Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 40
Capítulo 40 - DE LUCIAN A JASON - 2


Notas iniciais do capítulo

Se alguma coisa é importante, tudo importa. Como você é importante, tudo que faz é importante. Todas as vezes que você perdoa, o universo muda; Cada vez que você estende a mão e toca um coração ou uma vida, o mundo se transforma; A cada gentileza e serviço, visto ou não visto, meus propósitos são realizados e nada mais será igual."

Livro: A Cabana



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(Sarah e Ed)

 

— Edmond. Edmond! Acorde, acorde!

Edmond tentava focar o rosto de Sarah, mas sua mente parecia estranhamente lotada de pensamentos disconectos. Ele esfregou os olhos, tentando inutilmente limpar a mente. Ele ainda estava sonolento. Sarah sacudiu ele com força, pelos ombros.

— Acorde, Edmond! Não está me ouvindo? Vamos, ande! Levante!

— Droga, Sarah! Pare com isso!

Edmond pede, tocando a cabeça com as mãos. Mas Sarah está cada vez mas impaciente. Sarah deu um cascudo na cabeça de Ed, e ele começava a achar que a força estava com ela, porque sentiu a cabeça girar com a força dela.

— Sarah, para com isso, já acordei!O que está fazendo com minha cabeça?

— Não sou eu Ed!

— Quem é, então?

Edmond encara Sarah e vê o brilho intenso de seus olhos, e um sorriso que rasga seu rosto.

— Jason! Ele está aqui, Ed!

— O quê?

— É ele! Está na floresta. Precisamos encontra-lo!

— Sarah, você está sonhando?

— Não! ...Se concentre, Edmond!

Edmond começava a achar que ia tomar uns tapas na cara dela. Ela estava perdendo a paciência.

— Você pode, Ed. Pode senti-lo também, Ed.

Edmond fechou os olhos, para tentar se concentrar, como Sarah falava. E ele pôde sentir a bagunça que estava em sua mente foi se organizando, como documentos na gaveta. Uma energia estranha envolvia seu corpo, como se ele estivesse se envolvendo em uma bolha, que era um escudo poderoso e invisível. Não era uma sensação desagradável. Era forte e protetora. Familiar. Saltou da cama em um pulo. Olhou assustado para Sarah, que sorria, confirmando que estava sentindo a mesma energia.

— Sarah, seria... Seria possível?

— Ele voltou, Edmond... Voltou para nós!

Os dois se abraçaram e correram para fora da casa. Edmond logo se transformou em seu lobo. Sarah subiu em suas costas, e os dois correram na direção que seus instintos os guiavam.

 

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Lucian sentia o cheiro de vários rastros naquela estranha floresta molhada e úmida, com árvores de abeto e pedra com musgos permanentes. Verde em todos os lados e o cheiro de chuva. Terra e mar. Parecia ser perpétuo no lugar. A mesma floresta dos seus sonhos. A mesma, que era estranhamente familiar a ele. Sua cabeça doía e seu corpo estava estranho. Sentou, encostando na árvore, segurando a cabeça entre as mãos. Ficou ali por segundos, tentando esvaziar sua mente. Tentando colocar as coisas em seus devidos lugares. Inutilmente. Levantou a cabeça, quando ouviu pegadas no solo se aproximando. Era um lobo, ele logo concluiu. O cheiro era estranho. Não como os da oficina.

Levantou-se, se mantendo imóvel, em uma postura defensiva, pronto para um possível ataque. Mas sua postura morreu, quando viu o lobo a sua frente, com a garota montada em seu lombo. O lobo era impressionante, quase do seu próprio tamanho. Mas tinha algo diferente nele...

— Como ele?

Lucian tentou falar, mas não conseguiu. Ele queria dizer que podia sentir o calor que vinha deles. A energia estranha. Mas resolveu se calar, por precaução.

A garota saltou do lobo. Devia ter ser uns treze anos. Não mais que isso. Seus olhos verdes, pareciam vidrados nele.

Sentiu mais um choque de energia. Sentiu seu corpo revigorar, como se tivesse recebendo uma carga extra de energia.

— Jason!

A menina falou, e sua voz parecia vinda de um sonho. Estava visivelmente emocionada. Lucian recuou. Conhecia aquela voz. Já tinha ouvido ela antes, há algum tempo. Mas ainda era a mesma voz de sino.

— Jason, meu irmão!

Olhou a garota, toda emocionada à sua frente. As lágrimas que brotavam, como cristais saindo de seus olhos bonitos, e sua face gentil e terna. Lucian queria abraçar aquela criança, que vinha sem medo em sua direção. Mas, não. Isso podia ser uma armadilha. Lucian enrijeceu o corpo, recuando mais ainda. Ela, fatalmente o confundia com outra pessoa.

O lobo que tinha vindo com ela sumiu de seu campo de visão e Lucian percebia que ele não estava longe dali. O cheiro dele não se afastou. Era um cheiro diferente. Lembrava os dos vampiros. Canfora e floresta molhada. Ele estava voltando a sua forma humana.

— Deve estar me confundindo com outra pessoa, garota. Meu nome não é Jason.

Sarah esticou a mão para toca-lo. Mas, mais uma vez, ele se afastava dela. Ele é tão grande. Ela mal alcançava seus ombros.

— Sarah, não! Espere!

A voz de Edmond em suas costas, fez com que ela parasse.

— Ele não sabe quem somos, Sarah. Tenha cuidado.

Sarah se virou para Edmond.

— É claro que ele sabe!

Ela disse com uma certeza, cheia de esperança.

— Não sei, não... Quem são vocês, afinal?

Lucian disse com convicção, e a pergunta num tom mal humorado. Estava visivelmente aborrecido agora, pela situação estranha.

Sarah olhou apreensiva para ele, se afastando em direção à Edmond.

— Não sabe quem somos?

Ela disse, sem acreditar.

— Não! Obviamente estão me confundindo com outra pessoa.

— Quem você acha que é?

Edmond perguntou e não teve como não rir da cara de confuso, que o homem a sua frente fazia. Ele recebeu um rosnado de leve, mas irritado agora.

— Não acho que sou! Sei quem sou. Meu nome é Lucian. Não gosto do jeito que fala comigo, garoto.

Edmond soutou um som de deboche com os lábios. Lucian ficou encarando ele, sem acreditar na audácia do garoto, que claramente estava debochando dele.

— Não vai querer fazer isso, garoto. Não sabe com quem está lidando.

— Parem os dois, agora mesmo!

Sarah pediu de forma exigente, encarando ambos, por um tempo e parando em Lucian.

— Não sabe mesmo quem somos, então?

Lucian olhou mais atentamente para a menina. Seus olhos verdes e doces. Sua pele de creme bonita. Suas bochechas rosadas e lábios em forma de coração. "O garoto a chamou de Sarah... Seria possível? Sua pequena Sarah. Ela existia de verdade?" Os olhos de Lucian foram para o garoto. Ele estava maior e mais forte. Eram eles!

— Estou dormindo?

Lucian encostou a mão na cabeça, confuso. "Dormi encostado na árvore. Só pode ser isso."

— Não está dormindo. Dê um tempo a ele, Sarah.

Edmond tentava confortar a irmã, que não conseguia esconder a ansiedade.

Eram eles de verdade. As crianças dos sonhos. Eles existiam mesmo. Não era fruto de sua imaginação. Mas por que me chamam de Jason? Quem é Jason?

"É você!"

Sarah o tocou no braço, suavemente, somente com as pontas dos dedos. Ela tinha falado com ele, usando seu dom. Lucian estranhou ela ter entrado em sua mente, mas lembrou que ela sempre conseguia falar com ele em sua mente, nos sonhos.

— Não... Você sabe meu nome, Sarah. É Lucian, não lembra?

Sarah abaixou a cabeça, tentando esconder as lágrimas da emoção que invadia seu peito. Edmond a puxou para si, abraçando-a e beijando o alto de sua cabeça.

— Ele não sabe quem é, Edmond. Ele não sabe!

Sarah falava, enterrando o rosto no peito de Ed, deixando as lágrimas caírem livremente por seu rosto.

— Calma, Sarah! Ele vai se lembrar. Vamos ajuda-lo. Mas precisa se acalmar, minha irmã.

Lucian olhava aquela cena tão fraternal e familiar. Queria conforta-los de alguma maneira.

— Eu não sei quem é esse Jason. Mas não sou eu. Sinto muito!

Sarah ergue a cabeça, esticando o pescoço, para falar com Ed.

— Edmond, fale com ele. Por favor, não deixe ele ir embora de novo.

— Calma, Sarah. Preciso que se acalme e mostre à ele. Só você consegue, Sah. Mostre à ele.

Edmond disse, segurando seus ombros, a incentivando a se acalmar. Sarah secou as lágrimas, confirmando com a cabeça, para Edmond. Ela olhou para um Lucian, atordoado e confuso.

— Seu nome não é Lucian. Seu nome é Jason, e você foi entregue para Volterra quando pequeno.

Sarah o tocou mais uma vez no braço. A mente de Lucian foi invadida por imagens nítidas, como se estivessem passando na sua frente. Eram as lembranças de Sarah quando criança, brincando com seu irmão na praia, fazendo castelos de areia. Depois, eles caçando animais, como Lucian fazia. Correndo de novo, para os braços de alguém de cabelos cor de bronze. Era Sarah, com uma mulher. A mulher se abaixa para pega-la. Seus risinhos se misturavam aos da mulher, que estava com o rosto escondido no rosto de Sarah, em um beijo na bochecha. Ela fez cócegas em sua barriga e riram de novo. Então Lucian pôde, emfim ver seu rosto. Renesmee, era mãe de Sarah e do garoto também. Lucian sentiu seu coração, como uma pedra que deslizava montanha abaixo. E as imagens sumiram.

— Não! Não me bloqueie, Jason. Por favor! Deixe-me mostrar tudo a você!

Lucian tinha os olhos saltados, como se fosse pular de seu rosto.

— O quê é isso? Que tipo de brincadeira é essa?

— Não é brincadeira. É verdade. Seu nome não é Lucian. Você é nosso irmão Jason, que teve que ir para Volterra, viver com nossos inimigos.

Sarah falou e sentiu de novo seu corpo queimar pelo calor, que agora sempre vinha quando se alterava. Seus olhos saltados. Sentiu as mãos de Edmond em seus ombros.

— Inimigos? Eles não são meus inimigos!

Edmond puxou de novo Sarah para perto de si, em uma postura protetora e defensiva.

— Ele está confuso, Sarah. Vamos dar um tempo a ele!

— Venha conosco, Jason. Vamos para casa.

Sarah pediu, de forma quase suplicante.

— Meu nome não é Jason, garota! Minha casa não é aqui!

Lucian disse, em um rosnado descontrolado. Edmond abraçou Sarah, quando ela começava a romper-se em lágrimas de novo.

— O que podemos fazer para que acredite? Não somos seus inimigos.

Edmond disse, tentando controlar Sarah, que soluçava, e estava quente e tremia em seus braços.

Lucian se afastou deles.

— Sei que não são... Diga para ela parar de chorar... Por favor...

— Venha conosco, então.

Sarah pediu, saindo dos braços de Edmond e encarando Lucian, que se contraiu de leve.

— Pare de chorar, então...

Lucian pediu, se rendendo. Sarah secou as lágrimas com as costas das mãos, rapidamente se recompondo, da melhor maneira que pôde.

— Tá! Eu paro... Já parei... Mas, venha conosco...

Lucian ainda parecia reticente. Edmond interviu, incentivando-o.

— Não é uma armadinha, ou algo assim. Acredite, há lobos por todos os lados. Se quiséssemos, estariam todos aqui, agora mesmo.

Lucian sabia que era verdade. Já tinha tido seu pequeno encontro com a matilha.

Eles caminhavam. Sarah e Edmond na frente, com Lucian os seguindo. Por vezes, Sarah olhava para trás, como se afirmando sua presença com eles. Não aguentando mais, puxou ele pela mão. Lucian estranhou o contato, mas nãos se esquivou. Sarah sorriu para ele, e os dois ficaram assim, de mãos dadas pelo resto do caminho. Eles andavam num ritmo mais lento, que Sarah podia acompanhar em uma caminhada. Lucian preferia assim também. Não estava com pressa de chegar, onde quer que fosse...

Edmond sorriu, vendo a alegria sincera de sua irmã. Mas os olhos escurecidos de Jason deixavam ele em alerta, por sua irmã.

Lucian, como se percebendo sua apreensão, o tranquilizou.

— Não vou machuca-la nunca, garoto. Não se preocupe.

Edmond assentiu com a cabeça, acreditando em suas palavras.

Sarah revirou os olhos para Edmond.

— Ele não me faria mal, Ed. Eu confio nele.

Edmond queria poder ter essa mesma confiança que Sarah, mas os olhos escurecidos de Jason, eram como um dia de forte tempestade. Como se já tivesse visto muito além do que sua pouca idade. O que ele teria passado, para ter aquele olhar, aquela sombra constante nos olhos? O que restaria de seu irmão ainda, naquele homem?

Ele é grande. Maior que Emmett ou seu pai. Entrar em uma luta física com ele, seria suicídio. Mesmo assim, não poderia lutar com ele. Não conseguiria.

— Relaxe, garoto. Não sou uma besta assassina, ou uma fera furiosa. Tenha calma! Não pretendo destruir sua reserva.

Edmond ficou sem saber o que dizer. Ele sabia exatamente o que passava em sua mente. O encarou, pelo canto dos olhos e seus olhares se encontraram, em um entendimento. Ele é como Sarah. Podia senti-lo. E ela a ele. Tudo que passava dentro dele. Lucian não estava com raiva. Estava confuso. Tentava entender o que se passava. Sarah sorria, meio abobada. Toda orgulhosa de si e do irmão, como se o fato dela segurar sua mão, fosse impedir que ele desaparecesse de repente.

Eles caminhavam por alguns quilômetros. Lucian já sentia o cheiro do mar mais perto, que se misturava a floresta. O barulho das ondas e um uivo de lobo foi ouvido. E outros mais seguiram, em um estrondo de uivos contínuos, em uma comunicação selvagem.

— Eles já sabem que está aqui.

Lucian, estranhamente, não se sentiu com medo. Uma matilha inteira existia. Podia senti-los.

— Aqui é a fronteira. A partir desse ponto, estamos em La Push. A reserva Quileutes que protegemos.

— Protegemos?

— Sim! Mas na verdade, protegemos além. Nenhum vampiro pode cruzar Forks ou La Push.

Sarah explicava, como se fosse uma guia turística, as regras do local.

— Nenhum vampiro?

Lucian franziu a testa em dúvida.

— Não, nem todos. Os de nossa família podem andar livremente, dês de que nossos pais se uniram.

Lucian engoliu o ar em uma bola, que estava entrando em sua boca aberta. Era informação demais...

— Calma, Sarah. Está bombardeando ele de novo. V ai assusta-lo. Vamos com calma.

Edmond reprimiu Sarah, que apertou a mão de Lucian mais forte, receosa, de realmente estar sendo informação demais.

Lucian ia responder, mas se calou, sentindo a presença dos lobos. Eles estavam obscuros, entre as árvores. Somente seus olhos brilhosos eram vistos no escuro. Eram vários. Lucian os olhava com curiosidade. Eles apenas os olhavam, mantendo uma certa distância, como uma escolta respeitosa, ao redor deles.

— Quantos são?

Lucian perguntou, olhando em volta, tentando calcular mentalmente. Mas desistiu. Não tinha como ter certeza.

— Quase cem. Contando com todos. Mas só alguns estão aqui. Só os mais novos. Eles estão só curiosos com você.

— Onde estão os outros? Os da oficina?

— Não tenho muita certeza, mas se já sabe da oficina, é porque os viu. Então, estão revirando essa cidade atrás de você.

— Devo me preocupar, garoto? Não sou uma ameça para eles. Mas as coisas podem ficar feias, se eles resolverem que sou.

— Não é isso. Só estão protegendo. É o que fazemos e o que somos.

— Vim da Itália. Só em saber disso, eles já ficaram nervosos. Eles se sentiram ameaçados.

— Então você os viu mesmo, e eles a você.

— Sim. Assim que cheguei. Nós tivemos um encontro acalorado. Devo me preocupar em estar aqui?

— Não. De jeito nenhum. Ninguém vai tocar em você, acredite. Nossa mãe não vai permitir.

Lucian congelou seus passos nessa hora, com as palavras de Edmond. Sarah ainda tentou move-lo, mas sem sucesso.

— Não quero vê-la.

— Como?

Edmond perguntou, com uma nota desanimada na voz e seus braços erguidos.

— NÃO QUERO VER ESSA MULHER!

Lucian repetiu mais uma vez, de forma irritada. Seus olhos mais escurecidos. Seu rosto, uma máscara de raiva.

“Ela não esta lá... Não agora.”

Sarah disse, através de seu dom, com a voz mais tranquila e calma que conseguiu. E Lucian continuou a caminhar com eles. Sarah mentalmente passou outra mensagem, só que dessa vez para Edmond.

Depois, Ed. Ele pode tentar fugir. Temos que tentar mante-lo conosco, até nossos pais voltarem.”

Lucian não notou os olhares significativos entre Sarah e Edmond.

 

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(No mesmo dia em Seattle, pela manhã)

 

— Nessie, chega amor.

Jacob pedia mais uma vez, para uma Nessie, que ia de um lado para outro no mercado central de Seattle. -Sarah ama as batatinhas. Ed gosta daqueles chocolates de pistache.

Jacob apenas sorri, enquanto empurra um carrinho, já abarrotado de coisas.

— Não deveria comprar nada para Ed. Ele ainda está de castigo, Nessie.

Nessie apenas faz um bico frouxo com os lábios, e Jacob a abraça.

— Não. Acho que já chega. Ele está grande demais para isso. Infelizmente, não podemos segurar ele. Se ele quiser ir para junto de Milley... Não podemos impedi-lo.

Jacob a solta de seus braços, a encarando, sem acreditar.

— Renesmee, é você mesma? Não estou ouvindo isso.

— Não me teste, Jake. Eu não gosto disso. Mas quero, antes de tudo, a felicidade dele. E se for isso... Se for para viver com Milley em Nova York, que seja então. Não vou bancar a mãe histérica e ciumenta.

 

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Lucian, Edmond e Sarah chegavam na casa dos Black.

Lucian olhou a construção em madeira. A casa embutida na floresta, se misturava com a paisagem. Era acolhedora e cheirava a flores, acima de tudo. Era grande e clara por dentro, com suas janelas enormes, de vidro. Tudo ali cheirava a flores e madeira. Lucian olhava tudo em volta, com extrema atenção. Mas seus olhos pararam sobre a lareira de pedra. Tinha fotos ali. Várias fotos. Reconheceu alguns dos rostos. Sarah, Edmond e o dela, Renesmee. Pegou uma em especial, que tinha a foto daqueles, que seriam seus pais, abraçados, se olhando. Era visível que se amavam. As perguntas da sua vida estavam para serem respondidas. Mas estranhamente, ele não tinha vontade de faze-las. Não queria saber nada daquilo. Lucian olhava os rostos nas fotos emolduradas em um porta retratos elegante e pesado. Sarah se aproximou lentamente.

— Lembra deles? Consegue lembrar deles agora?

— Não!

Lucian mentiu, colocando o porta retratos no lugar. Olhou para Sarah atentamente e depois para Edmond.

— Quantos anos vocês tem?

— Somos gêmeos, Jason. Nascemos no mesmo dia. Nós três.

— Lucian franziu o rosto, de forma duvidosa.

— Como é possível?

— Tendo um pai lobo e uma mãe meia vampira, é possível. Acredite.

Sarah disse, quase de forma divertida.

— Por que somos tão diferentes, então?

— Só em tamanhos, Jason. Temos semelhanças. Você é a cara do nosso pai. Eu me pareço mais com nosso avô Edward e Sarah é uma misturada. Ela, na verdade, é muito parecida com nossa vó Bella, quando era humana.

— Humana? Avós, pai, mãe… Uma família inteira, Edmond?

Edmond abaixou os olhos. Não sabia mais o que dizer. Era um mundo novo para seu irmão, cheio de pessoas que ele nem lembrava mais...

Sarah não permitiu que o silêncio se prolongasse, e então continuou a falar, no lugar de Edmond.

— Tios e tias. É uma família bem grande e barulhenta. Mesmo para imortais, adoramos fazer barulho e falar ao mesmo tempo, quando estamos todos juntos, pelo menos.

Sarah sorriu de maneira simples, mas logo ficou quieta, quando percebeu o olhar de Jason se escurecer mais ainda, conforme falava.

— Renesmee não está morta... Ela não morreu... Tenho pai e mãe. Uma família enorme, e ninguém, nunca foi me procurar... Devo ser a ovelha negra da família…

Lucian disse, com um sorriso cínico, sem humor nenhum.

— Acredite, eles tiveram motivos para fazer o que fizeram.

Edmond tentou argumentar, entendendo para onde a mente de Jason levava as informações que estava recebendo, sentindo sua raiva crescer, como se alguém enchesse um balão de gás. Ele logo iria estourar.

— Motivos? Não preciso dos motivos deles ou dela...

Lucian disse, apontando para a foto de Nessie, sobre a lareira.

— Pra mim ela está morta, como sempre esteve. A minha vida inteira, eu pensei que a tivesse matado. Acho que posso fazer isso de novo. De forma figurativa agora, é claro.

Lucian tinha o tom frio que aprendera em Volterra. Sarah foi até ele, segurando uma de suas mãos, a apertando. Como se isso pudesse fazer ele voltar a ser o seu irmão. O irmão que ela lembrava, mesmo nos sonhos.

— Não! Não diga isso... Deixe-a explicar. Eu posso mostrar a você, como ela sofreu. Como todos nós sofremos, Jason…

—Pare de me chamar assim, Sarah! Meu nome é Lucian. Lucian de Volterra. E meus pais morreram quando eu nasci!

Nesse instante, a porta se abre, e a figura do homem alto e moreno, com olhar escurecido cala todos na sala. O senhor dos lobos Quileutes. O Alpha. Lucian não precisava de apresentações. Sabia quem era. Sentia a força de sua presença.

Jacob ouviu claramente as últimas palavras de seu primogênito. Eles se olhavam por um longo minuto.

— Não é esse seu nome, rapaz. Seu nome é Jason Billy Cullen Black. E essa é a sua casa. Esses são seus irmãos. Eu sou seu pai e Renesmee sua mãe.

Jacob foi caminhando até seu filho, com os olhos escurecidos, cheio de emoção e admiração.

— Não importa o que pensa que sabe. O resto, além disso, são mentiras. Essa é a única verdade.

Lucian olhou aquele homem. Sua presença forte. Seus olhos escuros e porte dominante. O estranho familiar, porque reconhecia nele, traços seus, de maneira indiscutível.

Sentiu-se pequeno perante ele, e sua verdade inegável e reveladora. Seu pai estava diante dele. Mas Lucian repreendeu os pensamentos de garoto. Sua vontade de abraça-lo e se sentir em casa, como nunca sentira na sua vida. Deixou que o ódio, tão velho conhecido seu, envenenasse seu coração. Se afastou do homem, segurando seus olhos nos dele.

— Essa verdade não mais me interessa, senhor Black. Por muito tempo, eu a busquei. Mas vejo agora, que ela é pior que uma mentira muito suja.

Lucian olha seus irmãos agora e lhes dá um sorriso fraco e meio vacilante.

— Mas foi bom conhecer vocês, meus irmãos. Espero vê-los novamente algum dia. Somente vocês. Que isso fique claro.

Lucian se encaminhou para porta. Mas de forma muito rápida, Jacob estava a sua frente, bloqueando sua passagem.

— Ainda não, garoto...

Lucian deixa um rosnado de raiva sair por sua garganta. Mas Jacob não se move.

— Não vou impedi-lo. Se depois de me ouvir, quiser partir... Mas se sempre buscou a verdade... Não vire as costas para ela agora, quando ela finalmente se mostra para você. Não busco seu perdão, nem seu entendimento. Mas deixe que a verdade lhe seja mostrada, Jason. Eu e sua mãe fizemos uma escolha difícil. A pior escolha de nossas vidas. Mas tinha que ser assim. Arcamos com as consequências de nossos atos. Mas somos seus pais, quer você queira nos aceitar, ou não. Sempre estivemos aqui para você. Esperando por você. E sempre estaremos, quando quiser vir, ou não. Você decide, filho.

Por mais firme que Lucian tentasse ser, aquelas palavras não eram meras palavras. Eram as palavras de seu pai. Algo íntimo e poderoso emanava daquele homem. Lucian ainda lutaria para manter-se firme, para não demostrar suas fraquezas, nem a dor que sentia por ter sido preterido. Excluído do convívio de sua família, como se fosse uma peça sobressalente, que não se encaixava no modelo de família perfeita, ali.

Não havia fotos dele sobre aquela lareira, nem tão pouco havia lembranças de infância com seus irmãos. Ele foi entregue a outros, sem direito de escolha. Sem direito a nada!

Olhou Jacob de cima a baixo, com seu olhar frio de Volterra, e disse duras e ácidas palavras.

— Quantas opções, lobo. Pena que me deixou sem nenhuma, quando eu não podia responder por mim. Estaria tentando conquistar minha simpatia agora? Com suas palavras emocionadas... Eu estou quase comovido, de verdade...

Jacob não questionou isso. Sabia que era uma clara provocação. Ia deixar Jason decidir. Já tinha dito tudo que podia no momento. Força-lo seria um erro.

— A verdade ou partir, garoto... A escolha é sua, agora.

Lucian olhou seus irmãos. Sarah juntava as mãos, de forma nervosa. Edmond tinha um olhar complacente e de esperança.

— É uma história longa, imagino...

Jacob confirmou com a cabeça.

— Sua irmã pode nos ajudar quanto a isso, se permitir. Ela pode passar minhas memórias para você, como um filme. Ou um sonho...

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(Na casa dos Cullen)

 

— Nessie, fique aqui conosco. Preciso saber sua opinião sobre o bolo de aniversário de Sarah e Ed.

Alice pedia, piscando os olhos de forma sedutora.

— Tia Alice, pedindo minha humilde opinião? Ok, deve ter algo muito errado aqui.

Nessie percebeu um olhar rápido entre todos ali, quase imperceptível, na verdade.

— Ora, só preciso que me diga sua opinião. Não fique toda desconfiada, Nessie… É a única que come. O bufê trouxe amostra de bolos de chocolate, frutas, baunilha e morango.

Alice e Esme traziam mini bolinhos e colocavam na frente de Renesmee, que olhava ainda desconfiada para elas.

Nessie e Bella estavam sentadas na grande mesa, da sala dos Cullens.

— Porque não deixamos isso para amanhã, tia Alice? Assim podemos trazer Sarah e Ed, para experimentar.

— Não! O bolo não vai ter o mesmo sabor de hoje, Nessie.

Renesmee olha os bolos em miniaturas perfeitas. Sorri, ao imaginar o rosto de alegria de Sarah ao ver aquilo. Réplicas de bolos confeitados… Ela iria adorar aquilo .

Mas logo seu sorriso se desfaz , ao lembrar de Jason...Tinha sido um ato de extrema covardia de sua parte, concordar com aquela festa.

— A primeira festa de aniversário que eles têm Nessie .

Bella comenta, tentando animar Nessie. Mesmo sendo festa, algo que não compartilha com o mesmo entusiasmo de Alice.

Nessie olha para sua mãe. Seus olhos complacentes e dourados, lhe dá um sorriso triste.

— Acha que fui cruel com meus filhos, mãe? Negando isso a eles?

Bella afaga o rosto de Renesmee.

— Eles nunca cobraram isso de você, querida. Sempre entenderam seus motivos. E nos também.

Alice fez menção de esboçar um comentário, mas percebeu o olhar reprovador de Esme, se calando, com palavras na boca.

Bella ainda segurava a mão de Nessie, em sinal de apoio. Sabia o quanto estava sendo difícil para ela, ter concordado com a festa, depois da insistência de Alice. Ela nunca tinha cedido aos apelos de Alice por uma festa, para as crianças. A ausência de Jason, nessa data em especial, era sempre mais pesada. Tudo que havia, era um singelo bolo, com trocas de presentes entre a família. Nada, além disso. Não se comemora aniversários em Volterra. A data do aniversário dos gêmeos, nada mais era, do que um triste passar de tempo. Um tempo que se tornava cada vez mais longo. Jason não voltava, e isso oprimia o coração de Nessie.

Nessie encarava aqueles bolos, e deu um longo suspiro.

— Não posso fazer isso, Alice... Sinto muito... Quero ir pra casa agora.

Nessie se levantou bruscamente, e todos os Cullen mudaram de posição. Pequenas alterações de corpos apenas , como um sobressalto humano. Estranho para eles, que não tinham essas necessidades. Poderiam ficar imóveis por horas, ou dias. Esse mínimo movimento. Esse momento de elevação no ambiente, que veio com uma onda de calma, que Nessei conhecia muito bem e sabia que tinha um responsável. Ela olha de maneira especulativa para todos os olhos dourados da sala, e Jasper está na sala, jogando carta com Emmet, como se nada ouvisse. Emmet silencioso e compenetrado? Isso mais parecia uma peça ensaiada. Emmet nunca joga em silêncio! Carlisle e Edward na varanda, em uma conversa mental, que nenhuma palavra precisava ser dita. Não olhavam para dentro. E Nessie sabia que tudo aquilo estava errado. Tudo ali estava errado.

— O que está acontecendo aqui?

Silencio taciturno. Ninguém falou nada. Nessie olhava para cada um, demorando em um ou outro, para tentar captar as reações. Mas nada é dito.

— Por que Jake me deixou aqui?NÃO FOI POR CAUSA DE MINI BOLOS !

Tudo que Nessie ouve, sãos os saltos de Rose, vindo para sala com Aurora nos braços. Nessie olha pra sua tia. Seu rosto está severo, e olha para todos na sala, com indisfarçável indignação.

— Eu não suporto isso!

Rose fala com revolta, e sai da sala, com Emmet indo atrás dela.

— O que Rose não suporta?

Nessie fica trêmula. Suas mãos vão ao rosto, e Edward vem ao encontro da filha.

— Nessie, precisa ficar aqui.

Nessie o olha com horror e se afasta da mesa, indo em direção ao perfume de rosas de sua tia.

— Tia Rose!

Rose para, com Aurora nos braços. Seus olhos se escurecem ao olhar a face aterrorizada de Nessie.

— O que não suporta, tia Rose?

Todos já estão próximos delas.

Edward nega com a cabeça, o pedido mental de Rose. Nessie fica lívida de ódio, ao perceber.

— Olhe para mim, tia Rose! Me diga! O que está acontecendo aqui?

— Não, Rose!

Bella tenta impedir a cunhada.

Mas Rose passa Aurora para Emmet e encara todos, ainda com rancor.

— Ela tem que saber. Ela merece saber. O que há com vocês?

— Devemos protege-la, Rose.

Bella ainda tentava. E se aproximou de Renesmee, a puxando para si, numa tentativa de abraço, que Nessie recusou, com os braços trêmulos, pedindo que se afastasse dela.

— Me solte, mãe!

Bella conhecia aquela expressão enfurecida de Renesmee. Há muitos anos não via ela ali, em seu rosto.

—Nessie!

Edward tentou falar, mas Nessie desistiu deles. Eles não ia falar...

Nessie corre pela porta. Corpos entram em sua frente. Mãos geladas tentam segurar seu corpo. Algumas conseguem, mas ela escapa em meio a sua fúria. Ela desvia deles e arranha alguns. A porta é bloqueada por Carlisle, e Nessie se desvia, jogando seu corpo pela janela de vidro, que esta fechada. Alguns cacos a ferem, quando se jogou ao vidro. Mas isso não detêm ela. Seu pés correm pela grama, assim que tocam o chão. Toda sua família está olhando estática a principio. Mas logo, um a um segue junto com ela. Não demora para Edward alcançar sua filha. Logo eles estão emparelhados, lado a lado, em suas corridas.

— Não tente me impedir, pai!

Nessie grita com ele, e sente que sua mãe está bem atrás dela, e seus tios e tias também, junto com Esme e Carlisle. Todos os Cullen estão com ela, em sua corrida.

— Não vamos, filha. Estamos com você.

Edward apenas diz, seguindo com ela.


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Notas finais do capítulo

Meninas e meninos próximo capitulo .41- Como vai as coisas em Volterra ?



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