Simone não sabia o que estava acontecendo. Ela estava com medo, confusa.

– Vamos. Irei te levar ao um hospital agora mesmo! – dizia o homem ajudando Simone a se levantar e andar até seu carro.

– Maldita mulher! Agora que ela fugiu, as pessoas logo saberão que eu não morri no acidente de carro, e certamente irão vasculhar minha casa. A polícia irá estranhar ainda mais o fato de nenhum corpo ter sido achado no local do acidente. – Mesmo com Paul presente no lugar, Gustav dizia essas palavras direcionadas ao nada. – Sinto muito Paul, mas a sua hora chegou mais rápido do que eu planejava. – Gustav olhava para o garoto acorrentado com um olhar medonho.

– O que você quer fazer comigo? – Paul gritava assustado.

– Certo. Irei te contar. Meu plano B era; que se algo acontecesse errado com o plano A de usar o corpo de Simone como recipiente para o cérebro de Margaret, eu mesmo iria criar um corpo. Isso tem suas vantagens e uma desvantagem. As vantagens seriam um corpo mais forte, rápido, e que não teria nenhum problema de saúde. A desvantagem seria a grande possibilidade de o cérebro não aceitar o corpo, já que eu não sei exatamente como seria esse processo robótico. E você, meu caro amigo Paul, servirá de cobaia para minhas experiências robóticas. Eu irei arrancar seus membros carnais e substituí-los por membros mecânicos, se seu cérebro os aceitar, e eles funcionarem mais perfeitamente que seus membros carnais, eu saberei que estou pronto para criar um corpo para a minha amada e depois para os meus filhos.

– Não! Por favor, não faça isso, Gustav. – Paul implorava.

– Não se preocupe, garoto. Eu sou cuidadoso, a chance de você morrer é mínima. Você ainda será lembrado como a cobaia que sobreviveu ao cientista que revolucionou a vida. – Gustav parecia confiante.

Não havia anestesias. Gustav não precisava delas para seus experimentos científicos, então Paul foi obrigado a sentir dor.

Gustav começou pelas pernas. Ele as cortava precisamente. Usava estranhos equipamentos, os quais não existiam 30 anos atrás. Os equipamentos eram ainda mais precisos, mas os estranhos e modernos aparelhos não diminuíam a dor de Paul. O garoto gritava de dor. Sua voz estava desaparecendo. Aquela dor era enorme. Paul queria desmaiar, mas não era possível controlar seu corpo de tal maneira. Gustav percebia o tanto que aquele garoto estava sofrendo, mas isso não significava nada para ele. Ele julgava que sua dor era a maior do mundo, apenas uma dor física passageira não era nada. Depois de minutos de agonia, Paul finalmente desmaiou.

– O exame está completo, senhor David. Irei lhe informar o que essa mulher apresenta. – dizia um médico qualquer. – Ela está com uma estranha perda de memória, como se seu cérebro estivesse com “mal contato”. Ela pode esquecer seu nome e ao mesmo tempo se em lembrar exatamente de algo que aconteceu há 10 anos. E essas perdas de memórias não duram muito tempo, no entanto, ela não consegue se lembrar de o que a fez ficar dessa forma, o que com certeza está relacionado com o corte em sua cabeça. Esse corte foi feito por alguém que queria mexer no cérebro dela, e pelo o que pude perceber, esse alguém conseguiu. Mas acho que descobrir quem foi o autor desse ato terrível, é com o senhor. – Dizia o médico para David.

– Entendo. Ela irá permanecer no hospital até quando? E para onde ela irá depois? – David perguntou.

– O tempo que levará para que ela se recupere não dá para ser calculado. Mas ela com certeza recuperará sua memória e voltará para sua casa. Não se preocupe com isso, detetive. Você pode vir visitá-la quando quiser. – disse o médico.

A tecnologia dessa época estava tão avançada, que até mesmo os problemas como perda de memória, já podiam ser resolvidos. Nem sempre, mas em 80% dos casos.

David despediu-se do médico. Ao invés de ir para a sua casa, ele voltou para o seu local de serviço, onde estava tentando descobrir algo através das provas coletadas. Aquela crueldade feita com Simone despertou seu senso de justiça. David estava decidido a descobrir quem tinha feito aquilo com aquela mulher, e prender o louco na cadeia.

– Mariah, eu sei que nós não estamos no horário de serviço, mas você poderia vir ate aqui me ajudar? – David conversava no celular com sua namorada.

– Hm, claro... Já estou indo. – Mariah estranhou, mas percebeu o tom de seriedade na voz do namorado.

Os membros robóticos estavam prontos. E funcionavam perfeitamente. Paul havia acabado de acordar. Ele estava assustado, mas ele logo percebeu que mesmo não terminados, aqueles braços e pernas eram ótimos.

Gustav não tinha detalhado sua arte robótica. Não havia unhas, ou pele. Apenas uma estrutura de metal. Paul não tinha tanta sensibilidade com aqueles braços e pernas quanto tinha com os carnais, mas isso viria conforme a vontade de Gustav para os aperfeiçoar.

– Parece que a experiência foi um sucesso! – Gustav exclamou.

Paul não disse nada.

– Daqui alguns dias, o corpo para Margaret estará completo. Muito obrigado pela ajuda, Paul. Quando tudo isso terminar, você será libertado. – disse Gustav.

Paul apenas observava Gustav começar a construção de Margaret.

Alguns dias se passaram. David e Mariah haviam descoberto muita coisa. Ambos acreditavam que aquilo no corpo de Simone havia sido feito por um cientista. Por Gustav. As digitais no corpo de Simone não mentiam. A explicação de David para Gustav estar vivo era que o carro havia suportado a queda, porém, sua família morrera no acidente. Sem sabe o que fazer, Gustav resolveu levá-los para algum lugar, o motivo é desconhecido. E para que fosse mais difícil para a polícia descobrir o que havia acontecido, Gustav conseguiu, através de suas experiências mecânicas, arrumar um modo do carro explodir. Não uma explosão comum, mas uma enorme explosão que despedaçaria qualquer corpo próximo em mil pedaços. Mas a polícia já havia sido mandada para a casa de Gustav varias vezes, e nada foi encontrado. Ele deveria estar escondido em algum outro lugar. Mas David e Mariah decidiram ir para a casa de Gustav sozinhos, talvez eles achassem algo que os outros policiais não haviam achado.

No caminho, o casal avista pessoas correndo desesperadas. Tentavam entender o que estava acontecendo. Havia um homem com uma arma apontada para o peito de outro homem. O homem com a arma apontada era um traficante de drogas, e a pessoa que estava correndo risco de vida, era Elton, um usuário de drogas que não havia pagado o que comprou.

– Eu te avisei Elton! Você passou dos limites, e agora irá morrer! – e atirou.

Elton estava morto. As pessoas corriam assustadas. A polícia chegou ao local, mandando que o traficante abaixasse a arma e se rendesse. Mas claro que o traficante não fez isso, ele não estava sozinho. Logo todos seus capangas apareceram. Um tiroteio começou entre os policiais e os marginais.

Em meio desse tiroteio, Mariah foi atingida. Um tiro certeiro no coração. Não houve tempo para dizer adeus, não houve tempo para nada. Quando David percebeu, Mariah estava morta, sentada no banco dianteiro do carro. Nada mais podia ser feito.

Estava pronto! Ela estava viva!

Todo tempo perdido e toda dor de cabeça havia valido a pena. Margaret estava viva com seu novo corpo mecânico. Ainda era algo simples, apenas um corpo de metal sem detalhes, já que Gustav queria ver sua amada o mais rápido possível, os detalhes podiam esperar.

– Margaret?! Você está se sentindo bem, meu amor? – os olhos de Gustav brilhavam.

– Onde eu estou? O que aconteceu comigo? Eu estou bem, só estou me sentindo meio estranha. – respondeu Margaret. Ela ainda não tinha visto seu corpo.

Gustav ouviu uma voz. Alguém estava rondando sua casa.

Um laboratório secreto. Um cientista que pode ressuscitar alguém. Você recuperou a memória na hora certa, Simone.Pensava David, enquanto carregava o corpo de sua namorada até o local onde supostamente ficava o laboratório.

O laboratório ficava bem escondido, mas Simone havia se lembrado de exatamente como chegar nele.

– Gustav! Eu sei que você está aí! E eu preciso da sua ajuda! – David gritava desesperado.