Ismira escrita por Giu Sniper


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Yeah, o maior capítulo até agora.
POV Hodric/Ismira, vão se acostumando a esses POVs duplos, só vai ter deles agora.
Enfim, não vou fazer vocês ficarem lendo essas notas aqui. Corram, leiam! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/318766/chapter/14

— Hodric, quem é Ele? — foi a pergunta que ela o fez. A primeira pergunta. Sim, ele sabia que a pergunta viria, mas tão logo? E como ela ficara sabendo da existência d’Ele? É claro que teve aquela vez que tentara contar tudo a ela e o plano foi por água abaixo, e na então ocasião O mencionara, mas ainda assim... Parou a olhar bem fundo nos olhos da garota, pensando. Ponderava suas possíveis respostas. Quem é Ele? Fazia-se a mesma pergunta todas as manhãs quando acordava, todas as noites quando ia se deitar, cada vez que respirava. Como podia dar uma resposta que não sabia? Permaneceu calado, boquiaberto, mirando os olhos mel-esverdeados de Ismira. — Hodric! — a garota o chamou, furiosa diante do silêncio, sua voz beirava o estridente com a  raiva que sentia.

— N-não! Bem, essa é uma pergunta um tanto... Ah... Hum... — como iria responder àquilo? Precisava responder. Aquela podia ser sua última chance.

— Você vai me decepcionar mais uma vez? — as palavras que saíram da boca de Ismira doíam, mas era tudo sua própria culpa, se não tivesse falhado em contá-la sobre Ele naquele dia... Se já tivesse dito tudo a ela as coisas poderiam ter acontecido diferente. Ficou em silêncio. O que responder? — Está bem, Hodric, já sei que você não vai me dizerr nada. Vou embora. — e ela energicamente se virou e começou a afastar-se dele. A garota já estava a três passos de distância quando Hodric chamou-a de volta:

— Não, espere! Eu... Eu vou contar tudo para você.

Sim, era isso que havia ouvido sair da boca dele: iria por fim ficar sabendo de tudo, ele lhe contaria tudo. Hodric. Será que ele estava voltando a ser assim como era antes de tudo aquilo? Ele conseguiria reconquistar sua confiança?

— Pode falar então. — a garota usou toda a calma que não tinha para pronunciar aquelas palavras, estava ansiosa. Ansiosa e receosa para, por fim, escutar a verdade.

Hodric tão pouco tinha calma também, a cavaleira podia ver em seus olhos cor-de-céu. O garoto respirou fundo e desatou a falar:

— Eu não sei quem, ou o que, Ele é. — agora que já tinha falado, lhe pareceu mais simples, mas isso foi apenas até se lembrar de que esse era apenas o começo. Esse é o tipo de resposta que só atrai mais e mais perguntas, ou pior, o tipo de resposta de que se pode duvidar. A dúvida de qual seria a reação de Ismira diante daquilo queimava junto com a insegurança dentro de seu peito. Não podia perder Ismira novamente, não agora que estava novamente tão próximo de sua confiança... Havia prometido para seu pai e para si mesmo que não deixaria a garota longe, mas, secretamente, também prometera isso a ela, e era a última promessa que prevalecia dentro dele.

Ambos ficaram em silêncio ainda por um tempo, deixando os ventos uivantes carregarem as palavras para longe. Ismira havia se aproximado.

— Desculpa pela resposta evasiva, mas essa é a única que eu tenho. Eu não sei quem ele é, eu gostaria de saber, mas eu não sei. Talvez eu pudesse dizer que fisicamente Ele é uma voz, abstratamente um segredo, passivamente é um pesadelo e ativamente — uma pausa — bem, nesse caso você não vai querer ficar sabendo. — mais uma pausa, dessa vez mais longa.

— E se eu, quem sabe, soubesse quem Ele é ativamente? — a garota se aproximou um passo. Talvez fosse para as palavras dela lhe surpreenderem, só que não surtiram esse efeito. Embora Hodric tentasse negar com todas as suas forças ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, Ele iria atrás de Ismira, independente de qual rumo Hodric tomasse.

Para Ele, Hodric ainda lutava ao seu lado, empenhando-se para matar o dragão negro da cavaleira à sua frente, só não entendia ainda o por quê.

— Então eu lhe diria que suas noites são assombradas por pesadelos e que sua vida corre risco. — a cada palavra eles se aproximavam mais e mais, como se cada palavra dita por Hodric fizesse parte de um poema e amor, e não de uma profecia de morte.

O garoto olhava profundamente nos olhos mel-esverdeados de Ismira, quase cinzentos na penumbra da noite. Ele passou a mão nos cabelos da garota, deslocando uma mecha para trás da orelha, e então, depois de tanto tempo distantes um do outro, a beijou.

As estrelas eram as únicas testemunhas aquela noite, as mesmas estrelas que também estavam lá no dia do primeiro beijo. Parecia ter sido há uma eternidade.

Ficaram abraçados, um absorvendo o calor do corpo do outro, por um bom tempo, e mesmo assim ainda era pouco. De qualquer maneira, os dois não podiam ficar ali o dia para sempre, de modo que Ismira se desvencilhou dos braços do garoto, ela tinha os olhos enevoados de dúvida e preocupação.

— Ah, Hodric, o que fazemos agora? — ela voltou para o conforto do calor do garoto, apoiando a cabeça em seu peito.

— Eu não sei, eu gostaria de saber, mas eu não sei. — mas além da influência que Ele pudesse passar a ter em suas vidas a partir daí ainda havia outra coisa que o afligia: ainda não havia contado tudo a Ismira, ainda não havia contado a pior parte. O que ainda tinha para dizer podia por tudo a perder, tudo o que havia reconquistado nos últimos momentos, a confiança de Ismira. Mas tinha de contar a ela, não havia outra escolha. — Ismira, eu... Eu ainda não te disse tudo. — a garota se libertou novamente de seus braços, fixando os próprios olhos nos do cavaleiro. Podia ver nos olhos dela que a garota já não estava esperando algo de bom, mas isso não deixava as coisas mais fáceis.

— Você precisa mesmo me contar? — as palavras só confirmavam o que dava para enxergar no olhar. Ismira não queria estragar aquele momento. Tão pouco Hodric também o desejava, mas era exatamente o que ia fazer, não podia mais adiar, tinha que dizer naquele momento.

— Preciso. — as palavras pareciam não querer sair pela sua boca, e elas tinham reais motivos para tal.

Então Hodric contou-a cada coisa. Começou pela madrugada do dia do aniversário de Ismira, quando se encontrara com Ele pela primeira vez e de como achara que tudo não havia passado de um sonho ruim até Ismira provar a veracidade daquilo, contando-lhe sobre o ovo de dragão. Depois falou dos dias que se passaram, de quando foi até ela com o objetivo de contar tudo logo e então falhara. Falou tudo até o momento em que chegou à parte em que mais temia: quando havia se juntado a Ele.

— Você mataria Sundavar? — a garota explodiu, incrédula. Podia aceitar fato de que Ele quisesse matar seu dragão, mas Hodric?

— Ismira, eu... Eu não sabia o que eu estava fazendo, eu... — o que poderia dizer? Ela estava certa, não estava? Qualquer um que tentasse mata-lo depois de ouvir as palavras que havia pronunciado estava com a razão. — Eu não sei, eu não sei o que eu teria feito. Eu não sei!

— Então você admite que...

— NÃO! — gritou, interrompendo-a. A raiva tomou conta de si por um momento, não de Ismira, mas de si mesmo. Já sabia que seria difícil, mas as palavras o machucavam mais do que ousara imaginar. Recobrou a calma aos poucos. — Não torne as coisas mais difíceis do que já são, está bem? Também não acho certo o que eu fiz, e não me orgulho. Eu não me orgulho de quando saí correndo de casa até Ele por que estava com raiva da minha mãe, por ela ter mentido para mim. Não! Eu nunca devia ter ouvido Ele, eu não devia ter ido atrás d’Ele. Eu não devia ter dado a Ele a oportunidade... — suspirou, logo depois continuando mais calmamente — a oportunidade de chegar até você.

— Hodric... — a garota pareceu arrependida das coisas que dissera

— Não, Ismira, você está certa, não é culpa sua. Eu não sei nem mesmo o que eu faria se alguém me dissesse que esteve a um passo e matar Solus, ainda mais se eu conhecesse essa pessoa. — o garoto acalmou a voz — Eu posso não ser cavaleiro há tanto tempo quanto você, mas eu não sei mais como é pensar sem Solus, aqui dentro — ele levou o dedo indicador à têmpora —, para pensar junto comigo. Eu não consigo mais ignorar a existência dele, do dragão, aqui, na minha mente. Por mais que ele não esteja falando agora, eu sei que ele está aqui, que está atento a cada palavra que a gente fala.

Algum sentimento estranho e desconfortante tomou conta de Ismira: vergonha. Vergonha de ter incriminado Hodric, vergonha por não ser tão próxima de Sundavar como Hodric era de seu dragão. Ela havia culpado Hodric. Não devia ter feito aquilo! O garoto não merecia isso, ele estava em um momento de fraqueza em que descobrira que passara uma vida inteira com uma lacuna preenchida com uma informação errada, é claro que agiria impulsivamente. De qualquer forma os planos de Hodric haviam mudado e Sundavar não correria mais riscos ao seu lado.

Ismira também não podia deixar de sentir um pouco de inveja da ligação entre Hodric e o seu dragão. O garoto, já em tão pouco tempo, havia se acostumado a esse “pensar com duas mentes” de maneira tão intensa enquanto ela, de tempos em tempos, esquecia-se de que Sundavar poderia ouvir todos os seus pensamentos. O dragão sabia tudo que ela sabia, e a cavaleira só não sabia de tudo o que o dragão sabia porque, simplesmente, não conseguia ficar conectada a ele em todos os momentos.

Sundavar havia escutado tudo: soubera do risco que sua vida corria e nem ao menos ouviu nenhuma palavra de sua cavaleira. Ismira nem mesmo pensou em pergunta-lo se estava tudo bem, mesmo sabendo que a resposta seria negativa.

É... dirigira mentalmente as palavras ao dragão.

Tudo bem, não há nada errado. A voz grave e doce de Sundavar ecoou dentro de sua mente, reconfortando-a. Sabia que não estava tudo bem, mas de qualquer forma não se opôs a resposta do dragão, primeiro precisava resolver sua situação para com Hodric, e Sundavar com certeza a entenderia.

— Hodric — a garota voltou a atenção para o cavaleiro —, me desculpe por...

— Não, você não precisa pedir desculpas. Eu já disse que...

—Preciso sim! Eu quero e vou te pedir desculpas.

— Mas...

— Hodric!

Foi o suficiente para ambos se calarem. Aquela discussão não tinha sentido algum!

— Está bem, Hodric, parece que já chega. A que ponto chegamos! — o garoto não disse nada, apenas fez que sim com a cabeça, logo depois direcionando o olhar para o horizonte, onde os primeiros raios do Sol da manhã começavam a surgir. Ismira se aproximou dele. — Algo mais que queria me dizer? — as últimas palavras de Hodric mostraram-se verdadeiramente perturbadoras, mas agora era diferente, ela sentia que ele tinha algo para dizer, que queria simplesmente compartilhar alguma coisa. O cavaleiro concordou.

— Eu encontrei meu pai, meu verdadeiro pai, logo depois que cheguei a Teirm. Foi ele que me ensinou esgrima e também como me proteger d’Ele,  proteger minha mente.

— E será que eu posso saber quem é essa pessoa? — sorriu, com a voz doce.

— Meu pai? Bem, você se lembra de quando éramos pequenos e, todo verão, íamos com as outras crianças nos sentar em círculo em torno de um contador de histórias? Em um desses anos veio um velho, ninguém sabia de onde ele tinha vindo, mas este dizia que era de uma terra muito distante. E então ele nos contou uma história que nunca tínhamos ouvido antes.  Na verdade, era mesma história de sempre, só que dessa vez o protagonista era um cavaleiro vermelho que montava em um dragão rubro como sangue. Nós já conhecíamos o dragão, sempre ouvíamos histórias sobre ele, mas ninguém tinha ouvido falar do cavaleiro ainda. O velho nos contou a história de como o cavaleiro lutou ao lado de Galbatorix, de como matou o líder dos anões e de como, ao fim da guerra, simplesmente desapareceu. Lembra-se dessa história?

— Lembro. — concordou. As cenas ainda eram nítidas na sua memória. Hodric, como sempre, era o mais atento às histórias.  Era incrível não ter se esquecido dela depois de tanto tempo. — Tínhamos sete anos.

— Pois é, bem, esse cavaleiro, ele é o meu pai. Murtagh.

— Murtagh? — Ismira já ouvira esse nome. Poucas vezes, é fato, mas o suficiente para saber a quem ele pertencia.

— Sim, meu pai. Ele realmente fez tudo o que dizem que fez, mas não foi culpa dele, ele não podia simplesmente não fazê-lo por que ele estava...

— Preso por um juramento na língua antiga. — a garota completou a  fala do cavaleiro. Já tinha ouvido falar de histórias parecidas. — Só que agora tem mais uma coisinha me incomodando. — a garota falou com um ar brincalhão

— O que? — Hodric sorriu, olhando nos olhos de Ismira.

— Se você é filho do meio-irmão do primo do meu pai, isso faz de nós parentes?

— Não sei, — o garoto riu passando o braço por sua cintura — mas espero que a resposta seja não. — e a puxou para mais um beijo.

Por mais que ambos quisessem passar o resto do dia naquela praia, um na companhia do outro, sabiam que isso não seria possível. Decidiram retornar aos dormitórios para ao menos fingir que estiveram lá durante a noite. Resolveram, então, que seria melhor se seguissem separados, afinal, no caso de encontrarem alguém, seria muito mais fácil inventar uma desculpa por não estar dormindo.

Ismira foi na frente, seguindo pelo caminho que ia junto ao rio. O som das águas correndo era agradável e relaxante, e os primeiros raios de sol deixavam-nas com uma natural aparência dourada.

Como está se sentindo? Perguntou a Sundavar.

Sobre que parte: a de que tem um maluco misterioso querendo me matar, você e Hodric terem reatado ou você ter dúvidas sobre ele ser ou não seu parente? O dragão riu, sabia exatamente sobre o que ela estava lhe perguntando, mas preferia não tocar no assunto.

Falo sério! Isso não é hora para mudar de assunto, ok?

Nada vai acontecer, Ismira. Não tenho medo d’Ele, e você também não deveria ter. respondeu enérgico, não gostava daquele tipo de conversa.

Mas não é d’Ele que eu tenho medo! Em parte até que era verdade. Eu tenho medo é da ideia... da ideia de...

Não precisa temer isso. Eu prometo que ainda vamos ficar juntos por anos e anos, dezenas, centenas e milhares.

Dezenas, centenas e milhares. Como poderia viver tanto tempo assim? Ter Sundavar ao seu lado era uma dádiva que vinha acompanhada com uma maldição: a imortalidade. Viver para sempre poderia ser uma boa maneira de ter conhecimento, mas por outro lado significava ver todos ao seu lado morrerem sabendo que a sua hora nunca chegaria.

Não pense nas coisas por esse lado. O dragão sempre tinha argumentos para tudo. Veja: você ainda terá Hodric e seu tio.

É verdade, e você também. Sim, ele estava certo, mas não teria seus pais, eles não eram imortais.

Já havia chegado ao dormitório feminino, então deitou-se na cama com a roupa do corpo. Nem ao menos olhou em volta ou prestara atenção em Vicky, na cama de baixo. Talvez ainda pudesse tirar uma soneca até às seis da manhã...

Uma parte, já havia resolvido uma parte. Muito mais do que ousara em imaginar alguns dias atrás.

Você sabe que se ficar pensando nisso não vai conseguir dormir, não sabe? Solus o incitou, queria que ele falasse mais.

Mas é claro que eu sei. Por acaso isso importa? Eu enfim consegui contar a ela. Mesmo que isso não ajude a protegê-la, pelo menos agora ela sabe.

E o anel?

O anel... Não sei nada sobre o anel. Já o vi antes, tenho certeza disso, mas onde?

Hodric voltava para o dormitório pelo mesmo caminho que usara para chegar até a praia, aquele que passava ao lado da floresta.

Eu não gosto daquele ônix, Hodric, você sabe disso. Tem alguma coisa naquela pedra. Não sei o que é, mas me dá um pressentimento ruim. Você devia ter se livrado desse anel, não lhe faltaram oportunidades.

Ok, ok, eu já entendi, mas eu não podia simplesmente... um som ao seu lado, vindo de algo dentro do emaranhado de árvores à sua esquerda faz com que parasse no meio da frase. Ouviu isso também?

Ouvi. Na verdade quem ouvira havia sido Hodric, mas na verdade tanto fazia. Não é boa coisa, com certeza.

Não, não é. Acho melhor eu sair logo daqui... mas antes que pudesse de fato por em prática o seu pensamento algo o puxou para dentro das árvores. Não conseguira ver o que fora, logo depois de empurrá-lo a coisa já não estava mais lá. Não, não era boa coisa.

Cada vez que Hodric tentava sair do meio daquelas árvores algo o empurrava cada vez mais para o interior. Quanto mais tentava se livrar daquilo mais emaranhado nele ficava. O garoto estava sendo empurrado cada vez mais para dentro da floresta, e quanto mais em seu interior se encontrava mais densa e úmida ela se encontrava. Foi empurrado até que se viu em um lugar tão escuro quanto sombras, em que não conseguia ver um palmo em frente ao nariz.

Sabia exatamente o que estava acontecendo. Apenas uma pessoa o arrastaria para lugar tão escuro, tão distante. Precisou de um minuto para se recordar de que, para este momento, era aliado daquela pessoa.

— Sentiu saudades de mim? — a voz áspera d’Ele ecoou pelo ambiente.

— Senhor. — foi a única coisa que conseguira pensar para responder naquele momento.

— Espero que esteja estudando uma forma de atingir nosso alvo.

— S-sim, senhor. — respondeu, afobado. Nunca pensara que mentir para Ele fosse tão difícil, era como se a simples presença d’Ele invocasse a verdade.

— E o que você está planejando?

O que estava planejando? Qual era o seu plano?

Reconquistar a confiança de Ismira para ser mais fácil matar o dragão. Esse é o seu plano. Essa era uma das coisas que Solus sabia fazer e que Hodric simplesmente não conseguia: inventar algo, mentira ou não, tão rápido. Eram coisas desse tipo que faziam com que cavaleiro e dragão fossem tão próximos. Um completava o outro.

— Eu irei reconquistar a confiança de Ismira. Assim vai ser mais fácil chegar até Sundavar.

— Um bom plano. — Ele fez uma pausa — Seria ainda melhor caso não fosse uma mentira. — as últimas palavras foram pronunciadas com uma raiva súbita e poderosa.

Hodric sentiu seu corpo ser jogado de encontro a uma árvore. O impacto das suas costas contra a madeira esvaziou seus pulmões de ar por um instante, as mãos que o empurravam eram rápidas e leves nos movimentos, porém incrivelmente fortes.

— Acha que sou tão idiota a ponto de não perceber o que significa uma mente fechada? — Ele sussurrava ao seu ouvido, a voz espelhando toda a fúria que sentia. — Acha que só sei e vejo o que você me contava ou o que via em sua mente? Você pensa que eu não sei diferenciar uma mentira de uma verdade? — o braço d’Ele pressionava o peito de Hodric contra o tronco da árvore, deixando passar apenas o ar suficiente para que ele não morresse. O garoto tinha as mãos livres, mas por algum motivo que desconhecia não tinha nenhuma reação. — Eu sei cada palavra que você disse para ela hoje, na praia, e sei cada palavra que ela te disse. Eu sei de cada passo que você dá. Eu sei de cada pessoa com quem você fala. E eu sei do anel. — Ele deu uma risada, e então soltou-o. — E a propósito, assassinos nunca chamam os  alvos pelos nomes.

Hodric sentiu seu corpo caindo em direção ao chão, era como se seus membros estivessem anestesiados, não conseguia se mover ou reagir a nada que Ele fizesse, só conseguia era pensar. Pensar em como estava pondo Ismira em perigo e em como qualquer coisa que fizesse só fosse piorar essa situação.

Mexa-se, Hodric! O que você está fazendo? Ficar pensando nesse tipo de coisas não vai ajudar a tornar as coisas como eram antes. Levante-se e faça alguma coisa!

Mas... ele ia replicar, mas não, não tinha lógica fazê-lo. Seu dragão estava certo, ficar parado, pensando, jogado no chão, não ia ajudar a manter Ismira em segurança. Não, você está certo. O cavaleiro levantou-se com um pouco de dificuldades por ter ficado tanto tempo com a respiração tão restrita. Então reuniu toda a coragem que tinha dentro de si.

— Você pode saber mesmo de todas essas coisas, mas não sabe o que se passa na minha mente. Você costumava saber, mas não mais. Você pode saber muitas coisas, você poderia até mesmo saber o que se passa na minha mente, mas você nunca entenderia por que eu prefiro correr o risco de morrer para manter Ismira segura. Você nunca entenderia, por que você não sabe o que é o amor. — a fala foi seguida por um longo silêncio de ambos os lados, nem mesmo Solus, dentro da mente de Hodric, falou. Então, repentinamente o cavaleiro sentiu uma forte pancada na cabeça e caiu desacordado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Sinto informar mas imagino que eu esteja me aproximando do fim... :( Mas quando terminar poderei escrever meu livro :)

Mas vamos falar sério, gostaram mesmo? I wish you like. Espero os reviews!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ismira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.