Ismira escrita por Giu Sniper


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Yeah, estamos aqui novamente.
Essa história vai acabar mais cedo do que eu estava esperando...
POV triplo hoje: Ismira, Eragon e Hodric.
Aproveitem! :)



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Seis horas da manhã. Havia dormido pouquíssimo tempo e muito menos do que o necessário, de modo que Vicky teve que praticamente derrubá-la da cama e arrastar um Ismira zumbificada para o refeitório.

Uma tigela de lichias e uma xícara de café. Não era muito fã da bebida, mas precisaria de algum estimulante caso quisesse ficar acordada em uma aula particularmente monótona de língua antiga. As aulas do horário da manhã eram divididas em níveis, o que significava que a garota tinha aulas com as mesma pessoas com as quais compartilhara a viagem do continente. Hodric faria parte da sua turma, uma vez que ainda estavam em um nível inicial e que o garoto fora o único cavaleiro escolhido na viagem.

Finwë adentrou o refeitório, posicionando-se na fila para servir-se do café da manhã, logo depois juntando-se as garotas no mesmo lugar em que sempre comiam. Hodric não estava na companhia do elfo, de modo que a garota interrogou-o sobre seu paradeiro.

— Ele já não estava no dormitório quando eu acordei. Pensei que ele já estivesse aqui. — respondeu.

Se Hodric não estava no dormitório e muito menos na presença dela e da outra cavaleira, isso só podia significar que... que... Não!  Não se permitia pensar em algo do gênero. Mas e se realmente fosse... se fosse... Que outra alternativa existia? Por mais que fosse difícil que fosse para ela admitir isso, sabia que se tratava da verdade, e então só havia um alguém que poderia lhe confirmar: Solus.

Sundavar! chamou o próprio dragão através da ligação entre ambos.

Solus não está aqui.

Não precisava de mais do que isso para saber o que tinha acontecido; se nada de mal houvesse acontecido a Hodric o dragão dificilmente estaria longe dos outros no momento da refeição. É claro que os dragões caçavam, mas nunca se afastavam muito um dos outros. Agora Ismira precisava sair dali, não conseguiria comer enquanto pensava no que poderia ter acontecido a Hodric.

— Hum... Me deem licença, mas eu vou ter que sair. — a garota se levantou, tentando ser o mais discreta possível, mas infelizmente era uma péssima atriz.

— Mas não vai nem terminar de comer? — o elfo inquiriu

— Ah, não. Obrigada! — e tentou sair o mais rápido que pôde sem parecer muito suspeita, mas ainda assim, enquanto se deslocava para fora do refeitório, ainda ouviu o elfo falar, suspeitoso, para a outra cavaleira:

— Mas ela deixou as lichias!

— Ah, Finwë, deixe-a.

Assim que conseguiu se afastar o suficiente do aglomerado de pessoas que era o refeitório passou a correr. Por vez ou outra a cavaleira deparava-se com algum atrasado que lhe encarava com se fosse louca, mas não se importava, tinha mais no que pensar.

Sundavar, alguma ideia de onde Hodric possa estar?

Nem a mínima. O dragão respondeu, ele também não estava nem um pouco a vontade com aquela situação. Eu posso fazer uma busca aérea, mas acho que vou chamar um pouco de atenção...

Um pouco de atenção? Peque esse pouco e multiplique umas cem vezes, aí estava o tamanho da atenção de que Sundavar atrairia, ainda mais naquele horário da manhã em que não havia nenhum outro dragão nos céus.

Uma parte da garota estava tentada a aceitar a oferta do dragão, mas havia uma outra parte, a mais sensata, que lhe gritava avidamente para não dar mais motivos para enraivecer Ele. Melhor não. A garota respondeu ainda um pouco insegura de sua escolha.

Hodric havia dito que seguiria para o dormitório pelo caminho que seguia ao lado da floresta, talvez se fizesse o caminho inverso... Já havia quase chegando ao local, que era alguns metros mais longe que o centro de treinos, quando foi interceptada pelo tio:

— Está ciente de que sua aula é para o outro lado? — Eragon a repreendeu, ao que a garota ficou em silêncio. Não podia contar ao tio o que estava realmente acontecendo, ainda mais sem antes falar com Hodric. — Como pensei. Agora dê meia volta e siga em frente.

— Mas tio, eu...

— Sem mais, eu posso até lhe acompanhar se for necessário.

— Não é. — a garota foi ríspida e seguiu o caminho contrário pisando forte. Discutir seria inútil e ele a seguiria de longe de qualquer maneira. Seu tio era tão previsível... Mas de qualquer forma não podia simplesmente esquecer Hodric. Onde o garoto estaria?

Precisa contar a ela, pequenino. Saphira lhe falou, não pela primeira vez.

Precisamos ter certeza primeiro, lembra-se?

Mais certeza do que já temos? Ficar negando o que está bem debaixo do seu nariz não vai fazer com que que deixe de ser. A profecia fala claramente de...

Um dragão negro, eu sei. Mas...

Pequenino, Sundavar é o primeiro dragão negro depois de Shruikan, e nós dois sabemos que ainda não vai ter outro dragão da mesma cor tão cedo.

Mas, Saphira, se contarmos a ela sobre a profecia agora, apenas um pouco mais tarde teríamos que contá-la sobre...

Os eldunarí, eu sei, mas não seria a primeira vez.

Uma cabeça latejando, o corpo jogado no chão frio. O garoto temia abrir os olhos com medo do que pudesse encontrar, mas quando por fim o fez encontrou o céu, um plano azul sem fim. Tudo ao seu redor girava como em um rodamoinho. Ousou sentar-se, se sentindo ainda mais tonto do que já estava antes. A memória do que havia acontecido aos poucos retornava a sua mente.

Solus. Estava falando com ele quando tudo começou a acontecer, e agora o dragão estava ali ao seu lado, esperando que acordasse. Estavam no centro de treinamento, no mesmo lugar que enfrentara Finwë no primeiro dia.

Como vim parar aqui? perguntou. A última parte de que se lembrava era dentro da floresta.

Também não sei. E a propósito não sou o único preocupado com você, sua namorada passou duas vezes por nós, na primeira ela estava correndo em direção à praia, na segunda ela estava voltando, parecia com raiva. Eu tentei chamá-la, mas parece que ela é uma pessoa incrivelmente concentrada. A proteção da mente dela é tão intensa que eu não consegui nem chegar perto de incomodá-la. Acho que estava te procurando.

Ismira? pensar fazia sua cabeça doer.

Quem mais, oras?

E como ela pode saber que...

Parece que ao menos ela não é tão desligada quanto você para essas questões, não? o dragão brincou, conseguindo tirar um meio sorriso meio riso de Hodric. O que você vai fazer agora?

Eu? Eu vou para a aula de língua antiga.

Mesmo?

Pelo menos assim Ismira fica sabendo que eu não morri ainda. O garoto se levantou, ainda um pouco tonto.

Se você morrer eu te mato. Caso você não tenha amor a sua vida eu tenho. Solus riu. Vou caçar agora, não sei você, mas eu estou com fome. E levantou voo.

Cada passo era doloroso para o cavaleiro, e a cada arfada de ar era como se seus pulmões ainda não tivessem se acostumado a respirar novamente. Um passo de cada vez o garoto andou na mesma direção em que Solus havia falado que Ismira seguira pela segunda vez, torcendo para que conseguisse encontrar o caminho certo.

Um vento frio começou a soprar vindo do mar enquanto algumas nuvens escuras começavam a se formar no céu, o que o fez pensar se por acaso Ele conseguiria provocar uma tempestade. Achava que não, mas aprendera a nunca subestimar a capacidade d’Ele de fazer alguma coisa.

Depois de andar por mais alguns minutos chegou à biblioteca, o local em que as aulas eram passadas, uma estrutura grandiosamente magnífica construída no tronco de uma árvore. Com certeza fora o último a chegar. Assim que adentrou a sala direcionou um olhar de relance a Ismira, que lhe sorrira de volta. O garoto inventou para o professor, um elfo de aproximadamente uns quarenta anos para os padrões humanos, alguma história de ter se perdido no caminho até a li, ao que o mesmo a aceitou pedindo que tomasse cuidado para que isso não ocorresse novamente e dizendo para que se sentasse.

A área que eles usavam para estudo era organizada em duas fileiras de cadeiras em que cada uma comportava duas pessoas, a menos que o cavaleiro fosse um kull. Todos os presentes compartilhavam um mesmo livro com outro cavaleiro, exceto Ismira que delicadamente dera um espaço para que ele se sentasse ao seu lado.

Não podia dizer que a aula era interessante, passavam a maior parte do tempo olhando para um enorme volume encadernado tentando memorizar o que os símbolos significavam, mas estar ao lado de Ismira fazia com que as coisas fossem mais fáceis de suportar.

Ele está bem. Foi o que pensou quando viu Hodric atravessar a porta da biblioteca, ou ao menos ele estava bem melhor do que havia imaginado. Não ousaram dirigir uma única palavra um ao outro, não podiam se colocar ao risco de dizer algo que deveria permanecer em segredo.

Além do mais, agora que sabia que Hodric estava relativamente bem, não podia deixar de pensar no seu encontro com o tio mais cedo. Ele sabe alguma coisa que nós não sabemos e não quer nos contar.

Eu tive a mesma sensação. Sundavar lhe respondeu. Alguma ideia?

É sobre você. No nosso primeiro dia aqui, bem, ele começou a nos contar uma coisa, algo sobre você possuir algum poder especial, mas eu tenho absoluta certeza de que ele não contou tudo o que sabia. A gente precisa descobrir, Sundavar, nós precisamos saber. Uma pausa.

E Hodric, como está?

Aparentemente bem, falo com ele depois que a aula terminar.

Aprender a escrita da língua antiga era realmente monótono, o que a fazia pensar o quão bom era ter aquela aula apenas duas vezes por semana. Felizmente o fim do tempo não demorou a chegar, de modo que às nove horas da manhã já estavam livres daquela dose de sonífero.

Do lado de fora da biblioteca o céu tornava-se cada vez mais escuro com a chegada de uma tempestade, a garota arrastou Hodric para o lado contrário do que a maioria estava seguindo, precisava falar com ele.

— Hodric, — falou assim que pararam a lado de uma árvore —, foi... Ele?

— Foi. — o garoto confirmou, não sem antes hesitar um pouco.

Ambos ficavam em silêncio. Dentro de Ismira um pensamento a corroía: ainda se lembrava do sonho, o sonho em que Hodric pegava o anel, poderia ser verdade? Gostaria de saber exatamente o que era aquele anel. Mas antes que Ismira pudesse interrogar o garoto sobre seus pensamentos, foi ele quem falou:

— Agora me lembro! Como sou idiota! — ele cerrou os punhos — Aquilo é coisa d’Ele, é claro que é. Ele deu um jeito de fazê-lo chegar até você...

— Ele enfeitiçou a minha mãe! — estranhamente ela já tinha entendido do que Hodric falava — Você encontrou o anel no mar?

— No porto de Teirm, sim. — o cavaleiro pareceu surpreso pelo rápido entendimento da garota — Eu já devia ter me livrado daquilo.

— Sim, devia. Não sei como nem por que, mas aquilo tentou me matar.

— É claro que tentou te matar, é coisa d’Ele. Se Ele conseguisse te matar Sundavar morreria junto. — Hodric concluiu. Isso mesmo! Era exatamente isso: Ele queria o dragão morto, não importava de que maneira. Mas por que não tentou matá-la antes?

Sundavar, a gente precisa descobrir urgentemente o que meu tio está escondendo de nós! Algo me diz que isso está diretamente ligado a Ele querer vê-lo morto...

Isso pode significar contá-lo sobre Ele. O dragão falou, mesmo sabendo que ela ignoraria esse fato.

Diferentemente do meu tio não me importo de compartilhar segredos importantes. A garota finalizou um pouco ressentida com o resguardo do tio, assim parecia-lhe que ele não a achava uma pessoa confiável.

— Hodric, ouça-me! Nós vamos ter que contar para o meu tio sobre Ele. Eu preciso fazer com que ele fale algo que está escondendo.

— Falar... O que?

— Você logo vai saber, mas antes precisamos encontrá-lo. E rápido.

— Alguma ideia de onde ele esteja?

— Deve estar ensinando magia. — a garota fez uma pequena pausa — Para o pessoal da Vicky.

Havia algo que ebritil estava escondendo da sobrinha? O garoto não estava entendendo mais nada. Ismira sabia muito mais sobre Ele e o anel do que imaginara. Está bem que o anel pertencera à garota antes de encontrá-lo, lembrara-se disso alguns minutos atrás, mas de qualquer forma ela sabia muito a respeito daquele ônix. O anel tentara matá-la, ela havia dito. Quanto mais o garoto descobria a respeito do anel mais emaranhado nas teias de seu mistério se encontrava.

Confusão. Era o sentimento que prevalecia dentro de si enquanto seguia junto a Ismira em direção ao centro de treinamento. Era lá que, durante a manhã, os cavaleiros de nível mais avançado que o deles treinavam magia.

Bem-vindo ao clube. Fora a única coisa que seu dragão encontrara para lhe dizer. Até mesmo para Solus era difícil tirar alguma conclusão.

— Tio! — Ismira gritou assim que o viu. A garota não se importava com o fato de o estar interrompendo.

— Ismira, eu estou dando aula caso não tenha percebido.

— É importante, muito importante. Você precisa vir conosco. — ela apontou para Hodric — Precisamos nos juntar a Sundavar e Solus. Precisa ser agora. — a cavaleira tinha urgência na voz.

Ismira não disse que essa era a aula da Vicky? perguntou ao dragão, ignorando totalmente as palavras que a garota usava para tentar convencer o tio de que era algo realmente importante e inadiável.

Sim, ela disse. Por que?

Então Vicky não veio à aula hoje. Concluiu, a garota não se encontrava em nenhum lugar.

Ela podia não estar se sentindo bem hoje de manhã, talvez.

Talvez. Concordou.

Nesse momento Ismira havia conseguido fazer com que o tio dispensasse a turma e se juntasse a eles. Ebritil logo veria como o que queriam lhe dizer era realmente importante.

— Hodric, nós vamos precisar do anel. — Ismira lhe falou, quase sussurrando. — Eu vou atrás dos dragões, você vai saber onde nos encontrar.

O garoto foi atrás do ônix, guardava-o no dormitório, debaixo do travesseiro, esperava que ele ainda estivesse lá.

É a hora, Sundavar, está chegando a hora.

Está. Ele concordou.

Ismira escolheu um lugar distante de todos e de qualquer tipo de árvore para levar sua conversa com o tio, não queria correr o risco d’Ele ouvi-los, e Ele poderia ser qualquer um.

O primeiro dragão a chegar foi Sundavar, ao que Ismira se surpreendeu com seu tamanho, a ligação entre eles dois era mais mental do que física, precisavam mudar isso. Logo depois veio Saphira e só então Solus se juntou a eles, quase no mesmo momento em que Hodric chegara, o dragão dourado também estava maior desde a última vez que o vira, mas não era nem de longe do mesmo tamanho que Sundavar quando este tinha a mesma idade.

A cavaleira tocou o focinho do dragão com a mão da Gedwëy Ignasia, sentindo a energia da ligação entre ambos subir-lhe pelo braço, quase como da primeira vez em que o tocou.

Você tem o focinho gelado. Ismira sorriu para o dragão.

E você tem a mão quente. Sundavar respondeu carinhosamente, mas logo depois suas palavras se endureceram novamente. É a hora.

É a hora.

A garota virou seu corpo em direção ao tio, estreitando os olhos e tornando sua feição mais dura.

— Tio, o que você não me contou ainda?

Eu lhe falei que ela já saberia, pequenino.

Ótimo! E o que eu faço agora? Mesmo com tantas confirmações Eragon ainda tinha a esperança de que a profecia não dissesse respeito à Sundavar, mas agora não havia mais como negar, era hora revelar o que sabia.

Conte a ela.

E o garoto?

Acho que ele já está suficientemente entranhado nessa história, não há como escondê-lo nada. Se ele não ouvir da sua boca vai ouvir da de Ismira, há diferença?

Não, não havia diferença, e então era hora de revelar a profecia.

— Junto ao herdeiro da escuridão — Eragon recitava com o olhos fixos no horizonte, parando por um tempo ao fim de cada verso. — O antigo poder que ressurge / Levados nas costas do negro dragão / O mal novamente atraído / Pelas mãos de um novo inimigo / Uma morte, uma loucura, uma cura.

Uma profecia? Era isso? Não bastava ter a confirmação de que realmente havia lago errado, ainda seria obrigada a ficar tentando decifrar enigmas.

Quem é o herdeiro da escuridão? Perguntou a Sundavar.

Sabe se Galbatorix teve algum filho?

Possível, mas quem?

Você exige demais de mim dessa maneira... ele fez uma pausa. O antigo poder ressurge. Que poder?

Odeio enigmas. O próximo verso fala de você.

Levados nas costas do negro dragão. Realmente, não há outro dragão negro, infelizmente. Quem sabe se houvesse estaríamos livres disso. O mal novamente atraído / Pelas mãos de um novo inimigo.

Ele é o inimigo?

Possível. O dragão concordou. Uma morte, uma loucura, uma cura.

Odeio essa parte.

Também. O dragão calou-se por um tempo. Prometa-me que não vai morrer.

Prometo. Agora, prometa-me isso você também. A cavaleira pediu.

Prometo.

Não estou gostando disso. Foi o que disse a Solus.

Nem eu. Herdeiro da escuridão, antigo poder, dragão negro, mal, um novo inimigo, uma morte...

O inimigo é Ele. Quem é o herdeiro da escuridão?

Estou tão perdido quanto você, Hodric. A parte de que eu menos gosto é o último verso.

Alguém vai morrer, e alguém vai ficar louco. Qual é a cura?

Prefiro não descobrir nenhum dos três. Um silêncio instalou-se ambos. Muitos minutos haviam se passado até que o dragão falasse novamente.  Não podemos morrer.

Não, não podemos.

— Agora vocês já sabem. — seu tio falou calmamente. Como ele podia ficar tão sereno em um momento como esse? Ele era maluco? — Mas você, Ismira, falou que tinha algo para me dizer, não que ia fazer-me uma pergunta. Espero que eu ainda possa tomar conhecimento dessa informação. — A calma com que ele deixava as palavras se formarem a estava tirando do sério. Se não tivesse dito anteriormente que tinha algo importante a falar sabia que a raiva que estava se formando dentro de si calaria a sua boca, mas agora era obrigada a dar a informação ao tio.

— Nós... nós sabemos quem pode ser o inimigo. — ela olhou de relance para Hodric, tentando encontrar coragem naqueles olhos azuis, mas ele parecia tão amedrontado quanto ela.

— Mesmo? — ele parecia surpreso — Quem?

— Esse é o problema: nós sabemos quem é, só que não sabemos.

— Como? — Eragon parecia realmente confuso, mas a garota não podia culpá-lo, era mesmo difícil de entender. De modo que todos ficaram calados por um tempo, como se pensassem na melhor maneira de explicar aquilo, e foi Hodric que a encontrou.

— O inimigo é Ele. — o cavaleiro falara pela primeira vez desde que chegara ali — Ele que nos persegue, que nos amedronta e que nos separa. Ele que se esconde na escuridão. Ele que nos confunde e nos faz pensar ser quem nós não somos. O que impede que Ele também seja o herdeiro da escuridão? — silêncio se seguiu a fala do garoto. Silêncio que durou apenas alguns segundos, sendo quebrado pelo som das palmas compassadas de alguém que aconteciam a cada três segundos há apenas alguns metros deles.

— Parabéns, Hodric! — Era a voz d’Ele, rouca e áspera. Ismira a conhecia de um sonho que tivera, e ouvir aquelas palavras fez com que o seu corpo se arrepiasse. Ele tinha o corpo e o rosto cobertos por uma enorme capa cinzenta, é claro que não revelaria a sua identidade tão facilmente. — Filosofando profecias. Que pena que eu já sabia delas antes, não é mesmo? — Um riso curto se perdeu por entre os seus lábios cobertos pelo capuz. — Que belo você é, Sundavar, é mesmo uma pena que eu vá matá-lo, será mesmo um grande desperdício de magnificência. — Ele chegou um passo mais perto, o que fez com que Eragon levasse a mão direita ao cabo na espada, e retirasse mais um riso dos lábios d’Ele. — Acalme-se, não sou tão idiota a ponto de confrontá-los agora. — Ele virou-se e andou metade do caminho antes de parar e se virar novamente para dizer: — Ah, Hodric, obrigado por deixar isso — ele tirou algo que estava preso ao cinto: um punhal de cabo azul e prateado — acessível. — e assim se foi.

— Agora você sabe quem Ele é, tio, mesmo que não saiba. — a garota falou com tanta calma que surpreendeu a si mesma.

— Precisamos armar todos na ilha. — o tio falou — Agora mesmo.


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Notas finais do capítulo

Fim de mais um capítulo.
É hoje que eu quero ouvir as suspeitas de vocês, quem vocês acham que Ele é?
Deixando claro que vocês não vou conseguir me fazer mudar de ideia muahahaha.
Mas é sério, gostaria de saber as suspeitas de todos vocês, nem que fosse só para comentar o nome do personagem, sabe? Mas.. Esquece, não vou conseguir convencer ninguém mesmo, hehe.
Bem, espero que tenham gostado. Reviews! :)



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