— Vilu, posso saber o que aconteceu ontem pra você estar tão feliz? — perguntou Angie, no café da manhã.

— Depois eu te conto com detalhes, Angie. Agora vamos que estamos atrasadas. 

Levantei-me rapidamente da mesa, e peguei minha bolsa. 

— Só vou pegar minha carteira lá em cima. — avisou ela. 

— Bom dia! 

— Bom dia, pai. — falei com certa frieza.

— Ainda está chateada por ontem? — perguntou. 

— O que você acha? — perguntei — Pai, eu só queria que você fosse um pouco mais compreensivo. Eu gosto do León. 

— Mas eu não quero que você namore agora.

— E quando, pai? Quando? Eu já tenho 18 anos, estou bastante crescida.

— Mas...

— Não quero mais ouvir nada, vou esperar a Angie lá fora. 

Ele era inacreditável. Além de não permitir que eu namorasse, ainda obrigava a Angie a me acompanhar até o estúdio. Isso me dava nos nervos. 

Angie finalmente saiu e fomos para o estúdio. Ao chegarmos, Maxi, Cami e Fran estavam me esperando aturdidos.

— Conta! Como foi? — Fran se adiantou. 

— Como foi o que? — Me fiz de desentendida. 

— Não se faça de sonsa! O encontro com o León.

— Como vocês sabem disso? 

— Eu já sabia, León me contou. E então, eu contei pra elas. — Maxi disse.

— E você nem me contou nada, né? Mas enfim, depois eu conto pra vocês. Temos que ir pra aula.

Fran e Cami ficaram meio frustradas, mas fomos para aula. Só Maxi não ficou provavelmente León havia contado tudo para ele. Beto estava mais desastrado que de costume. Deve ter derrubado pelo menos uns cinco instrumentos. 

Ainda faltavam alguns minutos para a aula começar, então me sentei em uma das cadeiras e comecei a escrever aleatoriamente em meu diário. Logo percebi que tinha alguém atrás de mim, observando o que eu estava escrevendo. Estava pronta para brigar com a tal pessoa, mas quando vi quem era um sorriso brotou em meu rosto. 

— Bom dia, meu amor! Como está? 

— Muito bem — Sorri. — E você? 

— Melhor agora. — Ele sorriu de volta. 

Ao longe, pude ver uma loira bufando e fechando a cara para nós dois. Qual era o problema de Ludmila? Antes, queria me separar do Tomás. Tudo bem, Tomás foi embora. E agora, ela estava brava por eu estar com León? Eu não a entendia, simplesmente não a entendia. 

Talvez ela só estivesse com raiva por eu estar feliz. Talvez, tudo o que ela queria era a minha infelicidade, não se importando com quem eu estava. Talvez, só talvez.

Aí me lembrei de que ela tentara me separar dele algumas vezes, logo após o fracasso do espetáculo, quase um ano atrás.

Uma fúria me habitou repentinamente. Eu sabia que ela faria de tudo para me infeliz, derrotada. 

Esgueirei-me rapidamente para o lado de León, e segurei a sua mão com força. Não permitiria que ela sequer se aproximasse dele. Era incrível como eu havia mudado com o decorrer do tempo. Deixara de ser tímida e boba, para me tornar uma garota com princípios.

Era melhor assim. Me sentia mais forte, mais determinada.

— O que foi, meu amor? — perguntou León, percebendo certa tensão em mim. 

— Nada. — Tentei dar um sorriso convincente, não sei se funcionou. 

Ele pôs um braço em volta de meus ombros, e depois de um minuto, a aula começou. O atrapalhamento de Beto deixou a aula divertida, e rimos o tempo todo, como sempre fazíamos nessa aula.

Ao seu fim, teve que se reunir com a banda para ensaios, ou qualquer outra coisa do tipo. Ludmila, penso eu, se aproveitou da situação para se aproximar de mim.

— Se depender de mim, esse namoro de vocês dois não vai durar. 

— É, mas não depende de você. Que pena. — Sorri ironicamente. 

— Fique sabendo que farei de tudo pra separar vocês dois. Consegui isso uma vez, conseguirei de novo. 

— Ludmila, pensei que você gostasse do Tomás. Agora gosta do León? 

— Sim, mas o Tomás foi embora. E eu namorava o León antes de você entrar nesse estúdio, posso consegui-lo novamente.

— Pode tentar, mas fique sabendo que eu não sou a mesma bobinha de antes. Eu amo o León, e não vou deixar você acabar com a nossa relação. — Mantive minha voz firme. 

— Isso é o que veremos. — Ela deu aquele sorriso irritante, e saiu da sala. 

A fúria mais uma vez me habitou. Minhas mãos começaram a tremer em raiva. 

— A Ludmila não vai conseguir separar vocês dois, relaxa. — Broadway tentou me tranquilizar. 

— Você não sabe nem da metade do que ela é capaz. — Suspirei.

— Vou te ajudar, não se preocupa. — Ele sorriu.

Broadway havia se tornado um grande amigo para mim. Entrou no estúdio logo depois do espetáculo fracassado, e fez uma grande diferença. Não sei o que eu faria sem ele. 

— Estou indo ensaiar com a banda, quer assistir? — perguntou.

Tinha me esquecido completamente que Broadway era da banda de León. Assenti com a cabeça, e fomos. 

Os meninos já haviam arrumado os instrumentos e logo começaram a tocar. Eles eram muito, muito bons. 

Escucha bien
Soy un buen chico que te quiere bien
Mi corazón siempre me dice que ta tudo tudo bom
En el amor yo soy un eterno buscador
Soy un descarado, y yo respondo en todos lados

Are you ready for the ride, Let's ready for!
Are you ready for the ride, Let's ready for!
Si suena bien, ya no me importa nada
No me importa nada

Vuelvo a mi casa y me pregunto que me pasa
Vuelvo a mi casa, pregunto que pasa
No vine aquí a fastidiar, quiero bailar, ponte a cantar
Porque en fin no somos, tan, tan diferentes.

Are you ready for the ride, Let's ready for!
Are you ready for the ride, Let's ready for!

— Vocês são ótimos! — exclamei, surpresa. 

— Por que está tão surpresa? — questionou Napo, convencido.

— É que fazia tanto tempo que não escutava vocês tocarem. Acho que fiquei um pouco desligada de tudo por um tempo. — expliquei. 

— É, mas agora tudo voltou ao normal, eu espero. — Interveio meu namorado, sorri para ele.

Passei mais algum tempo escutando-os, mas logo saí. Não queria atrapalha-los, então fui atrás da Cami e da Fran. 

Quando estava no meio do corredor, escutei o som de passos atrás de mim. Logo reconheci o barulho do salto irritante. Tudo naquela garota era irritante. Me virei bruscamente.

— O que você quer, Ludmila?

— Só pra te dar um aviso: Aproveite ao máximo os momentos com seu namorado, porque eu vou separar vocês dois, e logo. — Ela sorriu e saiu. 

Mais uma vez, a fúria tomou conta de mim, mas dessa vez, trouxe um sentimento novo e frustrante. Medo.