Quando O Amor E A Morte Se Encontram escrita por Lia Reis


Capítulo 8
Capítulo 8




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Sentamos a uma mesa, Jesse pôs uma bandeja cheia de coisas na minha frente.

- Sério que você acha que eu vou comer tudo isso?

- Claro que não. A metade é minha.

- A metade? Só a metade? Qual é Jesse, aqui tem comida pra um batalhão. –ele deu de ombros.

- Eu não sabia o que você iria querer, então trouxe de tudo um pouco.

- Ah, certo.

- Temos desde barrinhas de cereais a... Um hamburgão delicioso.

- Nossa. Quantas opções.

- O que você gostava mais de comer?

- Sorvete. –nós dois rimos.

- Isso não é um alimento.

- Mas eu gostava, teve um dia que o Jack deixou cair uma bola de sorvete na minha saia nova, eu fiquei com tanta raiva que joguei de propósito sorvete na blusa dele. Aí começamos uma guerra ridícula... É... Desculpe.

- Não, pode continuar. É bom ouvir você falar de algo com tanto entusiasmo.

- Deixa pra lá, não tem importância.

- Discordo. Toda lembrança é importante.

- Qual a sua melhor lembrança?

- Melhor lembrança... O dia em que eu te levei pro baile de formatura e você disse que aquele foi o melhor baile de todos. –eu ri dele.

- Não vale! Isso nunca aconteceu. –joguei um lenço papel nele.

- Mas é a minha melhor lembrança do que ainda vai acontecer.

- Por que você tem tanta certeza?

- Eu não te contei que tenho o dom da adivinhação?

- Ah, então me diga... O que eu vou fazer agora?

- Hmm... Deixe-me concentrar... –Ele pôs as mãos na testa e fechou os olhos.

- Você vai me beijar.

- Hahaha. Você é um péssimo vidente.

- Vem, vamos sair daqui. –ele me puxou pelas mãos.

- Pra onde vamos? E as aulas? Não podemos simplesmente sair do colégio assim.

- Você nunca fez nada contra as regras?

- Hm. Depende.

- Imaginei. 

-Você é um louco.

- Obrigado. Sabor?

- Morango.

- Um de creme outro de morango, por favor. –Jesse se dirigiu a moça que nos atendia em uma sorveteria. Eu não conseguia fazer outra coisa se não sorrir.

- O seu sorriso é lindo.

- eu sei. –pude sentir meu rosto corar.

- E é muito modesta também. –eu não pude conter o riso.

- Eu acho que estou meio grogue.

- percebo. Por isso vou me aproveitar ao máximo de voce, nesse estado tão vulnerável. –ele deu um sorriso cheio de segundas intenções.

- Isso não se faz. Me diz, por que voce é sempre tão de bem com a vida?

- Eu só tenho uma. Por que ficaria de mal? Eu sou muito solicitado, sabia?! Aproveite que eu estou do seu lado.

- Não entendi a piada.

- A morte e a vida fazem muita questão da minha presença.

- Com todos é assim.

- Não, eu sou um caso especial.

- Tá certo. Voce não vai me contar, não é?!

- Não. Você viu o que eu deixei no seu quarto?

- O que? Quando?

- Vai ver. 

***

- Ainda temos algum tempo antes da sua mãe chegar. Você não quer me convidar pra entrar? –Jesse usava o seu sorriso mais convincente enquanto esperava a minha resposta na soleira da porta.

- Não. –soltei um riso.

- O seu riso é o som mais lindo que eu já ouvi. É algo tão verdadeiro... E mágico. Parecem sinos de prata. –eu parei imediatamente, seus olhos fixos nos meus.

- Espera! Esse é o momento em que se apaixona por mim? É, não é?! Você está totalmente se apaixonando por mim nesse momento. –brinquei sem pensar no que havia dito. Jesse baixou os olhos e riu também visivelmente embaraçado.

Abri caminho permitindo a sua entrada, nós dois subimos as escadas em silencio. Jesse vinha logo atrás de mim.

Fomos direto para o meu quarto, eu observei-o, tentado identificar qualquer coisa que não fazia parte do seu ambiente natural e encontrei no canto da parede perto da porta da varanda um pequeno jarro. Com terra. Um jarro com terra? Ok. Eu realmente esperava algo mais romântico. Não. Eu não esperava nada. Que droga! No quê eu estava pensando? Tá, eu nem sequer estava pensando.

- O que...?

- Bem, você disse que não gosta de flores. Na verdade, de recebê-las. E eu queria te dar algo de boas vindas... E já que as singelas flores estavam fora de cogitação. Resolvi te dar...

- Um jarro?

- Er... não exatamente. Veja. –ele me abaixou até o chão para observar melhor o jarro.

- Uma...

- Muda. –eu ainda estava sem entender muita coisa. Mas não falei nada. Não queria parecer uma burra. Afinal, o meu raciocínio estava meio lento, percebi.

- Uma muda de rosas. Chama-se Príncipe Negro. Agora as suas rosas podem durar a vida toda. Isso se você cuidar delas. Elas são de um vermelho sangue bem escuro. Acho que vai gostar delas.

Jesse falava sem parar, enquanto os meus pensamentos se congelaram e eu me peguei sorrindo feito boba.

- Obrigada. –sussurrei. Ele parou de falar e encontrou meus olhos.

- Isso... é muito lindo. Nunca pensei que algo assim pudesse vir de você.

- Você acabou de ferir meus sentimentos e nem se deu conta. –Jesse riu.

- Oh, me desculpe. Eu não quis... Foi mal.

- Eu sei. Eu sou surpreendente. –revirei os olhos.

- Onde você conseguiu isso?

- Eu peguei as sementes de uma roseira da estufa da minha mãe. Ela é obsecada por rosas. E eu acabei aprendendo alguma coisa.

- Nossa. Isso sim é realmente surpreendente. Jesse um especialista em rosas? Então me diga. Como devo cuidá-las?

- Sempre em vasos de barro, como este. Só que maior claro. Você pode colocá-las na sua varanda, elas gostam de sol e água, portanto regue todos os dias. Só não vá afogá-las. A príncipe negro tem muito perfume. E sobre a poda... –Jesse parou de falar observando a minha cara de pânico e encantamento. Nós dois rimos.

- Ok. Deixe isso comigo. Eu sei quando fazer.

Era realmente incrível o modo como ele falava das rosas. Com tanto entusiasmo e certa paixão. Uma paixão escondida.

- Pelo visto você herdou da sua mãe o fascínio por rosas. –ele fez uma careta de desdém.

- Não. Eu só era obrigado a ficar com ela quando pequeno e aprendi com o tempo.

- Nem vem com essa. Só por que você é homem não quer dizer que não pode trabalhar com flores.

- Eu não disse isso.

- Mas é o que pensa. Qual é você tem medo de ser eternamente zoado?

- Er... Não é uma coisa comum, né?

- Não. Mas é admirável. E eu aposto que isso vai fazer chover gatinhas na sua estufa. –nós dois rimos.

- Gatinhas... Que coisa boa. Não tinha pensado nisso.

 Lancei-lhe um olhar feio.

- por que você é sempre tão legal comigo?

- por que eu gosto de você. É o suficiente?

- Nem as minhas amigas que me conhecem há anos fazem essas coisas.

- Ah é?! E que coisas seriam essas?

- Não desistir de mim.

- elas não fizeram isso. Elas só não enxergam de verdade o que se passa nessa sua cabecinha.

- E você enxerga! Não faz sentido. Você me conhece não tem nem um ano.

- É. Eu também não sei explicar. Eu só sinto. O que você sente.

Nos olhamos por um longo minuto até que eu me levantei. Eu me sentia confusa e embaraçada. Não entendia essa... Conexão entre nós.

 Quando me virei Jesse já estava de pé, logo atrás de mim. As suas mãos se fecharam ao redor do meu rosto, do meu cabelo, pescoço, até nos meus ombros. Parando na cintura. Quando tocou meus lábios, suavemente e hesitante. Jesse colocou seu braço direito ao redor da minha cintura, segurando-me perto. Ok. Este foi o beijo. Um beijo sério. Não como aqueles que ele havia me roubado outras vezes.

Quando ele me soltou eu caí para trás, para me sentar na cama, totalmente fraca e absorta. Jesse deu dois grandes passos para trás e caminhou em direção a porta.

- Ok. Eu não sei se isso deveria ter acontecido.

- Nem eu.

- e eu tenho a leve impressão de que não estamos mais sozinhos aqui.

- Minha mãe. –suspirei derrotada.

Jesse abriu a porta do quarto, fechou os olhos com força e como se estivesse travando uma batalha consigo mesmo deu mais um passo para fora e outro para dentro.

- Só mais uma coisa! –me surpreendeu com mais um beijo que me deixou tonta, eu ainda estava sentada na cama se estivesse em pé provavelmente minhas pernas teriam se tornado gelatina. Ele me fez ir para trás até estar deitada completamente incapaz de me mexer. Como se estivesse satisfeito com o efeito causado em mim, um sorriso de canto brotou em seus lábios. Um beijo na testa foi a ultima coisa que ele fez antes de ir embora feito furacão. 

Mas o que foi isso?! Será que eu... E ele... Será que nós... Sequer existe um “nós”? Céus, o que estava acontecendo comigo? Essa vontade e necessidade súbita de vê-lo. Eu não podia estar apaixonada por ele. Mas por que não? Ele era tão lindo, com aquele cabelo despenteado e de corte irregular. Aqueles olhos escuros em contraste com a pele tão alva. E toda aquela preocupação comigo.

Ok. Eu não estava nada normal. Talvez fossem os remédios...

Ah, a apresentação do Louis. Como pude esquecer?! Está quase na hora, nem avisei pra minha mãe. Ela vai me matar totalmente. Bom, não se ela não souber que eu vou. Oh, céus. Eu sou uma transgressora. 


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Notas finais do capítulo

N/A: Eaí, queridos leitores!? xD O que acharam deste capitulo? Sam descobrindo novos sentimentos... O que acham que deve acontecer na apresentação da banda do Louis?! xD Comeeeentem!!



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