Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 53
Capitulo 53 - FLORESTA VERMELHA


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Marcia Salvador,Gabrielly Carlie Black e Yume. Obrigada pelas lindas recomendações. ''Devemos buscar coragem em nosso próprio desespero "



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(Jacob)

Ela tinha ido... Não com um adeus, ou um até breve. Vou ali levar as crianças e já volto... Não! Renesmee tinha se candidatado sem direito a protestos de terceiros, na missão de libertar Alec e Chelsea do castelo dos Volture. Jacob tentava não lembrar da última vez que tinha visto sua esposa sair. Ela tinha entrado na Ranger com algumas sacolas, e ia visitar Claire e Soy, e havia sumido como fumaça no nevoeiro... Nahuel a tinha levado para o meio da floresta Amazônica, e agora ela tinha partido de vontade própria para Volterra em uma missão... Jacob havia espumado um inferno de raiva para que ela não fosse. Mas Renesmee não é uma pessoa a quem as pessoas possam dizer o que fazer ou não. Ela não é. Ela é uma força absoluta da natureza. Uma mulher decidida e cheia de orgulho. A mulher mais incrível e mais corajosa que Jake conhecia. Eram também essas características que ele amava nela, e as que o deixavam mais louco.
– Preciso ir Jacob. Devemos tanto a Alec... Como posso deixa-lo nessa hora? Como pode acreditar que não farei o possível ao meu alcance, para não liberta-lo?
Remesmee disse antes de partir. As palavras dela foram tão decididas quanto suas ações.
Jacob sabia que a discussão era inútil. Como sempre era Renesmee. Mostrando toda a sua determinação.
Ela estava fraca ainda. A beberagem do pajé da aldeia de Zafrina tinha dado um bom resultado. Ela despertou ainda no Brasil, se agarrando aos braços de Jacob assim que tomou consciência de sua presença. Mas não tinha dito nada sobre o que tinha acontecido na fazenda de Nahuel.
– Não importa! Nada disso importa, Jacob. O importante é que estamos aqui juntos novamente, e que Soy está bem. Precisamos cuidar dela agora, Jacob.
– Eu sei. Nós vamos...
Soy tinha permanecido com Zafrina no Brasil. Ela demoraria ainda a se recuperar. Ela tem duas costelas fraturadas da queda. Zafrina se prontificou a cuidar da criança até eles poderem voltar e leva-la com eles.
– Ela estará mais segura aqui, de qualquer maneira... Uma batalha espera por vocês. Ela só vai ser mais uma preocupação se estiver lá.
Zafrina tinha dito, e era verdade. Uma batalha nos esperava em casa. Qualquer lugar longe dali seria mais seguro para a última Ateara.
– Vamos vir busca-la, Zafrina. Assim que isso tiver um fim...
Renesmee tinha dito quase em uma promessa ao beijar o rostinho de Soy ao sair da tenda onde a menina dormia em uma rede.
Assim que voltamos em um avião particular fretado por Edward, que tão rápido quanto só os Cullen poderiam agir tinha providenciado.
Renesmee pediu que eu a colocasse a par dos últimos acontecimentos. Eu não saberia dizer na hora. Mas agora sim. Ela tinha tomado a decisão de ir a Volterra naquele mesmo momento em que eu disse que Alec e Chelsea estavam presos nas masmorras. O silêncio dela na hora em que ouviu a notícia, não era um silêncio assustado. Era um silêncio de uma mente maquinando. Usando suas estratégias para se tornarem em uma resolução.

(Volterra - Alec)
Alec não acreditava nos seus olhos. A morte tinha ouvido seu chamado finalmente? Tinha vindo enfim?
E vinha em forma dela. Em forma da mulher que sempre amou... Renesmee estava como sempre, com seus cabelos em ondas, seu rosto de coração molhado por lágrimas e lábios tremendo. Suas mãos estavam quentes. Deveriam ser mãos quentes, ela estando morta?
Mas o que ela fazia ali no inferno? Ela era a melhor pessoa que Alec tinha conhecido. Ela não podia estar no inferno... A não ser que o inferno não exista...
– Alec! Alec, querido, fale comigo...
Ela pedia com sua voz doce, dando mais um gole de... SANGUE? Mesmo na morte ainda serei escravo de minha sede? Mas que brincadeira de mau gosto. Que humor sádico tem o criador...
Mas Alec mesmo em seus devaneios, bebeu do que lhe era oferecido. A garganta machucava conforme o líquido descia, mas era bom. Começava a sentir seu corpo de novo... Segurou a mão de Renesmee, a afastando de seus lábios.
– O que faz aqui no inferno, Nessie?
A voz de Alec ainda parecia um sussurro. Mas na hora, pareceu uma doce música para Renesmee. E ela sorriu para ele.
– Não está morto meu amigo. Está a salvo agora... Mas precisa beber mais. Precisa ficar forte para me ajudar a acharmos a cela de Chelsea, e ai sim, sairmos deste inferno...

(Proximidades de La Push Os Volture)
A densa neblina que pairava sobre o lago Ataroc era espessa e fria. Vinha cobrindo toda extensão do lago, como um véu de uma noiva de cinza. O lago com suas águas de espelho, estava encoberto pela neblina. Não se poderia ver nada além da espessa nuvem fria... Mas eles estavam lá com seus mantos pretos, parados ainda dentro da floresta, olhando impassíveis para o lago gelado e a fina camada de gelo que começava a cobri-lo como cristais. Não há pressa para os vampiros. Eles estavam ali há dois dias, protegidos na névoa dos irmãos das sombras, que esperavam mais atrás empoleirados em altas árvores. Meros espectadores. Mas eles eram a causa da névoa. E o fato dos Volture estarem invisíveis a qualquer olho.
Eles viam sem serem vistos. Viam os lobos em suas rondas, farejando o ar cinzento, sem poder vê-los de fato. Só pareciam farejar algo estranho. Mas sem poderem identificar ao certo.
Os Volture já tinham contado quantos lobos haviam na reserva, e já sabiam que o lugar estava completamente deserto.
– Eles tiraram todos os índios. Mas isso não vai salva-los.
Jane disse à Nahuel, enquanto os dois encaravam o lago e viam a silhueta de dois lobos ao longe fazendo suas rondas.
– Eles nos esperam. Um ataque surpresa já está fora de cogitação. O que Aro tem em mente?
Jane não responde...
– Ele vai usar os transformados... Não vai?
Jane levanta o olhar para ele em um assentimento silencioso.
– Vamos marchar com eles até a ilha onde levaram os índios e vamos dizimar para sempre todo e qualquer descendente Quileute...
A voz de Jane era seca e áspera. Sem nenhuma emoção, proferindo as ordens que Aro tinha dado a ela assim que chegaram em Washington.
– E os outros? Os Cullen e os Black?
Nahuel pergunta, tentando disfarçar a ansiedade. Ele já sabia da fuga de Renesmee e a morte de Hulley... Atacada por algum animal. Foi o que os empregados da fazenda tinham dito. E as outras? A criança e a mulher? Sumiram como se tivessem entrado em um portal. O empregado da fazenda tinha dito aterrorizado pelo telefone .
Mas Nahuel já sabia para onde o portal tinha levado elas...
A voz dura de Jane o chamou de volta para a realidade...
– Aro os quer. A menina e o outro. Mas Lucian não está mais na lista de interesses de Aro. Ele prefere que morra, se não se juntar a nós de novo...
Nahuel deu um riso silencioso nessa hora. Pois sabia que Lucian não teria qualquer chance de fazer uma escolha. Ele apertou a espada embainhada em sua cintura, com seus dedos longos. A segurou firme na bainha, brincando com o polegar, no rubi da ponta... Não haverá chance para uma escolha para Lucian. Ele mesmo se asseguraria disso...

(Milley & Edmond)
– Levamos todas as crianças para a antiga escola da ilha. Estamos entretendo elas com desenhos e histórias. Acho que podemos distraí-las por mais dois ou três dias.
A voz de Milley do outro lado da linha, era tudo que ele queria e precisava ouvir. Poderia ficar ouvindo a voz dela por toda vida. Ela falaria o que quisesse. Nada seria desinteressante ou entediante para ele. Porque é o som da voz dela, que é importante. A macies aveludada de cada palavra que ela dizia.
Edmond recontou-se no acento do avião, fechando os olhos e imaginado como Milley estaria naquela hora, quando ela falava com ele pelo celular...
– Como foi?
Era uma pergunta, e ele tinha que responder, apesar de ainda querer ouvir mais da voz dela, em vez de falar. Ela queria saber como tinha sido a missão de Volterra. Se tinham tido sucesso. E o tom da voz dela, demostrava também preocupação. Edmond olhou para os assentos de trás. Viu sua mãe sussurrando algumas palavras para Alec, que parecia ainda perdido e confuso... Chelsea sentada mais a frente, ainda saciando sua sede com as bolsas de sangue... Leah e Seth adormecidos no banco de trás, exauridos pela luta do castelo...
– Foi tudo bem. Estamos bem! Todos estamos bem e voltando para casa. Vou ai ver você assim que chegar, Milley.
Ela não respondeu, e seu silêncio dizia que ela estava escolhendo as palavras.
– Não é seguro que venha. Sua família está toda concentrada em La Push. Eles vão levar os Volture até as montanhas de Vancouver... Esse é o plano. Pelo menos, foi o que entendi dele... Não é que eu não quero vê-lo. Mas talvez não seja seguro. Eles vão recolher os celulares depois de hoje. Por segurança. Você sabe... Temos toda a segurança que precisamos Edmond. Seu irmão e seu pai deixaram uns trinta lobos comigo e Sarah ...


(Sarah)
Medo! Eu nunca tinha experimentado ele tão vivo dentro de mim.
Lembro do treinamento que eu e Edmond tivemos com tio Jasper, quando ainda a eminência de uma luta parecia algo distante de nós. Sentir medo é bom, Sarah... Vai deixa-la alerta.
Mas o medo que eu sentia não me deixava alerta. Porque não é um medo por mim. O medo que corrói minhas veias é o mais pesado dos medos... Eu temo por outros. Olhei ao redor. As crianças corriam alheias pela campina, em frente à antiga escola. Os mais velhos estavam nos fundos, em tendas improvisadas, discutindo o futuro da nação Quileute. Aquela guerra parecia um divisor de águas. Nada mais seria como antes. Isso era a única certeza que tínhamos.
Senti um puxão mais forte em meu cabelo. E isso fez meus pensamentos voltarem.
– Ai!
Milley me ignorou completamente, e continuou a puxar meu cabelo em uma trança tão apertada, que parecia que queria me escalpelar.
– Devagar ai, cunhadinha...
Ela suavizou somente um pouco, a mão pesada. Ela tinha insistido tanto em pentear meus cabelos. Mas eu começava a suspeitar se aquilo era alguma desforra pelas minhas antigas provocações com ela.
– Não seja resmungona, Sarah... Já estou quase terminando aqui... Mais uma volta...
– Mais uma puxada dessa e não terá cabelo em minha cabeça para você dar volta alguma...
Ok, a cena era bem estranha, eu tinha que admitir. Eu e Milley sentadas na frente do que seria o pátio da antiga escola da reserva. Estávamos em cima de tocos de árvores. Ela ainda puxava meus cabelos para terminar a bendita trança. Não era que nós duas tínhamos nos tornado as melhores amigas, nem nada... Mas ela faz Edmond sorrir como um idiota... O que eu poderia fazer? Daria um induto para a nova iorquina, que tinha perdido um pouco do seu brilho Sex and the City, no meio daquela guerra eminente. Tínhamos sido mandadas juntas para a ilha de Akalat. Eu protestei. Cogitei até mesmo uma cena, ou uma fuga para estar com a minha família no meio da guerra. Mas aquilo se serviria para criar mais confusão, e a lista de preocupação já estava extensa demais para eu ficar criando mais confusão. Então, tentei disfarçar o melhor que pude minha indignação de estar sendo excluída da luta e fui com Milley para ilha de Akalat, cuidar das crianças da reserva com ela, Sue e Emily. Cerca de trinta lobos estavam de guarda, espalhados pelo local. Sam estava com os mais velhos nas tendas. Malick estava em sua forma de lobo, com o bando que tinha sido destinado a nossa segurança.
Mas Seth estava com minha família. Isso era mais um motivo para o medo aflorar violentamente dentro de mim...
Mesmo a escolha de ficar com eles não tenha sido de Seth, e sim de meu pai... Pude ver apreensão nos olhos dele. Ele nunca contestava as ordens de meu pai. Mas pude ver o quanto tinha custado para o meu lobo ficar longe. Tínhamos ficado muito mais próximos sem nos desgrudar desde o desaparecimento da minha mãe. Era como se ele pudesse sentir minha dor e perceber como sua presença ao meu lado amenizava. Mas depois da volta de minha mãe com meu pai, tudo aconteceu com tanta rapidez, que até meu cérebro mutante teve dificuldade de assimilar.
Felix estava nos ajudando, servindo de agente duplo. E por ele, sabíamos que os Volture já estavam a caminho. Na mesma hora que a informação chegou com resgate de Chelsea e Alec, foi organizado. Seth, minha mãe, Edmond e Leah partiram no mesmo dia. Eu nem pude me despedir de Seth ou de Edmond. Tudo que pude fazer foi correr para os braços da minha mãe e implorar que me levasse também para Volterra. Mas ela nem ao menos deixou que meus apelos se seguissem. Olhou firme para meu pai e concordou que o melhor seria que eu seguisse com Milley para Akalat. Minha mãe, nem por um segundo, me permitiu acreditar que poderia não vê-la mais. Quando ela me olhou firme nos olhos e disse para ficar, eu vi nela tanta força e coragem, que me senti intimidada. Eu nunca tinha visto ela tão decidida.
– Pronto! Está terminada, chorona...
Milley disse, batendo com os dedos na minha cabeça de leve.
– Como estou?
Ela inclinou o pescoço, me olhando com ar de dúvida. E depois sorriu condescendente.
– Sabe que está linda, garota. Não tente arrancar meus elogios de graça...
Revirei os olhos. Ela estava começando a lembrar Edmond.
– Não quero elogio. Só quero ter certeza que não me transformou em uma baranga...
– Acho que seria impossível, Sarah.
Olhei para a expressão dela, buscando traços de mentiras. Mas não... Ela estava sendo incorruptivelmente sincera como sempre. E isso é um traço de sua personalidade do qual eu não podia contestar.
– Falou com Edmond?
– Sim! Eles já devem ter chegado. Eles estão bem, Sarah.
Olhei para o mar, tentando ver a outra margem que era La Push, tentando enxergar algum vestígio de minha mãe ou Seth... Ou qualquer coisa que aliviasse o peso do medo que sentia. Mas nada... Nenhum vestígio. Nada, além da margem escura e a névoa que parecia ter se instalado por toda a enseada.
– Não acha estranha essa névoa toda, Milley?
Milley achava... E ela sabia, mesmo não sendo um ser de poderes, que algo sinistro se escondia naquelas cortinas escuras...
– Acho sim...
O olhar de Milley e Sarah se fixaram no horizonte, como se pudessem ver além. Mas elas nada viam. Nada, além da densa e intransponível névoa...

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Criaturas desformes se moviam em baixo da água, em uma sincronia lenta de movimentos torpes, de um vai e vem sem sair do lugar. Eram criaturas desprovidas de inteligência. Só guiadas por seu instinto primário. O de sua ávida sede... Nahuel olhava para dentro da água. As criaturas ainda presas sobre o poder de Adora, a vampira libertada das masmorras. Ela tinha o estranho poder de controlar a mente das bestas que seu pai tinha criado. Mutações genéticas... Humanos que tinham recebido transfusões sanguíneas dele e de suas irmãs. D.N.A. misturados. Células misturadas. Todas juntas, tinham feito um andrógeno ser. A princípio, vampiros. Mas antes da transformação completada, era injetada em suas correntes sanguíneas, D.N.A. de híbridos, para que a transformação não fosse completada. Para que ainda neles restassem células vivas e humanas. Mas o cérebro não tinha absorvido. Tinham entrado em colapso, deixando eles bestas selvagem. Mas havia a força vampira neles, mas com a vulnerabilidade humana. Eles eram letais, mas mortais. Podiam lutar e morriam. Mas causavam tremendo estrago. Eles eram a força que agregava o exército Volture. Seres deformados e atrofiados, devido à falha da transformação. Nem mortos, nem vivos. Contorcidos e miseráveis em sua mutação deforme... Somente a vampira Adora controlava totalmente as bestas. Ela exercia sobre eles, a estranha impressão de que eles estavam sendo saciados. Que sua sede estava sendo nutrida, quando na verdade, era uma ilusão que ela controlava. Ela aguçava os instintos primários. A fome, sono, fúria... Era uma estranha combinação de força e beleza, a vampira de olhos vermelhos e cabelos negros, como cortinas negras. Seus olhos puxados, pela sua origem asiática. Era de constituição pequena, como Jane. Mas havia nos seus gestos, a mesma sutil crueldade dos Volture. Aro a tinha mantido presa por décadas, por considerar seu poder perigoso demais. Uma vampira que pode atiçar a sede e a fome, era como a controladora da peste. Mas lá estava Adora de novo, exercendo seu poder. Controlando as criaturas de Aro. Sentindo que a vantagem talvez estivesse com ela pela primeira vez...
Marcus Volture olhava atentamente para Adora. Seu rosto sem expressão, parecia medir os movimentos da vampira libertada, que andava com queixo erguido pelo acampamento, olhando de forma ameaçadora para todos. Por vezes, ela ia para a margem do rio e focava sua atenção para as criaturas presas ali, todas juntas e submersas. Pareciam adormecidas, mesmo se movendo de lado. Mas estavam de pé aglomeradas. Não faziam som algum, camufladas nas águas congeladas. Elas estavam prontas para serem despertadas. Prontas para mostrarem a sua fúria e sede. Marcus olhava com desprezo para aquele show de horror, a que subterfúgios teriam chegado eles. A transformar seres humanos em bestas, para derrotar uma aldeia... Aro e Caius tinham perdido o controle. Estavam tão cegos pelo poder, aceitando qualquer condição oferecida. Pelo quê?
Por medo. Marcus sabia... Eles temiam as crianças de Renesmee. Temiam Lucian. Aro tinha dado poder a ele. Oferecido a ele um reino e o garoto tinha cuspido na cara dos vampiros, envergonhando Volterra, que estava quase toda ali protegida pelo escudo de fumaça. Marcus olhou para Felix, afundado em seu manto afastado de todos, mas ainda envolto ao escudo de neblina. Sentia o que atormentava o soldado. Sentia que algo dentro dele tinha mudado. Que sua lealdade não estava mais com os vampiros. Mas Marcus não se importou com isso. Ele tinha seus próprios planos. Suas próprias preocupações. E Felix tinha o seu papel naquela guerra. E ele tinha que se manter impenetrável, como sempre.

( Milley e Sarah )
Os uivos dos lobos estavam mais inquietos naquela noite. Milley tentou colocar o travesseiro sobre a cabeça e se encolher mais dentro do seu saco de dormir. Mas dentro da barraca, era impossível de camuflar os uivos. Desistiu, sentando sobre o saco de dormir. Tentou alcançar o lampião. Mas antes que o fizesse, Sarah já tinha acendido, quando percebeu que ela despertou.
– Não consegue dormir?
Milley apertou os olhos, tentando se acostumar com a luz, mesmo fraca do lampião, ainda fazia seus olhos arderem.
– Não, não consigo. Eles estão uivando a noite toda. O que está acontecendo? ...
Sarah desliza o fecho de zíper da abertura da barraca e olha a noite em direção da floresta.
– Estão inquietos com algo... Talvez eu possa ir até a margem e achar Maki. Ele vai me dizer o que está acontecendo. Essa falta de notícias está me matando...
Milley saiu completamente do saco de dormir, catando seu casaco pela mochila. Ela e Sarah dividiam a barraca em frente à escola. Dentro da escola estava lotado. As crianças e os mais velhos estavam ocupando as salas que tinham se transformado em dormitórios. O restante da aldeia tinha se instalado em tendas e barracas como as delas. Os celulares tinham sido proibidos e as comunicações eram feitas somente pelos lobos e trazidas para o acampamento todos os dias por Maki. Mas Maki não tinha vindo com notícias aquela manhã, o que deixou todos apreensivos. E Sarah impaciente, querendo correr para a floresta a todo instante, em busca de notícias.
– Não, Sarah! Já disse que não. Vamos ficar aqui... Use seu elo mental para saber algo...
Sarah se agitou na porta, coçando o rosto de forma nervosa...
– Não consigo. Já disse!!!
Sarah esbravejou, nervosamente, se encolhendo no canto da barraca.
– Estou nervosa demais. Contando de traz pra frente, para não enlouquecer todo o acampamento em dores de cabeça. Se eu me concentrar em mais alguma coisa além da contagem, acho que vou explodir, Milley...
Milley viu a dor nos olhos de Sarah e sentou ao seu lado, a puxando para um abraço... Tentando ignorar os uivos dos lobos que não cessavam lá fora.
– Sinto muito, Sarah. Não quero pressionar você. Mas precisa se acalmar. Você dormiu algum instante hoje?
Sarah balançou a cabeça em desalento, mas ela não dormia há dois dias. Mas Milley não parecia ter notado até aquele momento. A falta de notícias de Maki, só a deixou mais inquieta.
– Tenho que saber o que está acontecendo, Milley. Deixe eu ir até a floresta. Encontro Maki e depois volto para o acampamento com notícias.
Milley segurou o rosto aflito de Sarah. As olheiras da garota cobriam embaixo dos seus olhos verdes, a deixando com uma aparência mais velha. A única coisa que lembrava que ela ainda era só uma garota, era a trança que ela tinha feito e estava de lado. Algo na fragilidade aparente de Sarah, fez o coração de Milley saltar. E se tudo desse errado? E se todos morressem? Ela e Sarah, como sobreviveriam sozinhas, tendo essa tragédia em suas vidas?... Não sobreviveriam. Ela não sobreviveria sem Edmond. Tão pouco Sarah, sem toda sua família... Sem Seth...
– Vamos nós duas...
Milley disse, levantando e puxando Sarah pela mão, a arrastando e correndo pelo acampamento, com medo que alguém as vissem e tentassem para-las. Sam, Emily ou Sue... Eles estavam de olho nas duas, como se esperassem algo assim.
Mas as duas escaparam pelo acampamento, desviando das barracas, indo em direção à floresta. Correram para a praia.
A névoa parecia ter ocupado toda a enseada e vinha em direção à floresta na mesma direção que elas.
Elas correram por vários quilômetros até chegarem à praia. A névoa parecia estar por toda a parte agora. Sarah a puxou para traz nas pedras, obrigando Milley a se camuflar com ela... Elas tinham chegado.
– O que foi?
Milley quase sussurrou a pergunta, vendo os olhos verdes de Sarah esbugalhados.
– Eles estão aqui, Milley...

Sarah não podia vê-los. Mas havia rastros na praia. Pegadas arrastadas, com grandes passadas. Pegadas na areia, tão sutis e rasas, como se não precisassem do chão para caminhar. Somente vampiros andam assim, Sarah sabia. Agachada com Milley, escondidas atrás da grande pedra com limo. Sarah tentou controlar sua mente parar a contagem. Focar em algo. A negritude da noite era um obstáculo. Tudo parecia onírico, em meio à névoa que estava mais densa, mas estava indo para a floresta, como se tivesse sendo direcionada...
– Estão indo para a floresta, Milley. Não posso vê-los. Mas sinto que estão aqui. Temos que avisar a Maki e aos outros...
Milley se esforçou para ver o que Sarah, tão claramente parecia ver. Mas nada além de penumbra alcançava ela.
– Os lobos de guarda estão do outro lado da floresta, Sarah. Os uivos vão leva-los até eles... Temos que avisar...
Sarah parecia ter entendido a mesma coisa e com um olhar feroz encarava a névoa. Apertou a mão de Milley.
– Volte para o acampamento. Avise a Sam que eles estão aqui. Diga para fugirem. Tentarem ir para as montanhas...
Milley estava assustada, ouvindo Sarah, mas sem entender.
– E você?
– Vou ficar. Serei a distração deles...
– O quê???
Mas antes que Milley pudesse falar algo mais, Sarah pulou por cima da pedra, saltando sobre a areia e correndo para o meio da névoa, desaparecendo da vista de Milley, que encarava a noite negra boquiaberta, até que a frase
CORRA, VÁ!!! gritou em sua mente com a voz de Sarah. Então Milley sentiu seu corpo se movendo com a adrenalina pulsando dentro de si, correndo de volta para o acampamento, deixando os pés saltarem na corrida sobre a areia da praia, não se permitindo pensar ou ter medo, focando unicamente em alcançar o acampamento e avisar aos outros que os Volture estavam ali. Eles tinham vindo atrás dos Quileutes e não dos Cullen ou dos Black.
Eles sabiam que não precisavam procurar por eles. Assim que eles vissem os Quileutes em perigo, todos viriam para socorre-los. Era uma armadilha. Milley tentava não se desesperar. Não pensar em Sarah sozinha na praia, tentando parar um exército de vampiros... Mas sua mente não estava poupando ela de maquinar. Pensava em Edmond sendo apanhado e obrigado a servi-los em troca das vidas poupadas. Pensou nas crianças da escola dormindo alheias à invasão da praia. Suas pernas pareciam correr uma maratona infernal, onde o tempo era quase inexistente. Se viu indo para o outro lado. Correu para o outro lado da ilha, onde os lobos estavam. Tinha que alertar sobre a névoa. Sobre Sarah do outro lado. A corrida era desesperada, no meio de uma floresta densa e desconhecida. Escura como o nada...

Sarah correu para a névoa. Seu corpo parecia ter recebido uma injeção de força. Ela se encontrava furiosa. Seus olhos de jade estavam enormes, como se toda orbe tivesse tomado conta da íris. Suas mãos estavam em garras, prestes a atacar qualquer coisa que se aproximasse. E foi isso que aconteceu. Uma falange de corpos parecia surgir em sua direção, guiados pelo ritmo frenético das batidas do coração de Sarah... Então ela os viu se movimentando de forma impressionante. Rápidos em suas capas negras, com dentes expostos, três vampiros vieram em sua direção, se separando da marcha dos outros, que agora Sarah via nitidamente.
– Atrás dela. Antes que avisem aos outros...
Jane Volture ordenou aos três vampiros que iam em direção de Sarah.
– SIM! VENHAM ATÉ MIM!!!
Sarah disse de forma imperiosa.
Os vampiros corriam para ela enquanto que a marcha dos outros continuava ininterrupta para dentro da ilha.
Sarah focou na mente, o treinamento de Jasper. Movimentos de luta, força, agilidade e destreza. Mas Sarah não era forte no corpo, e sim na mente. É na mente que está o seu absoluto poder.
E então a praia sumiu. A noite se tornou dia. O que parecia tão perto ficou longe para os três vampiros que vinham atacar Sarah. Eles ficaram desnorteados com a estranha mudança de cenário, como se estivessem em outra estranha dimensão, onde o chão era de um rosa algodão doce e parecia se mexer como gelatina. Uma estranha mulher verde gargalhava, saltitando em volta deles.
– Bem-vindos. Bem-vindos meus primeiros inimigos. Esse é o meu reino. Prometo a vocês, uma morte doce como açúcar.
E mulher verde assim o fez. Arrancou do peito de um, algo parecido como um coração de gelo, tão rápido e certeiro, porque ela era a única que conseguia caminhar no chão rosa de gelatina com a graciosidade de uma bailarina. O vampiro tinha agora, um buraco no meio de seu peito e se apalpava incrédulo, enquanto os outros tentavam correr para longe da mulher verde, que parecia flutuar como um espectro.
– Não fujam. Venham me pegar...
Ela pedia em uma voz tão infantil, enquanto agarrava o outro pela capa e o jogava ao chão, ficando sobre o corpo, sorrindo para ele de forma tão doce como uma garotinha travessa, pronta para a próxima travessura. E quando o vampiro se sentiu quase confortável e seguro com a sua tão aparente forma angelical, o rosto verde de enfureceu e seus dentes ficaram pontiagudos, como os de um tubarão, e sua mandíbula enorme abocanhou sua cabeça, a desmembrando completamente do corpo. Ela fazia isso, soltando risadinhas élficas pelo chão cor-de-rosa enquanto o último vampiro se encolhia incapacitado de andar na gelatina do chão, vendo os soldados serem dilacerados pela mulher verde, que parecia se divertir enquanto decapitava o soldado e mastigava como se comesse gelo, a sua destruída cabeça...
Aterrorizado, tentando gritar para o exército Volture, pedir por ajuda. Pedir reforços... Mas eles tinham ido embora. Eles tinham sido abandonados.
A garota com aparência frágil, era uma bruxa verde que devorava vampiros...
– Está com medo?...
Ele se voltou para olhar em direção à voz da garota.
Ela sentou-se, calmamente ao seu lado, sorrindo com seu corpo verde.
– Não!
– Tsh, tsh, tsh... Mentiroso... Sarah não gosta de mentirosos...

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Os gritos vinham da praia. Gritos de vampiros. Gritos de medo e terror. Makilam corria até eles. Ele tinha dividido a matilha de trinta lobos, para que alguns seguissem para o acampamento e ele junto com os outros iam em direção à praia, do outro lado de onde vinham os gritos dos vampiros. Era estranho ouvir isso. Vampiros não gritam. Eles caçam de forma silenciosa e selvagem. Eles lutam assim também. Mas eram gritos de vampiros aterrorizados e pedindo clemência. Eles estavam sendo caçados por algo, ou alguém...

Milley viu os lobos correndo em grupo. A matilha que estava com Maki passou por ela como foguetes que foram acionados ,indo em direção à praia. Ela tentou gritar palavras incoerentes para eles, mas estavam todos focados nos gritos que vinham da praia, até que um parou diante dela. Era enorme e negro como a noite que ela não enxergava. Mas os olhos do filho de Sam eram expressivos demais para ela saber que era Maki, ali.
Perante o medo e os tremores que estavam começando a vir dominar seu corpo, Milley gritou para a montanha de pelos escuros à sua frente.
– Sarah ficou na praia. Ela está tentando detê-los, Maki. Eles estão aqui... Os Volture estão aqui. É uma armadilha, Maki. Eles vão atraí-los todos para cá. Eles vão usar os humanos. Todos nós, para atrair eles para cá... Eles vão morrer tentando nos salvar, Maki... PRECISA AVISAR A EDMOND!!!
Makilam ouvia a humana em seu desespero. Milley, a mulher de Edmond estava com sua roupa rasgada e suja. Havia arranhões de sangue em seu corpo. Ela devia estar correndo cegamente pela floresta há algum tempo... Ela estava quase desfalecendo sobre o chão enquanto falava, e sabia que em sua mente a imagem dela assim chegaria até Edmond...
Leve Milley de volta para o acampamento, Maki.
Era a voz do Alpha em sua mente. Makilam não podia negligenciar isso. Abaixou o dorso para que Milley montasse nele. Ela entendeu e correu para o acampamento com ela praticamente desfalecida em suas costas...
No acampamento havia uma confusão generalizada. Crianças choravam. Velhos e mulheres corriam de um lado para o outro. Sue e Emily pegavam algum suprimento e enfiavam dentro de mochilas, enquanto tentavam juntar as crianças com elas.
Sam junto com Charlie e outros faziam enormes fogueiras e juntavam as cabanas para fazer um escudo de fogo.
– Isso vai dar certo?
Charlie perguntou para um concentrado Sam.
– Provavelmente não. Mas talvez os atrase. Os lobos estão derrubando algumas árvores para atearmos fogo também...
– Vamos incendiar a ilha toda?
Charlie perguntou, não confiando no plano.
– Morreremos queimados ou como vampiros. O que prefere chefe Swan?
E com isso Charlie pegou um galão de gasolina e empapou várias cabanas com ela, ateando fogo.
– Foi o que pensei...
Disse Sam, correndo para ajuda-lo.
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Makilam teve que voltar à forma humana para ajudar Milley. Ela não conseguia caminhar. Ela estava muito machucada. Ele foi para dentro da escola, que estava uma confusão com pessoas correndo de um lado para outro. Viu sua mãe com Sue enfiando suprimentos em mochilas...
– Mãe, mãe...
Emily viu seu filho com um corpo nos braços. Estava sujo de terra e sangue, e ela correu para ele aterrorizada, pensando que ele estivesse ferido.
– Maki...
Sue veio junto com ela, reconhecendo Milley no colo. Ela estava ferida e meio desacordada.
– Coloque ela aqui, Maki.
Sue pedia, já trazendo sua mala de primeiros socorros.
– O que houve? Está machucado? Onde ela estava?
Emily fazia perguntas, uma em cima da outra, enquanto Makilam depositava o corpo de Milley na mesa, que foi feita de cama improvisada.
– Encontrei ela na floresta. Ela deve ter corrido às cegas pala mata, tentando nos avisar...
Sue e Emily começavam a limpar os ferimentos de Milley, quando ela acordou gemendo.
– Calma, querida. Você vai ficar bem...
Milley olhou para elas e depois para Makilam.
– Sarah... Ela está sozinha na praia...
Makilam afirmou com a cabeça, sumindo da escola, correndo para fora e voltando à sua forma de lobo, indo para a praia em busca de Sarah.


– O que foi aquilo?
Nahuel perguntou, tentando parecer calmo...
Giana ainda olhava para a floresta, tentando ver o regresso dos vampiros que foram enviados para pegar a garota...
– Eles não vão voltar. Estão mortos...
Aro disse sem expressão.
– Continuemos. Ela quer nos retardar... Ela virá para salvar o seu povo quando eles gritarem por suas vidas...
A horda de vampiros seguiu em direção à floresta, rumo ao acampamento...

Milley tentou se levantar. A escola estava sendo evacuada. Emily a impediu, secando o suor da sua testa.
– Precisamos sair daqui. Eles estão vindo Emily.
Milley disse, enquanto Sue preparava uma seringa com algo.
– O que é isso?
– Analgésico. Para parar com a dor... Tem cortes profundos em suas pernas, Milley.
– Para! Não, não... Deixe-me aqui. Precisam ir.
– Não seja ridícula. Não vamos a lugar nenhum, garota...
Sue disse de forma decidida e Milley reconheceu os firme traços de Leah ali.
– Não há tempo. Precisam sair daqui. Eu vou tentar levantar.
Milley tentou, mas seu tornozelo ardeu com um corte que parecia ainda sangrar. Um corte? Não lembrava dele na corrida. Nem tinha sentido, tomada pela adrenalina. Mas parecia ruim, vendo agora.
– Deite-se. Estamos todos aqui. As crianças estão sendo levadas para as montanhas pelos mais velhos. Vamos ficar aqui e manter resistência o máximo que conseguirmos, até os outros vierem para nos ajudar.
A voz de Sue é cheia de calda e energia...
– Eles não podem vir. É uma armadilha, Sue.
– Se eles não vierem, morremos todos...
Emily disse, fazendo Milley se calar.


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