Saí de casa sem nem mesmo me olhar no espelho. Minha ansiedade extrapolava qualquer outra vontade ou cuidado. Eu quase corria nas ruas, em direção à praça. Todos olhavam para mim meio de canto, como se eu fosse louca, mas eu nem me importava.

Quando enfim cheguei, meu coração disparou.

Lá estava ele, sentando em um dos bancos, olhando para mim. Estava mais lindo do que nunca. Seu rosto angelical era de uma beleza inumana. E seu sorriso, ah, seu sorriso! Permitia-me ver o paraíso.

Aproximei-me timidamente, e me sentei ao seu lado. Não sabia o que dizer ou como agir. Então, esperei que ele falasse algo e explicasse o motivo daquela mensagem.

— Estive pensando no que você me disse, e nos conselhos que os meninos me deram. — disse ele.

— E então? — Sorri.

— Quero te levar a um lugar.

— Pra onde?

— Você verá. — Ele sorriu, e então se levantou.

Segurou minha mão, fazendo com que eu levantasse também. Saímos da praça e passamos a caminhar pelas ruas. Eu não fazia ideia de para onde ele estava me levando, mas não importava. Eu estava com ele.

Andamos um ou dois quarteirões, e chegamos em frente a um pequeno jardim. Nunca tinha o visto, mas era lindo.

Havia flores de espécies e cores diversas, pássaros cantavam, e uma melodia vinha de dentro do jardim.

Ele me puxou até lá, e então, tive um choque de surpresa e felicidade.

Uma pequena mesa estava no centro do jardim, em seu centro, um jarro com rosas. Um rapaz tocava violão ali ao lado, e parecia ser uma melodia conhecida. Só não conseguia me lembrar qual era.

— O que é isso tudo? — perguntei surpresa.

— Vilu, eu fui um tolo por todo esse tempo. Fui muito paranoico em relação ao Tomás e acabei deixando o amor que eu tenho por você de lado. Mas quero que saiba que eu nunca deixei de te amar e penso em você a cada instante. Cada vez que você dizia que me amava e que queria voltar comigo, a minha vontade de ceder aos seus pedidos era imensa e quase irresistível. Agora, tudo o que eu quero é estar ao seu lado, sem me importar com qualquer outro.

— León, eu... — Não consegui completar, estava completamente sem palavras.

— Não fale nada. — Ele pôs um dedo nos meus lábios, e me levou até a mesa. Puxou uma cadeira para que eu pudesse me sentar, e pegou o violão que até então estava nas mãos do tal rapaz.

Palavras não podem expressar o que eu estava sentindo naquele momento. Mil emoções giravam pela minha cabeça. Meu coração batia forte, como nunca havia feito antes.

Naquele momento, Tomás já não me importava. Não conseguia sequer me lembrar dele. Quaisquer sentimentos que tive por ele algum dia transformaram-se em amizade, e nada mais disso. O único que ocupava meu coração era León, e eu esperava que pra sempre fosse assim. Afinal, ele me fazia bem, cuidava de mim, sempre estava ao meu lado. E eu retribuiria tudo isso para ele.

— Lembra de quando você entrou no Studio, e eu compus uma música para cantar pra você?

Como não me lembrar. Sempre me emocionava ao ouvir essa música, como eu mesma dissera para ele certa vez.

— Claro que lembro. — Sorri.

Ele começou a tocar no violão a conhecida canção, que havia me marcado para sempre. Não havia duvidas de que eu amava aquela música incondicionalmente.

Es por momentos que parezco
Invisible
Y solo yo entiendo lo que me
Hiciste
Mirame bien, dime quien es el
Mejor

Cerca de ti, irresistible
Una actuacion, poco
Creible
Mirame bien, dime quien es
El mejor

Essa música deveria expressar uma certa disputa entre Tomás e León. Mas tinha algo bem mais profundo naquela música. Ela simplesmente dizia que Tomás não era certo para mim, mas se a minha escolha fosse ficar com ele, León estaria sempre ali, me esperando ou me procurando. Isso tocava bastante o meu coração. Comecei a cantar junto com ele.

Hablemos de una vez
Yo te veo pero tu no ves
En esta historia todo esta al reves
No me importa esta vez voy por ti

Hablemos de una vez
Siempre cerca tuyo estare
Aunque no me veas, mirame
No me importa esta vez, voy por ti...

Eu já estava com lágrimas nos olhos e me senti uma completa idiota por me emocionar tão facilmente. León largou o violão e se aproximou de mim.

— Eu te amo. — Ele sussurrou.

— Eu também te amo, sempre amei. — disse-lhe.

Ele acariciou meu rosto fazendo-me fechar os olhos. Nada me faria mais feliz naquele momento. Em segundos, pude sentir seus lábios sendo selados nos meus.

Entrelacei minhas mãos em seu pescoço e desfrutei ao máximo daquele momento. Finalmente, depois de meses, eu estava novamente nos braços do meu amado.

***

— Quer que eu entre? — perguntou León, quando chegamos no portão da minha casa.

— Acho melhor não. Meu pai está muito irritado comigo porque já faz algum tempo que estou estranha, e não ouço muito ele. Então...

— Tudo bem, a gente se vê amanhã. — Ele sorriu.

— Eu te amo. — falei, dando-lhe um beijo rápido e entrando em casa.

Eu sorria de orelha a orelha feito boba. Acho que ao invés de andar, estava saltitando. Mas não me importei.

Sentei-me a mesa para aguardar o jantar, e papai e Angie logo perceberam minha alegria mórbida.

— O que aconteceu, filha? Está tão... alegre. — comentou ele.

— Nada demais.

— E onde você esteve a tarde toda? — perguntou, desconfiado.

— Estava com o León. — admiti por fim.

— O que? Violetta, há algum tempo eu aceitei você estudar no estúdio e tudo mais, mas namorar, minha filha? Já conversamos sobre isso, você é muito nova e...

— Germán! Violetta já é adulta legalmente. Tem todo o direito de ter um namorado. E você conhece o León, sabe que é um rapaz bom e de boa família. — intervém Angie.

— Deixa Angie. Eu pensei que você tivesse mudado, papai. Mas pelo visto, continua o mesmo de sempre.

Fui para o meu quarto sem dar mais cerimônias. Meu pai nunca mudaria, nunca mesmo. Pelo mesmo ele aceitara minha paixão pela música.

Mas o resto, ele continuava a dificultar. Minha raiva não durou muito tempo, pois assim que entrei em meu quarto, recebi uma mensagem de León.

Durma bem, meu amor. Eu te amo e sempre você te amar.

Sorri.