Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 58
Capitulo 58 - O SOL A CHUVA


Notas iniciais do capítulo

E essa chuva cai lá fora
Se funde com as minhas lagrimas aqui dentro...
É assim no meio dessa chuva que me da vontade fugir...
Correr para um lugar melhor...
Onde exista apenas eu e eu...
Onde eu posso olhar as nuvens e contar as estrelas...
Quero sentir falta de sentir falta
Ninguém no mundo compreende o que eu sinto
Ate que sinta também...
Fácil falar de sentimentos
Difícil controla-los e agrega-los a onde queremos...
Sentimentos uma mistura de emoções
Queria eu poder controlá-los...
Nada que eu fale expressara o que realmente sinto
Amei como um dia eu amei
Sofra como um dia eu sofri
Que saberás por que tanta amargura assim...
Um dia quem sabe poderá sentar e ler o poema de
Pequena garota que sabia que podia fazer você sorrir
Mais que em segundos com poucas palavras fazer-te
Chorar...
“Não escrevo o que você quer ler, escrevo o que tenho para escrever”
Paula Câmara Ferreira



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Alec Volture.

Alec olhava as folhas caídas no chão da floresta. Seria outono? Olhou as copas das árvores peladas, e concluiu que sim.

Quando tinha parado de contar o tempo? Ou de perceber as sutis mudanças da atmosfera do mundo que o rodeava. Era chegado o outono, e ele nem tinha se dado conta. A estação chegara. O tempo sempre seguia o seu rumo, como uma implacável areia ininterrupta dentro de uma gigante ampulheta. Ele se agachou para pegar uma folha caída. Estava seca, e lembrava um trevo intrincado. Sua mente o levou para uma nebulosa lembrança de duas crianças brincando entre folhas secas, se escondendo em cobertores de folhas. Crianças risonhas de dez anos, que corriam pela floresta de outono. Inocentes... Embalados pelo ar pueril de uma infância que duraria pouco. Em que momentos como aqueles não se repetiriam mais.

– Jane.

Ele deixou que o nome escapasse por seus lábios, em um sussurro baixo. Humanamente impossível de se ouvir.

Mas Renesmee ouviu. Ela seguiu os rastros de Alec até ali. O observa em um silêncio velado.

– É perigoso seguir um vampiro Nessie.

Disse Alec, sem se virar para olhá-la.

Nessie sorriu sem humor, indo em direção a ele, para poder olhá-lo de frente.

– Há quanto tempo sabe que estou aqui?

– Todo o tempo.

Diz Alec, sem se vangloriar.

– E me deixou passar por boba... Nada cavalheiro de sua parte.

– Me fez pensar que estava morta por mais de sete anos... Acho que posso fazê-la pensar que é tola por alguns minutos.

Ela meneou a cabeça concordando.

– Ok! Essa eu mereci.

Ambos se olharam por um minuto ou dois. Era estranho a falta de palavras entre eles...

– Espero que fique conosco desta vez, ALec.

Nessie disse, quebrando o silêncio.

Alec desviou o olhar dela, e olhou a folha em trevo que tinha na mão.

– Sabe tão bem quanto eu, que isso é impossível, Renesmee.

Renesmee deixou um suspiro cansado escapar de seus lábios.

– Fique... Por Jason... Por mim... Por todos que lhe devemos tanto...

Alec a interrompeu, negando com a cabeça.

– Não me devem nada...

– Sabe que devo... O que fez por mim... Por minha família. Estarei em débito com você por toda a minha vida...

– Não...Não... Vocês não percebem... Eu devo muito mais a vocês... A você, Nessie.

Alec a encarava com intensidade. Ele queria que ela entendesse.

Mas Renesmee negava brandamente a cabeça, com a testa franzida. Alec tocou a fronte de sua testa com o polegar, desfazendo as ondas da expressão consternada de Renesmee. Envolvendo seu rosto com as mãos. Suaves toques de seda fria sobre a pele.

– Por despertar meu coração. Um coração morto há décadas... Você despertou o amor de um homem... O de um pai, quando me deixou responsável por Jason. Um amigo para ti, quando não podia me dar nada além. De um irmão dentro de sua família... O que você me deu, foi algo além das palavras. Porque só se pode sentir... Você despertou minha alma. Me iluminou com sua luz. Dá tanto de si para todos, que não percebe que e essencial.

– Alec...

As palavras embargavam na garganta de Renesmee. Elas não pareciam suficientes.

– Não diga mais nada... Eu queria poder ter dois corações... Duas almas... Para poder dar uma a você.

Dois pequenos diamantes brilhavam no rosto de Nessie. Lágrimas relutantes e cansadas.

– Não... Só existe uma Nessie. E é assim que é. Porque duas de você, seria um indulgência de Deus para os homens... E já não merecemos isso há muito tempo.

Alec a solta e se afasta. Olhando para longe, como em busca de uma fuga dali.

Deveria partir. Quanto mais permanece ali, mais doloroso seria seguir sozinho.

– Não me coloque em um pedestal, Alec...

A voz de Nessie soava fraca. Ela se aproxima de Alec e toca seu rosto, com ambas as mãos. Em um mundo diferente talvez pudesse dar a ele algo mas que palavras insuficientes...

– Eu sou tão falha como qualquer mulher. Não me faça parecer alguma santa, ou coisa assim... Eu não sou. Não deixe que essa visão etérea que tem de mim o deixe cego...

– Cego?

– Sim. Cego para ela... Para a mulher que realmente será merecedora de suas sedutoras palavras de vampiro.

Nessie disse com um sorriso e continuou. Quando viu que ele a olhava incrédulo.

– Há sim, porque ela existe. Eu não sei onde ela foi parar, e nem porque está demorando tanto... Mas ela existe, e está vindo. Cada vez mais perto, para ocupar o seu lugar no seu coração... Talvez ela esteja perdida sem você, assim como você sem ela. Mas ela esta lá, meu amigo... Sei que está.

– Não acredito que essa possibilidade possa existir...

– Precisa ter mais esperanças...

– Deixarei você tê-las por mim...

Nessie deixa as mãos caírem de seu rosto, sabendo que aquilo era uma despedida.

– O que digo a Jason? Você deve se despedir dele, ou ele pensará que está com raiva dele.

– NÃO!!! Nunca... Jamais sentirei raiva daquele garoto... O que aconteceu com Jane, foi uma escolha dela... Eu não poderia culpá-lo por isso. Nunca. Ela fez um sacrifício pela vida de outra pessoa. Talvez isso não a redima. Mas me fez amá-la como uma irmã de novo. Mesmo que tenha sido só no fim.

– Não quero dizer adeus para você... Parece que vivo dizendo adeus para os que amo. Isso me mata.

Alec sorri pelo canto dos lábios.

– Não diga, então.

Eles se abraçam num abraço forte e em silêncio...

Enquanto essa despedida acontece, em outro lugar...

– O que podemos fazer por Volterra?

Chelsea perguntou, para um contemplador Marcus.

– O mesmo que sempre fizeram até então... Espero que me ajudem a convencer Alec a se juntar a nós. Temos uma casa bem bagunçada para arrumar agora... Felipe me relatou alguns motins isolados...

Chelsea olhou para Felix, mas esse permaneceu calado...

Na casa dos Cullen, eles eram convidados, mas já chegara o momento da partida. Era estranho para Chelsea pensar, que pela primeira vez em muitas décadas, não tinha um objetivo definido. A sua vingança tinha sido saciada. Mas e agora? Sua eternidade seria muito tempo para ser preenchido...

– Não acredito que Alec se juntará a VOLTERRA novamente...

Disse Félix, sem demonstrar emoção.

– Seremos fracos sem ele. Alvos fáceis.

Felix diz, com certa indiferença.

– Talvez devam deixar outros reinarem.

A voz de Alice vinha do canto da sala, onde os Cullen tentavam ficar indiferentes às tomadas de decisões dos Volture... Mas não Alice. Essa nunca poderia ser indiferente a coisa alguma.

– O que sugere pequena Alice?

Pergunta Marcus, realmente curioso em saber.

– Poderia haver uma democracia. Temos vários clãs distintos, Muitos amigos nossos... Por que não fazem uma cúpula e convoca um membro de cada clã para ter a palavra, e assim se estabelece uma ordem, ou coisas assim?

Marcus Vulture, por muitos e muitos séculos, não tinha dado um sorriso antes, quiçá uma boa gargalhada. Mas ouvir Alice simplificar todo sistema político de uma raça, como quem faz uma pequena explicação a uma classe de crianças, o fez gargalhar de verdade.

E assim foi montada a nova política dos vampiros. Membros das casas mais antigas foram convocados. Mas também as classes mais novas tiveram que eleger um representante.

Carlisle teve que aceitar também, um lugar na nova ordem. Onde ele representa os vampiros considerados vegetarianos. Ele, por vezes, tinha que ir a Volterra. Então os Cullen se mudaram de novo para Turim, onde estaria mais perto da cidade dos vampiros...

Os Black seguiam sua vida em La Push...

– Podemos ir a Volterra agora? Tipo fazer turismo pelo castelo?

Sarah perguntou, desabando no sofá da sala, onde Seth estava...

– Porque quer conhecer Volterra?

Perguntou Renesmee, enquanto arrumava um arranjo de flores no centro da mesa.

– Alice falou, que é na Europa que estão os maiores estilistas. Quero conhecer, agora que estamos livres para sair de La Push. Quero conhecer todo o mundo, como meus tios...

Renesmme não percebeu, mas estava com a boca aberta.

– Quer sair de La Push?

– Ora, claro que sim! Todos saíram alguma vez. Até mesmo Edmond já foi. Eu nunca saí daqui. Não conheço o mundo. Não conheço lugar algum, longe de Washington...

– Filha, eu não sabia...

Renesmee tentava escolher as palavras, mas o gesto brusco de Seth levantando-se do sofá, reprimiu qualquer necessidade de palavras, pois Sarah não estava mais prestando atenção...

– Seth, onde vai?

Sarah sai da sala, o perseguindo pelo quintal...

– Para casa.

– Por que? Pensei que fosse jantar conosco.

– Talvez outro dia...

– Foi o que eu disse? Que queria conhecer o mundo, não foi?

Seth não responde e continua a andar...

Sarah franziu os olhos quando percebeu que ele não ia parar, nem mesmo responder a sua pergunta.

– HEI LOBO BURRO! POR ACASO ACHA QUE IRIA ALGUM LUGAR SEM VOCÊ?

Isso fez Seth parar.

– Me incluiu nos seus planos de dar a volta ao mundo Sarah?

Sarah revira os olhos impaciente.

– Sempre está nos meus planos, lobo.

Ela fala como se fosse obvio para qualquer um.

Seth se virou para olhá-la. Sarah estava linda, com seu cabelo solto, enfiada em seus tênis all star e seus shorts jeans. Usava uma fina camiseta, que mostrava muito mais que ele queria ver, das curvas que tinham se formado no seu corpo desde antes da guerra começar. E ele vinha tentando não se fixar nisso.

– O que está olhando, Seth?

– O quê?

Sarah pisca e inclina o pescoço desconfiada.

– Estava olhando para os meus seios, Seth?

– O quê? Não... Claro que não...

– Tem certeza disso?

Sarah diz, se aproximando mais... Estavam agora no deck da piscina, mais afastados da casa. Mas sabiam que poderiam ser observados por seus pais a qualquer momento.

– Hã... Tenho que ir agora...

– Não, não tem. Não tem que ir a lugar nenhum.

Seth respira mais rápido do que realmente precisa, neste momento.

– Irá comigo?

– Pra onde?

– Como, pra onde? ...Viajaria comigo para Volterra? Pela Europa, ou qualquer outro país?

– Sabe que sim, Sarah.

– Não sei não... É o lobo mais fujão que eu conheço.

– NÃO SOU... Apenas tento ser o mais ajuizado aqui.

Sarah se move mais, se colocando a menos de meio palmo de distância dele. Seth é tão alto quanto seu pai. Seu rosto alcança apenas o seu peito largo... Sarah está consciente da respiração acelerada de Seth. A sua própria não estava muito controlada. Seus lábios estão secos. Ela os umedecia com a ponta da língua, e fala com uma voz rouca, que ela nem mesmo reconhece como sua...

– Por que se esforça tanto? Por que simplesmente não se deixa ir pelo que sente?

A voz de Sarah, o cheiro, tudo parece nublar a mente de Seth naquele momento...

Ele a puxa para si... Há uma quentura a mais em suas mãos quando a puxa... Sarah sente suas pernas vacilarem.

– Por que me esforço tanto? Essa não é uma pergunta justa, Sarah... Devia se perguntar por que me provoca tanto?

O hálito quente dele bate direto do rosto de Sarah. Quando ele se inclina para ela, a apertando em seus braços. Ele nunca a tinha segurado assim tão próximo. Tão apertado em seu corpo...

Há um calor crescendo dentro dela, ou vindo dele... Sarah não sabe ao certo de onde esse calor vem. Mas ele é bom e a deixa fraca. Sem ter certeza do que fazer, ela se aproxima mais de Seth e toca seu peito por cima da blusa, subindo até o pescoço, entrelaçando as mãos em seus cabelos...

Ele não recua. Ele a olha e espera... Não haveria tia Rose para interrompe-los dessa vez. Ninguém apareceria ali...

Sarah fica na ponta dos pés. Ela está tão próxima, que pode sentir as batidas do coração de Seth. No seu peito, frenéticas batidas. Ela para. Seus olhos se recusam a fechar. Estão cravados nos de Seth...

– Pergunte de novo Sarah...

– Perguntar o quê?

– Porquê me seguro tanto.

– Por que se segura tanto?

Seth roça de leve os lábios nos de Sarah. Um leve toque apenas. Mas que a faz ofegar e apertar o toque em seus cabelos.

– Porque quando isso começar... Não sei se vou ter força para parar em um beijo, Sarah.

– Poderá me dar mais e mais beijos, os quantos quiser, Seth.

Ele sorri...

– Talvez não pare em beijos, Sarah...

– ...

O olhos de Sarah dilatam, um suspiro irregular escapa .

– Não tem o que dizer. Isso é preocupante. Gosto de ouvir sua voz. Mesmo quando ela me provoca e atormenta...

– Não queria atormentar você...

– Claro que queria.

Seth a aperta mais. Não há mais espaço entre seus corpos. Só a mais completa união de corpos e lábios, e toques e corações.

Há uma fina chuva agora caindo em La Push. Mas o sol não se escondeu. Ele permaneceu ali, como um astro curioso. Como o único observador daquele desfecho. Um beijo na chuva... Um beijo ao sol...

As mãos percorrendo as costas de Sarah. Mãos grandes e quentes. Seu cabelo já esta completamente molhado. Ela sente a roupa grudar em seu corpo, mas ela não pode se mexer. Pode, apenas, fazer alguns movimentos. Mas nenhum que a tire dali.

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(Sarah)

“Qual sua cor favorita?”

“Gosto da cor do pelo do lobo do Seth.

“Qual o melhor cheiro?”

“Gosto do cheiro das amêndoas frescas, de quando elas caem das árvores. É o cheiro perfeito. É o cheiro dele.”

Deus... Perguntem agora, qual o melhor gosto do mundo. Eu direi... Eu direi... Eu diria antes, que são os bolinhos de chuva de Esme... Mas eles perdem feio. Feio, mesmo...

Os lábios de Seth tem o melhor gosto mundo... Preciso disso. Preciso disso, com desespero necessitado. Tentei muitas vezes ter noção de como seria este momento... Ser beijada por Seth. Mas nem nos meus sonhos mais proibidos, nem neles ele era assim...

Meu coração batia como o dele e eu nem sabia que ele podia atingir um ritmo assim tão acelerado, sem que eu enfartasse...

O que eu sentia era algo além de mim. Além de um corpo físico. Sentia o girar do mundo. O leve som da chuva caindo no chão, nas árvores e na água da piscina. Pequenas partículas sendo presas nas gotas da chuva. A grama do quintal dos fundos sendo encharcada o balanço das árvores. A madeira com meu nome entalhada no assento feito por ele. Pelo homem nos meus braços. Pela razão que o meu sol gira em torno da terra. Me vi criança com ele. Me vi menina, e agora mulher... Mas uma coisa nunca mudou dentro de mim. Sempre fui, e sempre serei completamente apaixonada por Seth Clearwater.

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(Edmond )

O Sol e a chuva. O cheiro da terra quente sendo esfriada com força pela água que caia do céu.

Uma fina nuvem de vapor levantava da terra, que já se transformava em uma lama negra...

Edmond observava a chuva encostado no batente da porta de sua cabana. Ele tinha tomado um banho frio, feito a barba e até se vestiu com uma roupa limpa. Um jeans surrado e uma camiseta de flanela que não fechava mais na frente. Quanto tempo tinha se passado desde a última vez que tinha vestido uma roupa? Será que tempo o suficiente para que suas blusas não lhe servissem mais. Pelos menos as calças ainda serviam. Mas os sapatos não. Por isso ele estava descalço ali, ainda encarando a chuva e comendo um bolinho de chocolate. Seu pai tinha vindo ali há poucas horas. Edmond ainda podia sentir o cheiro dele na cabana. Também havia comida nova na geladeira e uma pilha de roupa de cama limpa. Mas nada disso parecia importar. A chuva lá fora era o que prendia agora sua atenção. Enfiou o restante do bolinho na boca de uma única vez e afundou seus pés na terra. Não queria se transformar. A sensação da terra molhada nos pés era boa. A chuva que caía ia se evaporando conforme tocava seu corpo quente.

E a chuva o fazia lembrar dela. Ele sabia muito bem para onde seus pés o levavam. Para a campina que tinha recuperado seu chão verde agora, para o centro dela onde um anjo de mármore pairava implacável com sua espada. Mas algo que antes não estava lá chamou sua atenção. Havia crescido rosas vermelha bem perto da lápide. Elas pareciam estar ali há dias. Mesmo que Edmond soubesse que não, porque visitar aquele jazigo era uma de suas tarefas diárias, e ontem não havia flor alguma ali... Alguém as plantou. Alguém teria vindo ali e plantou as rosas? Esme! Isso podia ser coisa de sua avó. Ela tinha rosas assim em sua estufa...

Edmond se sentiu enciumado das rosas, como se elas fossem intrusas ali. Queria arrancá-las, mas isso feriria os sentimentos de Esme. Ela teria feito isso com a melhor das intenções... Mas porquê se sentia tão aborrecido com as intrusas flores ele não sabia. Mas elas o incomodavam...

Estava olhando furioso para as flores, tentando arrumar uma maneira de desmanchar elas sem ter que se sentir culpado com Esme depois. Ele nem sentiu que alguém se aproximava.

– O que elas fizeram?

Edmond se sobressaltou e olhou para um curioso Makilam, que o olhava.

– O quê?

– As flores. O que elas fizeram para você? Acho que está tentando matá-las com os olhos.

– O que faz aqui? Foi você quem plantou isso?

Edmond olha de um lado para outro buscando mais alguém com Makilam.

– Claro que não, cara... Eu não tenho nenhum dom de jardinagem nem nada. Quem está procurando?

– Esme... Ela esteve aqui hoje, só não sei quando.

– Sua avó não esteve aqui, cara. É impossível. Por mais rápida que ela seja, ela não ia conseguir vir de Turim até aqui, para plantar umas rosas e ainda chegar a tempo de ninguém perceber que tinha vindo.

– Do que está falando?

– Seus avós... Todos os Cullen estão em Turim. Já faz alguns dias que foram.

– Eu não sabia...
– Eu sei. Seu avó Edward me pediu para vir. Ele leu alguma coisa na minha cabeça e achou que eu devia vir procurar por você... E propor isso.

– Isso o quê?

– Não vou falar... Terá que vir a La Push comigo e ver o que ele deixou na minha garagem antes de partir. Minha mãe quase teve um troço.

– Sei... Bela tentativa, mas não tenho nada para fazer lá.

– Acho que tem sim.

Makilam disse, mas Edmond não parecia mais escutar o que ele dizia.

– Não devia ter flores aqui.

Edmond falava quase para si mesmo, esquecendo-se completamente da presença de Maki. Talvez estivesse tempo demais sozinho, ali naquela ilha. A presença de outra pessoa era facilmente esquecida por ele. Acontecia até mesmo quando seus irmão vinham. Depois de um tempo não ouvia mas eles falarem, sua mente se afastava dali.

– Por que diz isso?

Makilam perguntou, fazendo sua presença ser notada por Edmond, que o olhou ressaltado balançando a cabeça em negação.

– Não é o terreno apropriado. Elas não cresceriam aqui do nada.

Edmond disse com uma voz cansada, como se fosse um grande transtorno falar cada palavra. Ele não era um botânico, nem um conhecedor da terra como Esme. Mas sua mente era ávida por informação. Constantemente, sondava a biblioteca dos Cullen, e lá tinha toda a coleção de livros de jardinagem de Esme, e ele leu todos. Desde pequeno se pegava lendo todo tipo de coisa, memorizando e absorvendo todo tipo de informação. Por mais inútil que lhe parecesse naquele momento, sempre se via usando o conhecimento adquirido em algum momento.

– Minha mãe diria que é algum sinal.

Maki falou, refletindo sobre as flores, as olhando com certo assombro agora.

– Diria que os espíritos fizeram elas crescerem como um sinal para você.

Edmond grunhiu um palavrão baixo...

– Não posso acreditar que está me falando isso... Não vai me enfiar essa merda, Maki... Pare exatamente aí, ou eu não sei o que farei. Não vou conter minha fúria. Ela vira sobre você...

Makilam não recuou um passo sequer, perante aquela ameaça. Mas ele foi inteligente em não insistir. Colocou as mãos no bolso do casaco e a chuva enfim começava a dar uma trégua.

O sol brilhava novamente sobre a campina. Naquela batalha, o astro rei tinha obtido sua vitória sobre a chuva... Mas Makilan não. Ele tinha vindo até a ilha de Akalat com um único propósito... Resgatar Edmond... Resgatar seu amigo. Mas Edmond não parecia ceder. Ele se encontrava tão irredutível o quanto antes. Áspero e inflexível.

Tão dentro de sua dor, que parecia quase confortável com ela. Ele a vestia sobre a pele, deixando que ela se entranhasse nele até contaminar seu sangue e envenenar sua alma.

– O que pensa que esta fazendo, Edmond? Deveria poder ver a si mesmo agora. Não acho que está lamentando por Milley mas. Acho que está lamentando por si mesmo agora.

Maki não ficou para ver o estrago que suas palavras tinham causado em seu amigo. Ele apenas se virou e partiu.

Os olhos de Edmond estavam sombrios. Ele recebeu o impacto das palavras de Maki, sem mover um único músculo. Mas o peso que elas tiveram em seu peito, causaram uma dor que queimava até o peito e rasgavam mais seu coração... De forma furiosa, ele começou a arrancar as rosas. As raízes estavam tão entranhadas na terra, que ele se assombrou. Mas isso não deteve seu ataque. Ele só parou quando nenhum verde das folhas da planta restou sobre a lápide. Despedaçou flor por flor e caiu ali no chão, coberto por pétalas vermelhas como sangue sujo pela terra. Ferido, não no corpo porque os espinhos não o cravavam, mas na alma.


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