Depois de tão longa conversa, eles acabaram dormindo enrolados no cobertor e abraçadinhos. Yusuke ficou vendo Harumi pegar no sono antes de ir dormir. Quando viu que ela havia dormido, ele deu um delicado beijo na testa da garota e dormiu também.

Foi uma noite um tanto fria e fez com que Harumi inconscientemente se grudasse mais ao corpo de Yusuke numa tentava de se aquecer melhor. O garoto não ligou para isso, na verdade agradeceu ao tempo frio por isso e abraçou a menina mais forte. A noite foi avançando conforme eles dormiram até que o sol começou a nascer e acordou Yusuke.

O rapaz continuou alguns segundos abraçado a Harumi olhando para ela dormindo com um leve sorriso no rosto. Queria a deixar dormindo e aproveitar para roubar uma torta gostosa, suco e umas frutas na cozinha para fazer um café da manhã na cama para ela, mas o seu plano foi frustrado completamente quando conseguiu ouvir uma forte batida na porta de seu quarto fazendo com que a garota acordasse lentamente.

- Tem alguém na porta? - perguntou ela sonolenta e bocejando.

- Tem. Fique aqui que vou ver quem é.

- Ok.

O garoto se levantou da cama deixando ela lá deitada apesar de logo ela se sentar na cama. Ele foi até a porta e quando a abriu, não ficou nada feliz em ver novamente o braço direito do seu pai, não pode evitar também revirar o olhar. O homem no geral não era chato ou irritante, isso é, quando não estava trabalhando, mas ver ele ali era certamente a afirmação de que seu pai o havia mandado um recado ou fazer alguma coisa que o impediria de passar mais do seu tempo com Harumi.

- O que foi dessa vez? - perguntou Yusuke.

- Seu pai ligou e mandou uma mensagem. - disse o homem careca  - ele disse "Não vá ficar vadiando o dia inteiro, você tem trabalho para fazer".

Dizendo isso, o homem entrega para Yusuke uma folha de papel com vários altos valores de dinheiro e nomes de pessoas. Cada alto valor tinha um nome de alguém. O maior de todos os valores era o último... Mas por algum motivo não tinha o nome de ninguém.

- O que é isso? - disse Yusuke.

- Você vai a vários lugares hoje e em cada lugar você vai encontrar essa pessoa que está na lista. Está já na ordem para onde você vai.  A garota vai para a aula com Nicolette e você vai para esses lugares.

- Eu vou para esses lugares... Encontrar essas pessoas? E não me dá nem o endereço?

- Exato. E vai cobrar esses valores delas. Esse é o dinheiro que essas pessoas estão nos devendo e você não precisa saber o endereço, o motorista o levará.

- Eu sei dirigir ok? Então... É isso? Vou simplesmente ir atrás dos devedores?

- Não é tão fácil... Você vai provavelmente ter que cobrar o dinheiro deles do jeito antigo.

Yusuke suspirou já sabendo o que aquilo significava. Não ia ser uma coisa muito pacífica. Todo tipo de gente devia dinheiro a eles, só de olhar os nomes dos devedores ele ficava imaginando que tipo de pessoas seriam e porque o último da lista não tinha nenhum nome.

- Porque o último não tem nome? - perguntou Yusuke.

- Porque não precisa. - disse o homem simplesmente e depois foi embora deixando Yusuke sozinho com suas dúvidas.

Ele entrou no quarto novamente coçando a cabeça e olhando para a folha com os endereços e então se sentou na cama soltando um pesado suspiro.

- Você vai ter que sair né? - perguntou Harumi, afinal tinha ouvido a conversa - É muito lugar?

- um pouco... - respondeu ele ainda olhando para a folha.

Harumi começou a ir meio que engatinhando sobre a cama lentamente tentando ir em direção a ele. Yusuke então pegou a mão dela e a puxou para perto abrindo um doce sorriso e fazendo a garota sorrir também. Delicadamente ele coloca Harumi em seu colo e lhe da um forte abraço pela cintura e ela logo retribui o abraço o abraçando pelo pescoço. Um tanto que sedutoramente, ele se aproxima lentamente do pescoço dela lhe dando um leve beijo naquela região a fazendo corar e então fala baixinho.

- Vou tentar demorar o mínimo possível para logo voltar para cá.

- H-Hai...

Ele então se levantou tomando cuidado com a menina e foi com ela para a cozinha tomar o café da manhã. Ele havia perdido totalmente o clima para fazer um café da manhã na cama para ela. Eles comeram calmamente torta de frutas, suco de manga, uns cookies e Yusuke ainda comeu pão melão.

Aparentemente Nicolette ainda não tinha chegado e Harumi agradecia muito por isso. Além de não querer ter aquelas irritantes aulas, não havia gostado nem um pouco da irritante mulher francesa.

Apesar de Nicolette ter demorado a chegar deixando Harumi e Yusuke com alguns minutos a sós, o braço direito do pai do garoto não parava de apressar ele para ir cobrar o dinheiro dos devedores. Yusuke então resolveu ir antes que desse um soco na cara do homem devido ao tanto que ele estava o irritando. Ainda na mesa da cozinha, ele deu um beijinho na bochecha de Harumi.

- No fim da tarde estarei de volta Haru. - disse ele com um doce sorriso.

- H-Hai... - disse ela muito vermelha.

- Ai que fofo Yusuke! - disse Emiko vendo os dois com um sorriso enorme no rosto - Seria bom se você fosse educado assim mais vezes.

Yusuke encara a mulher e da dedo para ela.

- Que feio!! - repreendeu Emiko - A Harumi-chan não ia gostar nada disso se tivesse visto.

- Não ia gostar de que?! - perguntou Harumi curiosa. - O que você fez.

- N-Nada Haru... É só a Emiko tentando te enganar.

- Não é nada! - disse Emiko dando uma risada ao ir para a dispensa da cozinha.

Yusuke então saiu da cozinha e também de sua casa começando a ir atrás dos devedores. Foi um trabalho bem cansativo. O motorista carrancudo o levava para os lugares como se não confiasse nele para dirigir por ai... Talvez com medo de que ele fugisse, tanto é que o espelho do carro estava dirigido para Yusuke e não para o vidro traseiro e o motorista constantemente dava olhadelas para o garoto além de ter mais dois homens corpulentos dividindo o banco de trás com Yusuke.

Eles iam de um canto de Osaka para outro. Alguns poucos dos devedores tinham o dinheiro e o pagavam apesar de estarem morrendo de medo de Yusuke, como se o garoto fosse uma assombração que vinha tirar a vida deles. Yusuke não gostava disso, mas o motorista estava de olho e parecia anotar algumas coisas, então achou melhor fazer isso do jeito que queriam que ele fizesse. Vários dos devedores não tinham o dinheiro. Ao perceber que eles não tinham o dinheiro, Yusuke dava uma olhadela para os homens corpulentos que o acompanhavam e eles falavam:

- Faça.

Ele sabia exatamente a o que eles se referiam, mas ainda assim era difícil começar a bater nos devedores que não quitavam as dívidas. Um soco de direita na cara, uma joelhada na barriga, um soco de esquerda na cara. Era isso que ele fazia quando os homens corpulentos não pediam por mais. Yusuke não queria ter que fazer isso, mas sabia que se não fizesse como eles queriam, sobraria para ele e para Harumi. Quando o dia já estava quase acabando, eles se dirigiram para o último lugar, o que não havia o nome de ninguém.

- Quem é a pessoa que deve tanto dinheiro assim? - perguntou Yusuke olhando para o tanto de zeros que havia escrito no papel.

- Logo descobrirá. - respondeu um dos homens corpulentos.

- E porque não fala o nome da pessoa como fez com os outros? Não sabem o nome dela?

- Sabemos sim. Não colocamos porque você conhece essa pessoa.

- C-Conheço? - perguntou Yusuke curioso olhando para o homem.

Depois de poucos minutos de trânsito, o carro parou no lugar onde estaria essa outra pessoa. Ao olhar pela janela, Yusuke ficou pálido e entendeu exatamente porque não haviam colocado o nome da pessoa e porque o pai dele queria que ele fosse cobrar as dívidas, era provavelmente só para que ele fosse cobrar daquela pessoa. Os homens corpulentos empurravam o garoto em direção à porta da casa, mas Yusuke não conseguia deixar de se preocupar desde que reconhecera aquela como a casa da Harumi.