Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 44
Capítulo 44 - O REINO DE SARAH


Notas iniciais do capítulo

Na altura em que a razão é capaz de compreender o sucedido, as feridas no coração já são demasiado profundas.
Carlos Ruiz Zafón



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(Leah)


Depois da perguntas de Emmet, ninguém mais falou na sala da casa dos Black. Estávamos todos envolvidos por uma atmosfera estranha, em que é como o preludio de muitas coisas que estão por vir. Jason tinha subido com Sarah e Edmond. Mesmo me olhando pelo canto dos olhos, em um pedido silencioso para que eu o seguisse, eu não fui. Mesmo querendo muito estar com ele a cada passo dessa vida nova, que se abria para ele. Eu não podia grudar nele como a sua segunda sombra.

Olhei para todos na sala quando o silêncio começava me parecer meio incômodo. Eles escutavam a conversa dos gêmeos. Mesmo que não quisessem, era inevitável, com sua audições hipersensíveis, mas eu não queria ficar ouvindo a conversa. Mesmo achando a voz de Jason um deleite aos ouvidos, como um afago na ponta da orelha. Eu tinha que me movimentar.

– Vou para casa. Você vem comigo, Seth? As malas de Jason ficaram comigo.

Renesmme, como se despertando do transe momentâneo, olhou para mim, com olhos assustados.

– Não, Leah! Fique. Ele pode descer e perguntar de você. E se não ver você? Vai querer procurar, andando como um louco, pela reserva.

Ela começava a falar de forma nervosa e sem parar. Jacob fez um aceno para ela, como um pedido de calma.

– Calma, Nessie. Ele vai saber onde achar Leah. Não terá problemas quanto a isso, e ele vai voltar. Naõ podemos prender Leah aqui. Ela também acabou de voltar de viagem. Mal teve tempo de ver Sue…

– Eu volto, Renesmme. Eu vou só tomar um banho, e volto com as malas dele. Tudo bem! Diga isso a ele. Mas eu acho que vai demorar. Ele deve estar cansado. Vai dormir, e acordar faminto.

Todos me olhavam com um sorriso estranho no rosto, e eu me peguei rindo também. Mas que droga! Como que eu saberia se ele ia estar cansado? Que vai dormir, e acordar com fome?

Só para confirmar com meus sentidos auditivos, de que era exatamente isso que acontecia no andar de cima. O silêncio estava quase absoluto. Somente três respirações distintas, e corações que batiam ritmados, sem acelerações. Somente ao mesmo ritmo, de respirações ressonantes.

– Eles dormiram.

Edward falou, confirmando. Renesmme já subia lentamente as escadas, sem fazer barulho algum com isso. Somente a abertura da porta do quarto, que eu supus logo que seria a de Jason, foi ouvida em um abrir e fechar. Depois de minutos, ela descia sorridente e com olhos brilhantes.

– Eles dormiram mesmo. Aninhados uns nos outros. Não é incrível essa ligação especial deles?

Jacob a abraçou concordando, e eu fui saindo, acenando para Seth vir comigo. Mesmo que ele insistisse em olhar para cima, como se esperasse Sarah descer correndo pelas escadas e se jogasse em seus braços em um beijo de adeus…

Droga de Imprintig. Eu também olhava como uma bela idiota pela escadas. Mas me obriguei a marchar até a porta sem dizer mais nada, às famílias Black e Cullen...

Seth logo estava atras de mim, na varanda da frente. Enquanto eu caminhava em um ritmo mais rápido, pois tinha uma pressa por um banho longo. Aquela corrida pela mata tinha deixado meus cabelos uma confusão, minhas unhas estavam um lixo, minha roupa suja, estava descalça... Eu estava mesmo pensando nessas coisas? Em aparências e cabelo sujo?

– Jason Black, o que você está fazendo comigo?

– Falou o quê, Leah?

Seth perguntou, com um sorriso irritante nos lábios, e eu tenho certeza que ele tinha ouvido muito bem meus resmungos, e só me perguntava para me irritar…

Bem, tudo que ele recebeu, foi um outro resmungo da minha parte…

Chegamos em casa. Eu corri para o banho. Lavar meus cabelos, me parecia um prioridade, de caso de emergência, quase. Fiquei no chuveiro por um tempo nada normal pra mim. Eu estava me tornando uma pessoa esquisita mesmo. Por que eu estava colocando shampoo no meu cabelo, pela terceira ou quarta vez, sem motivo. Já que eles estavam mais do que lavados a certa altura do banho . Era como se eu estivesse prolongando o banho por um tempo absurdo demais. Motivo na minha lavagem capilar incessante: Os olhos tempestuosos de alguém ,que minha mente simplesmente não deixava de passar como um flash back torturante e prazeroso. Uma boca tão carnuda e suculenta, que meus dentes queriam muito morder levemente, e minha língua brincar.e sentir o gosto. Os cabelos que pareciam macios demais. Brilhosos e escuros, que minha mão queria tão ardentemente bagunçar e puxar entre os dedos. Peito tão musculoso, que só de se aproximar já emanavam um calor absurdamente quente, que fazia minha respiração mais parecer nada, além de um ar sofrido, brigando nos meus pulmões.Eu tinha meus olhos fechados. Minha testa encostada na parede e minha mente passeando por cada detalhe do corpo de Jason, que eu simplesmente tinha gravado tão nitidamente e vivo no meu cérebro, como se sempre tivesse olhado para ele, e não como se eu estivasse a menos de vinte quatro horas conhecido ele…

– Leah, Leah!

Nossa! Aquela voz abençoada. Saí do chuveiro, me enrolando na toalha e sem me preocupar com o resto do sabão, que ainda escorria. Corri para meu quarto e a abracei, quase levantando a pequena Sue do chão…

– Filha, calma! Meu bem, você está toda molhada….

Ela tentava me repreender, mas sem mais sem muita convicção. Então eu ainda a abraçava.

– Vamos, filha! Me solte. Sente aqui. Vamos, vou secar você.

Eu disse que sim, mesmo porque eu não queria ficar sozinha. Minha mente estava muito estranha.

Sue me sentou na ponta da cama e foi até o banheiro para pegar alguma coisa. Logo a vi, com outra toalha e minha escova de cabelos. Ela sentou ao meu lado sem nem perceber, mas ela estava secando meus cabelos delicadamente, e vinha desembaraçando eles com a escova.

– Mãe…

– Fique quieta. Me dê esse prazer de pentear você, querida. Há quanto tempo não posso fazer isso?

Sorri, desistindo.

– Mas nada de tranças Pokahontas, por favor.

Ela me olhou, fingindo espanto.

– Você sempre que pedia as tranças, eu só fazia seu gosto, querida.

Era verdade. Mas eu nunca iria admitir algo tão absurdo…

Ela ficou concentrada em me pentear, e eu fechei os olhos. Logo o sono vinha me buscar, com seus braços de nuvens. Mas rapidamente, esses braços de nuvens se transformaram em braços grandes demais. Musculosos demais. Quentes demais, e me pegavam em um abraço nada reconfortante, nem calmo. Era um abraço de fogo. E quando eu achei que isso era muito calor. Aqueles mesmos braços me viraram tão delicadamente para frente, para que e eu olhasse para ele. Mas eu não ia abrir meus olhos. Eu não ia abrir. Porque eu sabia de quem os braços eram. Aquele calor todo, era meu e era dele, se misturando. Nos consumindo...

– Leah?

A voz da minha mãe finalmente veio, como um boia jogada em meio ao mar de fogo que eu estava prontinha pra me afogar agora mesmo.

– Oi?

– Estava dormindo sentada, enquanto eu escovava seus cabelos, querida. Deve realmente estar muito cansada.

Ela pegou uma blusa larga, na minha mochila de viagem, que estava em um canto do quarto. Eu nem tinha tido tempo de arrumar minhas coisas no lugar ainda, depois que cheguei da viajem.

– Vamos, vista isso.

Ela me estendeu, junto com um a calcinha. Eu me vesti rápido, me desfazendo da toalha em volta do meu corpo.

– Durma, Leah. Deve estar cansada demais.

Me vi apavorada com isso. Dormir... Eu não poderia dormir. Eu ia ter sonhos estranhos com ele. Eu tenho certeza disso…

– Vou dormir nada.

Disse isso, como se estivesse em alguma discussão comigo mesma. E eu estava. Mas minha mãe me olhou sem entender nada. Eu logo me consertei, dizendo que ia descer e comer algo antes.

Descmos, e Seth zipava os canais de esporte na TV. A minha blusa era grande o suficiente, e cobria bem. Virando quase uma camisola. Então tudo bem andar assim pela casa, e a noite já caia mesmo…

Mas Seth me olhou estranho, como se fazendo uma pergunta com os olhos.

– Não vai ver o Jason?

Não! Eu não ia ver ninguém. Eu tinha que tentar acalmar as coisas estranhas, que minha mente e todo o meu corpo começavam a sentir. Não que eu não soubesse o que eram as coisas que eu estava sentido. Eu sabia! Eu sou uma mulher. Não uma garota assustada, descobrindo as coisas. Mas era cedo demais pra isso. Para esse desejo insano que minha pele sentia…

– Não! Hoje não. Eu estou cansada. Ele está cansado. Amanhã de manhã eu levo as malas… Mas se quiser, pode levar pra mim… Você não vai ver a Sarah hoje?

– Sim, eu vou. Mas pensei de irmos juntos.

Ele esticou os braços, sem entender. E vai ficar sem entender, o boboca. Porque eu não ia ficar falando das coisas que estava na minha mente naquele momento, com o Sr Seth. Ele ia rir como uma hiena no pátio das zebras.

Minha mãe só olhava pra gente, acompanhando com os olhos nosso dialogo, e espalhando na mesa, guloseimas para o lanche que eu queria fazer.

– Mãe, deixa isso. Senta... Eu faço...

Tentei roubar dela, o cestinho de pão. Mas ela não facilitou, e me fez sentar para lanchar com Seth, já atacando o cesto de frutas.

– Sente e coma, Leah. Eu logo vou sair. Mas antes, quero compartilhar de uns momentos com meus filhos.

Ela ia sair? Claro! Ela mora agora com Charlie em definitivo, desde a minha partida. Eu já sabia. Mesmo antes, ela já ficava mais lá do que aqui. Então, eu não sei porque eu estava me sentindo mal por ela ir embora. Mas eu logo percebi que o motivo para não querer que ela fosse embora. Era porque eu não queria ficar sozinha. Não queria ficar sozinha com a minha mente perturbada e confusa.

Seth comeu rápido, como sempre. Conversamos um pouco. Contei da viajem, de minha amiga Cruz, me sentindo uma péssima amiga, por não saber como ela deveria estar e me prometendo escrever um e-mal, ou ligar para ela assim que possível… Mas talvez, seja melhor não. Ela deveria ficar longe de mim e de todo esse mundo louco. Minha mente pairava sobre isso, e sobre um sorriso triste e meio cínico de uma certa boca carnuda. Eu nem percebi que Seth já tinha saído, levando as coisas de Jason, e minha mãe lavava a pouca louça do lanche e me olhava com um olhar de “Estou esperando você voltar pra terra, Leah.”

– Poderia me dizer como foi? Ou isso seria muita invasão da sua vida, filha?

Meus olhos pararam nela, me perguntando o quanto eu devia estar parecendo patética, sonhadora e boba, agora…

– Mãe, eu tenho medo.

Nossa... É isso! Acima de todo aquele desejo, eu tenho tanto medo. Medo daquilo que vinha me consumindo, desde que aquele vidro de carro foi baixado. Desde que aquele olhar cruzou com o meu, e meu corpo se perdeu do chão, pairando como uma pipa no vento e com sua linha tão bem firme, sendo puxada por aquele homem. Como se a cada movimento seu, eu tivesse que ser levada com ele, obedecendo essa força, sem ter nada mais em volta que fosse importante. Só ele... Só seus olhos de tempestade. Aquela linha era fina, mas me ligava a ele tão firmemente, que eu sabia que era só ele puxar, para me tocar. Para me ter pra ele, para sempre. E ter esse tipo de consciência, era um abandono de si. Uma entrega tão absoluta a outra pessoa, que eu estava com medo. Por que havia algo errado comigo? Não tem. Eu sou uma loba. Um acidente genético. Algo estranho, até mesmo em nosso mundo. Porque não havia outra como eu. Nem mesmo a pequena Sarah é uma loba. É como se eu carregasse alguma maldição, ou como se eu fosse marcada como uma letra escarlate, dizendo, essa não é boa o suficiente. Mas por que o Imprintig? Por que ele veio?

– Não tema, Leah.

Minha mãe pegou minha mão abandonada em cima da mesa. Entrelaçamos nossos dedos, e lágrimas quentes desciam em meu rosto. E isso também era estranho pra mim. Porque eu não sou disso, de chorar.

– Mãe, pra que isso? O que posso dar a ele? Não sei se posso dar a ele uma família…

Eu nem consegui terminar a droga da frase, porque o soluço da minha garganta não permitiu. Ela só me abraçou, e eu me deixei ficar ali, aninhada em seu braços de mãe.

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(Jason)

– Droga! Eu dormi.

A cabeça de Sarah estava no meu peito e as pernas dela em cima da barriga de Edmond, que ressonava baixinho, ainda em um sono pesado como o de Sarah. Me mexi o minimo possível, a deixando ali com ele, enquanto deslizava pela cama, para deixa-los. Olhei para o quarto na penumbra, mas conseguia enxergar bem, mesmo assim e vi minha malas perto do grande closet. Elas estavam arrumadas e intactas. Eu a abri, tirando algumas roupas, para um banho. Tomei uma ducha muito boa, e demorei mais que o normal, porque eu não sabia muito bem o que fazer, depois daquele banho, já que minha barriga roncava miseravelmente, denunciando seu vazio mais que profundo. Eu ouvi as vozes no andar de baixo. Mesmo elas tendo um cuidado de parecer mais baixas que o normal, como se respeitando o sono de Sarah e Edmond. Mas será que já sabiam que eu tinha acordado? Por que não subiam?

Eles são tão gentis, que chegava a ser meio estranho não ficarem me rodeando. Mas isso é bom, não é? O que eu falaria pra eles, sobre mim… Mas eu queria saber mais sobre eles... E essa curiosidade, me fez vestir a roupa rapidamente no banheiro mesmo e descer tentando não fazer barulho algum…

Desci, e logo vi que ainda estavam todos lá, menos… Olhei meio desesperado pela porta, porque faltava alguém ali. Alguém, que só de eu não sentir a presença, me deixava muito inquieto.

– Ela não veio. Estava cansada, mas ficou de vir amanhã, Jason. Fui eu, quem trouxe suas malas.

Olhei para Seth, que sorria animado para mim, me dando aquela noticia de merda. Como ela não estava ali?

– Vou até ela…

Me virei, como se nada mais fosse importante que isso.

– Jason!

Parei na porta. Aquela voz musical,de Renesmee me chamando com um tom quase suplicante, era meio desconsertante. Mas eu devia olhar, certo?

– Eu já volto. Eu só vou vê-la e volto logo…

Eu estava argumentando, me explicando pra ela, que me sorriu tão familiarmente, com uma tigela de salada na mão.

– Ela está bem, Jason. Venha comer, querido. Depois, pode vê-la quando quiser. Mas venha... Estou ouvindo daqui, o escândalo de seu estômago.

Pra minha vergonha, era a mais pura verdade. Fui andando até ela, que me fez sentar, e logo tinha comida espalhada pela mesa. Jacob sorriu pra mim. Ele estava do outro lado da sala, conversando com “meus tios.”

Caramba! Eu nunca vou me acostumar com isso. Mas logo ele se afastou deles, sentando do meu lado. Renesmme estendia os pratos, vergonhosamente cheios, pra gente. E isso, também é estranho pra mim. Já que eu nunca comia com ninguém. Quer dizer... Eu comia, mas não com outros comendo também. Renesmme sentou e vi a quantidade ridícula de comida que ela botou pra si. Eu tive que rir.

Ela levantou as sobrancelhas, intrigada com isso.

– Isso sustenta você?

Ela entendeu e sorriu de volta.

– Sim! Por hora, sim. Mas a verdade, é que eu já cacei bem essas semanas, e isso é mais que o suficiente de comida humana que eu posso suportar. Eu bebo sangue de animais, como minha família. E isso é o que me mantem de verdade.

– Não sente falta de sangue humano?

A pergunta fez Jacob parar com o garfo, meio querendo entrar na boca. Ele ficou congelado.

– Não bebo sangue humano, Jason. Nunca bebi.

– Isso não é verdade. Ela bebia quando era uma fedelhinha…

Emmet disse, do outro lado da sala, quando brincava com o controle da TV, mudando de canal aleatoriamente.

– Sim, é verdade. Eu bebia sangue doado do hospital. Eu era pequena para caçar. Mas logo Jake me levou e me ensinou a caçar.

Ela disse, e eles esticaram os braços para as suas mãos se tocarem. Era quase elétrico isso. E no mesmo instante, eu lembrei de Leah e comecei a comer rápido demais, sendo reprendido, hora vejam só...

– Devagar, garoto. Ela não vai fugir…

Jacob olhou pra mim, sorrindo como se soubesse exatamente o porquê da minha pressa. Ele sabia? Olhei em volta. Seth jogava dardos em um quadro, com Jasper e Edward.

– Por que ele está aqui?

Sim, eu entendia porque os outros estavam. Mas Seth? Na verdade, era um misto de falta de compreensão com ressentimento, por ele estar ali e não a sua irmã.

– Vai se acostumando. Ele sempre está aqui!

Edmond descia as escadas, com cara amassada, respondendo meio de mau humor, a minha pergunta, vindo até a mesa. Logo ouvíamos os passinhos saltitantes de Sarah correndo pela escada. Eu sorri abertamente para ela. Mas ela não me viu na mesa. Na verdade, por alguns instantes, não parecia ver ninguém. Porque ela praticamente saltou das escadas para os braços de Seth, que a agarrou no ar, praticamente. Um rosnado enfurecido saiu da minha garganta nessa hora, sobressaltando a todos.

– Mas que MERDA é essa?

Minha mão se abriu no centro da mesa. Em um salto muito rápido, eu atravessei, passando por Renesmme e Edmond, que estavam entre mim e eles. Logo, mão frias me seguraram. Mas eu me desvencilhei de todos, e tinha em foco, nada além daquele cara que abraçava minha irmã, como se ela fosse dele.

Sarah me olhava com pânico. Mas isso não me desvencilhou de nada. Eu já agarrava com fúria, o pescoço do homem, o levantando até a minha altura. Mãos frenéticas socavam minhas costas. Braços frios e outro muito quente tremendo, me seguravam. Mas logo minha mente começou a chacoalhar como um chocalho. Minha mente ficou turva e uma dor dilacerante começava a quase fazer meus olhos saltarem pra fora. Eu ouvia uma voz nítida na minha mente. Uma voz de mulher, que vinha tão poderosa e raivosa, com olhos de um verde em fúria e cabelos que pairavam no ar, como se em meio a uma tempestade de ventos na minha cabeça. Eu não estava mais na sala dos Black. Eu não estava mais ali. Eu estava em outro lugar com ela, em uma penhasco e ela vinha furiosa pra cima de mim, me segurando pelo pescoço, com o mesmo movimento que eu atacava Seth.

– Não pode feri-lo! Não pode ataca-lo, entendeu?

Ela era quase do meu tamanho. Os seus olhos eram duas bolas violentas de jade e seus cabelos estavam cobrindo quase todo seu corpo, junto com o manto branco que usava. Ela era bonita e forte como uma atleta, e estava braba comigo por alguma coisa que eu tinha feito.

Suas mãos em garras em meus pescoço se fechavam cada vez mais, e eu não conseguia reagir àquilo. Eu não conseguia me mover. Então, sem mais, nem menos, ela me soltou lenta e gradativamente. Se acalmando devagar, como se alguém falasse com ela à distância. Seus olhos foram ficando menos saltados. Seus cabelos foram se acalmando e não sacudiam tanto com o vento. Até mesmo o vento, parecia estar mais calmo. Ela soltou meu pescoço, e seus braços descansaram tranquilamente ao lado do seu corpo.

– Desculpe por isso, Jason. Mas não posso deixar que ninguém machuque Seth. Ele é meu, compreende isso?

A voz dela saiu mais calma, e tão conhecida…

– Sarah!

Ela sorriu, e suas bochechas ficaram vermelhas, como se envergonhada. Logo, eu pude reconhecer os traços de Sarah naquela mulher. Mas ela foi se afastando de mim, ficando mais longe, cada vez mais. Com isso, ela ia mudando, como uma passagem, regredindo o tempo. Logo, a mulher ficou menor, menos corpulenta . Menor a cada passo que dava para trás, e menor e menor...E lá estava a pequena Sarah de novo, me olhando ainda e sorrindo timidamente. Mas ainda estávamos no penhasco. Ainda estávamos ali, naquele vazio.

– Temos que voltar, Sarah.

Eu disse, meio agoniado agora, porque ela parecia meio confusa também, como se não soubesse como fazer isso. Me aproximei dela, e ela já começava a chorar freneticamente, com sou corpinho magro balançando.

– Eu não sei como. Eu não sei como…

Era o que eu temia. Ela tinha nos levado para ali com a sua mente, como Edmond disse que ela poderia, caso se concentrasse.

– Sarah, tente se concentrar. O que fez você, me trazer aqui?

Ela me olhou ressentida, agora.

– Você machucava meu Seth. Você ia mata-lo.

Fechei os olhos, compreendendo. Ela gostava daquele cara. Mas como? Ela é só uma garotinha.

– Sarah, isso não tem importância. Agora precisamos voltar. Precisamos voltar, Sah.

Eu tentava acalma-la, mas sem muito sucesso. Já que eu também estava nervoso.

– Eu já disse que não sei voltar. Eu nem sei como viemos parar aqui.

– Se concentre. Olhe pra mim, Sarah. Se concentre.

Eu já estava sacudindo ela pelos ombros. Suas lágrimas saltaram pela bochecha, escorrendo sem parar. Eu me senti um merda por isso. Eu não era bom com ela. Se ao menos Edmond estivesse aqui, ele saberia acalma-la. Ele a acalmou tão bem, no dia que nos vimos na floresta. O que ele fez?

Minha mente não está em ordem. Eu não estava ali. Se aquele lugar se existia, eu não saberia dizer. Mas eu sabia que nada daquilo era real. Aquela era a mente de Sarah, que tinha me transportado para aquele lugar. A mim e a ela. Porque ali, ela era forte. Ali, ela poderia ser tão forte quanto eu, ou qualquer outro. E logo eu sabia exatamente o que fazer. Eu a abracei bem forte, mas não o suficiente para machuca-la. Era só para mante-la comigo, para que ela voltasse junto comigo. Ela tinha que voltar também. Eu não ia deixar ela ali sozinha nunca. Ela me abraçou de volta, mesmo eu sentindo um pouco de ressentimento ainda entre nós. Ela ainda estava meio braba comigo.

– Me perdoe, querida. Eu não sabia que ele era seu, está bem? Eu não vou machucar seu Seth…

Aos poucos, o seu corpo foi relaxando, como se finalmente encontrasse a verdade em minhas palavras.

– Mas eu não sei voltar. E se ficamos presos aqui pra sempre, Jason?

– Tente ficar bem calma. Eu também estou tentando ficar bem calmo.

Relaxamos mais juntos, ouvindo o barulho das batidas do nossos corações, que antes não ouvíamos, porque não eram nossos corpos que estavam ali. Eram só as nossas mentes, e tudo mais era projeção de Sarah. Ela construiu um céu, uma montanha, um lugar inteiro, nosso próprios corpos. Por isso a vi grande. Eu a vi, como ela será algum dia, em toda seu esplendor de mulher adulta, forte e poderosa. Eu me perguntava se ela teria consciência disso. De que ficaria assim. Mas eu achei que não, porque ela nem mesmo lembrava como voltar, depois de me atacar violentamente.

Deixei meu escudo nos envolver. Essa parede invisível, que eu projetava fora de mim. Mas ali, naquele lugar, isso parecia impossível. Porque eu não era físico. Eu era mente, e minha força de nada valia ali... Aquele era o reino de Sarah. Ela é a força aqui. Ela é o comando deste lugar.

Minha voz saiu meio incoerente. Eu não lembrava muito bem da droga da música. Mas a melodia eu sabia, e fui embalando ela nesse ritmo. A bendita música da borboletinha, em quase murmúrios, saiam da minha garganta. Sarah parava de chorar finalmente, e logo eu a ouvia cantar baixinho no meu ouvido, me guiando na melodia certa. Hum, hum, hum, hum...

Em um ritmo macio e doce. Novamente ouvíamos nossos corações batendo mais rápidos e mais alto, enquanto cantávamos um para ou outro. Eu em murmúrios e ela em palavras doces, e baixas num ritmo tranquilo, quase de sono.

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(Leah)


Ele começava a se agitar de novo na cama. Eu me aproximei, segurando seu braço, que se contraíram. Nessie segurava o outro… Um dia, dois dias? Eu não queria nem pensar sobre isso. Das vezes que Carlisle tinha vindo, ele apenas trocou o soro com a mesma dificuldade de sempre. Já era o quarto, e era tudo que podíamos fazer… Sarah no outro quarto, parecia um pouco melhor, mais corada. Jason parecia estranho. Seus lábios ressecados, sua pele menos quente. Depois dele ter se acalmado e ter parado de se mexer, eu e Nesssie o soltamos, nos olhando apreensivos.

– Acho que ele precisa de sangue, Nessie.

– Sim, também acho. Carlisle vai trazer do hospital. Mas precisa ir até Seattle. Você sabe, que para todos os efeitos, Dr. Carlisle pode andar em Forks.

– Eu posso caçar. Edmond pode caçar.

Ela me olhou, quase de forma compadecida, e isso foi um choque pra mim. Pois ela estava nevosa e preocupada, e tinha dois filhos em estado de coma temporário e se mantinha com uma dignidade impressionante. Eu estava à beira de um ataque histérico. A minha cara queimou na vergonha absoluta. Mas eu não me importava. Porque Jason era o mais importante pra mim. A minha dignidade que fosse para merda.

– Ele está fraco. O sangue humano é mais forte, mesmo para ele Leah.

Ela saiu calmamente, me dando suaves batidas de consolo no ombro. Ouvi seu passos, indo para o quarto de Sarah, onde Jacob estava, e logo ele viria pra cá, em um revesamento que ele tinha seguido estes dois dias. Então, eu tinha aqueles míseros segundos sozinha com ele. Respirei fundo, inalando seu perfume, que já estava em todo lugar daquele quarto. Sentei na ponta da cama, só para afagar seus cabelos em meus dedos e sentir a macies. Meus dedos tão brevemente ficaram ali e escorregaram na linha do seu rosto, contornado o maxilar mais perfeito que eu já tinha visto. Eu poderia tão rapidamente tocar seu lábios, e com isso ter sua respiração dentro de mim, passando pra mim. Eu devolveria a minha para ele, com a esperança de desperta-lo com isso... Lágrimas teimosas corriam de novo do meu rosto. Eu já estava me acostumando a elas. Jason as trouxe consigo. Minhas lágrimas, que tinha secado há tanto tempo. Elas não se esvaiam assim com tanta facilidade antes. A Leah durona estava se esmorecendo em lágrimas, por causa do garoto.

Jacob estava na porta. Ele devia estar ali há algum tempo, mas nada disse. Nem mesmo parecia respirar, para denunciar sua chegada. Mas eu logo me afastava de Jason, meio perdida, sem saber mais o que fazer.

– Vá pra casa Leah. Tome um banho, ou durma um pouco.

Olhei para ele, como se ele fosse um louco e estivesse a falar absurdos. Porque nada no mundo me tiraria dali.

– Não vou a lugar nenhum!!!

Ele fez um sinal de rendição e apontou para a bandeja de comida, que estava ali já a algum tempo, deixada por Esme.

– Então coma, para que fique em pé e esteja bem de saúde quando ele acordar, Leah. Ele não vai gostar de saber que ficou aqui sem comer e sem dormir esse tempo todo...

E lá íamos nós. Jake e eu, na nossa discussão diária. Quer dizer. Ele falava e eu fingia que ouvia. Porque eu me sentia muito fraca na verdade, para discutir com ele...

– Jason precisa de sangue.

Eu disse de novo, enquanto ele ainda falava sobre a bandeja de comida, que era para eu comer.

– Sim, Carlisle já vai trazer.

Olhei pra ele, mordendo meus lábios com um pouco de força desnecessária. Estava com medo de estar sendo louca.

– Pode tentar, Leah. Não acredito que isso faria mal a ele.

Edward apareceu como uma sombra na porta do quarto de Jason. Todos estavam aqui, desde o acontecido. Mas não só por isso. Estamos em alerta máximo. Sabíamos, que com a chegada de Jason, poderíamos receber visitas italianas. Por isso, todos os Cullen estavam em La Push, e a reserva tinha se transformado em quase um estado de sítio, com toque de recolher e tudo. Tudo era vigiado. Todos os lobos em rondas contínuas e com rodízio de escala, que Jasper e Jacob tinham programado quase de forma militar. Ninguém estava sendo poupado. Somente Seth e eu estávamos meio que sendo poupados. Já que nossas mentes estariam sempre desconcentradas, por causa de Sarah e Jason… Jacob saía com Edmond às vezes, para checar o perímetro. Mas mesmo eles não se demoravam. Os Cullen estavam na vigília, também em rodízio de escala. Porque tinham a pequena Aurora, que ainda é pequena demais, mas parecia entender que algo errado estava acontecendo em seu pequeno mundinho, que a cada dia se ampliava. Ela vinha por vezes ficar no quarto, trazida por Rose, que dispensava uma atenção muito zelosa para Jason. Conversava com ele e Aurora ao mesmo tempo, como se ele pudesse ouvir. Ela me incentivou a falar com ele às vezes. Mas eu me sentia meio estranha com isso. Então, tudo que eu conseguia fazer, era às vezes segurar sua mão na minha. Afagar seus cabelos e seu rosto mais cedo, foi o mais próximo que eu tinha chegado dele. Mas a ideia do sangue vinha girando na minha cabeça. Edward fatalmente ouviria, nessa hora.

– Poderia fazer mal a ele.

Afirmei isso, sem ter muita certeza. Eu não queria acreditar que poderia machucá-lo, nem com meu sangue estranho.

– Podemos tentar. Ele não é venenoso com Edmond, Carlisne já disse isso.

Mas mesmo que fosse, eu não me importaria.Eu pensei isso, mas logo me repreendi, porque aqui, os pensamentos, eram como ter vozes na cabeça de Edward.

– Não posso fazer nada quanto a isso.

Ele disse, e eu revirei os olhos, sentando de novo na cama. Edward me estendeu uma pequena faca, mas muito bem afiada, que o sabidão já tinha trago com ele, por ter lido minha mente de antemão.

– Terá que fazer rápido. Ele não vai sugar, porque está desacordado. Então, derrame bem dentro da boca dele, para que desça, Leah.

Edward foi orientando. Mas antes de eu cortar a palma da minha mão, ele saiu do quarto. Porque eu começava a tremer e ficar quente demais. Jacob ficou do meu lado e levantou um pouco os travesseiros de Jason, para que ele ficasse numa posição melhor. Deixei a lâmina descer pela palma da minha mão, em um corte profundo, para que pudesse verter uma boa quantidade de sangue. Meu sangue não ia ser um problemas para os vampiros. Ele não são fãs do sangue dos lobos. E o meu, definitivamente não era diferente. As gotas caíam, pingando nos lábios de Jason. Eu me aproximei mais. Jacob abriu a boca de Jason, e quando a cicatriz já ia fechando de novo, ele começou a sugar de mim. Recebi quase um choque, quando senti seus lábios na minha mão, sugando tão devagar. Nada brutal, como se soubesse que era eu. Que tinha que ser assim lento. Mas logo o ritmo foi aumentando, e senti fortes sugadas na minha mão. Seus dentes cravaram na carne, bem perto do meu pulso, em um lugar meio perigoso. Pois era a veia cefálica que vai direto ao coração. Tentei puxar de volta, mas ele estava faminto e me deixei ali com ele. Mas mãos frias me puxaram para longe, quando minha vista ficou muito escura. Eu sabia que logo cairia na inconsciência. Mas pude ver Nessie tomando meu lugar. Jason sugou o sangue dela, com a mesma fome que sugava o meu. Ela estendeu a mão, e ele tão avidamente já cravava os dentes nela, sem ela ter proferido um único suspiro de dor. Me vi sendo levantada por Jake. Mas eu nada podia fazer. Fraca e sem força alguma para protestar, me vi só. Minha mente tinha uma vaga noção do que estava acontecendo. Mesmo meus olhos, eu não conseguia abrir. Só senti meu corpo sendo deitado em lençóis macios, com cheiro muito doce de flores. Logo percebi que mãos frias me empurravam algo, que parecia uma sopa, pela garganta. Eu me esforçava muito para beber, porque sabia que tinha sido uma estupides da minha parte, ficar sem comer. E isso era o que tinha provocado o desmaio de mulherzinha, e não a sede de Jason.

– Beba, Leah! Vamos, seja a moça forte que sempre foi e beba mais um pouco.

A voz sempre gentil de Esme, me empurrando mais uma colher de sopa. Era quase um calmante. Abri os olhos, meio que torpemente, ainda.

– Ele vai ficar bem! Ele se alimentou e voltou a dormir. Por que não toma a sopa toda, e faz o mesmo. Vamos ficar bem para ver nosso JB bem?

Eu ia fazer qualquer coisa. Afinal, ser um estorvo aqui não será nada útil. Sarah caída, Jason caído e eu caída pela minha total estupides. Era demais para a família. Tomei aquela sopa toda sem protesto, o que deixou a vampira toda sorridente. Caí num sono muito suspeito, e levei um susto quando percebi que eu tinha dormido o dia inteiro e já era noite alta. Isso é inaceitável. Ninguém tinha me acordado. Saí do quarto, do qual eu imaginei que fosse o quarto de hóspedes. Fui para o corredor, e passei pelo quarto de Sarah. Ela tinha acordado. Estava tomando sopa com Seth, fazendo aviãozinho e tudo pra ela. Isso me encheu de calor. Porque se ela tinha acordado, ele também deveria estar acordado. Mas por que ninguém me chamou? Será que ele não perguntou por mim. Mas o quarto estava quieto. só Renesmme estava lá, silenciosa e deitada ao lado dele, segurando sua mão. Pequenas lágrimas caiam de seu rosto, e assim que ela me viu, as enxugou. Porque estava tentando ser forte e não chorar o tempo todo, como eu. Era como se tivéssemos trocado de papéis momentaneamente. Porque eu chorava o tempo todo, e bem alí, estava eu chorando de novo. Por que ele ainda estava dormindo?

– Ele está mais corado, e Carlisle tirou o soro. Mas não acordou ainda, Leah. Assim que Sarah despertou, eu achei que ele voltaria. Mas nada, ainda…

Ela falava, e ia se levantando da cama. Beijou a mão dele, que estava segurando e foi para o banheiro lavar o rosto e se recompor. Eu sentei, ou desabei, sobre a poltrona do quarto dele, do qual eu já começava a fazer parte. Porque eu estava ali há três dias. Mas tinha dormido algumas horas, pelo menos. O que me daria mais algum tempo de vigília. Nessie saiu do quarto. Disse que Jake e Edmond estavam na ronda, e ela iria ver Sarah. Só acenei com a cabeça, concordando... Começava a olhar pela janela, e vi o fio de luz noturna que entrava pela janela. Queria ir até a janela para espiar a noite, e tentar ver alguém na ronda. Mas minha mão foi agarrada por outra pesada e firme. Antes mesmo de eu mover um músculo para levantar da poltrona, meu coração começou com o cortejo da bateria de uma escola de samba, com o bumbo na frente. Jason me olhava, ainda deitado, mas com os olhos bem abertos, finalmente. Segurava minha mão tão firme...

– Ei Lobão, que foi isso? Eu deixo você por algumas horas, e você se perde no mundo perfeito de Sarah?

Era uma piada cretina, eu sabia. Mais tinha que falar alguma coisa banal, porque o barulho do meu coração era uma vergonha nessa hora. Ele ficou, me olhando com seu olhos perturbadores. Quase me agarrei na poltrona, porque eu queria muito, muito mesmo abraça-lo e beijar aqueles lábios.

– Deve ser um sinal, então…

Ele falou, e sua voz estava muito rouca, como se vinda de longe, ainda. Levantei as sobrancelhas, sem entender o que era o sinal. Ele tão fortemente me puxou pra si, me arrancando da poltrona.

– Que não pode ficar longe de mim, Leah.

Eu estava praticamente em cima do seu corpo. A minha mão espalmada em seu peito nu, sentindo aquele calor atormentador percorrendo cada fibra do meu corpo. Nossos rostos estavam tão próximos, que eu podia sentir sua respiração na minha pele, e sabia que ele sentia a minha também. Elas começaram a ficar irregulares e bagunçadas ao mesmo tempo em que iam se igualando. Ele olhava para meus lábios e depois para meus olhos. Era tão claro o que ele queria, que minha língua passou por minha boca, como se preparando pra isso. Mas ele não se moveu. Ele protelava…

– Eu não machuquei seu irmão?

Tive que piscar umas duas vezes, para entender quem era meu irmão…

Mas eu precisava me afastar dele, para pensar melhor. Mas ele me abraçou, quando percebeu o que eu ia fazer. Quando percebeu que eu tentava me levantar e voltar para a poltrona segura. Onde ar parecia menos rarefeito. Num movimento muito rápido, me deslisou sobre ele, me deitando ao seu lado, onde Renesmme tinha deitado. Ficou de lado me encarando com suas sobrancelhas muito juntas e apertadas, que faziam dobrinhas, que eu queria beijar, porque eram dobrinhas de preocupação. E eu não queria elas ali. Era insuportável aceitar que algo estava atormentando a mente dele.

– Ele está bem! O cabeça dura está bem.

Disse, recobrando minha lucidez.

– Sarah já acordou?

– Sim! Primeiro que você. Está tomando sopa agora. Quer que eu chame alguém? Sua mãe ficou aqui o dia todo…

Ele fechou minha boca com dois dedos, e seu polegar deslizava sobre meus lábios, fazendo todo o meu sistema nervoso entrar em um frenesi…

– Agora não. Deixe ela ficar com Sarah.

Ele disse, me hipnotizando com seu olhos escuros.

– Onde estão todos, Leah?

Ele perguntou, e eu fique boba, como ele conseguia sentir que faltava gente, na casa cheia.

– Estão na ronda. Temos que ficar em vigia máximo, agora que está aqui, Jason. Ele parecia pensar, e retirou sua mão do meu rosto. Eu senti muita falta daquele toque. Queria ardentemente pegar a mão dele de volta e encostar no meu rosto de novo. Nossa, como eu já estou dependente dele...

– Sarah disse que seu irmão é dela.

Eu arregalei os olhos, porque eu não espera ouvir isso. Ele percebeu minha surpresa e continuou.

– E do jeito que seu irmão olha pra ela, é como se isso fosse normal. Ele sabe que ela também é dele. Quase matei seu irmão por isso, e vou tentar ficar bem longe dele. Porque fiz uma promessa para Sarah, que eu não ia mata-lo. Mas preciso entender o que é isso, Leah. Ou não sei, se vou poder cumprir minha promessa. Eu começo a ficar preocupado que ninguém nessa casa tenha notado tal coisa.

Respirei fundo. Me ajeitei na cama da melhor forma a ficar sentada, encostada nos muitos travesseiros. Nem tentei levantar. Porque eu sei que ele ia me impedir. Porque tudo que ele falou, foi com tanta calma, e me olhando profundamente nos olhos. Ele realmente estava confuso, tentando entender e se controlando ao máximo, para não arrancar a cabeça de Seth. E a visão do meu irmão sem cabeça, me causou uma tremor e ele percebeu. Segurou minha mão nessa hora, a levando para seu peito, e isso me acalmou imediatamente.

– Ele nunca machucaria sua irmã, Jason. Ele é o irmão mais carinhoso, o amigo mais fiel, o pai mais zeloso. Ele é dela, para o que ela precisar que ele seja. Muito mais do que ela saiba, ou possa entender ainda. Não haverá nunca, amor mais sincero pra ela, nem mais forte ou mais perfeito. Porque ele foi feito somente pra ela, e por ela. Se ela, quando crescer e for uma mulher o quiser, ele será dela. Caso não, ele ficará ao seu lado até quando ela permitir ou quiser. Ele só fará o que ela pedir. Ele só irá até onde ela deixar que ele vá. Porque ele a ama. Porque ela é sua impressão. E mesmo antes de ele existir, ele foi marcado pra ser dela para sempre.

Eu tive parar de falar essa hora. Porque, por mais que eu tivesse falando sobre Seth, eu nunca tinha falado do imprinting dessa forma tão melosa. Jason parecia absorver minhas palavras, como se as bebesse. E mesmo que eu tenha dito tudo isso sem olhar pra ele, eu sentia seu olhar sobre mim, como me queimando. Ficou óbvio que eu não tinha consigo me expressar muito bem, e ele não tinha entendido bosta nenhuma. Mas toda a emoção do momento, tinha me atrapalhado totalmente. Me vi toda emocionada, como uma idiota romântica e nevosa, olhando fixamente para a janela e o bendito fio de luz da lua, que iluminava o quarto. Senti ele se levantando e vindo pra mim. Mesmo sem poder olhar pra ele, eu tinha estragado tudo. Seth ia morrer sem cabeça, porque eu não conseguia explicar a merda do imprinting, sem ficar toda suspirosa e apaixonada...

– Leah, olha pra mim.

Se meu corpo pudesse derreter, seria uma possa líquida agora. Porque aquele homem estava com sua mão no meu queixo tão suavemente, me fazendo virar para olhar pra ele. E eu parecia uma bruxa chorando. Mas ia virando, obedecendo. Porque ele é a linha que me mantinha. O fio poderoso, que não deixava meu corpo pairar perdido no mundo. Seu polegar veio de novo brincar na minha boca, enquando sua mão gentilmente tirava alguns fios de cabelos bagunçados do meu rosto, prendendo atrás da minha orelha.

Ele se aproximou mais, colando nossos corpos. Meus braços ganharam vida, e foram para seu pescoço, encontrando a sua nuca. Minha boca se abria oferecida ardentemente por ele. Ele soltou um rugido meio abafado, mas tão sensual, que eu comecei a esquentar em partes nada descentes de mim. Poucos centímetros me separavam da boca mais bem desenhada que eu conhecia. Mas passos impertinentes chegaram a nossos ouvidos. Nos dele primeiro, porque ele me abraçou, como praticamente me escondendo em seu peito. E mesmo ali, eu estava em perigo de me afogar com o cheiro dele. Meu rosto em seu peito. Se foi para me proteger da vergonha, tinha sido um péssimo lugar. Porque era muita tentação estar colada com o rosto no seu ombro. Então levantei rápido daquela cama, que parecia o pedacinho do céu que eu abandonara de repente. E foi no momento exato, pois Sarah já pulava na cama, em cima dele, distribuindo beijinhos no rosto dele. Jason ria e levantava ela no alto sem o menor esforço. Seth olhava cauteloso da porta com Nessie, que sorria toda emocionada pra eles dois. Ele apenas olhou para Nessie. Mas foi diferente dessa vez. Não havia mais raiva ali. Ela se aproximou dele, meio exitante. Encostou de leve sua mão na testa dele. Jason ainda segurava Sarah nos braços e não recusou o carinho de Nessie. Sorri para ele, porque senti que ele estava se esforçando muito para cicatrizar suas feridas. Ele olhou pra mim, captando meu sorriso de aprovação. Me corpo ainda estava hiperventilando vergonhosamente sobre o olhar dele. E tenho certeza que ele sabia disso…


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Notas finais do capítulo

Minha amigas (o) , desculpe os atrasos , mas eu preciso as vezes de um tempinho , pra botar a mente em ordem , todos os capítulos estão atrasados , devido a mente dessa que vos falar esta meio retardada no momento , peso desculpas mais uma vez , mas não se preocupem , nunca deixaria MAI 2 sem final . Mas atrasos vão ocorrer de agora até o final desta saga :(. Não fiquem com raiva da titia Lili e uma pequena fase "espero "
bjs .



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