Infantil, ela fez uma amiga da sala dela, Chiye. Nenhuma das duas eram muito de conversar apesar de sentarem lado a lado.

Desde antes de ficar cega, Harumi não havia tirado mais nenhuma foto por livre e espontânea vontade e doía no coração de Yoshihito ver o álbum que ele havia feito com fotos de filha antes tão sorridente. Mas quando Harumi completou 12 anos, isso mudou bastante.

A situação já havia mudado bastante comparando com o primeiro dia de aula da garota, ela agora era de uma sala com exatos 20 alunos, não havia mais banheiro na sala, livros ou brinquedos. Para pegar livros, teria que ir à biblioteca... não que ela gostasse muito de ler, em braile obviamente. Havia apenas uma professora na sala, mas em compensação haviam umas cinco pessoas em cada corredor para além de ficar de olho nos alunos, ajudar em qualquer coisa que fosse necessário. Harumi sentava no final da sala, afinal achava que quem podia ter a chance de ver o quadro de perto, deveria aproveitar isso. Como a sala não era muito grande, de onde Harumi sentava dava para seu gravadorzinho portátil gravar tudo o que a professora falava. Com isso ela passava o resto da aula com os braços cruzados sobre a mesa e de cabeça deitada. Apesar da posição de quem está dormindo, ela prestava sim atenção à aula.

Agora a sala de Harumi era mista, não havia apenas mais alunos com a mesma deficiência dela. Chiye, sua amiga naquele ano havia ficado em outra sala, o que Harumi não gostou muito e por ser tímida, penava em fazer amizades na sala nova. Como não gostava de usar aquelas bengalinhas de cego porque num lugar como aquele acaba batendo com ela em um bando de outras bengalinhas ou em cadeiras de rodas, ela pegou a mania de sair o mínimo possível da sala apesar de deixar a bengalinha retrátil em cima da mesa sempre.

Num dia qualquer Harumi pegava seu lanche para comer colocando-o em cima da mesa, até que ouviu uma voz.

– Posso me sentar aqui com você? – perguntou a voz de obviamente uma garota sem esperar a resposta de Harumi pelo o que Harumi notou, pois percebeu que algo batia em sua mesa. Seria uma cadeira de rodas? – ah foi mal... ainda to pegando o jeito com essa porcaria.

– A-Ah... tudo bem... – disse Harumi

– Meu nome é Yumiko - disse a garota toda sorridente pegando a mão de Harumi e sacudindo vigorosamente.

– H-Harumi...

Yumiko, assim como Harumi havia suspeitado, de fato usava cadeira de rodas. Além do mesmo uniforme de Harumi, ela também tinha cabelo curto e bem pretinho que costumava prender em duas marias-chiquinhas baixas enquanto Harumi estava com o cabelo, agora já maior do que antes, todo solto.

– Estranho né? – disse Yumiko.

– Ahm? O que é estranho? – perguntou Harumi.

– Eu sento do seu lado e não nos falamos desde do primeiro dia de aula.

– Ahm... gomen... não sabia que você sentava do meu lado. – disse Harumi abrindo um sorriso de canto meio torto.

– Tudo bem, tudo bem – disse Yumiko colocando o lanche dela na mesa de Harumi e começando a comer – Hey Harumi-chan... você tá em algum clube? – disse a garota tentando puxar assunto com

– Ah sim... to no clube de canto. – respondeu Harumi segurando seu sanduiche com um sorriso doce.

– Mesmo! Uaau! E você canta bem? Eu sou péssima cantora... vou deixar todo mundo aqui surdo – disse Yumiko rindo.

– Não faça isso então porque eu preciso da minha audição – disse Harumi rindo.

– A professa de canto é a mesma de música né? – perguntou Yumiko.

– Sim é... ela ta me ensinando a tocar violão... ou tentando – disse Harumi suspirando – você é do clube de música.

– N-Não... – disse Yumiko dando uma leve risada – N-Não sei tocar nenhum instrumento...

– Mas as pessoas entram lá exatamente para aprender não é? Já que tem vários níveis.

– Ah, mas já estou no clube de fotografia. Adoro tirar foto.

Os dias foram se passando e sempre Harumi e Yumiko conversavam na hora do intervalo... e em outras horas também. As vezes Chiye se juntava a dupla vindo desde da sala dela até a sala das amigas e sempre que as três garotas ficavam ali conversando, do outro lado da sala, um garoto de cabelos castanhos curtos ficava olhando as três sem desgrudar o olhar nem um segundo se quer a não ser para tentar disfarçar um pouco.

Desde do dia em que Yumiko se apresentara a Harumi, passou-se três semanas completas até que as duas garotas decidiram marcar de fazer alguma coisa.

– Erm... Você topa um cinema? – perguntou Yumiko meio receosa.

– N-Não teria outra coisa? – disse Harumi com um sorriso torto – e também... não acho que seria uma boa nós duas sozinhas no shopping.

– humm... tem razão. – disse Yumiko suspirando tristemente e olhando pro teto – uma cega e uma paraplégica... qualquer problema que tivéssemos seria complicado resolver.

– Deixa de tristeza! – disse Harumi – vamos fazer assim... você pode ir lá em casa nesse final de semana. Ai comemos pipoca, conversamos, ouvimos música e fazemos o que mais der vontade de fazer.

– Boa ideia!! – exclamou Yumiko toda animada de novo.

– Combinado então?

– Combinado.

Nos dias que se seguiram, as duas nem conseguiam esperar pelo final de semana. Harumi tinha certeza que poderia chamar Yumiko de sua melhor amiga, e a outra garota sentia o mesmo. Quando chegou o final de semana, os pais de Yumiko a levaram até a casa de Harumi já que Harumi havia lhe dito o endereço e ainda o telefone por via das dúvidas. Quando eram umas 10 da manhã, a amiga de Harumi já estava lá.

O cheiro do almoço começava a invadir a casa enquanto Harumi e Yumiko conversavam na sala. Harumi estava sentada numa ponta do sofá e Yumiko logo ao lado. As garotas conversavam alegremente sobre coisas da escola e várias outras coisas enquanto o pai de Harumi cozinhava alguma coisa. Ter que criar Harumi sozinho o fez aprender a cozinhar algumas coisas, não era o melhor cozinheiro do mundo, mas sabia fazer um prato ou outro até que bem gostoso.

– Ne ne – disse Yumiko toda empolgada – temos que tirar uma foto juntas.

– F-Foto? – disse Harumi não muito animada com a ideia.

– É... pra guardar de recordação.

– G-Gomen ne Yumiko-chan... m-mas eu não gosto de tirar foto... – disse Harumi meio cabisbaixa. – eu nem se quer consigo olhar pra câmera.

Yumiko soltou um suspiro e então pegou a mão de Harumi firmemente.

– Você tem que superar isso. Ao menos se divirta fazendo poses engraçadas e fofas para a foto... ela pode não ser mais do que um pedaço de papel retangular para você, mas podem ser preciosas para outras pessoas... e um dia... tenho certeza de que você vai melhorar e vai poder todas as lindas fotos que tirarmos!

– Yumiko-chan... – disse Harumi suspirando.

– Ah deixa disso Harumi-chan! Vem! – exclamou Yumiko puxando Harumi para mais perto e então posicionando a câmera na frente delas – Sorria!!

Yumiko ficou de olho esperando Harumi mostrar qualquer sinal de sorriso e assim que apareceu um mínimo sorriso, ela tirou uma foto das duas juntas. O sorriso de Harumi não foi lá muito grande, mas a partir desse dia, Yumiko começou a insistir para Harumi tirar uma foto literalmente toda semana e com o tempo, o sorriso de Harumi ia aumentando.

Certo dia, alguns poucos meses depois desse dia, as duas estavam na escola de novo e estavam no meio do intervalo. Estavam lanchando em uma mesa que ficava do lado de fora embaixo de uma árvore que fazia uma sombra fresquinha que ficava não muito longe da sala de aula. Além de Harumi e Yumiko, também estava Chiye, a amiga que Harumi havia feito na Educação Infantil e também se juntara ao grupo um garoto chamado Mashiro. Mashiro tinha algo meio diferente em comparação aos japoneses, ele tinha um cabelo levemente ondulado. Segundo ele, isso era porque o avô dele era espanhol e tinha cabelos ondulados. Tirando esse detalhe, de resto ele era um japonês como qualquer outro, olhos castanhos puxados, cabelos negros que eram levemente grandes, não o suficiente para amarrar com algo além de um pequeno tufinho de cabelo. Mashiro usava um andador daqueles de velho já que ambas as pernas eram tortas e ele havia pintado o andador com labaredas e caveiras. Mashiro fazia parte do clube de artes e era um ÓTIMO desenhista e pintor. No tempo que se passou, Chiye havia começado um caro tratamento tentando recuperar a visão e estava servindo de alguma coisa. Não estava lá uma maravilha ainda, mas se tivesse bastante sol, ela conseguia ver ao menos a silhueta de uma pessoa a sua frente.

– Aquele cara fica olhando para a gente toda hora... – disse Mashiro olhando com o canto do olho para um garoto sentado em um banco não muito longe que parecia ficar olhando para o grupo toda hora, o mesmo garoto que ficava olhando para Harumi e Yumiko quando elas comiam.

– Mesmo? – disse Chiye – Conhece ele?

– Não... – disse Mashiro bufando e então voltando a se concentrar em seu lanche.

– Hum... acho que ele é da nossa sala – disse Yumiko analisando o garoto que tentava agora desviar o olhar e tentar parecer normal – Mas não sei o nome dele... nunca falamos com ele.

– Você não sabe nem o nome de todo mundo da sua sala? – perguntou Mashiro rindo.

– Não, não sei – disse Yumiko – E você é da mesma sala! Como não conhece ele também?

– Vocês têm memórias muito fracas! – disse Harumi rindo.

– E você sabe por acaso o nome de todo mundo? – perguntou Yumiko.

– Bem... De todo mundo que já falou comigo sim – disse Harumi tomando seu achocolatado.

Enquanto o pequeno grupo conversava, o barulho irritante do sinal que indicava o fim do intervalo começou a encher o ouvido de todos. Muitos alunos começaram a reclamar, mas tinham que voltar para a sala e sabiam disso.

– É... acabou a diversão... – disse Harumi se levantando com cuidado, mas sem tirar a mão de cima da mesa.

– Acho que eu vou no banheiro antes... – disse Chiye se levantando também, já que tinham uma quantidade de tempo suficiente depois que o sinal tocava para poder ir ao banheiro.

– Eu vou com você... – disse Yumiko pegando na mão dela e colocando sobre uma parte de sua cadeira de rodas para a outra segurar e não se perder - estou precisando ir encher minha garrafa d’água.

– Vamos antes que não dê tempo então... – disse Chiye e então as duas se foram deixando Mashiro e Harumi para trás.

Com alguma dificuldade, Mashiro se levantou, pegou a mão de Harumi e colocou em seu braço.

– Bem... sobrou a gente – disse ele começando a andar com ajuda do andador de vagar levando Harumi junto – ei... que tal a gente participar do festival da escola esse ano?

– Seria legal... mas como o que?

– Hum... podemos montar algo como uma banda. Que tal? Eu fico na bateria, você canta, eu conheço um guitarrista bom... ai falta só arrumarmos um baixista – sugeriu Mashiro.

– Perfeito!! – disse Harumi abrindo um sorriso de canto a canto toda animada com a ideia – M-Mas... nunca cantei na frente de ninguém... vai dar certo mesmo?

– Claro que vai... – disse ele olhando para ela com um sorriso – já te vi cantando quando passo na frente da sala do clube de canto... você canta muito bem.

– Arigatou. – disse Harumi com um sorrisinho fofo e então Mashiro abriu um sorriso. Mas infelizmente Harumi não viu, não só o sorriso dele, mas como ele havia ficado levemente vermelho.

Os dois chegaram na sala de aula, sentaram-se e ficaram conversando enquanto Yumiko não voltava já que além de ir encher a garrafa com Chiye, ainda tinha que deixar a garota na sala dela. Mashiro sentava na cadeira na frente de Harumi apesar da professora insistir em ele sentar mais perto da porta para facilitar na hora de ir embora, mas toda vez que ela dava essa ideia, ele falava que não era necessário e acaba ficando ali mesmo. Alguns poucos minutos depois, Yumiko chegou, foi para seu lugar e então os três ficaram conversando algum pouco tempo, o suficiente para contar a ideia deles de participar do festival da escola apesar de Yumiko não saber tocar nada, mas mesmo assim ela adorou a ideia. Depois de Yumiko dizer que iria tirar várias fotos se eles conseguissem tocar no festival, a professora chegou.

Na hora de pegar o caderno para anotar o conteúdo, Mashiro teve um pequeno problema. Eram dezenas de folhas com desenhos que estavam em sua mochila dificultando ele pegar o caderno e tornando quase impossível ele achar a apostila que a professora usaria. Ele resmungou baixinho enquanto tentava puxar o bolo de papeis para fora da mochila até que acidentalmente deixou-os cair pelo chão. Ele engoliu em seco ao ver que Yumiko olhava para os desenhos... afinal além de muito bonitos, a maioria eram de Harumi. Yumiko abriu a boca surpresa e ele fez um sinal silencioso para que ela ficasse quieta enquanto se esticava para pegar as folhas que alcançava e alguns alunos ao redor faziam o mesmo já que elas haviam se espalhado um pouco. Depois de não muito tempo, as folhas estavam de novo na mão de Mashiro que as arrumava constrangido sem ter coragem de olhar para Yumiko que sentava ao lado de Harumi e como ele sentava na frente de Harumi... é... era bem perto. Mashiro arriscou olhar para trás com o canto do olho e o que ele viu o fez olhar para frente de novo... viu Yumiko o olhando com um sorriso bobo. “Ferrou”. Era só o que ele conseguia pensar. Sorte dele Harumi ser cega se não estaria duplamente ferrado.

No resto do dia, Mashiro tentou agir da forma mais natural possível para Harumi não estranhar apesar do olhar de Yumiko o estar irritando bastante. Depois da aula, Harumi logo foi embora, ela não ficava muito tempo ali depois que a aula acabava, pois logo o pai dela ou um amigo dele que segundo ela era um amigo dele desde da época do Ensino Médio, chegava para pegar a garota e levar para casa.

– Então... – disse Yumiko com um sorriso engraçado e bobo para Mashiro que desviava o olhar – que bando de desenho da Harumi eram aqueles? E nem adianta dizer que não era ela porque estava bem obvio que era.

–...

– Não vai falar nada Mashiro-kun?

– O que você quer que eu fale?

– Que você tá a fim da Harumi-chan.

– C-Como assim!? – exclamou ele ficando vermelho – E-Eu não to a fim dela.

– Sério mesmo? – disse Yumiko dando uma leve risada.

– .... t-talvez...

– Aiinnnn que fofo!!

– Para com isso. – disse ele irritado cruzando os braços. – N-Não conta pra ela.

– Prometo... até certo tempo.

É... Mashiro estava a fim de Harumi. E nos dias que se seguiram, Yumiko fez questão de servir como cupido para os dois e não contou nada para Harumi. O tempo foi se passando e sempre que Yumiko insistia com Mashiro se podia contar, ele nunca deixava. Mas Yumiko também tinha algumas coisas para se preocupar... o menino que ficava toda hora olhando para eles na hora do lanche... e segundo notou ela depois, ele parecia passar muito por perto quando ela estava no clube de fotografia.

– Acho que ele tá a fim de você – disse Harumi um dia enquanto as duas conversavam sobre isso antes da aula.

– D-Deixe de besteira Harumi-chan! Não teria como! – retrucou Yumiko.

– Ora... porque não? Você é bonita.

– E como você sabe disso? Posso saber?

– Sabendo oras... – disse Harumi rindo – vai lá falar com ele. Chega lá e fala que você tava com uma impressão de que ele estava sempre olhando pra gente.

– Não vou chegar lá e falar isso – disse Yumiko falando mais baixo e olhando para o garoto com o canto do olho enquanto ele parecia ler um mangá em seu lugar calmamente – mudando de assunto... como anda a organização para o festival da escola? Está bem perto...

– Não mude assim de assunto!

– Deixa eu mudar vai... não to a fim de falar disso no momento. – disse Yumiko soltando um suspiro logo em seguida.

– Ok ok... já arrumamos o guitarrista, é um conhecido do Mashiro que está 1 ano a frente. Acho que o nome dele é Makoto Goto. O baixista foi meio complicado... mas consegui uma pessoa do clube de música, uma menina chamada Tomiko Imai, ela é 1 ano mais nova.

– Então vou poder tirar um monte de fotos de vocês – disse Yumiko toda empolgada.

– É, sim vai – disse Harumi rindo.

O festival da escola seria no final de semana seguinte e desde que o grupo havia se juntado, eles estavam treinando praticamente todo dia. Harumi até ganhou umas aulinhas de como tocar guitarra. Enquanto Harumi e seu grupo treinava, a situação com Mashiro estava na mesma. Ele não tinha coragem de abrir a boca sobre os desenhos ou sobre nada, enquanto isso, Yumiko havia ao menos descoberto o nome do tal garoto que ficava olhando para ela tantas vezes, aparentemente ele se chamada Keisuke Yoshikawa.

Quando o dia do festival escolar chegou, a escola estava uma festa. Pessoas iam de um lado para o outro rindo e arrumando os preparativos finais como peças, bandas, barraquinhas de comida, brincadeiras e tudo mais, não só isso, Mashiro estava determinado a contar tudo para Harumi dessa vez. A banda montada as pressas estava se arrumando para entrar quando Yumiko chegou para dar um oizinho.

– Hey pessoas! – exclamou Yumiko – nossa... já estão prontos?

Eles estavam tão prontos que Harumi já estava enrolando com o guitarrista Makoto Goto, um garoto de cadeira de rodas, que a ensinava a tocar guitarra.

– Sim... falta só chamarem – disse a baixista, Tomiko, uma garota de muretas que estava sentada comendo uma barra de chocolate.

– Harumi-chan você aprendendo a tocar guitarra?! - disse Yumiko indo até a amiga.

– Ou tentando – disse Harumi dando uma leve risada – estou indo num parque perto da minha casa nos finais de semana cantar e tocar o pouco de violão que eu sei para juntar algum dinheiro extra. – disse ela abrindo um doce sorriso.

– Sério? – disse Yumiko – desde quando?

– humm... não sei bem... alguns finais de semana talvez. – disse Harumi abrindo um sorriso bobo.

– Pela sua cara eu diria que tem algo mais – disse Yumiko rindo.

– Não tem nada! – exclamou Harumi vermelha.

– tem sim. – disse Yumiko continuando a rir – de qualquer jeito... você TEM que me contar isso depois do show de vocês ok? Vou voltar pro meu lugar. Aliás... o seu pai já chegou viu Harumi-chan?

– H-Hai hai... – disse Harumi meio vermelha devolvendo a guitarra para Makoto.

A professora que estava anunciando os alunos que se apresentariam então falou mais algumas palavras e a banda de Harumi entrou no palco e se arrumaram. Harumi estava nervosa, ela permaneceu sentada no lugar que sabia ser no meio do palco toda nervosa mordendo o lábio e com o microfone na mão. A professora falava algumas coisas finais e quando Harumi ouviu as duas batucas com as baquetas de Mashiro, ela respirou fundo pois entendeu que estava na hora de começar. Ela nunca cantara na frente de alguém que não fosse o clube de canto... estava nervosa... não sabia se o fato de não saber quantas pessoas assistiam era bom ou ruim, só sabia que no decorrer do show, ela deu o melhor de si. Com o tempo que eles tinham para se apresentar, eles conseguiram apresentar 3 músicas e como a plateia batia palmas aparentemente animada, Harumi começou a sorrir mais e mais se sentindo mais calma e segura enquanto cantava. Entre as pessoas na plateia, ela conseguiu ouvir as palavras de incentivo do pai, de Yumiko e até da tão calada Chiye. Harumi se sentiu tão feliz ali cantando que daria tudo para ficar o resto da tarde ali cantando e cantando. Mas logo o tempo deles acabou, eles saíram do palco e ela foi se reencontrar com o pai que logo a deu um abraço.

– Gostou? – perguntou ela sorridente.

– Claro que sim! – respondeu seu pai – foi maravilhoso...

– Mesmo?

– Claro que sim, eu não iria mentir para você.

Harumi ficou toda animadinha dando saltinhos de felicidade enquanto o pai sorria de canto a canto pelo simples fato de ver a garota tão feliz. Depois de algumas palavras rápidas, Harumi decidiu ir ficar um pouco com Yumiko. Elas compraram uns Odango e ficaram comendo embaixo da mesma árvore que costumavam comer na hora do lanche algumas vezes.

– Você parecia bem feliz lá no palco – disse Yumiko sorrindo.

– Sim... gostei bastante. – respondeu Harumi.

– Mas deixando isso de lado... então... o que exatamente está rolando com essa de você ir tocar no parque?

– N-Não tem nada de mais... – disse Harumi ficando toda vermelha.

– Aham sei... até parece. Fale logo Harumi-chan!

– Já disse que você é muito curiosa?

– Só diga e pronto! Eu não sou sua melhor amiga?

– C-Claro que é!! – exclamou Harumi logo soltando um suspiro – o-ok... eu conto. B-Bem... eu fico lá um bom tempo cantando e tento tocar algumas das poucas coisas que eu sei e um dia enquanto eu estava lá........ – disse Harumi parando de falar e então ficando muito vermelha.

– hum... continue...

– A-Apareceu um menino.... e... desde então ele tem aparecido por lá várias vezes... e... e-ele fica bastante t-tempo lá... e f-ficamos conversando.

–U-Um menino? – disse Yumiko um tanto preocupada sem deixar de se lembrar de Mashiro.

– S-Sim... ele disse que o nome dele é Yusuke. – disse Harumi com um sorrisinho bobo e com o rosto meio vermelho. Yumiko não sabia se ela ficava feliz com o fato de estar estampado na cara da amiga que ela havia gostado do tal de Yusuke ou se ficava triste já que o Mashiro não gostaria de ouvir isso mas não foi preciso Yumiko se preocupar com como ou se contaria isso ao garoto pois ao olhar para o lado, o viu indo embora. Desde quando ele estava ali? Quanto ele havia ouvido da conversa?

No resto do dia, Yumiko não encontrou mais Mashiro e Harumi até perguntava onde ele estava. Elas aproveitaram bastante o festival junto com Chiye e o resto da banda... menos Mashiro. Quando o festival foi acabando, Harumi foi embora deixando Yumiko conversando com Tomiko, a baixista, que Yumiko descobriu ser uma garota bem legal. As duas ficaram conversando enquanto viam os fotos de artifício até que apareceu o tal garoto que ficava sempre olhando para Yumiko.

– E-ele tá olhando pra cá né? - disse Yumiko baixinho para Tomiko – N-Não é minha imaginação né?

– Acho que não... – disse Tomiko de volta – mais do que olhando... acho que ele tá vindo pra cá.

De fato ele estava, o garoto que Yumiko sabia que se chamava Keisuke parecia de certo modo envergonhado enquanto ia em direção as duas garotas. Ele chegou na frente delas, olhou para Yumiko e desviou o olhar constrangido e vermelho coçando a nuca como se pensasse no que falar. Ele então entregou para Yumiko um papel daqueles que obviamente foram arrancados do caderno e que tinha algo que ele escreveu.

Desculpe por ter ficado te encarando tantas e tantas vezes... sei que você notou. Você é muito bonita e eu não consegui parar de olhar enquanto tentava criar coragem para ir até você. Não sei se sabe já que sou da sua sala mas, me chamo Keisuke e estou meio que a fim de você. Pode achar estranho já que nunca nos falamos antes mas sempre vejo você toda alegre e rindo e acho isso muito fofo em você. Não sei mais como continuar agora... talvez eu deva falar que tava guardando isso para falar numa hora legal... talvez eu deva falar que nem consigo imaginar o que você pode dizer ao ler essa carta mas... queria ao menos que você soubesse que tem alguém que gosta de você de um jeitinho especial e que adoraria poder ser ao menos seu amigo se você não gostar dessa pessoa o suficiente para ser algo mais depois que se conhecerem mais.”

Quando Yumiko terminou de ler a carta, ela olhou para ele de certa forma incrédula enquanto Tomiko pegava a carta para ler.

– V-Você quem escreveu? – perguntou Yumiko vermelha e ele afirmou com a cabeça.

– N-Não sei bem o que falar... – disse ela desviando o olhar – F-Foi... bonito... mas nunca falei com você nem nada do tipo...

Ele então respondeu “Obrigado” só que com linguagem de sinais torcendo para que ela soubesse, afinal a maioria dos alunos dali tinham aula disso.

– A-Ah... você não fala – disse ela olhando pra ele e ele negou com a cabeça – estou meio enferrujada em linguagem de sinais mas posso tentar – disse abrindo um sorriso.

Ele abriu um sorriso quando ela indicou para que ele sentasse no banco que havia ali do lado e Tomiko dava espaço para ele ficar mais junto dela enquanto se sentia segurando vela.

– Você parece ser um cara legal... e bonito... mas não quero alguém só pela aparência... bem... mas como disse ainda nem falamos direito. Vamos... tentar ser amigos pra começar ok?

Ele abriu um sorriso e afirmou com a cabeça enquanto ela sorria meio boba e abaixava a cabeça constrangida.

Depois do festival, chegou o final de semana e então Segunda-feira chegou novamente. Como o pai de Harumi tinha que ir trabalhar, ela era uma das primeiras a chegar na escola. Naquele dia, ela estava sentada em sua cadeira como sempre e ouvindo música com apenas um dos fones no ouvido até que Mashiro chegou na porta mas antes que ele entrasse, Yumiko surgiu como se brotasse da terra, e puxou ele pela camiseta para que fossem para outro lugar.

– O que foi? – perguntou ele virando a cara quando se afastaram um pouco da sala.

– Ainda pergunta? – disse Yumiko – está tudo bem?

– Está sim e antes que você pergunte sim eu ouvi grande parte da conversa de vocês duas no festival.

– Então não deveria dizer que está tudo bem.

– Antes eu não estava, mas eu pensei bem e se ela gosta do cara então bom pra ele. Se ele deixar ela feliz então eu vou ficar bem também.

– Vai mesmo desistir dela então?

– Queria no mínimo conhecer o cara e dar uma surra nele para ele ser legal com ela... e também... eu vou poder continuar amigo dela não é? Isso já é bom.

– Não é meio torturante?

– Depende do ponto de vista – disse ele suspirando e indo até a sala.

O resto do ano seguiu seu curso normal a não ser com o fato de que Keisuke se juntou ao grupo. Conforme o tempo passou, Keisuke foi ficando mais amigo de Yumiko e Mashiro foi lentamente voltando a normalidade com Harumi apesar de ainda sentir uma dorzinha no coração... Ainda mais quando Chiye insistia para ela falar do garoto que havia encontrado... o tal de Yusuke. E pelo o que Mashiro ouvia, ele não parecia perigoso, grosso ou nada de ruim... Notar isso o deixou de certa forma mais calmo, mas também o deixou mais triste como se ele próprio não fosse nem bom o suficiente para entrar na briga por Harumi. O tempo foi se passando até que chegou o último dia do Ensino Fundamental... Assim que todos se despedissem, poderiam ir para casa para as férias e então voltariam para o Ensino Médio. A maioria dos alunos se despedia falando coisas como “até depois das férias” ou “vamos marcar de ir no cinema ver aquele filme” mas no grupinho de Harumi, Yumiko, Chiye, Keisuke e Mashiro, o que estava rolando na verdade era um chororo.

– Como assim vocês dois não vão continuar na escola?!? - exclamava Yumiko desesperada olhando de Harumi para Keisuke.

– A escola fica mais cara no Ensino Médio – disse Harumi com um sorriso torto – não estamos tão bem assim de dinheiro lá em casa... achei melhor largar a escola e tentar arranjar um emprego além de ir tocar no parque mais frequentemente.

– E seu pai deixou? – perguntou Mashiro.

– Ele relutou muito, mas depois de muita briga acabou concordando de mau gosto.

– E você Keisuke? – perguntou Yumiko com tristeza no olhar.

Ele rapidamente explicou com língua de sinais (que fale dizer que Yumiko estudou feito uma condenada só pra entender ele).

– Entrou aqui mais para aprender linguagem de sinais e leitura labial? E agora vai pra outra escola pra fazer o ensino médio? – disse Yumiko e ele afirmou com a cabeça com um sorriso torto como se pedisse desculpas.

– Então vamos mesmo nos separar? – perguntou Chiye um tanto triste.

– Podemos continuar a nos encontrar... nos finais de semana e coisas do tipo – disse Harumi com um sorriso torto – Não quero me separar de vocês.

– Concordo plenamente – disse Mashiro afirmando com a cabeça.

Conforme algum deles ia precisando ir embora seja pra não perder o ônibus ou porque um parente chegou para buscar, eles iam se despedindo até que quando chegou a hora de Keisuke ir embora se não chegaria atrasado na parada, ele rapidamente deu um beijo nos lábios de Yumiko deixando-a toda vermelha. Ela mal teve tempo de dizer algo, pois logo ele saiu correndo.

– C-Como assim o Keisuke te beijou!?! - exclamou o Mashiro enquanto Yumiko ainda estava vermelha e com a mão na boca.

– E-eim?! O Keisuke-kun te beijou Yumiko-chan? – disse Harumi toda boquiaberta.

– M-Mentira do Mashiro. – disse Yumiko.

– Não minta para ela. – disse Mashiro revirando os olhos.

– Que fofo Yumiko-chan!! – disse Harumi rindo – Trate de falar com ele pela internet... ou... ou manda uma mensagem pra ele agora mesmo! Marquem um bando de encontro nas férias e estejam namorando até as aulas voltarem ok?

– P-Para com isso Harumi-chan!! – disse Yumiko escondendo o rosto vermelho com as mãos enquanto Harumi e Mashiro, os únicos além dela que não haviam ido embora ainda, riam da reação da garota.

Dias depois, enquanto tocava no parque, Harumi ficou lembrando desse dia com um sorriso no parque. Seus amigos estariam agora indo para o primeiro dia de aula, e ela ali, tocando no parque porque não conseguira arranjar emprego algum além de um bico como cantora nos finais de semana em um restaurante. Apesar de toda a chatice que poderia ser estudar, ela queria muito ir para a escola. Ela logo esqueceu isso quando ouviu uns passos atrás dela, bem lentos e medidos, como se a pessoa tentasse não fazer barulho. Ela abriu um sorriso pois já imaginava quem era.

– Não vai conseguir me dar um susto dessa vez também – disse ela.

– Ahh desisto! – resmungou a pessoa, um garoto, que estava atrás dela e então ele sentou-se na frente dela e apertou-lhe as bochechas – Você é muito ninja Haru. – disse ele.

– N-Não sou não Yusuke... – disse ela corada.

– Claro que é se não eu já teria te dado um susto alguma vez.

– Quem sabe da próxima?

– Quem sabe né... afinal vou vir de irritar todo dia.


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Notas finais do capítulo

bem... capítulo bem diferente do resto tudo... desculpa por sair da história original assim, mas no próximo estamos de volta.
queria muito saber o que vocês acharam desse flashback que de tão grande dá pra chamar de fic One shot ^^"
por favor comentem ok? >
bjinhos a todos e até o próximo

espero que o tamanho dele e o conteúdo compense a demora.