Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 59
Capitulo 59 - SIMBOLOGIA


Notas iniciais do capítulo

O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
Desconhecido



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(Dois anos depois)

– Tente apertar um pouco mais tia Alice.

Alice revirou os olhos e deixou eles se encontrarem com Rose e Esme, que tinham um sorriso divertido no canto dos lábios.

– Diferente de alguns de nós nessa casa, você precisa respirar, Sarah! Se apertar mais a cintura deste vestido, ele explodirá no meio da cerimônia. E fique quieta por favor, garota, ou vou espetar você com essas agulhas.

Sarah deu saltinho do banco de provas e se afastou de Alice e suas agulhas de costura. Levantou o vestido até os joelhos, segurando na bainha.

– Não posso ficar mais tempo parada. Preciso ver como está meu vestido...

– Eu desisto!!! Juro que essa é a pior noiva que eu já tive que arrumar nessa família. Nem Bella me deu tanto trabalho.

– Mas sem dúvidas, essa é muito mais bonita...

Bella disse, entrando pela porta do quarto de Sarah admirando sua neta, que se olhava em frente a um espelho com olhos arregalados e emocionados.

– Onde está minha mãe? Quero que ela veja meu vestido. Essa é a última prova antes da cerimônia.

O vestido de Sarah tinha delicada renda francesa, com minúsculos diamantes na calda e no véu, como se fossem gotas de chuva. Eles brilhavam a cada movimento dela.

– Ela vai chorar com toda certeza quando vê-la, querida.

Esme disse, com olhar emocionado.

– Preciso dela aqui, agora!

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(Os Black)

– Quando vamos trazer eles aqui?

Os olhos de Renesmee admiravam a casa de pedra e madeira com o lago a esquerda. O jardim era impressionante, com pequenas flores já apontando para se abrirem na primavera.

– Ainda não está pronta. Rose e Esme estão terminando de comprar os móveis, e quando tudo tiver pronto, vamos trazer os dois aqui. O que achou do nosso presente de casamento para eles?

Renesmee sorriu abertamente para Jacob, que parecia esperar ansiosamente por sua aprovação.

– É linda, Jake... E especial. Já posso vê-los aqui... Nossa! Tem noção que brevemente podemos ser avôs?

Os olhos de Jacob se arregalaram em pavor.

– Não quero pensar sobre isso. Minha mente bloqueia qualquer coisa sobre a concepção da minha filha. É pedir demais de um pai, Nessie.

Renesmee sorriu e foi até ele, enlaçando-o pela cintura. Jacob a abraçou no mesmo instante.

– Com ciúmes?

– Sim, claro...

– Sabia que esse dia chegaria. O que esperava?

– Que ela fosse um bebê para sempre, lógico.

Renesmee sorriu ainda mais e beijou o peito de seu marido bem no meio, na altura do coração.

– Acha Edmond virá?

– Sim. Ele virá, querida. Eu mesmo chutarei a bunda daquele garoto se ele não aparecer no casamento da irmã dele.

– Tenha paciência com ele.

– Tenho tido... Todos tem tido, Nessie... Mas já é hora de ele sair daquela ilha.

– Tem visto ele quando vai lá?

– Não, mas a comida está sumindo da geladeira. Isso é um bom sinal.

– As Pringles?

– Desapareceram...

Renesmme sorri com esperança, e beija de leve os lábios de Jake. Eles saem abraçados da casa de Sarah e Seth e vão para o jardim, onde o jipe de Leah estaciona na garagem e Jason sai dele, sorrindo para eles.

– Deus!!! Ela deixa você dirigir esse carro? Onde está minha velha e rabugenta amiga Leah...?

Jacob fala, provocando Jason.

– Está dormindo... Ela anda dormindo muito ultimamente...

– Dê um descanso para a ela...

Jake fala de forma sinuosa.

Renesmee dá um leve tapa no peito de Jacob, repreendendo-o.

– Jacob... Não seja inconveniente. Está começando a ficar como Emmet.

– Não ligo, mãe... Deixe ele falar. Acho que está com inveja, porque está ficando velho...

– Ei! Mais respeito, garoto.

Renesmee e Jason riram da cara indignada de Jacob...

– Vim trazer meu presente e o de Leah, para o casal. Vou colocar na sala.

– O que é?

Renesmee pergunta, curiosa.

– Uma TV...

Jason disse, com um sorriso debochado nos lábios.

– Não que eu ache que eles vão ficar assistindo. Mas acho que toda casa tem que ter...

Jacob entendendo a duplicidade de suas palavras, beija a testa de Renesmme e se afasta.

– HÁ! NÃO QUERO OUVIR ISSO. ESPERO VOCÊ NO CARRO NESSIE...

– O que deu nele?

Renesmee revira os olhos e acena para deixar para lá.

– Ciúmes paterno... Vamos, me mostre a TV. Vamos colocá-la na sala dos fundos... Na verdade, não importa. Sua tia Alice vai trocar tudo de lugar mesmo... Como está Leah? Por que ela está dormindo? Já é meio-dia...

Jason não respondeu. Bem diferente do que seu pai imaginava, eles não tinham feito nada de mais, além de sair para jantar à noite em Seattle. Mas voltaram cedo. Nem era nove horas da noite, e Leah tinha dormido todo o caminho de volta, sem nem mesmo acordar quando eles chegaram. Ele teve que carregá-la do carro até a cama. A despiu, sem ela nem mesmo ter esboçado um suspiro de despertar. E ainda estava adormecida por toda a manhã, até ele sair...

– Mãe, estou preocupado...

Renesmee o olhou quando ele colocava a caixa da TV no chão da sala dos fundos.

– Não fique. Eles vão adorar o presente...

– Não é isso... É...

Renesmee olhou preocupada para o seu filho, quando sentiu que ele não sabia como começar a conversa.

– Com o que, querido?

Ela se aproxima, alisando com carinho seu rosto preocupado.

– Acho que Leah está doente. Isso é possível? Ficamos doentes?... Meu pai já ficou doente alguma vez?

Renesmee passa a mão na testa, tentando buscar algum momento que Jacob tenha ficado doente nesses anos em que o conhecia ele. Mas nada, nunca... Na verdade, nunca tinha visto um lobo doente antes...

– Não, nunca. Mas posso pedir para vovô Carlisle ir vê-la agora mesmo, para saber o que há de errado... Mas o que exatamente ela está sentindo?

– Além de dormir o tempo todo? Até mesmo no meio de uma conversa? Me peguei falando sozinho há duas semanas. Ela parece estar sempre cansada... Nem mesmo quer vir caçar comigo. Não está nem correndo. E ela ama esta parte de correr comigo pela floresta...

– É estranho mesmo, querido. Leah sempre foi muito atlética. Ela é muito ativa... Vou falar com Carlisle assim que chegar em casa... Ih, droga!!! Preciso correr. Sua irmã não vai me perdoar, hoje é a última prova do vestido dela...

Renesmee esfregou a mão em sua testa, se lamentando.

– Vai ficar bem? Não se preocupe. Não deve ser nada grave...

Renesmee sai, dando beijos em cada lado do rosto de Jason...

Mas para na porta, olhando para um rosto preocupado de Jason encarando a caixa de TV.

Ela sabia que a sua preocupação não era o inanimado objeto, mas sim a saúde de Leah. Mas não tinha nada com o que se preocupar. Renesmee então disse algo que com certeza faria ele sorrir...

– Hei? Por que não segue o exemplo de sua irmã e se casa logo com Leah. Talvez ela esteja doente de esperar que se mova, rapaz.

Mas ela não viu nenhum sorriso No rosto de Jason. Apenas uma ruga de preocupação apareceu no centro do seu rosto. Mas Renesmee está sem tempo agora. Tinha que correr, ou Sarah não a perdoaria...

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(Jason)

Ele entrou sem fazer barulho pelo quarto. Ela ainda estava lá, enrolada em lençóis, quase do mesmo jeito que ele a havia deixado. Ela não despertou.

Jason se agachou ao lado da cama, encarando o rosto adormecido de Leah. Afastou os fios de cabelo de seu rosto e olhou preocupado para o relógio. Vai fazer dezesseis horas que ela está dormindo.

– Leah...

Ele a chamou com a voz baixa. Ela apenas suspirou mais profundamente quando ele se aproximou mais. Ela começava a despertar, e Jason tirou do bolso da calça, sua pequena caixinha cinza e a abriu, colocando-a sobre a cama, bem em frente ao rosto de Leah, para que fosse a primeira coisa que ela visse assim que acordasse...

As palavras de sua mãe causaram nele, um mal estar terrível. E se fosse isso? A sua lentidão de um pedido de casamento que estava deixando Leah estranha e afastada dele ... Ele iria corrigir isso agora mesmo.

Mas Leah não despertava de imediato. Ele começava a temer que ela entrasse em sono profundo de novo. Então começou a atacá-la com beijos pelo ouvido e pescoço. O que a fez estremecer de leve, o fazendo sorrir como um bobo, por seja lá o que estivesse acontecendo com sua Leah. Tinha algo que não tinha se alterado... A sua reação ao seu toque.

– Acorde, meu amor...

Aquela voz rouca e sussurrada no ouvido de Leah, vinda mesmo que de longe ainda, a despertava. Na verdade, despertava cada parte de seu corpo.

Ela abriu os olhos. Mas tudo que viu, foi um brilho reluzente de algo entre os lençóis da cama. Se obrigou a fixar a vista no que era...

Sua boca se abriu em um grito que não veio. Suas mãos tamparam sua boca mesmo assim, como se para abafar o grito mudo.

Ela pegou a caixa cinza, sentando-se na cama, encarando o anel de ouro branco, com um diamante absurdo de grande no centro e do outro lado da cama viu um lindo e preocupado Jason...

– O que é isso?

Ela pergunta, mesmo sabendo que é uma pergunta boba e insegura.

– Um anel... Um pedido... Uma simbologia... Mas antes, preciso de uma confirmação. Um sinal. Uma palavra...

Leah engoliu uma bola de ar e molhou os lábios secos, tentando buscar as palavras, que pareciam ter desaparecido de sua mente.

– Quer que eu case com você?

Jason sorriu, num daqueles sorrisos devastadores que é só dele. E disse:

– No meu coração, já somos casados desde o começo dos tempos, Leah. Porque eu nunca pertenci a ninguém. Nem a mim mesmo... Porque eu sempre fui seu. Mas eu quero que sinta, que me pertence da mesma forma. Aceita se casar comigo, Leah Clearwater?

Ela olha para ele, e depois para a caixa em sua mão , nunca tinha tido uma jóia , nunca se importava com coisas assim, eram só coisas que não podia carregar quando se transformava, mas o significado que embutia naquele objeto era algo profundo e indissolúvel .

– Hum...

Ela disse como se analisasse o anel como um joalheiro faria .

– Acho que vou ter que comprovar o que dizem, então...

– O quê?

Perguntou Jason, sem entender, mas rindo de leve quando viu que ela sorria de forma provocativa.

– Se é verdade mesmo, que os diamantes são eternos... Porque é o tempo que eu pretendo viver com esse anel no meu dedo... Minha resposta é sim. É claro que e sim... Como poderia ser outra? Já pertenço a você desde o começo dos tempos... O que disse mais sobre isso? Pode repetir?

Ele sorri pegando-a pela cintura. Ela está linda, iluminada em sua felicidade. E ele se sente completo por ser ele a fazer isso. Jason pega a caixa da mão, dela tira o anel e desliza de leve no dedo de Leah... Ele beija sua mão e sobe mais pelo braço e pescoço. Ela retribui os beijos e logo estão tão unidos como um só.

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( Uma Carta para Chelsea )

Chelsea, minha boa amiga! Me vi obrigado a fazer algo que nos tempos de hoje não se faz. Me sinto meio inapropriado agora. Fora do meu tempo. Mas como eu sou uma criatura de dois mundos, sei que o passado nada mais é, do que um retornar das coisas, Vamos sempre reviver e reviver ele. Só que em modos diferentes. Sei que vai entender isso melhor do que eu consigo explicar... Mas vamos ao que realmente me fez voltar aos tempos de cartas escritas à mão...

Estou lhe enviando um presente. Não é exatamente um presente. Eu queria dar-lhe antes. Quando ainda estava por aqui. Mas me vi absorvido por outras preocupações e não pude fazer o que queria naquele momento. Como disse,não é um presente, minha amiga. É uma devolução. Essa espada vem pesando em minhas mãos. Ela deve ser sua, ou se preferir, seja você sua guardiã. Você tem o veneno e a cura. Acho justo que fique com ela. Confio em sua força e coragem, para saber o que melhor fazer com ela. Mas lembre-se do mal que ela é capaz, quando mãos erradas a empunharam. É em total sigilo que eu envio a você. Ninguém se deu conta que ela se encontrava comigo ou saberá que ela está agora com você. Ela simplesmente sumira no tempo.

Eu não sei se pode estar com Alec. Mas caso o veja, ou tenha notícias dele, faça com que essa outra carta que envio cheque até ele, Não sei mais como contatá-lo. Eu preciso de um maldito padrinho, e ele parece ter sumido do mundo.

Espero vê-la em breve. Estou esperando você e o avalanche do Felix, para o meu casamento...

Saudades sempre.

Jason

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Chelsea dobrava com cuidado o papel. Era a segunda vez que lia. E por vários motivos, tinha que ter certeza que entendera corretamente as palavras de Jason. Sobre ser ela a guardiã da espada negra. Ela não devia falar isso a ninguém? Mas a ninguém mesmo? Marcus é seu único rei agora. Não devia a ele lealdade? E Felix? Ele também devia ser excluído? E pelo inferno... Como ia achar Alec?

Ela estava no seu quarto, no castelo Volture. A espada negra estava dentro de uma caixa que ela ainda não tinha tido a coragem de abrir. Mas ela tinha que encarar o seu passado, então desembalou o metal. Jason tinha tido o cuidado de embalá-la em um tecido de veludo azul escuro. O rubi no centro, parecia escurecido agora, como se a espada estivesse adormecida. Ela pagou erguendo-a.

Lembranças do seu passado com o rei dos Licans invadiram sua mente.

Mas não podia mais continuar levando isso dentro de si. Devia enterrar o passado, e junto com ele, a espada negra.

Ela não ia muito àquela parte do castelo. Ninguém ai ali, na verdade. O porquê era óbvio. O cemitério de Volterra não havia muitos moradores. Apenas alguns tão antigos como o castelo. As tumbas pareciam ruínas antigas. Chelsea removeu a pedra de uma, que estava na parte mais afastada do cemitério. Era a mais simples. E era de um desconhecido, que não devia ter tido a menor importância para o mundo. Ela cavou a terra com a pá, enterrando-a o mais fundo que poderia e tampou, enfim, com a pedra que antes estava lá.

Chelsea, achou que talvez fosse um clichê enterrar algo em uma tumba velha, de um cemitério acabado. Mas era preciso enterrar os mortos. De um jeito, ou de outro...

Ela ouvira ele se aproximar. Ela estava ali à bastante tempo parada em frente da tumba. Como se velasse alguém. E na verdade velava. Ela velava o seu passado. O passado que vinha se arrastando como bolas de ferro, acorrentadas em seus pés.

– Amigo seu?

Ela sabia que ele não tinha visto o que fizera. Mas ela não sabia por que ele estava ali. Pelo que tinha percebido desde que eles voltaram de Washington, ele vinha evitando estar com ela.

– Não era. Mas era amigo de alguém, com toda certeza.

Ela disse friamente.

– E veio visitar o amigo de outra pessoa, por quê?

Chelsea ficou impaciente com aquelas perguntas.

– Por que isso, grandão? Está me evitando desde que chegamos. Porque esse monte de perguntas agora?

Felix a olhou.

– Estamos fazendo o que aqui, Chel?

– O quê?

– Isso? Esse castelo? Esse mundo? Essa política me parece sem propósito agora...

Felix filosófico não combinava muito. Talvez ele esteja tão deprimido como ela estava naquela noite. Deixou que ele falasse o que o incomodava.

– Marcus me mandou para Solares. Estou indo chamar os irmãos das sombras para se juntar a nós nesse novo arremedo de ordem.

– Não quer ir?

– Não acho que eu deva ir a lugar algum...

Havia desalento na voz dele.

– O que quer?

– Não importa! Não posso ter. Nunca pude...

E quando ele disse isso, desviou os olhos dela. Ela sabia que essa era a encruzilhada deles. Ela resolveu tentar amenizar o clima tenso.

– Está sério demais. Isso não combina com você.

– Esse é o ponto. Nada mais parece combinar. Nada mais se encaixa como antes. Ou nunca se encaixou, e só agora eu me dei conta.

– O que está tentando me dizer, Felix? Eu geralmente entendo bem o que se passa com as pessoas... Mas você está muito estranho agora.

– Não vou voltar... Eu darei o recado de Marcus aos irmãos das sombras e não voltarei para o castelo Volture.

Os olhos de Chelsea se arregalaram. Sua boca moveu, sem emitir som. Mas Felix não esperou para que ela absorvesse a informação. Ele se virou e foi embora, deixando-a ali parada, em frente ao túmulo de um desconhecido. Um homem sem amigos. Ou tinha tido amigos, mas não tinha mais nada agora, além de uma espada escondida em sua morada eterna. Mas nada disso era importante. Porque a terra cobria seu corpo. Ele morreu. E a morte pode realmente ser o fim de tudo.

– Felix!

Ela chamou, mesmo sabendo que ele partira. O desespero dentro dela era grande demais para ela deixar a razão direcionar sua mente.

Ela corre pelo cemitério. Ela o chama.

– Felix!

Mas a noite não responde. Então ela se obriga a correr mais, usando toda a sua velocidade de vampira.

– Felix, seu maldito... Onde está?

Ela para perante aos portões do castelo. Se ele passara por ali, deveria estar longe. Ela não o alcançaria mais. Ela entrelaça as mãos no alto da cabeça. Mas tenta mais uma vez.

– Felix!

Sem resposta... Sem retorno... Ele não voltaria. Ele disse que não voltaria.

– Não pode fazer isso comigo. Não pode me deixar aqui... Sozinha... Sem amigos...

Um tempo passa. Longo demais para quem está em agonia de sentimentos tão divergentes.

O som de sapatos batendo no chão ainda está longe. Ele se mistura com outros sons distantes. Mas ela reconhece esses passos. Ela conviveu muitos anos com ele, para não distingui-los mesmo de longe.

Ele esta lá, olhando para ela de volta, com olhos vermelhos e confusos... Mas ele se aproxima dela.

– Por que está gritando meu nome como uma maluca?

Ela sorri um desses sorrisos de alívio, de quando um grande susto passa...

– Disse que não ia voltar...

– Não ia.

– Mas, voltou.

– Você me chamou.

– E eu chamei... Não vá... Ou vá... Mas...

Felix se aproxima, encarando-a, como se ela tivesse perdido a sanidade.

Ela se cala, encarando um confuso vampiro. Sua língua parece presa na boca. Ela teme as palavras. Ela teme o rumo que as palavras levam. E como navegar um barco sem leme, sem saber onde aportar.

– Mas precisa deixar que eu vá com você. Porque não quero ser uma morta sem amigos...

Felix deixa um palavrão sair de sua boca.

– Porra! Não está morta... Aliás, esse é o problema dos vampiros. Eles não morreram ainda. Vagam por ai, nesse limbo de morte viva.

– Cala a boca... Precisa me beijar agora, em vez de dizer essas besteiras.

Ele não parece ter ouvido. Mesmo sendo impossível ele não ouvir. Ele não acreditava então. Era impossível.

– Não, não quer. Só está com medo de ficar sozinha.

– Estou apavorada. Mas ainda quero que me beije... Vamos! Seja o vampiro mal de sempre, e se aproveite do meu momento de fraqueza.

Felix tenta disfarçar a sombra de um sorriso. Porque se aproveitar dela, era tudo que ele sempre quis. Mas ela estava sofrendo com isso.

– Não vou beijar você e ser jogado para a sarjeta assim que suas opções mudarem. Está sem nenhuma agora. Mas... E depois?

Os ombros de Chelsea caem frustrados. Ela não acredita no que está ouvindo.

– Não vou fazer isso. Eu gosto de você. Não vou trocar você... Está se comportando como um adolescente, com medo de ser trocado pelo garoto mais popular da escola. Eu não acredito em você... Você tem quinhentos anos...

Ela falou, acusando ele com o dedo indicador.

– Você já fez isso antes... Quando Jason estava aqui, ele tinha sua atenção quando eu mendigava.

– Então é vingança?

– Não coloque as coisas assim... Porque estamos discutindo? Mas que merda...

Sim! Eles estavam discutindo no meio da noite, em frente aos portões do castelo Volture. Eles discutiam...

– Nunca disse que queria minha atenção.

– Não... Eu nunca disse. Mas você sabia.

– Que queria sexo comigo? Claro que sabia. Mas só quando arriscou sua vida para tentar salvar a minha eu entendi.

A voz de Chelsea diminui e ela novamente teme as palavras. Teme o barco sem leme que tinha tornado sua língua.

– O que entendeu?

Droga! Estava próximo demais do abismo de novo. Prestes a saltar. Mas uma onda de calma veio até ela, como uma corda segura para descer o abismo. Chelsea se veste dessa calma e agarra sua corda.

– Que estava muito perto de apaixonar de novo. E isso me aterroriza, Felix. Porque o amor para criaturas como nós é algo devastador. Quase mortal. É aterrorizante amar e perder. É quase insuportável. Acho que e a única maneira de infringir dor de verdade para nós.

Os olhos de Chelsea estavam vazios, orbitando por sua íris. Felix se aproxima mais. Toca seu rosto. Alisa aqueles cabelos de mogno profundo.

– Pra mim já é tarde demais, vampira. Eu já a amo. Malditamente a quero para mim. Sempre quis...

As pontas de seus dedos alisam o rosto de Chelsea. Há uma ternura ali, quase dolorosa.

Também era tarde demais para ela. Ela só não queria admitir. Porque a paisagem do abismo é bela e te chama. Mas dificilmente você cai nele duas vezes. Não por querer, pelo menos.


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