O Tutor escrita por Ester Liveranni


Capítulo 4
Capítulo 4 - Terceiro dia


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii
Então xuxu's cap. novo, espero que gostem.
Boa leitura.
Bjox



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Mais um dia chuvoso sem nada pra fazer. Quando me levantei Ayla ressonava encolhida na poltrona perto da janela. Ela era terrível, não importava quantas vezes eu a mandasse para cama ela sempre voltava para a tal poltrona. Acho que na cabeça dela se não dormisse no chão eu não implicaria. E realmente eu não me importava, só não a queria no chão frio. Então a, cobri com uma manta verde que estava em minha cama e desci para preparar o café. Fritei ovos, presunto, depois arrematei com torradas e tomate. Pois não estava com paciência para preparar feijão*.

Sentada no balcão da cozinha beberiquei meu chá, enquanto olhava para a sala fria e vazia. Acendi a luz, mas essa parecia tão fraca quanto às do andar de cima.

– Precisa de uma boa faxina. – falei passando o dedo na estante.

Tudo na casa parecia velho ou gasto, na verdade se olhasse bem não ia achar que alguém vivia ali.

– Até agora!- afirmei.

Depois de engolir o que sobrava do café comecei a tirar todos os livros da estante, limpando cada exemplar um a um antes de retorná-los ao seu lugar de direito. O chão eu varri, as cortinas eu tirei pra lavar e as poltronas eu bati na esperança de tirar o máximo do pó que as cobria.

– Como ele consegue viver assim? – falei batendo o tapete na janela enquanto não havia ninguém passando.

– Bom dia menina, quer ajuda?

– Bom dia Ayla, quero sim. – falei puxando o tapete de volta. – Vê o que você consegue fazer pelo nosso quarto que daqui a pouco eu subo e te ajudo com o quarto da mulher de branco. Só não toca no quarto dele, não quero problemas!

– Está bem. – falou desaparecendo.

Sei que ela era uma elfa, mas isso não significa que eu deva abusar de suas habilidades, pois Ayla já é uma elfa bem velhinha e está cega de um olho. Na verdade em outras circunstâncias eu nem pediria que ela fizesse nada, entretanto conhecendo minha Ayla como conheço isso sem dúvida renderia uma discussão cansativa sobre a finalidade de sua existência.

Terminei com a sala e fui ajudá-la com o segundo andar, onde Ayla começara a faxina no quarto da mulher de branco. Apelidamos assim, pois era como a mãe do dono da casa aparecia na maioria das fotos.

Enquanto Ayla passava o pano no quarto eu resolvi me encarregar do armário. Tirei as roupas de dentro, para decidir depois quais eu levaria ao meu quarto, foi quando encontrei uma caixa bem escondida no fundo do armário.

– O que será isso?- falei comigo mesma.

Tirei a tampa com cuidado e me deparei com uma agenda cheia de papeis e anotações, fotos da mulher de branco brincando com um bebê e foto de um garotinho no balanço com uma menina ruiva. Na caixa também havia algumas cartas e uma meia dúzia de livros. Os tirei da caixa e comecei a folear no geral eram romances.

“Será que ele vai ligar se eu pegar emprestado?”

– É melhor perguntar. – Disse me levantando. – Ayla, vou ao sótão e já volto.

– Tudo bem menina, só tenha cuidado.

A apreensão dela quanto àquela parte da casa era altamente compreensível. Pois no lugar só havia dois tipos de tábuas, as soltas e as que rangiam como se fossem partir. Na minha opinião, se não fosse pela magia eu tenho minhas dúvidas de por quanto tempo essa casa ainda estaria de pé.

Então ciente de que aquele lugar não era seguro nem mesmo para aquela pequena coruja, resolvi tira-la de lá e coloca-la no meu quarto, próximo à janela.

– Boa menina. – falei a alimentando.

Era uma coruja boazinha, cinzenta e diminuta, que gosta muito de carinho no topo da cabeça. Terminei de escrever meu bilhete, e dobrando, o entreguei a pequena coruja que o beliscou e saiu janela a fora, enquanto eu voltava aos meus afazeres.

PDV Severo

Liberei minha primeira turma e com a varinha reorganizei as carteiras para a próxima aula antes do almoço. Quando minha coruja entrou pela janela.

– Me dê. – falei estendendo a mão para que ela me entregasse o bilhete, pressupondo antes mesmo de ler, as coisas terríveis que poderiam ter acontecido a minha atual hospede.

Olá,

Encontrei uns livros bem interessantes pela casa e gostaria de saber se posso pegá-los emprestado.

Ps:

Gosta de cozido de abóbora? Coloquei a corujinha no meu quarto, tem algum problema?

Elladora

Respirei aliviado em saber que não se tratava de nenhum desastre. Então me sentei em minha mesa e me pus a responder o tal bilhete, depois mandei a coruja de volta antes que a próxima turma entrasse. Foi quando fui surpreendido por outra coruja.

– Mas o que foi agora? – vociferei pegando o novo bilhete.

S. Snape

Preciso lhe encontrar o quanto antes.

O motivo sei que já está a par, então espero que me diga quando e onde.

N. M


– Ótimo agora isso! – falei jogando o bilhete a mesa.

Como se eu não tivesse problema o bastante, agora tenho que lidar com mais uma crise de família. De uma que nem é minha por sinal!

PDV Elladora

Não tardou e a coruja já estava de volta com uma resposta dobrada entre seu bico miúdo.

Claro que eu não fiquei surpresa com a mesma, ainda mais vindo de quem vinha.


Srta. Lestrange

Temo pela sua capacidade de compreender as diferenças entre emergência e banalidade, entretanto, vou lhe responder.

Sim, a senhorita pode ler quaisquer livro, exceto os que estão em meu quarto, onde espero que não tenha entrado. Não, eu não tenho nenhuma objeção quanto a cozidos. Com relação a coruja, coloque-a onde quiser só não se esqueça de alimentá-la.

Severo Snape


- Nossa, que homem mal-humorado. – sorri. – Tenho que fazer alguma coisa a respeito. – mentalizei enquanto guardava o recado no bolso.

Eu podia até me atrever a respondê-lo a altura, mas suspeito que ele esteja tendo um dia ruim então vou deixar minha genialidade para quando ele voltar. Ou para o próximo bilhete... quem sabe amanhã?

Continuei arrumando o quarto e depois fui ajudar Ayla a fazer o almoço. Bom no geral o dia foi assim, bem cansativo, mas produtivo também. Na verdade depois do almoço não sobrou muito de nós duas. Ela dormiu depois de comer e eu fui tomar um longo banho de banheira depois do almoço, onde comecei a ler o primeiro livro.

Se chama Razão e Sensibilidade de Jane Austen, e a parte em que parei para refletir antes de mergulhar o corpo por completo na água morna foi:

... não tenho medo de mostrar meus sentimentos e de fazer coisas imprudentes, pois acredito que o que não se mostra, não se sente. Coisa que talvez surpreenda muito a você, pois os seus sentimentos são tão guardados que parecem não existir realmente...

Será? Questionei-me, será que ele os guarda assim tão bem?




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Notas finais do capítulo

* O café Britânico tradicional costuma ser composto por bacon, ovos, presunto, torradas e feijão no molho de tomate. (Claro que há variações, mas no geral torrada, tomate, ovos, presunto e feijão não costuma faltar).
Espero que tenham gostado.
Bjox