A campainha da casa de Gustav estava tocando.

Gustav rapidamente foi atender.

– Boa tarde, Gustav. – Disse Simone com um sorriso no rosto.

– Boa tarde, entre, por favor. – Gustav agia normalmente. Agia como se a vida de Simone e seu sobrinho Paul não estivessem em risco. Ele não estava nem um pouco nervoso.

Simone realmente era uma mulher bonita. Era alta, tinha um belo corpo. Os cabelos eram vermelhos escuros. Ela estava sempre com uma aparência feliz.

Paul era um garoto moreno. Tinha olhos e cabelos escuros. Ele sempre foi um garoto tímido, e por isso parecia estranho. Não era tão inteligente quanto Suzume, mas para seus 10 anos, ele estava acima da média de inteligência, comparado á outras crianças.

– Margaret deu uma saída, mas daqui uns 15 minutos ela estará em casa. Eu fiz um lanche para vocês, por favor, aceitem. – Gustav entregava uma xícara de café para Simone e uma porção de biscoitos caseiros para Paul. O garoto parecia recusar, mas não importava, o veneno estava apenas no café de Simone.

Simone parecia ainda mais alegre que o normal. Ela conversava com Gustav enquanto bebia o café envenenado. Agora era só esperar o veneno fazer seu efeito.

Não demorou muito. O veneno servia para bloquear o sistema respiratório de quem o tomasse. Em alguns minutos Simone estava morta.

– Chame um médico! Rápido! – Gritava Paul.

Gustav golpeou o garoto com um soco na nuca. Paul estava desmaiado no chão.

Paul abria seus olhos lentamente. Ele estava amarrado no laboratório de Gustav.

– O que está acontecendo? – Paul estava com medo, mas conseguia manter sua voz firme.

Gustav apenas o ignorava e continuava seu trabalho.

Mas então, Paul se deparou com os cadáveres de Ronnie e Suzume do seu lado. Paul gritava sem parar. O medo e a tristeza tomavam conta dele.

O corpo de Simone estava sobre uma estranha mesa. Havia diversos aparelhos ligados ao corpo.

– O que você está fazendo, Gustav? – A curiosidade de Paul vencia seu medo.

Gustav soltou um suspiro.

– Vou usar o corpo de Simone para trazer Margaret de volta a vida. Mas antes, preciso testar se meu modo de fazer a cirurgia dará certo. Então, eu irei tirar o cérebro de Simone e depois recoloca-lo. Se ela “ressuscitar”, eu saberei que minha cirurgia deu certo. E então, usarei o corpo de Simone novamente, mas dessa vez, será como recipiente para o cérebro de Margaret. – Gustav deu uma pausa. – Está satisfeito com a resposta, Paul? – Olhava diretamente nos olhos do garoto. Seus olhos estavam assustadores. Gustav realmente havia se tornado outra pessoa.

Os pensamentos e sentimentos de Paul estavam confusos. Ele não sabia direito o que estava acontecendo, mas sabia que estava correndo grande perigo.

– Bem, vamos ao que interessa. – Disse Gustav pegando alguns equipamentos cirúrgicos.

Ele começou com um grande corte na cabeça de Simone. Um corte para que pudesse abrir a cabeça dela, deixando – a com uma tampa de carne.

O estomago de Paul revirava, mas ele não conseguia parar de olhar aquela terrível cena.

Depois, Gustav retirou o cérebro de Simone de sua cabeça. Cuidadosamente.

Esse processo já havia levado muito tempo. Não era simples cortar a cabeça de alguém sem ferir a pessoa mais que o necessário.

Agora Gustav precisava colocar o cérebro da moça de volta no lugar.

Isso não seria possível com a tecnologia de 30 anos atrás. Mas em 2052 talvez, apenas talvez, isso fosse possível.

Mas Gustav não era um simples cientista, ele fazia parte dos cientistas de elite. Sua equipe era uma das melhores de todo o mundo, e embora Gustav não fosse o melhor de sua equipe, ele era um brilhante cientista. Mas será que ele era tão brilhante ao ponto de conseguir ressuscitar alguém? Ninguém nunca havia conseguido tal proeza. Mas poucos haviam tentado. Apenas quando alguém morria sem ferir seu físico gravemente, ou sem ser de uma doença muito violenta, eles tentavam trazê-la de volta com cirurgias tão delicadas, pois ainda havia alguma chance.

Gustav estava confiante. Por um momento ele pensou que se conseguisse, ele seria considerado o mais próximo de Deus. Ele revolucionaria o mundo da ciência. Ele ficaria milionário. Ele daria fim ao sofrimento das pessoas por perder um ente querido. Ele iria alcançar a imortalidade.

Mas não era isso que ele queria no momento. Ele apenas queria sua família de volta.

O cérebro foi recolocado. A cabeça foi fechada. Gustav olhava ansiosamente para os aparelhos que apitariam se Simone ressuscitasse. Nada parecia acontecer.

– É David. Mais um mistério desvendado. Acho que merecemos um aumento de salário. – Mariah sorria para o colega de trabalho.

– Você só mexe nessas maquinas aí o tempo todo. Eu que mereço um aumento. Sou eu quem vai á cena do crime recolher evidencias. – David falava com um tom de brincadeira.

– Cuidado com as suas palavras Sherlock. Eu sei muito bem como esconder um crime. – Disse Mariah.

– Tenho medo de você esconder um amante. – Disse o homem.

Mariah apenas deu uma risada irônica.

David e Mariah formavam um casal de investigadores. David trabalhava na parte de recolher provas, e Mariah cuidava da parte que analisava as provas.

David tinha 35 anos, era um homem baixo, porém forte. Seus cabelos castanhos claros tinham um comprimento médio. Ele vestia umas roupas estranhas. Dizia ele, que aquelas roupas eram muito usadas na época de 1960, que em sua opinião, foi a melhor época da humanidade, a época em que ele gostaria de ter vivido.

Mariah não era uma mulher bonita, embora fosse jovem. Ela tinha 23 anos. Seus cabelos estavam sempre bagunçados, sem brilho. Ela não usava nenhum tipo de maquiagem. Também não ligava para roupas, vestia qualquer coisa.

David e Mariah se conheceram no trabalho, há 3 anos atrás, e desde então estão namorando.

Mas um dia de trabalho havia terminado. O casal se despediu de seus colegas e foram cada um para suas respectivas casas.

A máquina havia apitado. Simone estava viva. Agora só faltava espera-la acordar.

Eu sou um Deus. Pensava Gustav.

Ele conseguiu fazer algo que ninguém nunca havia feito. O poder lhe subia à cabeça. Gustav se transformava em um monstro cada vez mais assustador.

– O que está acontecendo? Eu desmaiei? Minha cabeça está doendo. – Simone estava acordando.

– Fuja! Fuja Simone! – Gritava Paul.

– Fugir? por quê? O que aconteceu Gustav? – Simone estava sonolenta e com muita dor na cabeça, afinal, ela acabara de ser cortada.

– O garoto só está assustado. Você desmaiou Simone. Mas já esta tudo bem. – Gustav entregava um copo de água envenenada para a moça. – Beba. – Ele disse calmamente.

– Não faça isso Simone! – Gritava Paul.

Deveria ter assassinado esse garoto. Já que agora eu posso trazer quem eu quiser de volta a vida. – Pensava Gustav.

– Fazer o que? Quem são vocês? – Simone estava assustada.

Simone se levantou correndo da mesa de cirurgia, estava meio cambaleante. Ela esbarrou em uma mesa cheia de equipamentos em cima, fazendo com que tudo caísse ao chão. Isso deu tempo para que ela pudesse fugir do laboratório. Gustav não havia fechado a porta do laboratório, ele não havia pensado na hipótese do ex - defunto sair correndo, já que ela estava sob efeitos de medicamentos. Ele não podia sair correndo atrás de Simone, as pessoas logo iriam descobrir que ele deveria estar morto devido ao acidente de carro. Seria arriscado. Ele apenas deveria torcer para que ninguém a visse saindo de sua casa, e que ela realmente tenha perdido a memória.

Simone havia pulado o pequeno muro da casa de Gustav e estava correndo pela rua, sem direção. Por sorte de Gustav, ninguém viu a mulher fugir de sua casa. Da onde aquela mulher havia tirado força para correr tanto?

Simone não aguentou, depois de um tempo correndo ela caiu no chão, exausta. Quando olhou para cima, se deparou com um homem.

– Que corte horrível na sua cabeça! Você está bem? – Disse o pequeno homem com vestimentas estranhas.