Meu Amor Imortal 2 - O Legado escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 39
Capítulo 39 - DE LUCIAN A JASON.


Notas iniciais do capítulo

M.A.I -2 RECEBEU MAS UMA INDICAÇÃO , E TODOS DIGAM URA !kkk .
BEIJOS Flavinha Araújo , OBRIGADA MINHA LINDA !!!
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O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção
estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada,veste-se bem e é fã
do Caetano. Isso são só referências. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério,
pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Arnaldo Jabor



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(DE LUCIAN A JASON. - 1 parte )



A Garota assustada no leito da cama do hospital, tinha me dado somente algumas informações. Nada muito concreto. Nome e país. Saí de lá, ainda frustrado, e possuído de uma fúria quase irracional. Tinha que voltar para o hotel e encarar uma furiosa Jane, com perguntas infinitas. Que eu não ia responder.


As ruas de Gerona já estavam cheias àquela hora da manhã. Eu caminhava muito a contragosto, rumo ao hotel. Mas algo do outro lado da rua me chamou atenção. Jovens que saiam de um café, animados e rindo, e a placa em neon, piscava Cyber Café, em espanhol.

Atravessei a rua sem olhar, e carros buzinaram para mim, com freadas bruscas em seguidas. Mas eu desviei, correndo para dentro do lugar.

Sentado em frente à tela do computador da loja, eu fiquei parado, sem saber exatamente o que digitar ali. Comecei com lendas, e uma coisa levou à outra. E meia hora tinha se passado, sem que eu achasse nada que valesse à pena... Meus dedos batiam nervosos na mesa, e a garçonete me olhava da recepção, com um olhar curioso, que eu estava ignorando. Minhas mãos foram para a cabeça e meu cotovelos se apoiaram sobre a mesa. O que eu não estava vendo? O que estava me fugindo?

Nesse instante, com a cabeça baixada sobre as mãos, o meu medalhão escorregou, ficando pendente no meu pescoço. Peguei nele, tocando o lobo em volta, e meus dedos passavam pela inscrição estranha talhada nele ** Para eu te encontrar filho, onde quer que você esteja.** A voz que parecia de um trovão. A voz do sonho. Rouca e potente. Meu medalhão!

Peguei ele, tirando do pescoço. As palavras em língua estranha. Seriam elas? Seriam elas, as palavras que me mostrariam a verdade?

Digitei as palavras estranhas. Algumas eram símbolos, que não dava para fazer nada... Mas um mar de informações apareceu. Uma me chamou logo atenção. Um símbolo, em forma de dois lobos em um círculo. “La Push, a reserva indígena. Uma área não incorporada do Condado de Clallam, no estado de Washington, nos Estados Unidos. Localiza-se a 14 quilômetros da cidade de Forks. É habitada pela tribo indígena Quileute. Tem uma lenda de lobos e frios...”

Meus olhos foram ficando embaçados depois disso... Estava ali o tempo todo. O medalhão, na minha mão, era um chave que me levaria à verdade, e eu tinha demorado sete anos para ver isso? ...Meu pai tinha me dado aquele medalhão, para que eu tivesse alguma coisa comigo. Para que eu o encontrasse...

– Droga, pai. Você não morreu!



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(Leah)



Não foi difícil encontrar um voo para casa. Eu tive sorte. Dormi toda a viagem. Meu corpo parecia ter sido processado em uma máquina de carne. Meus sentimentos então... Eram caóticos. Sem conseguir definir nada, o sono me pareceu o melhor remédio nessa hora...



Voltar para La Push, depois de dois anos completos, que passaram tão rápidos, que eu nem me lembro de como foram direito, estudos, hospitais, professores e colegas que eu talvez nunca mais veja. No final, parecia que eu tinha saído dali ontem, com uma mochila nas costas e com uma despedida estranha de Renesmee, no aeroporto. Tive que passar na faculdade antes e entregar os documentos do estágio, para receber enfim, meu diploma. Sem uma comemoração, nem nada disso. Eu nunca fui dada a essas coisas, e mentalmente, eu estava cansada, querendo voltar para minha casa. Isso! Minha casa! A reserva, desde a morte de meu pai e minha transformação, não era um lar de verdade para mim. Mas agora, eu sentia uma necessidade quase física de voltar e rever minha mãe, Seth e até mesmo os outros. Voltar para “CASA”. La Push é minha casa. Essa certeza era forte em mim, como o vento que batia no meu rosto, agora. O que tinha mudado em mim? Eu não sei. Acho que não sou mais a mesma pessoa... Aquela viagem a Gerona era a única coisa que provava que o tempo tinha passado. Ter conhecido o outro lado do Mundo. Outras pessoas, viver experiências diferentes... Tinham me mudado de alguma forma , que eu ainda não saberia explicar bem .

Mas foi o encontro, sem encontro, com aquele maldito lobo, que tinha desencadeado algo além de mim. Eu não vi seu rosto, nem saberia dizer sequer qual sua forma lupina, mas a presença dele, era algo que eu ainda posso sentir toda vez que fecho os meus olhos. Meu coração dava cambalhotas em meu peito minha pele sofria tremores leves e febris com a lembrança. E aquela noite... Aquela fogueira no centro de Gerona, vinha em minha mente sempre, junto com o uivo que ainda era muito nítido como se ainda me chamasse de longe... “Leah, você está enlouquecendo.” Tentava, inutilmente, me convencer que sim, eu tinha enlouquecido de vez.

Me obriguei a focar na estrada... Dirigia meu jipe até a reserva. Ele tinha ficado em uma garagem de carros em Seattle, e Seth por vezes, vinha cuidar do motor e dar uma volta com ele. Isso não me agradava muito. Tenho um ciúme do meu jipe... Mas ele não poderia ficar dois anos parado. Isso danificaria o motor e outras partes dele.

Eu amava dirigir e começava a sentir o vento frio de Forks bater em meu rosto. Conforme a distância diminuía, nem me importava com a bagunça que o vento fazia no meu cabelo que eu tinha prendido muito mal em um rabo de cavalo . Tudo que eu queria, era que aquele vento frio me purificasse, de alguma forma mágica e expulsasse da minha mente, aquele desassossego. Aquela ânsia, de sentir que algo estava para mudar definitivamente em minha vida.

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(Lucian)

– Droga de aparelho!!! Deveria ter escolhido o modelo Americano.

Lucian olhava mais uma vez o aparelho GPS, sem entender qual o problema daquela quinquilharia. Desistiu, já querendo arremessar o aparelho pela janela do carro. Tentava verificar as placas nas ruas, mas nada muito esclarecedor.

Talvez devesse parar para perguntar. Mas não posso chamar atenção, parecendo um forasteiro na cidade pequena. Talvez eu consiga passar despercebido, se não encontrar nada.

O que eu esperava achar ali? Um pai? O que eu diria a ele? Talvez esteja morto, e eu ache só seus parentes, não sei... Mas, e a garota?

A garota no hospital tinha me dado um nome. “LEAH” E poucas informações adicionais. Que ela era americana, e tinha vindo para um curso... Ela não sabia mais nada, ou estava assustada demais para me dar mais informações... O resto eram migalhas de pão que eu seguia. Informações do Google, sobre a reserva de índios. Qual a ligação? Eu ainda não saberia dizer... Como tudo se encaixava? Quem era a garota? Se ela estava ali, se era uma loba cinza? E meu pai... O que eu diria a ele? Não! Mas que droga! Ele que teria que dizer coisas para mim... Mas tudo no fim, parecia me levar àquele lugar... A placa da cidade estava meio escondida pela neblina, mas estava lá. O caminho é esse. Forks.


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Começou a chover, e os limpadores de para-brisa se ativaram automaticamente, percorrendo o vidro de cima a baixo, de cima a baixo... A visão era mínima, mesmo para olhos sobre-humanos. O clima começava a ficar estranho, envolvido por uma névoa fria, que se espelhava pela estrada da entrada de Forks.


– MALDIÇÃO!!!

Uma freada brusca. Lucian pisa forte no freio, mas não adiantou. Tarde demais. Um estrondo, e a colisão foi inevitável. Toda a traseira do carro à frente estava destruída, com o para-choque do jipe à frente no chão. A ideia de passar despercebido, acabava de escorregar pelo ralo do banheiro.

O Air bag estourou na cara de Lucian, e ele esbravejava com o troço, esmagando a bola de ar com as mãos furiosas. Em meio ao rugido que saiu da sua garganta.

“Maldição! Maldição!! Não vou nem descer!!”

Pensou, já procurando na carteira, as notas mais altas, para pagar o prejuízo do sujeito. “Vou pagar o maldito e me livrar o mais rápido possível.” O seguro incluído no aluguel do seu carro, não seria um problema para ele.

A chuva que caia era fina e a nevoa pairava por toda a volta ... Era um dia estranho e cinza, e frio, diferente da ensolarada Itália . Mas não justificava a parada do imbecil. Ele devia ser um completo idiota, ou estar bêbado. Mas a esta hora da manhã? Olhou com atenção o jipe à frente, limpando com a mão, o vidro embaçado.


– Qual o seu problema, babaca???


Uma voz gritava palavrões ao vento, e vinha em sua direção. Ouviu a porta do carro à frente ser batida com violência, em um estrondo.


Deve ser um tipo nervosinho. Seus passos para fora do veiculo , vinham em direção do carro de Lucian. “Não! Nem pensar, que vou descer para discutir com o babaca. Mais um motivo para não descer do carro.”


Mas socos, com os lados dos punhos no vidro do motorista, tornavam esse encontro inevitável agora. Lucian se virou para olhar o encrenqueiro ruim de roda. Mas que droga! Não é um homem. É uma mulher!!! Muito mal humorada, por sinal. Usa óculos escuros, tipo aviador, e tem cabelos presos, em um rabo de cavalo. Suas roupas masculinas, eram uma calça jeans bem surrada, um par de botas de caminhada e uma camiseta preta, justa. Lucian abaixou o vidro escuro do carro e parou sem entender. Ele sentiu o impacto. O cheiro dela invadiu todo o ar que respirava. Seu corpo começou a tremer. Não em espasmos de uma transformação. Era diferente. Eram como se fossem choques. Suas mãos suaram de repente, sua boca secou e seu coração parecia ter realmente parado de bater. Se esquecera de como respirar. Seus olhos não conseguiam deixar de contemplar aquela pessoa à frente, antes furiosa. Agora parecia assustada e confusa. Ela tirou o óculos, se afastando, um, dois, três passos pra trás, e pode finalmente, ver os olhos castanhos e duros dela. Desceu do carro, sem poder ter noção dos movimentos do seu corpo. A única certeza ali, era ela. Tinha que ir até ela, como uma corrente puxando seu corpo. Era ela! Tem que ser ela! Sua respiração começava a acelerar, como a de um touro. Ele tinha noção que a dela também estava irregular, denunciando que ela também estava sobre o mesmo efeito insano que ele. Olhou seu rosto, e a fina linha de sangue que saia de sua testa.

– Você não usa cinto?

A pergunta soou acusatória, sem ele perceber. Uma preocupação por ela estar machucada... Ferida, de alguma forma, parecia inaceitável para ele. E o fato dele ter causado isso, dava vontade de socar a si mesmo.

Leah tocou a própria testa, com olhos arregalados. Sua mão ficou suja, com sangue que saia dali. Mas isso não era grave. Grave, na verdade, era outra coisa no momento... Seus olhos desviaram-se do estranho, e uma raiva reprimida veio. Raiva de si mesma. De não estar conseguindo se controlar. De não estar sendo dona de seu íntimo.


– Você... É um idiota!


Leah parou, olhando firme o homem à sua frente. Mas ele nem se abalou com a sua ofensa. Continuava a olhar para ela, como se ela fosse algo muito procurado.

– É você, não é?!

Leah perguntou ao estranho. Que não respondeu nada. Apenas a encarava com seus olhos perturbadores .

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Lucian tinha ouvido a pergunta, mas se sentia incapaz de falar claramente com ela. Todas as perguntas que estavam em sua mente desde Gerona, tinham fugido de sua mente... Ele queria se ajoelhar aos pés dela e recitar poemas antigos, de todos os poetas que conhecia. Falar da cor de seus cabelos, de como a sua pele é a mais linda do mundo e de como seu perfume fazia-o perder a noção de tempo ou distância. Todo o mundo tinha parado. “Você é linda! A mulher mais linda que eu já vi, na minha curta existência.” Era isso que queria dizer, e ainda mais...

Lucian fechou os olhos. Talvez seja coisa de sua cabeça, mas foi uma péssima ideia. Teve que se encostar no carro para não cair. Era como se a gravidade lhe faltasse. Seu corpo estava totalmente à deriva. “Cadê o maldito chão?” Se perguntava. Mas algo o manteve lá de pé. A presença dela. Seu olhar sobre ele, que ele pode sentir, mesmo estando de olhos fechados. Tinha que ir até ela e tocá-la. Precisava desesperadamente disso. Se obrigou a abrir os olhos. Se deu conta, que se ela sumisse, assustada com ele, teria que revirar aquela cidade inteira até acha-la.

– Está tudo bem aqui, Leah?

Um carro de polícia tinha parado bem na traseira do carro de Lucian. Ele tentava se recompor, olhando o interlocutor, que se aproximava com atenção e cuidado até deles. Era uma autoridade local. Pôde ver, pelo uniforme e pela voz autoritária. Um homem de idade madura, mas que empunha respeito. Tinha a voz grave. Suas feições, eram de reprovação para Lucian, que tinha esquecido momentaneamente como falar.

– Documentos do carro e carteira de motorista, rapaz.

– Eu estou bem, Charlie… Eu estou bem.

– Nada bem, Leah! Vá procurar Carlisle no hospital, para ver esse corte na testa. E você rapaz, é surdo??? --- -Documentos do carro e carteira de motorista.

Minha cabeça estava um caos. Eu queria responde-lo. Eu queria sair daquele transe absoluto. Mas eu não conseguia. A única coisa que eu fui capaz de fazer, foi de enfiar a mão no bolso e estender a carteira, sem nem mesmo desviar os olhos dela. Leah é seu nome. É ela! A garota da Espanha não tinha mentido, afinal. Precisei usar todo meu alto controle, para desviar meus olhos dela, que parecia assustada e aturdida, se afastando ainda mais de mim.

O policial olhava pra mim e para ela, alternado os olhares, quando finalmente fixou os olhos em mim. Eu endireitei a postura, abrindo a carteira e entregando a ele, o que ele pedia, me atrapalhando todo, como um idiota, tentando lembrar. O que ele tinha pedido mesmo? Bem, só pode ser o óbvio. Documento e carteira de motorista. Entreguei a ele, que me analisava de cima a baixo, agora, pegando o documento e olhando com atenção. Eu tinha a visão no homem a minha frente. Mas como se todo o meu corpo fosse atraído para o outro lado. Eu continuava a encarar Leah. Por vezes, enquanto, ele fazia sua analise no documento.

– Italiano? Você não é italiano, rapaz.

Ele me questionou. Notei o tom desconfiado dele.

– Eu não nasci lá, mas sou de lá.

Silêncio total e constrangedor, até. O policial olhava para minha Leah e ela olhava para ele, em um tipo de comunicação silenciosa. O quê? Eles são amigos? Parentes? Não se parecem. Mas que droga! Por que eu tô pensando que a garota emburrada é minha?

– Precisa pagar pelo prejuízo da moça.

O policial disse, avaliando qual seria minha atitude.

– Claro! Claro, policial.

– O que estava pensando? É um cruzamento à frente.

Ele falou, me dando uma bronca, como se falasse com uma criança. Isso normalmente me aborrecia, mas vindo dele, me pareceu certo, até.

– Eu não tinha visto. Não conheço a cidade. Desculpe! Eu sinto muito, mesmo.

Era o policial que me interpelava, mas minhas desculpas eram para Leah. Que nome lindo. É abreviação, não importa. É lindo! Ela abaixou os olhos, se focando em outro lugar, que não fosse em mim.

Droga! Eu não queria que ela desviasse os olhos de mim. Eu me sentia um macaco de circo. Precisava da atenção daquela mulher.

– Eu posso leva-la para ver seu corte. É só me dizer onde é o hospital.

Falei, tentando não parecer muito desesperado com isso.

Ela me encarou por instantes, e disse de forma simples.

– Não se preocupe. Eu estou bem.

E era verdade. O corte não sangrava, mas estava... Praticamente curado? Ela percebeu meu espanto, cobrindo com a mão, a testa.

– Eu devo ir, Charlie! Preciso de uma carona até a oficina dos meninos. Você me leva?

Ir? Não, ela não pode ir...

– Eu levo você. Eu tenho que pagar pelo seu prejuízo e o meu também.

– Realmente não precisa. Eu tenho seguro.

– Eu faço questão absoluta... Leah.



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(Leah )

Mas que merda... Eu tinha que fugir dali. Só de ouvir o meu nome sair da boca dele, já me fazia perder o equilíbrio das pernas. Eu preciso sair daqui. Mas se sair correndo, ele vai achar que sou louca. Mas mesmo eu querendo muito fugir dele, minhas pernas, nem meu corpo, pereciam ter a mesma opinião. Que droga é essa??? Não demorou muito para eu chegar a conclusão óbvia.

NÃO!!! Mas é claro! É isso! O maldito IMPRINTING. Olhei aqueles olhos novamente. Eram negros, como uma noite tempestuosa. Parecia um rosto estranhamente familiar. Obstinados, olhos negros. A pele morena, os lábios cheios.

Assim que aquele vidro baixou e eu senti o cheiro de almíscar selvagem, eu devia ter corrido. Eu devia ter me mandado, com a velocidade de um raio. Tarde demais. Agora não tem como se fugir disso. Dessa ligação eterna. Mas não era ele. Não poderia ser ele. Quem era ele, afinal ??? O mesmo cara da Espanha? O lobo?

– Tome... Lucian. Seus documentos.

Charlie entregou a ele os seus documentos depois de analisa-los por um tempo. Bastante suspeito. Ele, com certeza, já formulava suas opiniões sobre o homem à nossa frente, que era óbvio não ser nenhum forasteiro. É um índio! Claro como o dia, que é.

– Eu preciso perguntar rapaz. O que trouxe você à Forks? Está bem longe de casa, pelo que me parece em seus documentos.

Charlie fez a pergunta, que deveria estar queimando na sua garganta de policial. O estranho voltou a me olhar de forma perturbadora de novo, mas desviou, respondendo a Charlie, sua pergunta.

– Procuro uma reserva indígena. Talvez vocês conheçam.

– O que quer de lá?

Perigo! Alguém vindo da Itália, procurando uma reserva de índios. Ok Leah! Comece a pensar agora mesmo a saída deste momento amor perfeito...

– Quem é você, afinal? Seu nome não é Lucian e você não é italiano.

Charlie disse, endurecendo a voz. Provavelmente, usando o mesmo tom que utilizava em um interrogatório oficial. Mas o forasteiro não se intimidou. Sorriu de forma sedutora, mas sua voz saiu dura e cortante, como uma faca bem afiada.

– Então, me diga quem eu sou. Vocês parecem saber melhor do que eu.

– Calma aí, rapaz. Não estamos te interrogando.

– Não é o que parece.

– E não é mesmo! Charlie, eu vou ligar pro Jake.

Eu tinha que fazer alguma coisa. O clima estava ficando muito tenso.

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(Lucian )


O que era isso afinal? Mas o mais importante... Quem é Jake? O marido dela? Não acredito. Nova tonteira. Pernas falhando. Cadê a porra do chão, de novo? Eu tô ficando frouxo, ou é essa cidade? Só pode ser. Tem alguma coisa no ar, ou na água, que devia ser como criptonita. Meus olhos se desviaram para ambas as mãos dela. Não tinha anel de casamento, mas talvez tivesse noivo… Embora, esperasse que isso não fosse verdade. Na verdade, desejava que nenhum homem sequer, chegasse perto dela.


– Quem é Jake? O prefeito? ...Olha, eu não estou procurando confusão. Só me digam onde é a oficina. Eu levo a moça, eles rebocam o carro dela, eu conserto o meu também e vou para a pousada ou hotel mais próximo e só. Já que o machucado da testa dela sumiu completamente, não precisa de um hospital. Mas fique tranquila... Não estou questionando nada. Só Constatando o fato.

Quis golpear a mim mesmo, pela cara de espanto que vi em Leah, nesta hora.

– Pelo jeito, há muitas perguntas a serem feitas aqui. E o meio da rua não é o melhor lugar para esclarece-las. Vamos até a delegacia.

O policial disse, de forma enfática.

– Não vou à delegacia. Está me prendendo, policial? Talvez tenha que ligar para um advogado, então.

Eu tinha que fugir daquela situação. Parar na delegacia, definitivamente, fugia de todos os meus planos de passar pela cidade como um fantasma.

– Tem alguma coisa a esconder, meu rapaz?

– Claro que não, policial. Só acho desnecessário. Não vou fugir a minha responsabilidade. Já me prontifiquei a ir com a moça na oficina, pagar pelo prejuízo, e vou ficar na cidade, pelo menos até achar a aldeia de índios. Eu tenho um mapa aqui no carro.

– Não precisa. Nós sabemos onde fica a aldeia.

Parei, encarando eles.

Claro que sabem! Que idiotice, a minha.

– Vão me levar até lá?

– Não, até me dizer o que quer.

– Ok, não tenho que responder isso. Tenho um mapa, que vai me levar até lá, com, ou sem ajuda de vocês. E agora, a oficina? Isso, vocês podem me dizer?

– Siga a viatura. Leah, entre. Eu levo você.

Siga a viatura. Eu estava encrencado mesmo. Aquele policial não parecia muito inclinado a me aliviar, e não parecia o sujeito que aceitava propina. Mas pelo menos, poderia deixar Leah vir no meu carro e não no carro da polícia.

– Eu posso leva-la.

Disse, com os olhos fixos nos dela. Mas o policial não me deu chance e nem a ela, que parecia querer falar algo.

– Ela vai comigo. Só nos siga, rapaz.

É! O cara é do tipo durão, mesmo. Tive que sorrir, um meio sorriso. Ele estava claramente a protegendo, como se fosse sua própria filha. Não poderia ficar com raiva do cara por isso. Eu sou o estranho forasteiro na cidade.

– Ok, policial.


(Leah )



Eu entrei na viatura, com um aperto no peito. E se ele fosse embora? O carro era um importado. Deve fazer uns 300 por hora. A pobre viatura do Charlie não poderia alcançá-lo. O que ele diria de uma loba correndo atrás dele? Ah, meu Deus! O que eu vou fazer, se ele for embora? Devia ter entrado naquele carro, sem dar ouvidos a Charlie, que resolvia bancar o protetor paterno.


– E se ele fugir, Charlie?

Perguntei, sem tirar o olho do retrovisor.

– Não vai a lugar nenhum...

Charlie disse, e eu o encarei desconfiada. Ele tinha um ar divertido, encarando o retrovisor.

A oficina estava lotada de carros, como sempre. Até Seth estava no atendimento dos carros. Sorriu, logo que nos viu e pulou na minha frente, me levantando como um idiota. Esse garoto nunca vai crescer.

– Quando chegou, Lee? Por que não me avisou...

Ele parou com suas perguntas, quando notou que eu e Charlie não estávamos sozinhos. Não só ele tinha notado. Todos notaram o homem de dois metros de altura, que saía de dentro do carro importado. Não tinha como não olhar para ele. Aquela presença era forte demais. Marcante, como um cicatriz feita de fogo. Seth soltou um assobio. Eu entrei na oficina, seguindo Charlie. Seth teve a mesma reação que de Charlie ao olhar para Lucian. Espanto e a óbvia sensação de que estávamos na presença de um Quileute.

– Quem é ele?

Foram as palavras desajeitadas e sem rodeios do meu irmão. Lucian já estava ao nosso lado, com um sorriso devastador nos lábios. Ele só podia estar de brincadeira.

– Este é Lucian. Ele bateu no meu carro, no cruzamento. Preciso de um reboque.

– Ele bateu no seu jipe e ainda tá respirando?

Olhei sem graça pro chão, querendo muito começar a cavar ele com as próprias mãos. Seth me olhava desconfiado. Ele poderia ser o irmão de outra pessoa, só agora, para eu poder dar um belo fora nele. Mas ele não parou por aí. Continuou com seus comentários desnecessários.

– Cara, você tem muita sorte mesmo. Ela ama muito aquele carro. Ninguém dirige ele, e você bateu nele. Tá com seu seguro de vida em dia? É melhor avisar os seus parentes. Charlie tá aqui pra isso? Vai finalmente prende-la, né? Não esquenta com a Sue. Eu falo com ela.

– Por favor, Seth... Cala a boca!

Ele riu, vendo minha cara, que estava mais quente que o normal. Ele finalmente se calou, indo em direção a Lucian, estendendo a mão, em um cumprimento.

– Seth. Sou irmão da mal humorada. Desculpe a brincadeira.

– Lucian.

A reação de Seth, foi de um sorriso de orelha a orelha, ao pegar na mão de Lucian. Era um reconhecimento. Ambos se reconheciam.

– Você é um Quileute, irmão.

Seth disse sem rodeios. E sem pensar, obviamente. Lucain olhou para ele, com olhos escurecidos. Sem talvez entender o que isso significava.

– Você... E como...

Lucian começou a falar, e olhou em volta da oficina. Todos olhavam para ele.

– Você, é isso aí. Não notou nada nele, Leah?

Seth parecia uma criança animada, como se tivesse descoberto algo fantástico. Mas Charlie logo acabou com sua empolgação infantil, trazendo ele para o lado sério da coisa.

– Ele é da Itália, Seth. Talvez não seja o que parece ser.

Seth encarou o desconhecido.

– Seu nome é esse mesmo, Lucian?

Seth o questionou, olhando de forma séria pela primeira vez.

– Sim.

– Itália... De qual lugar?



(Lucian )



O garoto sorridente não parecia mais tão feliz assim, quando soube de onde eu vinha. Me afastei um pouco dele, com cuidado agora. Se ele era como eu, ela poderia ser como... A loba? Claro que sim! Meu olhar foi de novo para Leah, como pedindo uma confirmação, e ela confirmou isso em silêncio.

Dei três passos pra trás. Alguém se movimentou na minha lateral. Charlie segurou o coldre com sua pistola. Tinha três garotos me rodeando.

– Hei, vamos com calma aqui, tudo bem?

Leah disse, se posicionando à minha frente, de forma protetora. Os meninos na oficina eram todos fortes e com o mesmo tom avermelhado na pele. Índios Quileutes, com toda a certeza. Mas o que mais eles eram?



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Makilam fechou a grande porta da oficina. Embry expulsou da forma mais educada possível, os poucos clientes que estavam na oficina, se posicionando ao lado de Seth. Mas foi Charlie, quem tomou as rédeas do interrogatório ali.


– É hora de responder as perguntas, garoto.

Lucian parecia avaliar suas possibilidades. Três lobos à frente. Um na saída. Um humano armado. Quatro na lateral. Todos lobos? Lucian respirou fundo, inalando cada cheiro lá. Sim, eram todos lobos. Como ele, não eram, era uma coisa somente.

Lobos! A mente de Lucian começava a trabalhar em uma velocidade absurda. Não poderia ficar ali. Nada de responder perguntas para estranhos, e talvez inimigos. Já que o fato dele ter vindo da Itália, os perturbava tanto.

Uma extensa corrente, ia do teto ao chão, no balcão, que é usada para içar os carros. Era a saída de Lucian. Usar de força ali, era algo inaceitável para ele, já que Leah tinha se colocado a sua frente . O que ele tinha aceitado com certa satisfação. Ela estava claramente o defendendo contra aqueles, que pareciam ser seus amigos e até seu irmão. Mas ele precisava saber se ela ficaria bem, pois sua fuga dali já estava bem traçada em sua mente.

– Leah?

– O quê?

–Você vai ficar bem aqui, com eles?

Disse em voz muito baixa.

Ela se virou para ele e seus olhares se encontraram por instantes.

– O que vai fazer?

– Preciso saber de ficará bem, Leah.

Leah não teve força para pronunciar as palavras. Sabia exatamente o que ele pretendia, e tinha que ajuda-lo. Confirmou positivamente com a cabeça e ele assentiu, em um gesto rápido de entendimento. Deu um breve beijo na testa dela, inclinou-se, acariciando gentilmente a bochecha e ouviu alguns protestos. Seus olhares se fixaram por breves, mas intensos e significativos instantes, para depois ele partir. E tudo aconteceu em fração de segundos, ou menos.

– Não faça bobagens, garoto.

Era o policial. Lucian pôde identificar pela voz. Mas já era tarde. Saltou, subindo nos capôs dos carros, até chegar onde queria, com os meninos da oficina em seu encalço. Palavrões eram ditos.

– Porra, segura ele!

– Pra onde ele vai sair?

– Não enxergo o maldito.

– Ele é rápido!

Lucian escalava as correntes, chegando ao até teto da oficina. Com um chute, quebrou o frágil telhado de vidro, surgindo no lado de fora, em um salto perfeito. A porta da oficina foi aberta. Todos correram pra fora, para tentar ver o fugitivo, que saltava pelos telhados, como se fosse nada.

– Quem é esse cara?

– Eu pego ele.

Makilam disse, subindo em uma lata de lixo, para alcançar a lateral do prédio, chegando até o teto, rápido demais.

Leah chamou por ele, para que deixassem Lucian em paz. Mas o garoto seguiu determinado, à frente.

Makilan seguia o homem, saltando os telhados. Era perigoso. Isso, a essa hora do dia. Mas na velocidade que eles estavam, era impossível, para olhos humanos, vê-los. Maki já identificava o cheiro de Lucian. Era familiar. Era algo que ele conhecia.

“Quem é esse cara? Não posso deixar ele chegar à floresta. É muito perto da reserva.”

Os tetos das casas estavam escorregadios e molhados, pela fina chuva que ainda caía. Lucian saltava, mas sentiu que tinha alguém em seu encalço. Se esgueirou, se escondendo, e viu o jovem da oficina. Novo demais. Ainda um pivete. Poderia facilmente soca-lo. Parou curioso, pela coragem do menino, e viu quando ele caiu do telhado, quando decidiu pular de um prédio para outro, em uma distância que não pôde superar. Lucian correu, mas com cautela. Poderia ser uma armadilha. Ouviu o impacto do corpo caindo em um beco. A queda foi amortecida por sacos de lixo. Mas o menino sangrava. Lucian saltou à frente, para ajuda-lo, mas o menino não viu desta forma. Os tremores da transformação tomaram seu corpo.

– Calma, garoto. Não vou feri-lo.

Mas Maki não ouviu. A transformação veio, e um lindo lobo negro, de patas brancas surgiu à frente de Lucian, que sorriu admirando a beleza do animal. Nunca tinha visto um como ele. Estava maravilhado e se sentindo em casa, pela primeira vez na vida.

Maki não entendeu nada. O homem à sua frente sorria. Ele era um lobo, ou não era? Por que não se transforma? E por que está sorrindo?

– Já vi que está bem e não se machucou. Foi um prazer conhece-lo, garoto. Não tem noção de como foi bom mesmo. Mas tenho que ir. Eu aconselho a você, a ficar por aqui. Não quer que os humanos vejam você assim, tenho certeza.

Lucian tirou o casaco, jogando-o para o lobo, que rosnava à sua frente.

– Vai precisar mais que eu. Até mais, garoto!

Lucian correu. Mas agora pelas ruas. Sem colocar toda a sua velocidade, já que agora se viu sem dificuldades. Entrou em um café, que tinha as janelas de vidro. Ficava bem no centro da cidade, como pôde perceber. Precisava se organizar. Tinha perdido sua mala, seu carro, seu passaporte. Estava fodido. Tinha a carteira alguns dolares, pelo menos e seus cartões de credito e o do banco . Mas não podia usa-los, ou todos em Volterra saberiam onde estava...


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Makilan já voltara ao normal no beco, e muito a contra gosto, pegou o casaco do forasteiro, enrolando ele na cintura. Estava muito distante da oficina. Eles tinham percorrido uma boa distância. Olhou a rua, na saída do beco. Tinha poucas pessoas na rua. Foi se esgueirando entre um carro e outro. Uma urna dos correios e outros obstáculos, que pudessem esconde-lo e tentar chamar o mínimo de atenção possível. Foi com muito alívio, que viu a viatura de Chalie parando, e ele entrou, praticamente em um pulo, nela.


– Tentando ser preso, garoto? Atentado ao pudor e vadiagem?

Charlie soltou uma gargalhada e ele se protegeu com o casaco, mais ainda.

– Não tem graça, Charlie. Não consegui pega-lo.

– Não devia, nem ter tentado, garoto. Deixe isso para os adultos. Mas eu não acho que ele seja perigoso.

– O que acha que ele é? Ele não me atacou, nem mesmo quando eu me transformei. Ficou rindo. Eu não entendi nada.

– Foi o que eu disse. Ele não é um inimigo.

– Então quem é ele, Charlie?

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– O que deu em você, Leah?


Seth perguntava pela quinta vez isso, para uma Leah totalmente aérea, que não estava prestando a mínima atenção nele, ou em toda aquela falação, que tinha se instalado na oficina. Charlie tinha ido atrás deles, com a viatura. Embry ligava para aldeia e para Jacob, que está em Seattle com Nessie. Todos já estavam em alerta máximo. Até mesmo os Cullen tinham sido avisados sobre o misterioso forasteiro italiano, de nome Lucian.

– Leah, por que está assim, com essa cara de não fale comigo, estou fora de área, deixe seu recado após o sinal?

– Acho que ele é o Jason, Seth.

Leah falou o que todos ali suspeitavam, mas que ninguém teve coragem de formular um uma frase completa.

– Também acho. Mas por que ele fugiria da gente? E por que ele se disse ser Lucian?

– Talvez ele não saiba.

– O que esta dizendo, Leah?

– É ele! Eu sei que é.

– Como você sabe?... Não!!!

– Cala boca, Seth. Não preciso dessa merda agora. Vocês fizeram tudo errado. Vocês o assustaram!

– Ei, pera aí. Ele não parecia nada assustado. Ele sabia muito bem o que fazia. Ele só não queria se identificar e nem responder as perguntas.

– Claro! Vocês o interrogavam, como se ele fosse um criminoso.

– Você ouviu de onde ele é?

– E acha que se ele fosse realmente perigoso, ele se identificaria assim

((Oi, eu vim da Itália. )) Por favor, Seth!!

Seth cruzou os braços e balançou a cabeça, contrariado.

– Ele é mesmo seu imprinting!!

Não foi uma pergunta. Ele afirmava o fato.

– Isso só comprova, que a Nessie estava certa. Não é mesmo?


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