O Tutor escrita por Ester Liveranni


Capítulo 5
Capítulo 5 – Amigos?


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiii
Bom depois de três semanas sem internet cá estou eu postando mais um cap.
Espero que gostem.
Bjox



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Acordei bem descansada, me vesti e desci para tomar meu café quando vi Ayla cozinhando.

- Já? Não está muito cedo para o almoço?

- Não, não menina, é tarde, Ayla atrasada!

- Nossa! Eu dormi muito então. - falei pegando uma tortinha e me sentando no balcão.

- Tudo bem, menina cansada.- falou temperando uns bifes.

- Quer ajuda?

- Não, Ayla faz!

- Tá bom. - bocejei caminhando até a sala.

Olhei pela janela e fiquei observando a rua.

“O que será que ele está fazendo?”- pensei, antes de voltar ao meu quarto e resolver responder o recado malcriado que ele me enviou.

PDV Severo

De manhã, dei minhas duas primeiras aulas, depois fui ao gabinete da diretora informar que iria, me ausentar por algumas horas. Almocei em meus aposentos e respondi o recado recebido no dia anterior.

Sra. Malfoy

Esteja nos portões de Hogwarts em 30 min.

Severo Snape

Como combinado lá estávamos na frente dos portões da escola.

Ela veio sozinha.

- Narcisa...

- Olá Severo, será que podemos caminhar um pouco enquanto conversamos?

                Com um breve aceno eu fiz que sim, e lhe dei passagem para que começasse.

                - Tantas coisas aconteceram desde nosso último encontro... Mal posso acreditar que tudo acabou. – suspirou. - Sei que não tenho o direito de lhe pedir nada, mas como da última vez eu venho pedir um favor, não só por mim, mas por Draco!

                - Draco? Achei que estivéssemos aqui por causa da Srta. Lestrange!

                - Sim, e de certo estamos. – falou cessando a caminhada e respirando fundo. – Bom, já deve saber que meu marido foi condenado. – Fez uma pausa. – A questão é que desde o ocorrido, nós temos sido alvo constante do mundo mágico, pois ninguém quer um Malfoy por perto que dirá uma Lestrange! – outra pausa. - Semana passada, vandalizaram nossa casa. – falou com os olhos cheios d’água. – Faz idéia de como está sendo difícil? Estamos sendo marginalizados, Severo, sem ter nem ao menos o direito de nos defender.

                A interrompi antes que ela começasse a chorar.

                - E onde ela entra nisso?- eu perguntei e ela se recompôs.

                - Bom, essa semana um parente distante aceitou nos acolher por um tempo, até as coisas se acalmarem. Mas eu não tenho como levá-la. Sem falar que ela estando por perto pode acabar fazendo com que meu Draco repense quanto a um acordo de casamento que arranjei para ele. – suspirou. - E precisamos que essa união ocorra, para amenizar as desconfianças sobre nossa família, e para ter certeza de que ele estará em uma situação um pouco mais confortável, no caso de eu vir a faltar.

- Compreendo...-  falei enquanto ela abria a bolsa.

                - Tome! Para futuros gastos. – disse me entregando uma bolsa cheia de moedas. – Então, posso contar com você?

                - Sim, mas guarde o seu dinheiro. – falei o afastando.

                - Não Snape, por favor aceite! Se não por você, então por ela! Não é muito, mas Elladora pode vir a precisar. Ela não tem magia, mas teve uma boa educação e desenvolveu até algumas habilidades. – suspirou. – De qualquer maneira, ela ainda é um aborto... – constatou com pesar.- Então tome! Entregue a ela, mas não diga que fui eu está bem?- disse colocando a tal bolsa em minha mão. – Agora tenho que ir. Disse com um sorriso fraco e tão logo a vi desaparatar, mas não antes de lhe ouvir dizer obrigado. Eu por outro lado, não sei por que continuo a ajudá-la. Se é pelo apreço que tenho pelo seu filho, ou por suas súplicas maternais. De qualquer forma, essa era a segunda vez que eu aceitara a Sra. Lestrange sob meus cuidados... Por livre e espontânea vontade.

Caminhei de volta aos meus aposentos com a pequena bolsa nas mãos. Ao chegar depositei a mesma sobre o criado mudo e fui tomar um banho, antes de decidir o que faria com o resto do dia. Quando sai do banheiro, sentei na cama e me peguei olhando para a pequena bolsa de veludo preto em meu quarto. Sem que eu percebesse minha coruja havia pousado na escrivaninha, ela bicou a mesa em busca de uma bala de alcaçuz que rolava. Chamando assim minha atenção para o bilhete delicado colocado em minha mesa.

Bom tarde!

Gostaria que soubesse que compreendo muito bem as diferenças entre emergência e banalidade, entretanto há de convir que a banalidade para uns, pode ser emergência para outros. Quanto ao seu quarto não se preocupe, pois ele está do jeito que o deixou.

Elladora

Não dei muita atenção ao bilhete, mas achei que independente do seu nível de importância o mesmo merecia uma resposta.

PDV Elladora

Depois da faxina do dia anterior não sobrou muita coisa pra se fazer. Então continuei a leitura em meu quarto, até sentir fome o bastante para almoçar. O problema era que a leitura não estava das mais divertidas, na verdade acho que era EU a entediante no momento. Poxa sinto falta de rua, sabe, de ver gente, de conversar com alguém além da Ayla. Eu sei, ela é uma ótima companhia, mas eu sinto falta das festas na casa da minha tia, dos banquetes, da música, do piano... Nossa que falta ele me faz! De todas as coisas acho que o piano é do que eu mais sinto falta. Até por que as festas eu nunca pude frequentar, apesar de poder ver tudo o que acontecia escondida na cozinha enquanto ajudava os empregados a preparar os doces, que são minha especialidade por sinal.

Era sempre assim, no final do ano minha tia contratava a melhor equipe culinária do mundo bruxo pra que preparassem o banquete, pois ela dizia que seus convidados eram refinados demais, para comerem algo que fosse preparado pelas mãos imundas dos elfos. O que era bom, pois todos eles podiam cuidar de sua própria vida, ainda que por um único dia. Mas eu ficava na cozinha, com o chefe e sua equipe, que sabiam da minha situação, e por pena ou por solidariedade me ensinavam o que podiam. E no final da noite até nos permitíamos comer um pouco dos quitutes que sobravam. Também sinto falta daquela cozinha, dos elfos, e do Gustav, ou “meu amigo anual”, como eu gostava de chamar. Já que só nos encontrávamos uma vez ao ano, nesse tal banquete.

Gustav era muito engraçado, um quase anão, gorducho e grisalho, pouco maior que os elfos da casa. Mas era um bruxo competente, e seu talento era capaz de triplicá-lo de tamanho diante dos olhos dos convidados.

- Eles pensam que é manteiga, mas eu “empurro” é banha nessa gente metida à rica!!!

Ele falava e eu caia na gargalhada.

- Ahh Gustav... – Falei saudosa fechando o livro e me levantando, para abri a janela onde a “miudinha” havia pousado.

- Ei garota, trouxe alguma coisa boa pra mim?- disse pegando o bilhete e colocando-a na gaiola.

- Espero que sim. – desejei antes de começar as ler.

Srta. Lestrange

Fico feliz em saber que tenha alguma noção entre banalidade e emergência. De fato não me surpreende que tenha levado mais de um dia para me responder, entretanto me agrada que o tenha feito.

Severo Snape

Fiquei em silêncio alguns minutos até compreender exatamente o que havia acabado de ler.

- Não se surpreende? Como assim? Não se surpreende? Ele me chamou de lerda, foi isso? Eu não acredito nisso!- esbravejei.

Sentei na cama indignada, pronta pra escrever barbaridades em resposta. Quando Ayla me chamou para almoçar antes que minha refeição acabasse sendo feita na hora do jantar. Já que eu havia tomado café praticamente na hora do almoço. De qualquer forma, eu precisava respondê-lo, mas ao invés de fazer algo inconsequente respirei fundo e enquanto comia me pus a pensar em algo diplomático, antes de começar a escrever. Algo que no fim, ajudasse nossa convivência, ao invés de dificultá-la ainda mais.

Foi aí que lembrei novamente de Gustav, e de uma coisa que ele havia me dito.

- Algumas pessoas são como as ostras! – falou perfurando o molusco. – Casca grossa por fora e molenga por dentro. Mas isso não quer dizer que elas não valham a pena, só dão um pouco mais de trabalho para se conquistar. – falou abrindo-a com um gesto bruto.- Mas  quando se consegue, Vualá elas te recompensam com o melhor sabor que se pode dar.

Certa de que Gustav havia me dado uma ideia, corri para o quarto e me pus a escrever.

PDV Severo

No fim do dia recebi minha coruja com mais um bilhete, ciente que seria uma resposta de minha hospede, provavelmente irritada com minha sinceridade, como já era de costume das pessoas que tentavam interagir comigo. Ao começar a ler, sorri involuntariamente com a ousadia da garota, depois o sorriso virou apreensão me fazendo hesitar quanto ao que iria responder.

O bilhete dizia:

Olá,

Pois é, antes tarde do que nunca. Não é mesmo? Quanto aos bilhetes, espero não estar incomodando, mas se estiver me diga e eu os encerrarei. Pois não tenho a intenção de aborrecê-lo independente da minha vontade de tê-lo como amigo.

Agora quanto a lhe responder, pode ter certeza que sempre o farei. (Ainda que a resposta seja tardia ou pouco inteligente).

Obs:

Caso esteja muito tarde pra mandar a Miudinha de volta, deixe-a que durma contigo essa noite. E se achar que mereço, mande a com uma resposta pela manhã.

Elladora

Qualquer um que entrasse em meu quarto naquele momento acharia que eu estava seriamente petrificado. Reli o bilhete duas ou três vezes na tentativa de formular uma resposta, mas não me ocorreu pensamento algum. A única coisa que eu conseguia era pensar em suas palavras dóceis e na inquietude que elas implantaram em meus pensamentos.

- Amigo? Por que, ela quer ser minha amiga? Por que ela não tem medo de mim? Será que eu não me fiz entender?

Dobrei novamente o bilhete e o coloquei em cima da mesa.

 - Eu mal a conheço!

Confuso, me pus a trocar as vestes para o jantar, mas nada me fazia parar de pensar o quão tola, era a garota por querer se aproximar. Na certa é mais uma golpista achando que possuo alguma coisa de valor da qual possa se apossar.

Sem humor me pus a caminhar pelos corredores.

Separei um casal se agarrando na sala comunal, tirei pontos das casas de meia dúzia de cabeças ocas e me dirigi à mesa dos professores, onde jantei sem muito apetite. E ao voltar para o quarto me servi um pouco de licor antes de dormir.

No dia seguinte, não me atrevi a tocar o tal bilhete. Apesar de ele parecer me queimar, toda vez que eu ousava pousar os olhos nele.

- Brincadeira de mau gosto.

Resmunguei batendo a porta do quarto antes de trucidar mais alguns “cérebros de nozes” até a hora do almoço. E depois de um dia mediano voltei aos meus aposentos e alimentei minha coruja, que parecia estranhamente inquieta, como se eu a estivesse impedindo de ir a algum lugar importante. Então eu fui dormir a ignorando, do mesmo jeito que fiz durante todo o dia com o maldito bilhete.

Sábado de manhã levei alguns alunos a Hogsmeade ciente que essa tarefa duraria quase o dia todo. Preso em meus pensamentos me peguei imaginando o que ela poderia estar fazendo àquela hora do dia. Mas tão logo reprimi o pensamento, para vociferar com um lufa- lufano que passava com um pirulito enfiado no nariz.

No fim do dia, joguei o corpo cansado na poltrona mais próxima e correndo o risco de me arrepender tomei o bilhete nas mãos e tornei a ler, só que agora com o intuito de respondê-lo o quanto antes. Pra quem sabe assim, talvez eu voltasse a ocupar minha cabeça com coisas que realmente importavam. Como minhas pesquisas, por exemplo, ainda que não sinta por elas o menor interesse no momento.

PDV Elladora

Ao acordar no dia seguinte chutei a manta verde para o pé da cama e fui até a janela, com a esperança de encontrar a pequena coruja, mas ela não veio. Tomei meu café, um tanto desapontada aquela manhã. O dia, transcorreu sem grandes modificações, e a única coisa que eu pensava era que talvez ele não me quisesse como amiga, talvez ele estivesse aborrecido com minha insistência, ou talvez tenha coisas mais importantes a fazer. O dia passou e eu não obtive resposta.

No sábado de manhã espiei preguiçosa para fora da coberta e me deparei com o vento frio passando pela janela, que permaneceu aberta durante a noite, para o caso da coruja voltar. Me arrastei pelo quarto e a fechei sem pensar duas vezes. Já que não havia nem sinal dela.

Vai ver ele seguiu ao pé da letra o que eu escrevi, e por achar que eu não merecia resposta, me deixou sem palavra alguma. O que é uma pena. De qualquer forma, o que me resta é esperar e tentar não ficar tão preocupada com o seu retorno amanhã. Me encolhi novamente em baixo da coberta e tudo o que eu conseguia pensar antes de voltar a dormir era:

Por que ele não respondeu?


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?
Espero que sim!
Qualquer coisa eu estou a disposição.
Bjox e até