Ismira escrita por Giu Sniper


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Palmas para mim, consegui postar hoje ainda.
Antes de falar sobre o capítulo, eu só quero compartilhar um negocio com vocês: lembra aquele texto que eu deixei link no fim de um desses capítulos? Pois é, ele foi premiado! ÊÊÊ Eu estou muito feliz mesmo, minha barrinha de status download da ideia ainda não completou.
Mas falando sobre a capítulo, ficou um pouquinho menor do que uns outros mas acho que está legal.
Aí tem um POV Ismira e Hodric



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Foi um sonho perturbador, aquele que teve três semanas atrás. As cenas se passavam em sua cabeça sempre que ia dormir, o que às vezes fazia com que o sonho se repetisse. Não gostava das lembranças que aquele anel lhe proporcionava, principalmente daquele ocorrido no barco. Não gostava de nenhum desses tipos pensamentos, e a possibilidade de ter o anel de volta, por mais remota que fosse, a inquietava.

Ismira já estava acordada, devido a mais uma repetição do sonho, quando os primeiros raios de sol daquela manhã surgiram no horizonte. Fazia aproximadamente um mês e meio da data em que partira de casa, e então a saudade só fazia aumentar em seu peito.

Como de costume, suas manhãs eram marcadas com aulas de magia e da língua antiga enquanto as tardes eram dedicadas ao treino de diversas modalidades de batalha. Logo no segundo dia na ilha a cavaleira descobriu-se muito melhor arqueira do que esgrimista e então treinou até que, para ela, acertar um alvo em movimento tornou-se mais fácil do que desempenhar todas as posições de ataque e defesa da luta com espadas.

Naquela manhã chegara à ilha a informação de que o navio que levava um único ovo de dragão estava retornando, e com ele o novo cavaleiro. Quem seria?

A tarde estava quente e o Sol brilhava, esplendoroso, no céu limpo. Enquanto Sundavar, que já estava bem maior do que quando chegaram à ilha, tinha mais uma aula de voo com Saphira, Ismira estava mais uma vez treinando esgrima com Finwë.

— Recue! — ele lhe dava as instruções do que fazer enquanto atacava e esquivava dos movimentos da garota, mas por mais que o elfo tentasse ajuda-la ela sempre acabava tropeçando nos próprios pés e caindo ao chão. O procedimento mais normal era o próprio cavaleiro escolher qual treinamento de combate ele preferia, mas, Ismira não sabia por que, seu tio insistira para que além de arco-e-flecha, que claramente era sua preferencia, aprendesse também esgrima. — Eu falei para recuar, não para cair. — Finwë riu.

— Sim, ria mesmo, seu sem graça! — Ismira falou enquanto se levantava. — Você sabe mais do que ninguém como eu sou péssima nisso.

— Infelizmente eu sei mesmo, mas como ebritil determinou de extrema importância que você aprenda a se defender com uma espada nós temos que treinar. Mais uma vez?

— Mais uma? — resmungou — Mas como eu odeio espadas!

— Ora, não é tão difícil assim.

— Não. Imagine! — a cavaleira pegou a espada de madeira com que treinava com a mão direita, a ponta cega apontada para o solo. — Onde está Vicky, afinal?

— Onde mais? O navio com o cavaleiro está para chegar, e é claro que a senhorita simpatia tem que ir recebê-lo junto a ebritil.

— Entendo.

— Está bem, chega de falar da senhorita Vicky. Vamos tentar mais uma vez? — o elfo de cabelos curtos se pôs em guarda

— Tenho outra escolha? — Ismira imitou a posição do elfo.

Então tudo começou novamente: o elfo dava-lhe as coordenadas que ela deveria seguir enquanto a mesma tentava acompanhar. Estava um pouco melhor, mas ainda um pouco mais lenta do que o necessário. Dessa vez estava ao menos conseguindo levar o ritmo da batalha da maneira certa. A cavaleira havia conseguido aparar uma ótima investida de Finwë quando Vicky adentrou o pátio de treinos guiando o novo cavaleiro de dragão: um garoto um pouco mais alto do que ela, com uma pele bronzeada, cabelos castanhos curtos e um par de expressivos olhos azuis.

— Hodric? — falou até um pouco alto demais. O momento de distração de Ismira foi o suficiente para que Finwë conseguisse desarmá-la.

— Morta. — o elfo declarou com a ponta da espada de madeira pontada para o peito da garota. Mas esta não lhe prestou atenção de imediato: olhava boquiaberta a imagem do novo cavaleiro se aproximando acompanhado de Vicky e de seu dragão, um pequeno de escamas douradas. — Ismira? Eei, desligou? O que foi dessa vez? — ainda demoraram alguns segundos para a garota perceber que falava com ela.

— Hum... É... hum...

Enquanto Ismira procurava por algo para responder a Finwë, Vicky já havia se aproximado com o novo cavaleiro em seu encalço para as devidas apresentações.

— Olá, gente! — Vicky usava o mesmo tom de voz entusiasmado de sempre combinado com o mesmo sorriso contagiante. — Esses são Hodric e Solus. Hodric, esses são Finwë e...

— Desculpe, Vicky, mas nós já nos conhecemos. — Ismira interrompeu-a. A garota fuzilava o novo cavaleiro com um misto de raiva e recriminação.

— Mesmo? Olhe, que legal! — o sorriso dela se alargou — Você também é de Carvahall, Hodric? Deve ser. Como você foi parar em Teirm?

— Um pouco menos, Vicky, assim você vai assustar o garoto. — o elfo se pronunciou pela primeira vez na discussão. — Cá entre nós, Hodric, às vezes a forma como essa garota sempre sabe de tudo me assusta. Podemos deixar as histórias para o jantar. — Finwë fez uma pausa para pegar a espada de treinos que estava na mão de Ismira — Tem experiência com esgrima?

— Um pouco.

— Um pouco? — indagou a cavaleira mais nova. Não se lembrava de que Hodric tivesse qualquer experiência com esse tipo de coisa. — Desde quando? — mas Hodric tinha o olhar distante, como se estivesse tentando fugir da maior quantidade possível de perguntas.

Finwë atirou a espada para Hodric, que a apanhou no ar. Solus, o dragão de escamas douradas, postou-se no mesmo lugar que Sundavar havia ficado no primeiro dia e ali permaneceu tão imóvel quanto.

Ambos se colocaram em guarda. Um encarando os olhos atentos do outro. Azul no verde e verde no azul. Finwë foi o primeiro, tentando uma estocada rápida e direta em direção ao lado direito do corpo do segundo cavaleiro, mas este foi mais rápido e desviou a espada adversária de sua trajetória e logo depois executando um ataque simples e preciso que foi evitado pelo elfo. A sincronia na dança das espadas era impressionante, parecia que um já sabia qual seria o movimento seguinte do outro e então já planejava a defesa. Passaram-se uns bons minutos em um emocionante combate singular até que, por um descuido do cavaleiro de olhos azuis, o elfo teve a chance de vencer.

Ambos tinham a respiração ofegante e os corpos suados quando terminaram a luta.

— Você é um bom esgrimista — foi a única coisa que o elfo conseguiu dizer entre um arfada de ar e outra e com as mãos apoiadas nos joelhos.

O fato de Hodric saber esgrima só a deixava cada vez mais desconfiada. Depois que tanto ele quanto Finwë interromperam a luta, o último a liberou para ir treinar tiro ao alvo, o que, sem dúvidas, era mais fácil do que esgrima.

A garota pendurou uma aljava com doze flechas de penas escarlates nas costas e escolheu um arco de aproximadamente cinquenta centímetros, logo depois se dirigindo a uma posição de dois metros de distância em frente a um alvo circular. Tirou uma das flechas da aljava e posicionou no ângulo correto, mirando o centro do alvo, mas o cordão era mais tenso do que aqueles com que estava acostumada, e a seta se perdeu na floresta que cercava o pátio, na parte mais densa.

Droga! pensou enquanto preparava mais uma flecha no arco. Ismira não gostava de admitir, mas ainda ressentia aquele dia em que Hodric gritara com ela dizendo frases pela metade, e agora vê-lo ali e saber que teria de voltar a conviver em sua presença diária...

Errou mais uma vez, acertando a borda do alvo. Rosnou em protesto contra si mesma. Concentre-se! Concentre-se! Por que você não está conseguindo acertar esse alvo? Sempre foi tão fácil. Tirou a terceira flecha da aljava e mirou. Respirou fundo três vezes, mas não liberou o projétil. Você já fez isso outras vezes, por que não agora? Ele é apenas um idiota que não merece sua atenção. Vamos! Acerte esse alvo. Não sabia há quanto tempo estava parada ali com a flecha na mira, mas não era pouco tempo, e mesmo assim o único movimento de seu corpo era o da respiração. Liberou sua mente de tudo e bloqueou qualquer possível contato com o mundo, e então soltou a flecha. A seta seguiu, cortando o ar com um zunido e acertando o seu ponto de destino. Fácil!

Fácil! seu dragão confirmou, ele sempre estava atento a tudo.

Os outros já estavam acomodados no extremo de uma das mesas do refeitório quando Ismira conseguiu, por fim, servir-se. Quando a cavaleira se juntou aos outros, Vicky já estava contando sua história com Everínya e ao terminar fez com que os outros cavaleiros contassem as suas com seus respectivo dragões, ao que Ismira transmitiu a sua com desânimo.

— Onde você aprendeu a lutar esgrima, Hodric? — Finwë resgatou a questão. Estava aí algo que Ismira gostaria de saber. O garoto ficou um tempo em silêncio com os olhos fitos nos do elfo, mesmo parecendo olhar através dele.

— Meu pai me ensinou.

O pai dele? Ensinou como? Com uma faca de cortar carne? pensou, esquecendo-se por um momento que seria ouvida pelo dragão.

Pare de implicar com o garoto, Ismira. a voz grave em sua cabeça repreendeu-a.

Tenho meus motivos, Sundavar, você ainda estava dentro do ovo quando aconteceu.

Sei disso, mas também revivi os mesmos momentos que você hoje mais cedo.

Não me lembre deles. Vamos considerar esse assunto encerrado. A cavaleira esperava algum protesto da parte do dragão, mas esse nada disse. Nem apoio nem protesto.

— Então, Hodric, você é mesmo de Carvahall?  — Vicky fez a pergunta. Ismira não sabia o quanto da conversa havia perdido, mas não julgava que qualquer coisa importante houvesse sido dita. — Digo, se você é de lá, o que estava fazendo em Teirm?

— Foi necessário. — pelo visto ele não estava muito de conversas. Mas, não, não era isso. A garota podia ver em seus olhos.

Ele está escondendo alguma coisa. Comentou mais uma vez para si mesma, ignorando o fato de que dividia a mente com um dragão.

 Por que você não pergunta a ele?

Eu? Perguntar a ele?

Ora, e por que não? Vocês são ótimos amigos. Então ele fez uma pausa. Ou mais do que isso.

Fomos. Não somos mais. Não depois do que ele fez.

Mas, o que ele fez, afinal? Não acredito que realmente tenha feito algo. É mais como se ele...

Não tivesse feito. Uma longa pausa se instalou entre os dois. Sempre que o dragão interferia em algo do gênero era para fazê-la pensar. Sundavar, você acredita que sonhos podem se tornar reais?

Acredito. Sua voz era indagadora.

Isso não é uma boa coisa.

Ismira não sabia ao certo quando foi que o toque de recolher soou e muito menos tinha ideia do que se passara na conversa daquela noite. Quando ela se ofereceu para ir com Hodric até os dormitórios todos ficaram surpresos, mas não discutiram.

Assim que se viram a sós Hodric foi o primeiro a falar:

— Desculpe-me! — agora foi Ismira a surpreendida.

— Você não tem motivos para se desculpar. Assim espero. — uma pausa. Ambos pararam de andar e um fitou os olhos do outro, transportando-se para quando tudo era mais simples, quando eram apenas dois melhores amigos andando pelas ruelas de Carvahall. Mas rapidamente tudo se esvaiu em névoa, não havia como voltar no tempo. — Seus olhos são perigosos. Você não consegue mentir, Hodric, eles estão sempre entregando a verdade. Não pense que eu engoli toda aquela história que você contou lá no refeitório. Você está escondendo alguma coisa, e você vai me contar. Às quatro e meia na praia, antes do sol nascer.

Ismira havia dito às quatro e meia na praia. O fato da garota ter ido falar com ele o surpreendia, ainda mais depois da recepção que ela lhe proporcionara. Por um momento, quando olhou nos olhos dela, pensou que talvez pudessem esquecer tudo e voltarem a viver como se nada houvesse acontecido, mas então percebeu que isso era impossível. Não podiam simplesmente ignorar Ele e dois dragões.

A ansiedade não o deixou dormir. Talvez tenha tirado uma ou duas sonecas de poucas horas, apenas isto. Nos intervalos em que ficava acordado, pensava. Ismira sabia que ele estava escondendo segredos. Ela iria querer que ele lhe explicasse o que estava acontecendo, então teria de contar tudo: sobre seu pai, o que esteve prestes a fazer a Sundavar e Ele. Ele. Já tentara contar a ela sobre Ele antes, mas tudo voou pelos ares.

— Mas foi apenas por que você havia se esquecido de quem é. Apenas por causa disso. — repetia para si mesmo sempre que as lembranças daquele dia ameaçavam perturba-lo.

Em determinado momento Hodric não conseguia mais ficar esperando e, mesmo estando cedo demais, levantou-se da cama o mais silenciosamente possível e saiu, seguindo em direção ao horizonte.

Sim, ela sabia que havia marcado com Hodric mais tarde, mas não conseguiu dormir e decidiu ir logo para a praia esperá-lo, agora estava ansiosa para a chegada dele e a passagem das horas, que pareciam nunca passar.

Qual não foi sua surpresa quando o viu se aproximando. Ele caminhava nas sombras com a única fonte de luz da lua cheia. Esperou que ele se aproximasse.

— Também não conseguiu dormir? — ele a perguntou

— Não. Eu tenho uma pergunta muito importante para te fazer, e eu preciso que você me diga a verdade. Você me promete isso? Eu vou saber se você estiver mentindo.

— Eu... eu prometo.

— É só uma pergunta. Uma pergunta bem simples, mas com uma resposta bastante complexa. — ela ficou em silêncio, recapitulando todos os sonhos e pesadelos que tivera desde aquele no barco. — Hodric, quem é Ele?


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que vocês tenham gostado. O que acharam? Reviews?

Você terminou de ler o capítulo e a barrinha de download aqui no meu cérebro ainda não completou.



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