Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 46
Capítulo 46 - FLUTUANDO


Notas iniciais do capítulo

MEU CARINHO TODO ESPECIAL PARA AS MENINAS QUE FIZERAM RECOMENDAÇÕES A FIC , OBRIGADA MENINAS ,♥ Flavinha AraújoRosalie hale=================================================-Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.Difícil é sentir a energia que é transmitida.Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.Carlos Drummond de Andrade---------------------------------------------------------------------------------------------



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Volterra



Jane estava indo em direção ao seu quarto, que na verdade, nada mais era do que uma cela, na ala leste do castelo, onde ficavam mais alguns guardas da escolta particular dos reis. Tudo que ela tinha lá, era uma cama de casal, com dosséis antigos de ferro, que nunca fora usada com o propósito de uma única noite de sono. Era mais aproveitada, quando ela tinha o seu antigo companheiro. O jovem vampiro Nicollai. Jane caminhava sem presa alguma pelos corredores. Tinha sido mais um dia entediante, sem nada ter sido planejado para o resgate de Lucian. Jane não queria acreditar. Mas Aro parecia protelar sobre um possível resgate do lobo. Como se aguardasse uma oportunidade mais oportuna, com uma calma enervante para Jane que não conseguir aceitar.

Ela abriu a porta de sua cela, pesada e barulhenta. Imediatamente, sentiu a presença de alguém ali. Olhou pela penumbra do pequeno cômodo, e a silhueta de um homem em sua cama, fez o seu coração de pedra se aquecer por segundos apenas…

Seu lábios se moveram em um único nome, que poderia fazer isso com o seu coração da imortal.

– Lucian.

Jane disse baixo demais. Incerto demais, para sua voz de sino.

Uma luz fraca foi acesa, iluminando o rosto de Nahuel, deitado de forma tranquila em sua cama. Suas pernas cruzadas, seu sorriso sempre debochado, caído de um lado só. As sobrancelhas arqueadas em uma surpresa divertida, pela ligeira confusão de Jane.

Jane imediatamente se consertou. Sua postura, antes de uma possível surpresa, agora era de olhar de raiva, por constatar seu engano tolo.

– Seu verme imundo. Saia de cima de minha cama!!!

Ela esbravejou com muita raiva. Em um segundo, estava à frente de Nahuel, ameaçando ele, com seu olhar sangrento de ódio.

Nahuel nem mesmo moveu um músculo de sua postura complacente e relaxada.

– Se sente tanto a falta do seu cãozinho, monami… Posso ser ele para você, por uma noite…

Nahuel disse. Mas no mesmo instante que a última palavra foi terminada, ele já estava sendo arrancado da cama. Jane não tinha paciência com jogos assim. Principalmente com Nahuel.

– Hibrido maldito. Perdeu a noção de vida e morte?

Jane vociferou, enquanto jogava o corpo de Nahuel, na parede de pedra, o prendendo com o braço em seu pescoço, cobrindo ele com dor. Seu dom foi deixando ele sem ação de defesa. Nahuel trincou os dentes. A dor, era como ser queimado de dentro pra fora. Algo como ter suas vis-seras rasgadas e queimadas com ácido. Era difícil, até mesmo pensar, em tal estágio de dor profunda. Mas Nahuel estava determinado em seu plano. E a ajuda de Jane era primordial. Ele tinha calculado os riscos e as perdas. Sem Jane, ele não conseguiria. Ele estava ali, para convencer a princesa de sangue. E ia fazer isso, custe a dor que custasse.

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( Sarah )

Desci as escadas correndo o máximo que minhas finas pernas permitiam. Meu pai me arrancou dos três últimos degraus, me levantando em cosquinhas irritantes e divertidas, das quais eu não poderia fazer nada a respeito. Então, me desfiz em protestos, dizendo que eu estava grande demais para isso. Mas ele não me deu a mínima, e continuava a me atacar com cosquinhas.

– Para, Pai…

Pedia inutilmente. Ele estava me descabelando. Eu tinha demorado umas duas horas escolhendo a roupa perfeita, penteado demoradamente meu cabelo, para que ele ficasse de lado, me dando uma aparência mais adulta, e meu pai estava arruinando tudo.

– Jacob, solte-a...

Minha mãe pediu na cozinha, com uma cara falsíssima de zangada, que não ia convencer ele a me soltar.

Com muito custo, eu sai de seus braços, dando beijos em seu rosto até a testa. Era o único jeito para que ele me soltasse.

– Muito bem, agora eu solto. Depois de pagar pela sua liberdade... Muito bem, mocinha.

Meu pai se auto bajulava… Ele é irresistível quando faz isso. Me levantei de seu colo, mesmo parecendo uma louca descabelada. Não tinha como eu ficar com raiva dele por isso.

– O senhor é incorrigível sr. Alpha.

Ele sorriu ainda mais com a minha provocação, e já me olhava de cima a baixo, com o pescoço torto em uma clara postura de análise, com a minha roupa que eu não ia trocar nem mesmo que ele apelasse para dona Nessie.

• - O que é, pai?

• - Esse short está meio curto, Sarah. Nessie, olha o short dela.

• Revirei os olhos para minha mãe, que apenas sorriu de forma descontraída, já imaginando que eu ia começar a protestar, o que eu ia mesmo. Eu estava com meu short branco, meus tênis All Star roxo e uma blusa xadrez em cima do top preto, que eu tinha demorado realmente, umas duas horas para combinar tudo, e isso ia ficar assim mesmo. Sem nada de trocas.

• Eu começava meu discurso de independência de vestuário, e minha mãe nem mesmo parecia me ouvir. Meu pai me olhava contrariado, enumerando as dezenas de calças e vestidos até o joelho que eu tinha, que eu não ia vestir de jeito nenhum.

• - E aquele que você usou no aniversário da Soy? Use ele…

• - Não dá mais, pai…

• - O macacão que sua mãe comprou para você, da última vez que estivemos em Seattle. Nessie... Diga para sua filha trocar esse short...

• Ele tentava, mas minha mãe parecia mais interessada em colocar o chocolate quente na garrafa térmica que íamos levar para a fogueira.

– Deixe ela, pai. Se a fedelha quer mostrar os gravetos que ela chama de pernas pela reserva, que mostre. Ninguém vai notar… E ela já demorou duas horas para escolher essa roupa. Se trocar, vamos chegar na fogueira, com Sam contando o fim das histórias.

• Olhei furiosa para Edmond, que estava sentado relaxadamente no sofá, com Milley. Ela deu uma cotovelada na costela dele, pelo comentário dos gravetos que eu não dei a mínima... Ele estava se achando mesmo. Aquele abusado…

• - Fique sabendo, que eu já cresci dois números Ed. Jason notou. Só você que não está vendo…

• Já estávamos discutindo, com nossas provocações normais. Então ouvimos o assobio sonoro da minha mãe tão alto, que tive que tapar os ouvidos…

• - Chega disso... Sarah, vai chamar Jason. Estamos muito atrasados…

• Eu já subia pelas escadas, mas Jason saltou, pulando do andar de cima até a sala, onde estavam todos.

• - Pela escada, filho… Tentamos agir o mais normal possível em casa, por favor…

• Meu pai pedia e Jason me deu uma piscada, me levantando…

• - Há! Por que todo mundo bagunça comigo?

• Protestei, sendo levantada pelo meu irmão gigante…

• - Adoramos ver sua cara de marrenta, Sah.

• Ele disse, me botando no chão, enquanto eu ajeitava o cabelo pela décima vez, e minha roupa fora do lugar…

• - Vamos, vamos, vamos… Por que os Black tem sempre que ser os últimos a chegar nos eventos da reserva?

• Minha mãe já expulsava todos pela porta de casa nessa hora. Imediatamente, montei nas costas de Jason, para que ele me levasse nela. Ele ria correndo comigo e vi Milley ir para as costas de Ed. Minha mãe e meu pai caminhavam normalmente, com as mãos dadas, enquanto Ed e Jason iniciavam uma pequena corrida comigo e Milley de carona em suas respectivas costas. Milley estava com as bochechas vermelhas pela adrenalina, que começava invadir seu rosto, e eu ria compulsivamente com a corrida…

• Jason foi condescendente com Ed, e deixou ele ganhar descaradamente, sem dar atenção aos meus protestos…

• - Por que deixou ele ganhar?

• Perguntei, meio com raiva. Mas Jason já não ouvia mais nada. Chegamos na clareira, onde uma fogueira alta já estava queimando e quase toda a reserva estava lá. Mas os olhos de Jason estavam cravados em uma única pessoa, que estava incrivelmente bonita aquele dia, com um vestido, o que era inédito pra mim. Ela sorriu para ele no mesmo instante que ele chegou e me colocou no chão. Seu vestido era vermelho, com flores e as costas nuas a deixavam parecendo uma modelo de uma revista do Caribe.

• Jason estava hipnotizado, e foi isso que fez ele perder a corrida. Ele já estava vendo ela mesmo de longe…

• - Jason…

• Tentei chamar, mas ele estava congelado do meu lado. Só faltava babar. Dei um cutucão bem forte no seu braço, mas ele parecia de pedra. Isso fez ele pelo menos, perceber que eu ainda estava ali do lado dele.

• - O que, Sah?

• Ele perguntou, sem nem me olhar, ainda com os olhos cravados em Leah.

• - Pare de encarar. Estão todos te olhando, mané.

• E isso pareceu despertar-lo. Ele limpou a garganta e olhou em volta. Pelo menos, percebia agora as outras pessoas presentes, que olhavam curiosas para ele. Afinal, era a primeira vez que Jason ia ouvir as histórias da tribo…

• - Disfarça, pelo menos… E limpa a babinha aqui no cantinho. Tá escorrendo...

• Ele me olhou, fingindo zanga, e eu meti o pé dali e fui procurar Seth, que eu não conseguia ver em lugar nenhum…

• - Sarah!!! Sarah!!!

• A voz de Maki, no outro lado da fogueira. Sorri, indo em direção a ele. Ele estava segurando um violão, e por algum motivo bobo, meu coração começava a bater muito rápido.

• - Ei, o que é isso? Sabe tocar, Maki?

• Em resposta, ele deixou os dedos soltos, em algumas notas como em uma balada. Fiquei toda arrepiada com aquilo e me sentei. Por que eu nunca tinha sentido arrepios daquele jeito antes? Ele soltou mais umas daquelas notas quentes, e outro arrepio percorreu na minha espinha. Eu não estava entendendo aquilo. Olhei para Maki, que já me olhava desconfiado de que algo estava errado.

• - Que foi, Sarah? Não gosta de violão?

• Minha boca abriu, para dar uma resposta plausível para ele. Mas eu fechei na mesma hora, porque Seth vinha se aproximando da clareira. Ele sempre foi lindo pra mim, mas aquela noite tinha algo a mais no meu lobo que eu não consegui identificar de imediato. Meu instinto era sempre de correr pra ele, e ele já se esticava todo, como se me procurasse, e não demorou nem alguns segundos para ele me avistar e me fazer estremecer com um sorriso... Ok! Aqueles tremores e arrepios devem ser alguma reação genética. Olhei para Maki, e ele olhava na direção de Seth, como para se confirmar o que prendia tanto a minha atenção. Ele abaixou a cabeça para o violão e notas baixas e tristonhas começavam a sair dali. Outro calafrio, como se minha atenção estivesse sendo testada, como olhar para imagem perfeita de Seth e seu sorriso desconsertante, ou às baladas do violão choroso do meu amigo, que estavam me dando arrepios estranhos.

• Sem ter muita noção do que fazer, molhei os meus lábios com a língua, desviando uma atenção meio estranha para Maki, que começava a me encarar de volta. E isso é o que nos filmes, as pessoas chamam de pintou um clima. Meus olhos se arregalaram quando eu tomei noção de como eu estava olhando para Maki e depois desviando meus olhos perigosamente para Seth, que tinha ficado preso entre algumas pessoas da aldeia, que pararam ele, para falar coisas ou mostrar algo novo. Mas ele parecia muito atento a mim, assim como eu a ele. A eles, para ser mais específica. Que loucura é essa?

• - Fiz uma música pra você, Sarah...

• Meus olhos estavam presos de novo em Seth e percebi o ponto de interrogação que rodopiava de forma invisível em cima da cabeça dele. Provavelmente se perguntando por que eu ainda não tinha corrido como uma louca, para o colo dele... Mas eu tinha ouvido perfeitamente o que Maki tinha dito. Ele fez uma música pra mim? Olhei de novo para ele...

• - Deixa pra lá.

• Ele disse e parecia meio chateado com minha atenção dividida.

• - Adoraria ouvir, Maki...

• Mas não podemos continuar. Ele apenas me encarou de volta, com olhos escurecidos, como se buscasse a verdade... Mas era verdade. Eu queria ouvir a música. Mas Sam já estava no seu lugar, o que dizia que as histórias já iam começar. Eu fiquei em uma situação difícil. Eu queria que Seth viesse falar comigo. Pela primeira vez em minha vida inteira, eu não corria desesperada para ele. Mas eu queria desesperadamente que ele viesse ficar aqui ao meu lado. Comigo e com Maki. Sim. Porque eu queria ficar bem ali com Maki e o violão dos calafrios estranhos, mas deliciosos...

• Minha respiração devia estar meio alterada. Porque Maki perguntava incansavelmente se eu estava me sentindo bem...

• Seth desviou das pessoas e veio finalmente até mim, me dando um beijo na testa, que eu fechei os olhos para absorver melhor. Ele pegou minha mão e me olhou com olhos franzidos.

• - O que você tem, bebê? ...Está muito quente.

• - Estou bem...

• Foi tudo o que eu disse, mas eu sabia que “bem”, era algo que estava longe da minha pessoa, naquele momento nada bem. Nada bem! Seth ficou com minha mão na sua e eu não fiz nenhuma força para puxa-la de volta. Mas para minha total falta de vergonha, me vi olhando para Maki ao meu lado. Ele tinha deixado o violão encostado do lado oposto do corpo, então eu deitei a minha cabeça no ombro dele. Senti ele estremecer com isso, mas não fez menção de se afastar de mim. Notei ele olhando pra mim de vez em quando e depois para Seth, como se estivesse confuso com minha atitude. Mas eu me sentia muito bem assim. Era reconfortante. Simplesmente me parecia muito certo estar ali, no meio deles. Mas a mão de Seth foi soltando da minha, como se ele quisesse me deixar sozinha com Maki... Mas eu não deixei. Segurei forte, com toda a força que eu pude. Ele não ia embora, quebrando minha corrente de sensações. Não mesmo!

• - Eu já volto, bebê...

• Ele disse e se levantou bruscamente, sem me dar chance nenhuma. Sam já começava a história. Então eu tive que ver calada, ele se afastar até sumir por um lado que meus olhos perderam ele de vista.

• - Vá atrás dele, Sarah...

• Maki sussurrou isso no meu rosto. Levantei o rosto do ombro dele, e ele assentiu mais uma vez, como em sinal de vá. Olhei em volta. Estavam todos já absorvidos pelas histórias de Sam. Meus pais abraçados um no outro. Milley admirada, entrelaçada com Ed. Jason com Leah, um do lado do outro... Notei uma expressão muito séria no meu irmão, quando olhava para Sam. Mas eu não pude ficar ali, analisando aquilo mais atentamente. Levantei sorrateiramente, somente com Maki se dando conta da minha fuga. Fui em direção ao Seth, que estava olhando sem muito interesse, a comida espalhada pela mesa, que ficava do outro lado da fogueira...

• - Com fome? Que feio! Ia assaltar a comida antes dos outros?

• Ele sorriu sem me olhar, enquanto finalmente decidia pegar os pão de milho. Mesmo eu achando que ele só pegou qualquer coisa, só para justificar ele ter ido para ali.

• - Estou com fome. O dia na oficina foi puxado. Só isso.

• - Não parece com muita fome. Na verdade, parece que veio fugido pra cá.

• Ele me olhou com a boca cheia de pão de milho, e mesmo assim ele conseguia estar lindo. Isso era totalmente desnecessário. Alguém ser assim tão bonito...

• Pisquei algumas vezes, só para acordar...

• - Acho que preciso dar espaço para você, Sah. Não precisa ficar comigo o tempo todo... Pode voltar e ficar com Maki. Eu vou ficar por aqui. Roubar mais alguns pãezinhos... Não conte a ninguém... E depois, acho que vou pra casa. Estou cansado, realmente...

• Ele falava despreocupadamente. Mas algo estava errado. Ele estava sendo, deliberadamente altruísta? Tentando me deixar à vontade, para ficar com Maki?

• - Que droga, Seth... Não faça isso...

• Ele me olhou assustado. Eu não costumava falar sério, mas eu tinha falado. Minha voz tinha até mesmo saído diferente, com uma entonação mais proeminente... Seth me olhou diferente, ou eu olhava pra ele diferente. Algo estava errado comigo, eu já estava notando. Mas o que era?

• Seth se aproximou lentamente, como se estivesse mergulhado em meus olhos, me olhando tão profundamente, que os tremores em mim começavam de novo, vindo como ondas estranhas de calor e fogo, que vinham da minha espinha até a minha barriga, como uma dor quase aguda no meu ventre. Seth respirou profundamente. Senti o coração dele batendo tão rápido, e achei estranho poder ouvir isso. Eu normalmente não poderia ouvir ele assim tão alto. Estávamos a alguns passos longe um do outro. Eu não podeira ouvir... Seth se aproximou mais, mas eu estranhamente recuei dele. Ele soltou um rosnado rouco, e eu achei que ele ia se transformar. Mas ele virou as costas pra mim, respirando muito rápido. Ele começou a andar para a floresta, me deixando ali sozinha, sem entender bosta de nada.

• - Seth?!

• Chamei. Mas isso só fez ele correr para mais longe de mim.

– Seth!?

Olhei aflita para a roda da fogueira. Mas todos estavam distraídos com a história, como embebecidos na época delas. Somente Maki parecia consciente de mim, e me olhou nos olhos quando eu parei indecisa sobre o que fazer. Voltar para a roda e ouvir as histórias, ou ir atrás de Seth e perguntar o que estava errado com ele... Mas novamente a dor no ventre me atingiu, e eu tive que me encurvar para não tombar. Maki fez um gesto de que vinha até mim. Mas eu o impedi, dizendo para ele ficar onde estava e fiz um sinal de silêncio com o dedo indicador nos lábios... Eu tinha que ir atrás do Seth, e foi o que fiz. Saí dali, me embrenhando na mata, no mesmo caminho que ele tinha tão rapidamente sumido...

Eu não sei o que estava acontecendo comigo. Mas eu estava correndo rápido. Tão rápido, que meus pés pouco precisavam tocar o chão.... O cheiro de Seth, sempre foi fácil identificar, mas especialmente hoje, ele parecia entranhado pra mim. De forma quase dolorosa. Eu poderia acha-lo em qualquer lugar se continuasse assim...

E não foi difícil encontra-lo. Ele não tinha se transformado. Na verdade, nem tinha se afastado muito. Me olhava agora, do alto de uma árvore, como se protegendo de mim ou de alguma coisa.

– O que está fazendo aqui, Sarah?

Ele me perguntou isso, em mais uma rosnado estranho.

– Você sai como um maluco na clareira e me deixa falando sozinha, e me pergunta o que estou fazendo aqui... É isso mesmo, Seth?

– Vá embora, Sarah. Hoje não é um bom dia para você ficar perto de mim.

O quê? Eu devo estar ouvindo coisas.

– O que disse?

– Sarah, vá embora!

Eu devo estar em algum sonho maluco da minha mente, só pode. Sonho não. Aquilo era um pesadelo bem horripilante. Seth não poderia estar me mandando embora. Poderia?

– O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Me vi gritando. Eu estava alterada. Me sentia queimando, com dores estranhas na barriga. E Seth não queria ficar perto de mim? Meu Seth estava me mandando embora?

Ele deve ter notado meu desespero, porque saltou bem na minha frente, daquela maldita árvore, e veio parar tão perto de mim, que me senti infinitamente pequena na ferente dele. Senti o calor abrasador que vinha dele, e aquilo me afetou profundamente, como nunca antes. Estava acostumada com o calor do Seth. Sempre foi normal pra mim. Mas não hoje. Não nessa noite estranha. Comecei uma mordida frenética nos meus lábios e olhar para Seth de cima à baixo, enquanto ele vinha para cada vez mais perto de mim e eu recuando a cada passo que ele dava, até encostar minha costas em uma árvore e ser encurralada ali, pelo corpo do Seth encostado no meu. Meus olhos se abriram. Assustada e quente demais, mordendo os lábios nervosa com aquela bagunça toda. Hormônios! Devem ser hormônios. Eles etão alterados de novo... Seth cheirou meu pescoço, e tremores estranhos fizeram meu corpo quase desfalecer. Meus olhos fecharam em uma expectativa quase de pânico. Ele segurou meu queixo com apenas uma de suas mãos, e eu ainda mordia freneticamente meus lábios.

– Pare com isso, Sarah.

Seth disse, e eu poderia facilmente me perder de mim mesma naquele momento, porque sua voz saiu de novo em um rosnado, me fazendo obedecer imediatamente. Ele olhava para minha boca, e eu sabia que ela estava meio inchada, devido às mordidas e estranhamente molhadas pela minha língua. Minha mente parecia meio congelada ali, olhando para Seth. Me sentindo quente e acalorada, querendo me jogar em cima dele, mas com medo. Porque ele me olhava com olhos de predador. Com fome. Ele nunca tinha me olhado assim, me deixando estranha e cheia de sensações que eu não entendia muito bem...

Mas eu tinha uma esperança. Algo começava a se formar na minha mente, como uma ideia de que finalmente eu ia receber meu primeiro beijo, e isso estava me deixando mais nervosa ainda, porque era o Seth. O que iria acontecer depois? O que a gente ia se tornar...

Quando meu interior já se preparava para estourar o champanhe em comemoração, senti o calor fugindo de mim, se afastando. Meus olhos que tinham se fechado por pura falta de prática. Porque eu achava que tinha que ser de olho fechado, né? Eu sempre via de olhos fechados nos filmes... Mas eu não deveria ter fechado, porque eu ia perceber antes de mais nada, que Seth tinha se afastado. Que eu não estava mais sendo super bem aquecida. Que ele tinha sumido de novo, e dessa vez muito rápido, e o barulho de roupa se rasgando chegou até mim. Ele estava correndo pela floresta em sua forma de lobo, se afastando mais a cada passada, numa correria quase desesperada... Seth tinha me recusado pela segunda vez. Ele tinha me recusado a primeira por eu ser uma criança estranha. E a segunda? Por que? Por que?

Minhas pernas, que tão valentemente me mantiverem ali por esses torturantes e quentes minutos, finalmente se entregaram ao desgaste e eu cai sentada nas folhas do chão da mata, encostando a cabeça no tronco da árvore de abeto. Fraca demais para tentar caminhar para a fogueira. Lerda demais para chorar e me desesperar por ter sido largada no meio da floresta a espera de um beijo, que só poderia ser coisa da minha mente. Ele não ia me beijar nunca. Eu só estava sendo estúpida de novo. Imprinting... Isso deve ser alguma piada de mal gosto, porque eu não podia entender essa reação do Seth, de fugir como um louco...

– Sah...

A voz de Maki me fez levantar em um susto, com a mão no peito, meio ofegante. Ele olhou de um lado para outro, como se procurasse alguém. Eu sabia que ele estava procurando o Seth, o que me fez sentir uma vergonha humilhante. O que Maki estava pensando de mim? Que eu saí como uma doida atrás de Seth pela mata e agora estava ali sozinha, no meio da floresta...

– Não alcançou ele?

– Não... Eu cansei e parei...

Disse, aproveitando a deixa que ele me deu, mesmo sem ter notado. Eu mesma não poderia ter inventado isso. Minha cabeça estava ainda sobre o efeito do calor do meu corpo. Da dor no ventre que estava começando a me incomodar violentamente agora.

– Venha, Sah! Vamos! Eu levo você até ele...

– Não! Eu não quero mais. Vamos voltar para a fogueira. Onde Sam está agora?

Fui andando determinada de mim mesma, passando por ele e tomando a frente. Mas ele segurou minha mão, obrigando-me a olhar para ele.

– O que está acontecendo, Sah? ...Você está estranha hoje...

– Hoje?

Falei irônica. E isso era péssimo. Porque o irônico da família é o Edmond.

– Não quero ser o amigo chato... Mas eu sei que você está mentindo. Não tenho o seu superpoder, mas eu sei que tem algo errado com você. Por que não me conta, Sah?

– Já beijou alguém, Maki?

Perguntei, olhando para os lábios do meu amigo. São lindos lábios. Bem desenhados e quase da cor da pele dele. Com uma tonalidade mais vermelha, que me fez quase salivar, querendo provar...

Droga, de novo o calafrio. Mas a cara de espanto de Maki me fez ficar intrigada ainda. Seth tinha me negado esse prazer. Mas Maki é meu amigo. Ele não vai me negar...

– Já beijou alguém, Maki? Me beijaria, se eu pedisse?

Ele negou violentamente com a cabeça. Mas não era um não de resposta. Era um tipo de não acredito que está me perguntando isso. Com uma negar de tipo “Acorda cara”.

– Acho melhor voltarmos. Desculpe, Maki. Hoje eu estou muito estranha. Eu nem sei o que me deu...

Me soltei do seu braço, me voltando para a trilha de volta para a lareira de La Push. Mas Maki, muito rápido, me puxou para si. E seus braços se ocuparam da minha cintura. Rápidos, quentes, acolhedores e fortes. Aqueles lábios suculentos estavam a poucos centímetros dos meus, e eu não me fiz de difícil para eles. Me atirei em cima, como uma abelha em cima da flor, extraindo seu pólen. Eu não sabia o que fazer. Eu nunca tinha na vida, beijado ninguém. Makilam sabia o que fazer. Foi me conduzindo lentamente, com movimentos macios e molhados, que me fizeram leve como uma pena no vento. Minha mente ficou vazia. De repente, a realidade foi tirada por segundos bons, e somente Maki estava ali. Só ele, eu, sua boca e depois sua língua, que entrava preguiçosa na boca, procurando a minha, achando e brincando com ela em movimentos doces e deliciosos, que me fizeram flutuar de novo, como se estivesse em uma dimensão estranha. Minhas mãos foram para o pescoço de Maki. Ele tão rapidamente me levantou mais, para ficamos da mesma altura. O beijo foi longo, como se minutos estivessem sido congelados em um espaço eterno. Só a total falta de ar na atmosfera pode fazer a gente se soltar.

Eu ofegante, segurando a mão no peito. Ele calmo, me olhando estranho, quase de forma admirativa, me soltando de leve, como se estivesse fazendo um esforço muito grande para isso.

– Maki, eu... Eu...

Ele não me deixou falar. Me calou com outro beijo, que me fez flutuar de novo , me soltando em seguida...

– Eu sei, Sarah! Eu sei. Mas eu não poderia perder isso...


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