The Dark Side Of The Sun escrita por gabe ferreira


Capítulo 3
Capítulo #2




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- Minha primeira aula na segunda é música, dudes. Que foda! – William comemorava enquanto subíamos por uma rampa para o terceiro andar do prédio dos dormitórios. As refeições fora do horário de aula eram feitas ali.

- A minha é a última de sexta. Igual ao Travis. – Concordei com a cabeça enquanto empurrava a porta de madeira.

Prendi a respiração assim que entrei. Um homem alto com um terno bem cortado caminhava entre as mesas, dando boas vindas aos estudantes antigos e novos. Seus cabelos e sua barba grisalha lhe davam um ar intelectual e seu modo de andar demonstrava toda sua elegância. Não me restavam dúvidas, aquele era Norman Boyd. E ele caminhava em minha direção.

- Boa tarde, rapazes. Deixe-me adivinhar. – Colocou a mão no queixo e fez um estalo com a boca. – Novos por aqui? – Frank e William concordaram, eu mal conseguia me mover. – Deixe eu me apresentar então. Meu nome é Norman Boyd, sou o dono e o diretor da Dover. E vocês são... – Gesticulou para que Frank começasse.

- Frank Lloyd. – Duvido que Frank estivesse tão a vontade na presença daquele homem se soubesse quem ele realmente é.

- William Wright. – Will parecia um pouco mais retraído, mas nem de perto tão travado quanto eu estava.

Boyd direcionou os olhos para mim pela primeira vez e eu vesti a minha máscara de tranquilidade. Estava explodindo de ódio por dentro, mas não poderia demonstrar isso. Não agora.

- Travis Goodwin. – Os olhos verdes daquele lixo humano se arregalaram e eu quase sorri de satisfação.

- Filho de Graham Goodwin? – Concordei com um aceno lento de cabeça sem desviar meus olhos dos de Norman. Senti meu estômago dar voltas quando seus olhos se converteram em falsa compaixão. – Venha comigo, meu filho. Vamos conversar em outro lugar.

Passou o braço pelos meus ombros e eu segurei a vontade de empurrá-lo. Qualquer ato mal pensando poderia custar minha vida. Ou pior, minha vingança.

Subimos por uma escada caracol que ficava muito escondida de todos e saímos em uma sacada, que tinha uma vista ampla do campus. Também havia uma porta elegante de madeira maciça que foi aberta por Norman e passei pela mesma, adentrando um escritório pequeno, porém muito elegante.

Norman sentou-se na grande poltrona marrom e indicou a cadeira bege para que eu me sentasse enquanto ligava a luminária dourada e procurava por algo em cima da mesa cheia de papéis.

Olhando-o dessa forma, Boyd não parecia ser um cara que matava o pai de dois adolescentes de 17 anos por ganância.

- Eu sinto muito por sua perda, meu rapaz. – Parou de mexer nos papéis e direcionou o olhar para mim. – Não sei se sabe disso, mas eu trabalho na empresa de seu pai. Sou um dos diretores. - Suspirou. – Seu pai era um bom homem, não merecia esse fim. – Suspirou e eu senti todo o ódio borbulhando em minhas veias, pronto para sair pela minha boca.

- Muito obrigada, senhor Boyd. Estou mais conformado agora. – Me aproximei da mesa e me debrucei sobre ela. – Sei que esse, se me permite o uso da palavra, filho da puta vai pagar pelo o que fez. – Voltei a me endireitar na cadeira e vi Boyd engolir em seco. Eleanor 1 Norman 0. – Confio na justiça deste país.

- Um rapaz de opinião forte, assim como seu pai. – Sorri levemente, com uma ponta de sarcasmo que tenho certeza que Norman não percebeu. – Não tomarei o tempo de seu lanche, mas antes quero lhe dar algo. – Puxou do meio dos papéis uma foto e me entregou.

Na foto, Norman e meu pai estavam abraçados, ambos com sorrisos grandes estampados no rosto. Parecia ser tão íntimos, tão amigos. Até ele matar meu pai.

- Já vou indo. Tenha uma boa tarde, senhor Boyd. – Levantei-me da cadeira apressadamente, abri a porta e desci a escada pulando degraus.

Quando adentrei o refeitório novamente localizei Frank e Will que já tomavam seus lanches e andei apressadamente até a mesa deles.

-‘Tá tudo bem, cara? Você tá pálido. – William disse e eu olhei para ele, por mais que não tivesse enxergando nada. Desci meu olhar até a foto que eu apertava fortemente entre meus dedos e senti um enjoou muito forte tomar conta de mim.

- O-onde fica o b-banheiro? – Perguntei num sopro de voz e William demorou a entender.

- Logo ali. – Apontou para uma porta atrás de Frank e eu corri até lá, abrindo a porta com força sem me importar em assustar ou até machucar alguém que estivesse ali. Corri até uma das cabines e tranquei a mesma antes de me ajoelhar em frente ao vaso sanitário e despejar ali tudo o que eu comi nas últimas horas.

Sentia um nojo descomunal, um nojo que eu jamais havia sentido por nada nem por ninguém. Mas que Norman Boyd conseguiu despertar em mim.

Deixei com que as lágrimas escorressem livremente pelo meu rosto. Minhas lágrimas não carregavam consigo somente um sentimento, era uma mistura deles. Ódio, nojo e principalmente, saudade.

- Eu vou fazer isso por você, papai. – Sussurrei para mim mesma e apoiei as mãos na borda do vaso sanitário, dando-me apoio para levantar. Apertei a descarga e sai da cabine, indo lavar a boca.

- Trav, ‘tá tudo bem, cara? – Frank adentrou o banheiro coçando a nuca e William vinha logo atrás.

- ‘Tô sim, dudes. Valeu. – Sorri para eles e levantei a mão para Frank que bateu na mesma. Depois levantei para Will, que repetiu o movimento.

- Falamos pro supervisor que você tava passando mal, mas ele disse que não tem mais jeito, só dá pra comer na janta agora. – Will fez uma careca como quem pede desculpas.

- Tudo bem, nem tava com fome. Só quero tomar um banho e cair na cama agora. – Saímos do banheiro no exato momento que as últimas pessoas deixavam o refeitório.

Descemos a rampa e antes de entrarmos no nosso andar – que também tinha acesso pela rampa – senti a foto apertada entre meus dedos ainda.

- Vão indo, dudes. Tenho que fazer um negócio ai antes.

- Falou, mascote. – William riu e eu mostrei o dedo do meio para ele.

Quando os dois já haviam entrado em nosso quarto eu peguei o isqueiro que antes pertencia ao meu pai e que estava no bolso traseiro de minha calça e coloquei fogo na ponta da foto, vendo Boyd queimar e assim que meu pai começou a queimar, joguei a foto rampa a baixo.

Fui entrando no meu andar com os pensamentos voando para bem longe quando escutei uma voz rouca atrás de mim.

- Você poderia tacar fogo no prédio todo, sabia? Boa parte disso aqui é feito de madeira. – Olhei para trás completamente aterrorizada. O que iriam pensar se me vissem colocando fogo na foto do dono daquele lugar? O terror deixou meu corpo assim que fixei os olhos naquele ser.

Seus olhos apesar de pequenos era perceptivelmente verdes, tão verdes quando a grama do Central Park. Sua pele pálida quase cadavérica, mas mesmo assim aparentava ser macia. Sua boca rosada prendia um cigarro que ainda não queimava. Vestia uma regata de manga muito cavada - possibilitando a visão de uma tatuagem em seu quadril -, uma calça jeans negra e um par de all star. Seus cabelos tão negros quanto suas roupas eram curtos e bagunçados.

O tipo de garoto pelo qual eu me interessaria facilmente em outras circunstâncias.

- Sei que aqui em baixo só tem concreto. – E era verdade, mesmo que eu não estivesse pensando nisso quando joguei a foto. – Não é como se eu me importasse se isso aqui pegasse fogo. – Principalmente se ele reduzisse Norman Boyd a cinzas. Guardei essa última parte para mim mesma.

- Também não. Assim teria fogo para acender meu cigarro. – Desencostou-se da grade de madeira e veio em minha direção, o que me fez arfar discretamente. – Mas como ainda não estou sentindo cheiro de queimado, poderia me emprestar seu isqueiro? – Olhei para trás enquanto procurava meu isqueiro no bolso da calça e quando levantei o olhar dei de cara com o par de olhos mais lindo que já vi.

Acendi o cigarro dele, evitando olhar em seus olhos. Sentia como se esconder meus segredos diante daqueles olhos fosse totalmente inútil.

Assim que ele tragou o cigarro eu voltei a fazer minha caminhada para dentro do prédio.

- Hey, qual é o seu nome? – Escutei sua voz rouca um pouco mais alto devido à distância.

- El... Travis. – Preciso dizer que quase soquei minha cara depois desse deslize? Não? Obrigada.

- Garrett. – Sorriu de lado para mim e eu precisei olhar para frente antes que corresse até ele e beija-se aquela boca.

Droga, preciso de um cigarro.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Por favor? hahah xx Aliás, tomei vergonha na cara e criei um twitter: @ellaferr c;



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