Full Moon escrita por amelia_cullen


Capítulo 2
Ponto de restauração.


Notas iniciais do capítulo

Aqui é o tão esperado encontro da Amélia com os Cullen. Só pra esclarecer, algumas coisas ficaram subentendidas desde a última visita da Alice até essa parte, porque se não o capítulo ia ficar exageradamente extenso. A Alice obviamente fez um panorama da situação da Amélia para todos os Cullen, por isso eles receberam ela. A Bella já estava sabendo que o Edward era noivo da Amélia e eles já sabiam da ajuda da Amélia no salvamento da Renesmee.
Bom, espero que gostem e continuem acompanhando o desenrolar da história!



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 Já estavam todos na sala, ansiosos pelo que eu estava prestes a dizer.

Eu não tinha certeza de que iriam acreditar em mim, ou ao menos entender, mas eu simplesmente devia toda a verdade a eles. Toda aquela situação já havia criado em mim uma grande afeição por aquela família. Esperei pacientemente que Rosalie ajeitasse Renesmee em seu colo.

Desde o dia em que descobri como encontrar Carlisle, eu vinha planejando por onde começar. Nem eu mesma entendia direito como funcionavam os meus poderes e eu teria que explicar de uma maneira bem clara, por que aquilo era a chave de tudo. Edward estava inquieto, como sempre me olhando de cara torta, sempre segurando firme a mão de Bella. Ela me olhava como se eu fosse um inimigo mortal e perigoso e eu não a culpava por aquilo, afinal acho que eu talvez agisse da mesma forma em seu lugar.

Então subitamente Carlisle falou, sua voz calma e aveludada, aquela voz que jamais saíra da minha cabeça:

-Estamos todos prontos para ouvir.

-Eu não sei nem de que ponto começar... - eu disse meio insegura.

E então eu inspirei calmamente, para tomar fôlego.

-Eu acho que vai se tornar mais fácil para explicar se vocês entenderem os meus dons primeiro, como eles trabalham... na verdade, nem mesmo eu tenho entendimento total de como isso funciona.. eu hesitei. Os meus poderes são muito relativos, eles trabalham em conjunto. Eu posso ler mentes, assim como Edward, porém eu posso ter controle sobre isso.. posso desligá-lo, quando não é necessário. Junto com isso, posso também alterar a memória das pessoas, assim como a minha própria. Isso funciona com uma coisa, como um ponto de restauração, como eu chamo. Ele fica registrado na mente das pessoas como se fosse uma chave, que eu posso acessar, e a partir dela, fazer com que os pensamentos se reorganizem.

Como eu já esperava, surgiu uma ruga de desentendimento nas expressões de todos eles.

-Eu posso embaralhar os pensamentos de uma pessoa, fazer com que ela esqueça coisas de sua vida, ou acrescentar coisas á sua memória. Por exemplo, Emmet, posso testar uma coisa com você?

Ele me olhou, surpreso:

-Desde que não vá doer..

-Mas é claro que não. Eu só preciso que você se concentre em alguma memória específica. Pense claramente nela.

-Hummmm... certo, ele disse meio desconfiado.

Então me virei para Edward.

-Você pode ouvir o que ele vai estar pensando e então pode dividir com todos eles.

Ele acenou com a cabeça, sua expressão ilegível, e perguntou:

-Isso só funciona quando se está bem focado no pensamento?

-Não necessariamente.. ajuda um pouco apenas. Mas eu posso acessar até mesmo as memórias mais íntimas de uma pessoa. Isso é apenas para que eu possa explicar mais claramente...

-Oh, certo...

-Pronto Emmet?

-Quando quiser.

Rosalie me olhava fixamente com um olhar desconfiado, mesmo assim eu ignorei e fui em frente, entrando nos pensamentos de Emmet. Ele estava de pé logo atrás de Rosalie, no que parecia o interior de uma densa floresta, correndo. Ela parou de repente e ele andou mais um segundo até alcançá-la. Ele agarrou-a pela cintura e começou a beijá-la, desde a base de sua garganta até alcançar seus lábios...

Era o suficiente para mim; concentrei-me então no ponto de restauração. Imaginei uma imagem muito clara do rosto de Carlisle, na primeira vez que o vi, deixei-a impressa naquele pensamento e então comecei a alterá-lo. Eu me esforcei para criar uma memória que satisfizesse a Rosalie. Talvez isso fizesse com que ela fosse menos amarga comigo. Fiz com que o pensamento agora fosse em uma praia, á luz do sol; naquele momento estaria muito quente e ensolarado; ele e Rosalie estariam com roupas de banho, caminhando ao lado de uma linda criança que sorria de mãos dadas com eles; ela se pareceria em muito com Emmett; ambos estariam mais velhos e com expressões muito felizes e ninguém ao redor deles pareceria notá-los...

Era um pensamento bem absurdo e diferente do anterior. Estava de bom tamanho, e com certeza Rosalie gostaria.

Eu voltei á realidade, olhando imediatamente para Edward, passando pelos olhares curiosos de Jasper e Esme. Alice com certeza já o teria visto antes mesmo de Emmet vê-lo. Edward estava com um largo sorriso e uma expressão que parecia fascinada, e um pouco confusa.

-E então Edward?

-É... realmente muito impressionante, ainda não consigo notar diferenças, parece realmente uma memória de Emmett.... - ele assobiou baixinho.

Então Renesmee me pediu, impaciente

-O que está acontecendo? eu quero ver também...

Eu busquei o ponto de restauração de Emmett e comecei á passar a lembrança para Renesmee.

Ao final, ela estava eufórica

-Uau! - ela disse pulando no colo de Rosalie.

-Passe para todos eles se puder, Nessie, assim todos vão entender.

Enquanto ela o fazia, Edward conversava discretamente com Bella, provavelmente explicando o que acontecera. Eu me voltei para Carlisle para ver a sua reação quando Renesmee passava para ele.

Quando quase todos já haviam visto, Alice levantou de seu lugar e pediu a palavra:

-Estou indo caçar com Jasper. Já estou ciente de tudo o que você vai contar, e de qualquer maneira, eu não quero atrapalhar o suspense para Edward... Não se preocupe, eu explico tudo ao Jasper.-  E saiu, dançando, com Jasper em seus calcanhares. Aquilo me desnorteou um pouco, mas eu não ia me desviar do meu objetivo principal e perguntei á eles:

-Agora vocês entendem o que eu quis dizer?

Felizmente tive várias cabeças que acenavam positivamente, então prossegui.

-Meu nome era Amélia o'Conell, nasci em Chicago por volta do ano de 1900. Quando Carlisle me encontrou no hospital em Chicago, eu tinha dezessete anos.

Segundo os médicos, eu havia sido atacada por uma espécie de leão das montanhas e me restavam poucas horas de vida. Ninguém lá sabia o meu nome, nem de onde eu vinha. Carlisle disse aos médicos que iria me levar ao necrotério. Como havia um surto de gripe espanhola na época os hospitais estavam todos lotados.

O médico responsável permitiu prontamente que Carlisle me levasse dali, para desocupar o leito. Dali fui levada para um lugar que eu nunca descobri ao certo onde era.

Nesse momento, Renesmee tocou o rosto de Rosalie, passando para ela o fragmento de memória de Emmett. A expressão de Rosalie mudou radicalmente, parecia agora mais amena e sonhadora. Edward pareceu perceber a minha repentina parada, mas eu não me dei ao trabalho de ouvir o que ele estaria pensando, e continuei.

-Em minha vida humana eu já manifestava alguns dons muito incomuns; eu podia perceber as coisas, ler mentes, modificá-las até certo ponto, e tinha um imenso autocontrole das minhas reações. Porém eu não tinha consciência do porque e não dominava nem mesmo uma pequena parte desses poderes... eu tinha medo disso, na verdade. Naquela época eu estava para me casar...

Eu hesitei um pouco antes de continuar a frase, com medo das reações. Então Edward completou por mim:

-Comigo.

Eu sinalizei positivamente com a cabeça e continuei:

-Apesar dos meus "poderes" eu sempre busquei viver normalmente e jamais deixei que as pessoas percebessem os meus dons. Até que encontrei Edward... Ele me surpreendeu, lendo os meus pensamentos e respondendo á eles. Eu estava em uma biblioteca, perdida em minhas reflexões, envergonhada comigo mesma depois de ter me descontrolado e iludido os pensamentos de uma outra menina. Foi quando ouvi uma voz falando comigo. Eu demorei alguns segundos para identificar que se tratava de um pensamento. Eu ignorei-o, cheia de vergonha, e ele pareceu arrepender-se também. Algum tempo depois, eu quebrei o silêncio perguntando mentalmente a ele como se sentia por poder ouvir os pensamentos dos outros. Nós conversamos assim por horas. Depois disso eu passei a ir a biblioteca quase todos os dias.  Passamos vários meses nos comunicando apenas com pensamentos, antes de criar coragem para encarar um ao outro. Ele me entendia como ninguém e eu sabia que havia achado a outra metade de mim no mundo.

No dia do ataque, eu estava andando pela estrada, sozinha, quando me deparei com um grupo de pessoas muito pálidas, com suas capas pretas.
Curiosa, eu aumentei a persuasão dos meus dons para tentar entender de onde eram aquelas estranhas pessoas. Acabei entrando, sem querer, na mente de Aro. De repente, uma série de memórias invadiu a minha mente. Eu nunca havia visto pensamentos tão confusos, nem sequer consegui processar direito as informações. Foi quando viraram-se em minha direção, com seus olhos vermelhos. Naquele momento eu já entendia tudo o que estava se passando.. e quem eram aquelas pessoas. Eu estava paralisada de horror, não podia sequer gritar.

O clima da sala começou a ficar mais pesado. Era evidente a reação que o nome dos Volturi causava para eles, depois de tudo o que acontecera há alguns dias atrás.

-Eu me lembro de cada parte da dor que sentia, mesmo eu devendo estar inconsciente. Eu nem ao menos sabia do que poderia estar causando aquela dor. Depois do que penso ser uns três dias, minha consciência começou a voltar. Eu podia ouvir o canto dos pássaros ao meu redor e passos muito próximos no andar de baixo...

...Bem, acho vocês sabem bem como ocorre o processo...

Quando finalmente pude levantar, Carlisle estava a minha espera e contou-me tudo o que havia acontecido. Ele achava que o ataque teria sido motivado por que eu sabia demais, sabia da verdade deles, e isso não era permitido. Então Carlisle me contou toda a sua história, e um pouco de como iria ser a minha nova vida. Nem preciso dizer que criei uma afeição imensa por ele nos dias que se passaram. Seu carinho e paciência comigo pareciam intermináveis. Mas isso não apagava toda a dor que eu deveria sentir. Eu nunca mais veria o meu noivo, ou os meus pais... E era muito pior pensar no quanto eles sofreriam com a minha perda..

A lembrança me trouxe uma onda repentina de dor e tive que usar de um pouco de esforço para controlá-la.

Naquele ponto eu percebi a súbita mudança de humor de Bella. Embora o meu "radar" não funcionasse para ela, eu pude perceber que mudara de postura, me olhava agora com um olhar esquisito, ela estava inquieta. Acho que ela nunca tivera que se sentir ameaçada antes, pela sua expressão, devia estar morrendo de ciúmes. Porém a mão de Edward entrelaçada na sua devia a estar segurando de um ataque de ciúmes. Ou talvez fosse apenas a confiança que ela tinha em Edward.

-Não foi muito difícil descobrir as tão aparentes intensificações dos meus dons. Eu possuía total autocontrole, tanto das minhas emoções físicas quanto das mentais. Por isso eu não sofria nem coma a sede, nem a com a dor da separação com a minha família. Acho que isso foi o que me fez resistir á fase de recém nascida; eu apenas me alimentava o suficiente para sobreviver, e, mesmo, assim me recusava a matar pessoas. Me ajudou muito que Carlisle já fosse "vegetariano" naquela época, porque eu acho que teria me matado de sede, do contrário.

Havia apenas alguns finos raios de sol entrando pela janela, o crepúsculo indicava que logo iria escurecer. Rosalie levantou-se, pedindo desculpas, pois iria levar Renesmee para dormir no andar de cima. Bella deu um beijo na testa da filha e deixou-a ir com Rosalie. Eu esperei até que ela estivesse de volta, observando as expressões de Esme. Me fazia muito feliz saber que Carlisle tinha ela ao seu lado. Eles pareciam ser muito felizes, sem duvida o completava. Ele merecia ter alguém como Esme, e ela parecia exatamente certa para ele. Quando Rosalie já havia tomado seu lugar ao lado de Emmet no sofá, eu continuei:

-Eu acho que se passando uns seis meses depois disso, Carlisle achou que era hora de seguir em frente com a minha nova vida, que eu estava pronta para voltar a conviver com as pessoas. Nós havíamos decidido que eu iria para uma universidade, estudar medicina, como eu queria, quando humana.

Eu não me lembro da região onde nós estávamos morando naquela época. Lembro-me apenas que era extremamente fria, em uma cidade de baixa população.

Eu até cheguei a ser aceita na universidade local, porém nunca cheguei a comparecer ás aulas.

 No caminho para a minha primeira aula, estava dirigindo sozinha pela estrada que ficava á beira de uma floresta. Foi quando percebi que estava sendo seguida. Apressadamente me concentrei em saber o que se passava, e reconheci a mesma mente obscura que tanto me torturava, Demetri e Jane estavam á alguns metros atrás, na minha direção. Eu acho que se não fosse pelo meu autocontrole, eu teria batido com o carro naquela hora, porque a sensação de pânico que estava prestes á me invadir era quase insuportável. Acelerei bruscamente o carro tentando fugir, com esperanças de que não me reconhecessem. Por sorte, consegui escapulir por uma ruazinha a poucos metros dali. Eu desci do carro e corri para o mais longe possível, floresta á dentro. Quando eu parei, já comecei a organizar meus pensamentos, especialmente o que eu tinha entreouvido de Jane. Eu realmente não sabia se eles poderiam saber que eu havia sido transformada, ou se estariam mesmo atrás de mim. Tudo o que eu sabia era que não me restava muito tempo. Demetri iria me achar. E eu tinha que proteger Carlisle. Mas eu não via uma saída. Então eu tentei lembrar tudo o que eu sabia sobre os Volturi, os pensamentos que eu havia encontrado em Aro, nas minhas embaçadas lembranças humanas.

Eu passei um longo momento meditando, até que consegui formular um plano. Eu iria ter que contar com muita sorte para que tudo desse certo. Mas se eu conseguisse, Carlisle estaria á salvo e isso era tudo o que me importava agora. A primeira coisa que fiz, foi voltar para casa, para dar inicio á parte mais importante do plano: manter Carlisle seguro. E seria também a parte mais dolorosa para mim. Na volta para casa, mentalizei o plano e organizei todos os meus passos. Eu teria que agir rapidamente. Quando cheguei, Carlisle estava no seu escritório. Eu entrei em casa escondida, e me concentrei na sua mente á distância. Eu sabia que talvez jamais visse seu rosto de novo, mas era tarde demais para voltar atrás. Me concentrei no meu ponto de restauração, e depois modifiquei todas as memórias de Carlisle em que eu aparecia. Seria a partir daquele momento, como se ele nunca tivesse me encontrado naquele hospital. Eu não levei muito tempo, porque nós já praticávamos á algum tempo alterações com as memórias dele.

 

Eu parei, então, para sentir o impacto que aquela revelação tinha causado á eles.

-Isso explica muita coisa... -  Carlisle disse, sorrindo.

Eu sorri para ele, de uma maneira como eu já não sorria desde os tempos em que éramos apenas eu e ele. Eu estava muito feliz por finalmente poder reencontrá-lo e contar a verdade.

Então Edward interrompeu

-Eu estou curioso agora, você disse que tem como organizar novamente a memória através do ponto de restauração... Você teria como trazer de volta a memória de Carlisle?

-Eu não tenho muita certeza... - eu hesitei. - Podemos tentar mas é uma memória alterada á muito tempo. Isso é um problema com o ponto de restauração.. depois de um tempo ele pode passar a fazer parte da memória da pessoa. Mas isso não acontece sempre. O problema aqui é que eu realmente não me lembro qual era o ponto de restauração de Carlisle... De fato, me preocupei tanto em protegê-lo que escondi o seu ponto de restauração em algum lugar das minhas memórias, para que Carlisle jamais pudesse ser relacionado á mim pelos Volturi. Eu espero que com o tempo eu possa fazer com que sua memória volte.

-Oh... certo... - ele respondeu com uma pontinha de desapontamento em sua voz.

-Espero que não estejam cansados! - eu brinquei. - Acreditem, não é fácil resumir a história de mais de cem anos em um único dia..

Eles riram com a minha piada e isso me fez um bem imenso. Eu tinha afinal conseguido que eles me ouvissem.

Então foi Bella quem falou:

-Mas porque você não procurou Carlisle por todo esse tempo, e só agora voltou?

-Eu estava esperando que alguém me perguntasse isso. Eu achava estranho que nenhum de vocês tivesse tido essa curiosidade.

-Mas você não é a leitora de mentes por aqui? - Rosalie brincou

-É claro, mas eu não estou usando os meus dons. Não me sinto confortável em invadir os pensamentos dos outros.

-Edward, você devia aprender com ela! - Rosalie acrescentou entre risos, e todos riram com ela.

Era impressionante como a conversa tinha se tornado fácil, eu me sentia inclusa entre eles e já não havia mais aquela hostilidade de outrora.

...

Os primeiros raios de sol já surgiam no horizonte. Nós havíamos passado algumas horas conversando, sobre os inoportunos dons de Edward, e especialmente sobre Renesmee. De fato a conversa estava tão interessante que acabei esquecendo de continuar a contar a minha história.

Foi quando Edward interrompeu um relato de Emmet, para avisar que Renesmee já havia acordado. Rosalie subiu correndo as escadas e voltou com ela no colo em poucos segundos. Ela estava radiante. Sua excitação era sem dúvida contagiante.

Então Carlisle lembrou:

-Eu acho que ainda temos uma história para terminar, confesso que fiquei muito curioso para ouvi-la até o final...

-É claro.. - eu completei, rindo

-Acabei me desviando completamente do assunto. Eu peço desculpas...

-Você não tem do que se desculpar. - Bella argumentou - nós é que detraímos você.

-Bem.. de qualquer forma, eu preciso mesmo terminar de explicar, para que eu possa entender direito tudo o que aconteceu. Vou precisar de um pouco da ajuda de vocês para isso.

-Faremos o que for possível...  - Esme acrescentou.

-Eu agradeço imensamente... Vocês não tem ideia do quanto sou grata por tudo o que vocês estão fazendo por mim.

-Era o mínimo que podíamos fazer, depois de você ter ajudado a salvar a vida de Renesmee. - interpôs Bella.

-Bem, então, continuando.. humm... vejamos onde parei...

-Você estava na parte em que a memória de Carlisle foi alterada. - Edward lembrou

-Certo. Depois de alterar a memória de Carlisle, o próximo passo era fugir dali o mais rápido possível. Eu voltei até a estrada onde tinha deixado o meu carro, me certificando de que nenhum dos Volturi estivesse por perto. Eu havia levado comigo todas as minhas roupas e objetos, para não deixar nenhuma pista da minha existência para Carlisle, ou qualquer coisa que pudesse fazer uma ligação dele comigo. Dali eu parei apenas para abastecer o carro. Passei três noites e dois dias dirigindo. Eu estava indo direto para a Itália, Minha intenção era parar apenas quando chegasse próximo aos limites de Volterra. Eu fui direto para um cartório, em Florença. Como eu previa, não foi muito difícil enrolar o escrivão para conseguir documentos novos. Eu me aproveitei da fraca fluência em inglês dele. Reportei que havia sido roubada e tinha perdido todos os meus documentos... Com algum suborno, tornou-se mais fácil ainda. Passei a me chamar Giulia Fontinni.

Depois disso, o plano era tirar Carlisle das minhas memórias. Com o dom de Aro, eu não podia facilitar no caso de eu ser pega. Era um plano bem complicado. Planejei tudo minuciosamente antes de executar de fato.

O que fiz foi me infiltrar entre os Volturi, com a minha memória toda alterada, com vários pontos de restauração ligados em cadeia. A partir do momento que eu acionasse o primeiro, as minhas lembranças originais me levariam até o inicio. Eles jamais reconheceram a minha identidade, tendo em vista que Aro confiava fielmente nos seus poderes.  A avaliação dele mostrou apenas que eu era mais um jovem vampiro, com alguns dons incomuns e que queria servir aos Volturi.

 Eu me certifiquei de que o meu ponto de restauração só me levasse a verdade, se Carlisle estivesse de alguma forma ligado as Volturi; se eu por acaso os ouvisse falar sobre ele ou o visse nos pensamentos de Aro.

-Mas você modificou toda a sua memória? - Edward perguntou.

-Não toda. Apenas a parte dela que me ligava a quem eu era e a Carlisle. Eu modifiquei apenas o meu ultimo dia como humana e o que se seguiu junto á minha transformação. Eu cuidei para que parecesse uma história sem importância para os Volturi e também escondi o fato de poder alterar a minha própria memória, para que eles não desconfiassem de nada.

Por muitas décadas eu vivi entre os Volturi, como um membro comum da guarda. Eu nunca desconfiei de nada do meu suposto passado, ou de quem me transformara.

-Mas você viveu esse tempo todo na Itália? - Desta vez foi Bella quem perguntou

-Grande parte do tempo sim. Mas eu também vivi algum tempo em Chicago. Aro me permitiu voltar a minha cidade para que eu descobrisse um pouco sobre o meu passado humano. Eu passei muito tempo pesquisando sobre a minha vida. Embora eu conseguisse me lembrar de toda a vida humana, as coisas tinham mudado muito por lá. Eu visitei a casa dos meus pais, a escola que eu frequentava na adolescência, e o hospital também. Procurei todos os registros sobre a minha família e amigos. Mas havia uma coisa que não estava certa. Eu havia encontrado os túmulos de todas as pessoas do meu passado, exceto uma. Eu jamais encontrei nenhum registro sobre o meu noivo. Quanto mais eu procurava, menos fazia sentido. Cheguei a procurar em todo o lago Michigan. Eu acabei desistindo com o passar dos anos e voltando para Volterra. Convenci-me de que ele talvez tivesse se mudado para muito longe, ainda jovem.

Agora eu finalmente entendo porque não o encontrei - eu disse, olhando diretamente para Carlisle. Ele devolveu a acusação com o seu olhar cômico de culpa, a mesma expressão que ele usava quando desvendava as minhas precoces tentativas de alteração da memória.

-Você não conseguiria ficar só, não é mesmo? - Eu brinquei com ele.

-Eu precisava de uma companhia, e não havia mais chances para Edward...

-Você é realmente um homem de muito caráter, e continua tendo o enorme coração que possuía... a diferença é que agora tem muito mais gente dentro dele! - eu disse sorrindo.

-Agora as coisas fazem sentido para mim. - Edward disse.

-É muito bom ouvir isso.

Edward e eu passamos um longo momento nos encarando, ele sorria para mim, e eu devolvia o sorrindo também. Então eu resolvi continuar.

Bella pareceu notar, e ela não deveria estar gostando nem um pouco da situação.

-Bem.. eu vou terminar com isso de uma vez para que Alice possa voltar para casa...

-Oh.. é mesmo!  - Bella riu, colocando a mão sobre a testa.

-Bem... é nessa parte que as coisas se tornam um pouco confusas para mim. É o momento em que as nossas histórias se cruzam.

Aconteceu que há uns dois anos e meio atrás, eu finalmente tive notícias de Carlisle. Eu não estava no castelo, mas sim, em meio a multidão porque era o dia da festa de São Marcos. Eu estava de guarda para alertar Caio sobre qualquer imprevisto, ou qualquer pessoa mal intencionada que pudesse vir a causar problemas. Foi quando vi Carlisle nos pensamentos de Alice. Havia muitas coisas em sua mente que não me eram interessantes, mas eu pude ver claramente o rosto de Carlisle, em pânico. Subitamente o meu ponto de restauração se quebrou e as minhas memórias voltaram ao normal. Eu tive que me esconder em uma ruazinha sem saída que havia por perto para não levantar suspeitas. Se Aro percebesse eu estaria perdida. Eu levei alguns minutos para me recompor e entender o que estava acontecendo. Além de tudo, á medida que eu ia me lembrando, outros pontos de restauração iam sendo quebrados, em sequência. Todo o meu passado estava voltando para mim e quanto mais eu recordava, mais aflita eu ficava em descobrir quem era Alice, para chegar o mais breve possível até Carlisle antes que fosse tarde demais...

-É claro! - Edward explicou. - Alice estava atrás de mim em Volterra. Ela tinha previsto a minha tentativa de suicídio e talvez também pudesse ver a reação de Carlisle á tudo isso.

-Até aí eu deduzi sozinha. Agora é que eu preciso entender. O que vocês estavam fazendo em Volterra?

-Bem... - Edward hesitou.. - é uma história meio complicada de se explicar...

Então foi Bella quem se dispôs á falar:

-Você já conhece a história de como nós nos conhecemos não é?

-Ainda não tive esse prazer.

-Certo.. então.. temos mais uma longa história pela frente...


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Notas finais do capítulo

Só de curiosidade, o que vocês acharam dos poderes da Amélia?
Comentem, fico curiosa pra saber se a fic está realmente boa!