Blind And Dangerous Love escrita por kagomechan


Capítulo 11
XI - My precious kid


Notas iniciais do capítulo

desculpa a demora... foi uma semana bem cheia de coisa para fazer ^^'
bem... bem vindos ao capitulo novo o/
tem notinhas no final sobre as partes com asterísco (*)
minha meta a cada capítulo é ter mais de 1000 palavras e menos de 2000.... nesse eu me empolguei um pouco e saiu mais de mil ^^"
considerem isso um presente por ter demorado um pouco para postar



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Na casa de Harumi, seu pai, Yoshihito, estava sentado encostado na parede muito cabisbaixo emanando uma aura triste. O homem segurava o recado que Harumi havia deixado com ajuda de Yusuke e a seu lado, o cachorro de Harumi estava deitado olhando para Yoshihito que estava obviamente muito depressivo.

Os olhos de Yoshihito estavam vermelhos e ele não fazia ideia de quantos minutos havia ficado ali sentado completamente desiludido. Ele estava não só se sentindo solitário, mas também estava muito preocupado com a filha. Entre os pensamentos depressivos que passavam pela mente do homem, em alguns ele culpava Yusuke em outros achava que o garoto não tinha culpa... Também sabia o que era amar. A situação fora muito bem explicada na carta então ele percebeu que Harumi teve a escolha de não ficar com ele.

Pensar nessas coisas, o fez lembrar-se da mãe de Harumi, Itoe. Ao se lembrar dela, veio à mente do homem várias memórias.

A época a qual Yoshihito se lembrava, era quando ele tinha apenas 16 anos e uma linda namorada de cabelos castanhos lisos e curtos. Na descrição do jovem Yoshihito, ela era a coisa mais fofa que já havia visto apesar de um pouco rebelde, mas para o jovem, esse era o charme dela. A garota chamava-se Itoe e era mais nova do que ele, tinha 14 anos, mas ele não ligava para isso. Ela usava brincos de argola e um piercing em uma das orelhas. Eram de escolas diferentes, pois Yoshihito estava no ensino médio e Itoe no ensino fundamental e no Japão essas duas fases são normalmente em escolas diferentes. Apesar disso, ela sempre ia até a escola dele o esperar já que ele costumava demorar um pouco mais para sair.

Certo dia, o final da aula parecia como todos os outros, Yoshihito saia depois de uma interminável aula de matemática e se despedia dos amigos até que viu a garota o esperando no muro do colégio assim como todos os dias... Exceto por uma diferença, ela parecia meio cabisbaixa e triste. O garoto imediatamente se preocupou e acelerou o passo até a namorada.

- O que foi Itoe-chan? - perguntou ele chegando perto dela e aproximando bastante o rosto de uma vez o que fez a garota se assustar um pouco.

- É que... - começava ela se afastando um pouco e desviando o olhar - tenho uma coisa para te contar.

- Uma coisa para me contar? O que é?

- V-Vamos... Num lugar mais particular. - disse ela olhando para os outros alunos que passavam.

- Porque não me conta aqui mesmo.

- PORQUE NÃO CARAMBA!

Yoshihito se assustou um pouco com o grito dela e se afastou um pouco enquanto a garota suspirava. Ele então deu um beijinho na testa dela e bagunçou seus cabelos tentando a acalmar, mas ela afastou a mão do garoto ainda desviando o olhar. Seja lá o que ela queria contar para ele... Estava começando a preocupar o garoto.

Eles saíram de perto do terreno da escola e se sentaram no muro de um lugar de certo modo deserto atrás de alguns prédios. O muro separava a calçada de um barranco, mas era grosso o bastante para que eles não caíssem.

- Então... O que quer me contar Itoe? - perguntou ele.

-... É tudo culpa sua. - respondeu ela.

- Eim? O que eu fiz?

- O QUE É QUE VOCÊ FEZ?! AH EU TE CONTO O QUE VOCÊ FEZ SEU IDIOTA!

- I-Itoe... C-calma...

- EU TO GRÁVIDA! É ISSO QUE VOCÊ FEZ!

Yoshihito ficou pálido na hora e olhou para ela meio assustado. Imaginou primeiramente que havia sido uma brincadeira da garota, mas pela a expressão dela, esse não era o caso. Na mente do jovem veio àquela única vez, na casa dele, quando os pais do garoto haviam saído, nem haviam cogitado uma camisinha ou ao menos se lembrado dela. O garoto ficou se sentindo um idiota assim como ela havia falado... Um idiota irresponsável.

- T-Tem certeza disso? - perguntou ele.

- Tenho. - disse ela suspirando logo depois - Minha mãe já me levou no médico...

- S-Seus pais já sabem?

- SE SABEM?! ELES QUASE ME MATARAM! MANDARAM EU CONTAR PARA A PORRA DO PAI IRRESPONSÁVEL... OU SEJA... VOCÊ SEU GRANDE IMBECIL!

- Calma Itoe... Não fique assim tão estressada e raivosa... É ruim para o bebê.

- RUIM PARA O BEBÊ?! VOCÊ ACHA QUE EU LIGO PARA ESSE PARASITA IDIOTA QUE TÁ AQUI DENTRO?! - perguntou ela colocando a mão na barriga - EU DESCOBRI ANTES DOS MEUS PAIS E TENTEI ABORTAR COM ALGUNS MEDICAMENTOS, MAS PELO VISTO ESSE CATARRENTO DE MERDA AINDA RESISTE!

- NÃO FALE ASSIM DO BEBÊ!

Aquilo saiu da boca dele meio que por impulso. Verdade que fora um acidente e mal tinha descoberto... Mas o bebê não tinha culpa de nada. A culpa era dele, de Yoshihito, e o garoto sabia disso. Não suportava ouvir Itoe falando daquele jeito, com certeza ela seria mais calma e racional uma vez que se tranquilizasse... Foi o que Yoshihito pensou.

Itoe olhou para ele assustada ao ouvir ele defendendo o bebê. Não gostava nem um pouco daquilo que crescia dentro de si mesma. Um erro, um acidente, um parasita catarrento, era isso que o bebê era para ela. Ela então virou a cara desviando o olhar de Yoshihito e cruzou os braços, estava com raiva dele, por ter a engravidado e por ter defendido o bebê. Para ela a culpa era apenas dele esquecendo-se totalmente que precisa de dois para fazer um bebê.

O clima ficou pesado, o casal nem ousava se olhar nos olhos. O silêncio começou até que Yoshihito o quebrou.

- Eu vou arrumar um emprego... Eu vou comprar uma casa... Eu vou cuidar desse bebê junto com você. Não vou te deixar sozinha.

- Não.

- Ãh?

- Eu vou abortar. Vou no final de semana numa clínica de aborto*.

- VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! É UM BEBÊ! É SEU FILHO!

- FALA ISSO PORQUE NÃO É VOCÊ QUEM VAI FICAR PARECENDO UMA VACA LEITERA! EU NÃO QUERO ESSA MERDA!

- VAI MESMO MATAR UM SER VIVO? UM BEBÊ? UM SER TÃO PURO QUANTO UMA CRIANÇA? ELE NÃO TEM CULPA DE NADA! A CULPA É NOSSA!

-  A CULPA É SUA!

- AH NÃO SÓ LAMENTO ITOE, MAS VOCÊ TAMBÉM ABRIU AS PERNAS!  A CULPA É TANTO MINHA QUANTO SUA!

Itoe olhou para ele irritada e raivosa, mas logo suspirou derrotada. A garota botou as mãos sobre o rosto num sinal de desespero enquanto Yoshihito olhava para ela sem saber muito que fazer ou dizer. Todas as tentativas dele de acalmar ela foram completamente inúteis só servindo para irritar ela mais ainda.

- Quantos meses você está? - perguntou ele o mais calmo possível. - por favor, tente ficar calma.

- T-Três.

-  Vai mesmo fazer o aborto?

- V-Vou...

- Consegue aguentar o peso de matar um bebê?

Itoe então se levanta raivosa olhando para ele.

- OK ENTÃO! JÁ QUE É ASSIM... EU NÃO VOU ABORTAR ESSE PARAZITA, MAS VOU TE DAR ELE PARA CRIAR SOZINHO! ELE É PROBLEMA SEU!

Depois dessa tensa conversa, todos os dias Yoshihito ficou indo até a casa de Itoe para conversar com ela e certificar-se de que ela não iria abortar. Teve que aguentar a vergonha todos os dias de encarar os pais da garota que o olhavam como se ele fosse um verme. Os meses foram se passando e pelo jeito que crescia a barriga de Itoe, o garoto pode notar que o bebê estava bem. Yoshihito via que a garota não parecia feliz com a gravidez mantendo toda vez que falava com o rapaz a decisão de que não queria o bebê.

Num dia, no aniversário de 17 anos de Yoshihito, ele foi visitar novamente Itoe. A barriga dela já estava bem grande, ela estava no 8º mês de gravidez e já há alguns meses havia parado de ir para a escola. A garota sentava-se em sua própria cama muito inclinada usando o travesseiro como apoio para as costas e Yoshihito sentava-se ao lado dela na beirada da cama.

- Não espera que eu te dê feliz aniversário né? - perguntou Itoe.

- Vai continuar até quando desse jeito comigo? - perguntou o rapaz.

- Para sempre! - disse a garota segurando a enorme barriga - Olha o que você fez comigo! Concordei com esse seu plano idiota porque depois daquela sua conversa os pesadelos me assombraram se não eu teria voltado com o que disse e teria feito o aborto!

Yoshihito então colocou a mão sobre a barriga dela, foi um erro, ela deu uma tapa na mão dele tirando-a de lá. O rapaz não tinha conseguido tocar a barriga nem por 2 segundos. Sabia que lá no fundo, já nutria sentimentos pelo bebê que crescia dentro da namorada... Ou melhor... Ex-namorada. Mas tinha medo de dizer isso para ela, pois ela parecia agora odiar a ambos, o ex-namorado e o bebê.

O garoto suspirou e coçou a cabeça, não estava mais sabendo como lidar com a garota.

- Já sabe se é menino ou menina? - perguntou ele.

- Eu to pouco me fudendo se esse parasita é macho ou fêmea! - falou ela com raiva como se falasse de um animal - Só estou indo pro médico porque você quer essa merdinha. Depois que eu te entregar ele... Acabou!... Não vou querer ver mais nenhum dos dois!

- Você vai me ligar quando entrar em trabalho de parto?

- NÃO!

Depois de alguns minutos de discussão, Yoshihito foi expulso da casa de Itoe mais uma vez. Sempre que se encontravam as coisas eram daquele jeito, na verdade este encontro fora até mais calmo do que os outros.

Os pais de Itoe obviamente odiavam Yoshihito e estavam furiosos, já os pais do garoto haviam ficado com raiva apenas na primeira semana, mas depois, ao saber da história completa, eles começaram a tentar ajudar o garoto. Yoshihito saia da escola e ia direto para seu trabalho, mesmo que os pais tivessem falado que iriam ajudar com o bebê, o garoto sabia que a situação financeira deles não era boa o suficiente para acomodar confortavelmente um bebê.

Os dias se passaram novamente e num belo dia de primavera, Itoe entrou em trabalho de parto. A garota olhava pela a janela do carro enquanto os pais a levavam para o hospital amaldiçoando o dia por ser tão belo quando para ela, sentia que era um dos piores. Ela não ligou para Yoshihito assim como os pais dela também não ligaram para ele. Foi um parto difícil, a garota gritou muito e xingou o bebê com todos os palavrões possíveis. Depois de algumas horas, os médicos conseguiram tirar o bebê.

- Parabéns, é uma menina! - disse o médico.

- T-To... P-pouco... M-me... Fud... fudendo. - disse ela fazendo os médicos e enfermeiras se entreolharem. - t-tire isso d-daqui.

A bebêzinha foi levada para o berçário e chorava a plenos pulmões. A mãe se recusava a dar leite para ela então às enfermeiras tinham que usar o leite que o hospital tinha os doados. No dia seguinte, o pai de Itoe decidiu finalmente ligar para Yoshihito, o garoto foi desesperado com os pais para o hospital.

- Onde está o bebê? - perguntava Yoshihito para o pai de Itoe ao chegar no hospital - É menino ou menina? O bebê está bem? Itoe está bem? Onde ela está?

- Berçário, menina, infelizmente sim. - disse o pai de Itoe - minha filha está bem também e onde ela está não te interessa.

Yoshihito foi correndo para o berçário e ao chegar lá, encontrou uma sala cheia de bebês com um vidro para as pessoas verem os bebês. Ele grudou no vidro e olhou os bebês atentamente tentando descobrir qual era sua filha, mas desistiu e acabou perguntando para uma enfermeira.

- Qual desses é a menina que nasceu ontem? - perguntou ele - A mãe se chama Itoe Kouyama.

- É aquela ali - disse a enfermeira apontando através do vidro - Bonitinha não é? Pena que a mãe nem quer ela por perto... temos que dar o leite do banco de leite porque a mãe também não quer amamentar.

Yoshihito nem ouvia a enfermeira, assim que ela havia mostrado quem era sua filha, o garoto olhava para a pequena como se estivesse no mundo da lua. Olhava suas mãozinhas gordas e suas bochechas rosadas. Era linda. O garoto sorria sem conseguir desviar o olhar e agradecendo por ela ter conseguido nascer apesar da péssima mãe que tinha. Silenciosamente ele prometia para a garotinha que iria cuidar dela custe o que custar.

Depois de alguns minutos, uma mão tocou o ombro de Yoshihito tirando-o completamente de seu estado de transe. O garoto olhou para ele e viu que junto com ele estavam duas enfermeiras.

- Dê o bebê para ele - disse o homem - ele vai levar o bebê.

- M-mas... - disse uma das enfermeiras.

- Mas nada! A filha é dele e não de minha filha. Nunca mais chegue perto da minha filha entendeu moleque?

O pai de Itoe se foi e as enfermeiras o olharam ir embora um tanto raivosas, xingavam baixinho o homem e principalmente Itoe devido ao descaso que tinham com o bebê. A enfermeira que havia mostrado para Yoshihito quem era sua filha havia ouvido a conversa e descreveu a reação de Yoshihito quando viu quem era sua filha, as três enfermeiras tinham esperança que o garoto fosse um bom pai.

- Bem... - disse uma das enfermeiras se aproximando de Yoshihito com um doce sorriso - Quer pegar sua filha no colo e levar ela para casa?

- Q-Quero... - respondeu ele abrindo um sorriso.

A enfermeira entrou no berçário, pegou a pequenina e entregou lentamente e com cuidado para Yoshihito que parecia meio inseguro ao pegar a pequena.

- Segure bem a cabeça... - aconselhava a mãe do garoto que havia chegado alguns minutos atrás.

O rapaz o olhava com os olhos brilhando, aquele ser tão frágil e doce era sua filha. Yoshihito e seus pais então voltaram para o carro para voltar para casa, o garoto se sentava no banco de trás com a filha no colo sem conseguir desviar o olhar dela enquanto admirava sua fofura e tentava pensar em um nome. Ao parar em um semáforo, o vento entrou pela janela do carro levando consigo algumas folhas de uma árvore logo ao lado, Yoshihito levantou o olhar e viu que estavam ao lado de um parque cheio de lindas árvores que estavam recheadas de flores devido à primavera.

- A primavera é mesmo linda - comentava a mãe do rapaz.

- Olha lá como as flores são lindas bebê - dizia Yoshihito baixinho para a filha - A primavera é a estação mais linda que tem... assim como você que também é a bebêzinha mais linda que tem.

Ele olhou para as flores das árvores e então para garotinha e então finalmente decidiu um nome para ela. Ele abriu um sorriso e disse animado:

- Arranjei um nome perfeito para ela!!

- Qual? - perguntou a mãe de Yoshihito.

- Harumi*.


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Notas finais do capítulo

aborto* - aborto no Japão é legalizado
Harumi* - Haru = primavera / Mi = beleza
o que acharam do capitulo? o/
o que acharam da Itoe? ¬¬
o que acharam do Yoshihito? XD
comentem por favor o/ o comentário de vocês é muito importante para mim. >