Zumbis, Garotos E Armas! escrita por Andy


Capítulo 29
Sobrevivencia: Tudo ou Nada




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Kai e eu corríamos como se não houvesse amanhã.

– Aqui estar bom. - exclamou o oriental. - Já estamos longe o suficiente daquela coisa. - prosseguiu antes de joga-se na escadaria da fachada de um prédio. Sentei-me ao seu lado. A chuva havia passado há pouco tempo, estávamos encharcados.

– O que você achar que fizeram com ela no laboratório? - perguntei.

– Não sei, mas, aquilo estar bem longe das propriedades que o Príon -5 tem. Seja o que for parece que eles pegaram x+y e resolveram testar o que daria.

– Não me fale de fórmulas. Sempre odiei equações. - comentei brincando apesar da seriedade do assunto. O que Bóris tinha na cabeça? Será que aquela garota poderia ser o real motivo de todo apocalipse? Foi para achar alguém como ela que eles lançaram o vírus na cidade?

– Está se martirizando B. Boy. - exclamou Kai tirando-me de meu devaneio. - Não se faça perguntas que não pode responder, só vai te trazer uma bela dor de cabeça.

– É sei. Mas não consigo evitar. Você não acha que tem muito mistério por detrás da intenção da corporação com essa cidade?

– Bem isso é obvio. - ironizou Kai ficando os cotovelos na perna e apoiando o queixo nas mãos entrelaçadas.

– O que sabe sobre Bóris? - perguntou de repente.

– O mesmo que todo mundo. - respondi. - Ele era um gênio na faculdade e quando se formou entrou na corporação e por ser tão bom passou a administrar os laboratórios nébula.

– Sim. Só que o Bóris só conseguiu esse prestigio através da tese que desenvolveu quando era universitário. Pense comigo, o aconteceria se o ser humano pudesse usar uma capacidade maior de sua força e inteligência?

– Teria habilidades além do normal.

– Exato. Mas é quase impossível alguém alcançar essa plenitude. Atleta, lutadores, jogadores de vários esportes eles são os que conseguem chegar mais perto. Com muito treinamento é claro. Pensando nisso Bóris achou uma maneira de "despertar" esse nosso lado de uma maneira mais rápida. Utilizando manipulação da matéria numa escala atômica e molecular, algo que a química chama de nanotecnologia. Mas o Bóris a utilizou ao seu próprio modo, colocando-a para agir no nosso sistema nervoso principalmente em nossas "reservas" que carinhosamente chamamos de adrenalina, para abrir as portas para o verdadeiro poder que temos.

– Você tá falando que... - comecei sem ter coragem de terminar.

– O cara é um Hitler da vida. - respondeu Kai com um sorriso sádico. - Ele quer cria um tipo diferente de pessoas que possam usar cem por cento de sua capacidade humana sem limitações.

– Uma pessoa sem limitações. - repeti lembrando-me da garota ruiva. - Ela se torna um monstro. - conclui.

– É claro. - intervês Kai. - Por que você acha que existe uma barreira? Certas coisas são limitadas por um bom motivo, é lógico que pessoas desse tipo perdem sua humanidade. Ela é guiada por instinto abandonando sua identidade pessoal.

– Aquela garota tá bem encrencada.

– Ela?! - debochou. - Nós, nós estamos bem encrencados se a encontramos novamente. Viu o que ela fez com o Gray e o Vacily? - parei pra pensar em tudo que ele dizia por alguns minutos.

– Mesmo assim, eu não queria ta na pele dela. - afirmei.

– Levanta, vamos indo. - bradou Kai que já estava de pé.

– Vai voltar para o laboratório?

– Nem morto. Pedi ao Gray para vim com Willian em outro helicóptero logo no começo da missão. Nós o aterrissamos perto da praça botânica. Ainda sabe pilotar certo? - me perguntou com um sorriso maroto.

– Você sabia de tudo desde o começo não é?

– Suspeitava.

– O que você veio fazer nessa missão Kai?

– Reconhecimento. - respondeu diretamente. - A mando dos irmãos Fantinie. Mas enfim, vai ou não pilotar? - perguntou e foi minha vez de sorrir ironicamente.

****

Abri os olhos sonolenta, percebendo que tinha cochilado nos braços de Kentin que mantinha um forte aperto em minha cintura.

– Foi tudo um sonho? - perguntei brincando assim que vi seu olhos verdes encontrarem com o meu.

– Espere mais um pouco e será. - respondeu beijando minha testa em seguida.

– Eu sou a rainha do drama, não sou?

– Só tem seus momentos.

– Está sendo modesto.

– Talvez.

– Para com isso.

– O que eu fiz? - perguntou rindo.

– Não importa. - falei sorrindo para o mesmo. - É bom esta ao seu lado. - complementei beijando-o em seguida. Quando desvencilhamos Ken jogou a cabeça lentamente para trás suspirando.

– Eu podia ficar a eternidade assim. Com você ao meu lado. - ele estava prestes a continuar quando parou de repente. - A chuva passou?

– Parece que sim. - respondi não ouvindo mais o som que a mesma causava.

– Temos que ir. Estão nos aguardado na ponte. - disse Kentin se levantando e me puxando junto a ele.

– Nos aguardando? - repetir. Ele não poderia esta falando do grupo poderia? Mas a garota...

– Sim. Castiel e os outros. - afirmou ele me fitando.

– Mas não estão todos mortos? Aquela garota, Trina me disse... - comecei parando alguns minutos. Ela mentiu pra mim. É a única explicação.

– Trina? Você se encontrou com ela? - perguntou estupefato.

– Sim, no hospital. Mas eu a perdi quando formos atacadas. - dizia percebendo que não conseguia lembrar exatamente do que aconteceu. - Ela gritou e então tudo que aconteceu depois disso ate te encontrar parece um borrão em minha cabeça. - levantei meu olhar para ele ao perceber que algo estava errado comigo.

– Bem, cada um tem o final que merece. - respondeu pegando minha mão me conduzindo para fora do bar.

– Ainda tem muita coisa que você precisa saber. - exclamei lembrando-me de Dake e do laboratório.

– São apenas detalhes. Você vai ter tempo pra mim conta quando saímos daqui.

– Ken... - chamei querendo que ele desse mais importância ao que eu iria lhe falar.

– Suba nas minhas costas! - interrompeu-me. Olhei para ele sem acreditar no que estava me pedido.

– Não. - respondi e ele me encarou com as sobrancelhas unidas e o cenho franzindo - Vai ter que me alcançar primeiro. - complementei com um sorriso sapeca.

– Você tá brincando certo? - eu não me pronunciei, mantendo minha postura desafiadora.

– É serio? - continuou perplexo. Eu sabia o quão rápido ele era graças a sua habilidade sobrenatural, porém ele não era o único.

– Está convencido agora? - perguntei e Kentin esboçou um sorriso de canto de boca. Fiquei ao seu lado como se estivéssemos em uma linha de largada.

– Vou esperar você alcançar certa distância para poder alcança-la. Assim será mais justo. - disse se colocando em posição.

– Pense assim e será seu fim. - respondi alargando meu sorriso. Respirei fundo soltando o ar do pulmão lentamente.

– No três nos corremos. - exclamou Kentin. - Um, dois... Três!

Eu impulsionei o meus pés o máximo que pude para frente. Mas não era necessário tanto esforço. Parecia não haver gravidade, ou chão sobre eles que deslizavam pela avenida. O vento batia violentamente sobre meu rosto a medida que ganhava velocidade. Era uma sensação maravilhosa.

Quando olhei para o lado vi Kentin correndo no mesmo ritmo que eu de queixo caído e cenho franzido.

– São apenas detalhes, certo? - exclamei usando suas próprias palavras e então me inclinei para frente correndo ainda mais rápido.

***

No laboratório Nébula Bóris e Dake seguiam para o hall principal na superfície formada por uma cúpula de vidro dando passagem ao jardim botânico. Tinham que deixar o local o mais rápido que pudesse. O esquadrão que havia sido mandando capturar a garota estava demorando e eles não tinham todo tempo do mundo.

– Pra que tanta presa? - ouviram uma voz feminina exclama quando acionaram o elevador.

– Sophi... - grunhiu Dake entre os dentes, seu maxilar estava cerrado tal como seus punhos.

– Você está tão tenso Evan. - brincou a cientista cheia de sarcasmo. - Quer que eu o faça relaxar?

– O que está fazendo aqui traidora? - perguntou Bóris rispidamente.

– Sensei por que está gritando comigo? - provocou, ela o chamava daquela forma desde quando se discípula do mesmo e por estarem envolvidos em um projeto em Tokyo. - Eu não fiz nada a você. - completou abrindo seu melhor sorriso de escárnio. - Ainda.

– Hunf... Eu devia saber que tipo de pessoa você é desde o princípio. Um lobo na pele de um cordeiro.

– Você merece um dez por essa conclusão. - continuou Sophi se aproximando dos mesmos.

– O que eles ofereceram a você para estar do lado deles? - perguntou Dake que ainda segurava-se para não avançar na mulher.

– Nada que vocês ou a corporação possam me dá. - respondeu ela e por alguns míseros segundos sua expressão suavizou como se lembrasse de algo mas não por muito tempo pois retomou o foco em seguida.

– Não respondeu minha pergunta - recolocou Bóris. - O que faz aqui?

– Ah, Sensei, ainda perguntando a mesma coisa? Eu achei que você fosse mais esperto.

– Recolhendo dados de pesquisas é claro. Desde que os irmãos Fantinie largaram a corporação todos os laços foram cortados e eles precisavam de algumas coisas então...

– Você está dizendo que eles...

– Sim Dake. Isso mesmo, acharam um jeito de acabar com a ideiazinha do seu tio.

– Está mentindo. Foram anos de pesquisa e aperfeiçoamento. Nem eles conseguiriam desenvolver um antidoto em tão pouco tempo. - exclamava Bóris abismado. Sophi riu da expressão que o mesmo fazia.

– Por acaso está esquecendo que eles te superaram? Se não me engano, você só conseguiu concluir sua tese por causa da ajuda dos mesmo. Certo, Sensei? - concluiu sabendo que estava deixando-o louco. A verdade era que os dois gênios cientistas estavam com um possível antídoto incompleto, os arquivos que havia conseguido pegar no laboratório os ajudaria a finalizar.

– Se me dão licença. Há algo muito importante que eu tenho que entregar. - disse levando a mão para detrás do seu jaleco.

– Odeio estragar seu plano mais você não vai há lugar algum. - o elevador que Dake havia chamado se abriu revelando uma mulher de cabelos castanhos e olhos azuis claros. Ela vestia o uniforme da N.S.S. com armas em vários coldres em seu corpo e uma mascara de gás colocada para trás. Junto dela estavam seis homens. Sophi encarou a mulher com raiva enquanto que Bóris sorriu debochado.

– São o reforço? - perguntou Dake mesma sabendo da resposta.

– Estou um pouco ocupada agora para perguntas idiotas, então se não se importa deixaremos isso para mais tarde, tudo bem querido? - dizia a agente olhando para o loiro e depois para Sophi. Ao ver a mão da mesma por detrás do jaleco seus olhos se arregalam e ela reagiu de imediato.

– Nem pense nisso. - bradou sacando sua semi-automática do coldre.

– Tarde demais. Como sempre, Debrah - debochou Sophi que já havia disparado na cúpula e era puxada para cima através de um gancho de metal.

– Atirem! - gritou a mulher tomada de um grande ódio pela cientista que já havia alcançado o teto de vidro e deslizava para longe dos disparos.

– É inútil. - intervês Bóris. - Há coisas mais importante a fazer. São só vocês ou tem mais? - perguntou voltando-se a capitã.

Debrah esboçou um sorriso maquiavélico em resposta.

***

Eu estava quase caindo no sono quando o som de passos me despertou. Em alerta abri a porta da van empunhado o revólver pronto para disparar caso fosse uma ameaça. Quando vi de quem se tratava abaixei a arma e arfei sorrindo.

– São vocês.

– Sim. E parece que somos os primeiros a chegar. - exclamou Lysandre.

– Não. - respondi deixando a van. - Eu fui o primeiro. - ele riu com minha resposta. - Tudo bem com você Nathaniel? - perguntei percebendo que o loiro se encontrava um pouco calado.

– Sim, claro. - respondeu rindo. Tem algo de errado com ele.

– Estamos atrasados? - perguntou Leigh assim que chegou perto o bastante do lugar onde estávamos.

– Um pouco. - respondi.

– Cadê a Morgana, a Katherine e a irmãzinha dela? - perguntou Rosalya.

– Ela se separaram assim como nós. - respondeu Nath. - Devem estar aqui a qualquer momento.

– É verdade. - exclamei, confiando nas habilidades de Katherine e Morgana. Um vento forte surgiu de repente fazendo o cabelo de todos esvoaçar.

– O que é aquilo? - perguntou Leigh.

No começo da avenida parecia haver dois borrões que se moviam em velocidades inacreditável. Era como o laço de um D.N.A. entrelaçando-se e depois se separando.

Os borrões se aproximaram ainda mais e em questão de segundos a ventania se tornou mais forte levantando poeira nós fazendo fechar os olhos. Quando abrimos novamente a cena que tínhamos diante de nós parecia surreal. Era Amy em cima das costa de Kentin. Ele conseguiu encontra-la.

– Acho que ganhei. - disse o mesmo a ruiva antes de solta-la. A garota bufou irritada.

– Terá volta, se... - ia dizendo antes de ser sufocada por um abraço de Rosalya.

– Eu não acredito, eu não acredito, eu não acredito... - repetia apertando Amy cada vez mais. - Você ta viva! - gritou desvencilhando de Amy para um olhar rápido da cabeça aos pés e depois voltando abraça-la. Sorri com a cena.

– Rosalya, não consigo respirar... - reclamou Amy procurando afastar a garota.

– To nem ai. Você quase me matou de preocupação agora aguenta. - respondeu albina fazendo os garotos rirem. Era bom ver que aa coisas estavam voltando ao que era antes.

– Os meninos também merecem um abraço não acha? - perguntou Amy procurando um motivo para Rosalya solta-la.

– Sim, sim, tudo bem. Vai lá, ignore toda preocupação da sua melhor amiga. - respondeu desvencilhando de Amy cruzando os braços em seguida. A ruiva riu.

– Você é a melhor Rosalya. - elogiou conseguindo derrubar a posse de durona que a mesma estava fazendo.

Por um dado momento o olhar de Amy caiu diretamente sobre o meu e pareceu ficar preso por um magnetismo. E sem palavras alguma eu entendi o que ela queria dizer. "Estou feliz em vê -lo ." Mas não durou muito pois logo lá estava ela abraçando o Nathaniel e o Lysandre.

– Para a mansão? - perguntou Leigh após o estado de reencontro ter passado. Estávamos junto novamente isso animava e aumentava nossa esperança. Com todos bem a minha frente parecia mais fácil acreditar que conseguiremos sair desse inferno vivos.

Sorri observando todos juntos, percebendo que Amy estava estranha. Estava rígida e com as mãos em punho, cabisbaixa fazendo sua franja esconder seus olhos.

– Amy, você está bem? - perguntei preocupado.

****

O que é isso que estou sentindo? É estanho, parece que sinto tudo ao meu derredor através de vibrações no chão sobre meus pés. Meu olfato, minha audição parecem mais aguçados como nunca antes. Como de um caçador muito experiente, e minha visão... Parecia que eu tinha olhos de agua podendo ver a quilômetros de onde estava apesar de alguns desfoques de luz.

– Amy, você está bem? - perguntou Castiel fazendo meu olhar ir de encontro ao dele. Eu não precisava de palavras para falar com o mesmo. Crescemos juntos, ele me conhecia melhor que ninguém. Ele me entenderia com um olhar, eu sei disso. "Estamos em perigo", foi o que eu lhe disse.

– Quantas armas nós temos? - perguntei.

– Não muitas, perdemos algumas bolsas no estacionamento do hospital. - respondeu Leigh.

– Especificamente falando, quantas são de forte impacto? - indaguei a Lysandre. Eu havia conseguido visualizar, não sei como, mas eu vi. Eles estavam vindo pra cá.

– Um lança granada apenas.

– Quanto de munição?

– Duas flamejantes e uma explosiva.

– Algo mais?

– Um rifle de assalto. - disse Kentin. - Se você contar com o estrago que ele faz nas mãos de um atirador de elite.

– Só que não temos um. - intervês Castiel.

– Quem disse? - indagou Kentin com um sorriso sapeca. - Eu estive um ano em uma escola militar, lembra?

– Como conseguiu treinamento? - perguntou Nath surpreso.

– Eu tenho meus contato. - disse o mesmo largando a mochila que tinha no ombro. Dentro dela estava partes do rifle próprio para disparos de 2km.

– Ótimo. Isso vai ajudar bastante. - exclamei chamando atenção de todos. - Não temos muito tempo, então o plano será esse... - comecei explicando a todos a ideia que tive. Pelo que eu vi eles eram numerosos e tinham poder de fogo. Se quiséssemos ter alguma chance tínhamos que ser inteligentes.

****

Morgana e minha irmã me acompanhavam com a sensação de estar em um labirinto, onde a cada esquina que dobrávamos ou rua que seguíamos não iria dá a lugar algo. Alcançamos uma encruzilhada e de imediato eu parei. Olhando para todos os lados.

– Vamos por... - dizia pensativa, sentindo um grande cansaço mental. - Por aqui! - falei me referindo a rua ao norte. Porém pensei mais um pouco. - Melhor não. Vamos para o sul. - continuei.

– Katherine. - chamou-me Morgana, mas a ignorei.

– Está tudo bem. Eu sei qual é a direção certa. Oeste, seguimos por essa avenida. - repliquei.

– Katherine! - chamou-me novamente.

– Está tudo bem eu já disse... - exclamei olhando para todas as opções que o cruzamento nos dava.

– Katherine! - me chamou novamente Morgana dessa vez me segurando com as mãos em cada lado do meu ombro com o olhar fixo no meu. - Se acalma! - bradou fazendo-me arfar.

Eu estava apavorada. Ainda em choque depois do que aconteceu no hospital. Não tinha como não está. Foi horrível.

"Elie...", pensei. Ela devia estar mais assustada que eu. Voltei-me para a garota que me fitava com os olhos cheio de pânico. Caminhei até ela me abaixando para poder abraça-la.

– Eu to com medo Kathy. Muito medo. - disse com a voz chorosa fazendo eu aperta-la mais forte.

– Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui pra te proteger. - falei tentando acalma-la e principalmente acreditar nas palavras que lhe dizia. Fiquei abraçanda a minha irmã por mais alguns minutos antes de Morgana me chamar.

– Katherine, olha! - exclamou chamando minha atenção. Desenvencilhei de Elie e levantei. Vindo da avenida que mencionei estava um jipe com estampa verde camuflada.

– É do exército? - perguntei estupefata. Meu olhos marejaram quando vi se aproximarem de onde estávamos. - É do exercito. - repeti desta vez afirmando com um enorme alivio dentro de mim.

– Ei aqui! - gritou Morgana gritando.

– Eles já nos viram.

– Só por precaução. - respondeu ela.

– Elie venha! - exclamei guardando arma e pegando-a no colo.

– Sobreviventes? - indagou um dos soldado assim que pararam o automóvel.

– Sim. - respondi e ele riu.

– Vocês tem sorte. Somos a ultima unidade que ainda não retornou a base. - brincou estendendo a mão.

– Tem mais de nós. - disse Morgana quando já estávamos dentro do jipe.

– Tomara que sejam fortes. - falou o soldado sentando a minha frente. - Estão a própria sorte agora. Estamos atrasados então não podemos ir atrás deles. - respondeu e percebi que Morgana estava prestes a avançar nele. Segurei seu braço firmemente para impedi-la.

– Não os subestime. - exclamei. - Eles vão conseguir.

Ela olhou para mim hesitante por alguns minutos mas logo se acalmou.

Os soldados nos encaram por alguns minuto e um deles perguntou:

– Como sobreviveram por tanto tempo? - o encarei e depois acomodei Elie em meu colo. Um sorriso de escárnio surgiu em meu rosto.

****

– Demorou. - reclamei assim que a cientista loira chegou ao ponto de encontro.

– Imprevistos. - foi tudo que disse como desculpa. A aeronave que usaríamos, um EC-725 estava pousada em uma área aberta do parque, a próxima etapa do plano era ir para lá e deixar a cidade, se não tivéssemos um controverso que não estava dentro do plano.

– Vocês estavam trabalhando para eles por todo esse tempo? - perguntou B. Boy quem ainda não havia entendido direito o que se passava.

– Exato. - respondi. - Quando os Fantinie largaram a corporação eles me fizeram um boa proposta. Tinha mais benefícios então aceitei.

– Então todo esse tempo você era um espião duplo?

– Nós. - interpôs Sophi. - Nós eramos.

Ele parou pensativo.

– Ele é confiável? - me perguntou Sophi sussurrando.

– Sim. Está do nosso lado. - afirmei e ela sorriu.

– Então... - se pronunciou B. Boy. - É agora que eu piloto? - perguntou fazendo-me alargar o sorriso que tinha no rosto.

– Não, ainda não. Falta apenas uma coisa para finalizamos a missão. - respondi olhando para Sophi que tinha um sorriso de deboche no rosto.

Encarei as aguas verde-escuras revoltas logo abaixo da ponte, especificamente o movimento que faziam. Era tão... Convidativo. Um simples passo, tudo desapareceria.

Como eu queria ser uma folha agora para ser levada pelas correntes sem ter que preocupar-me com uma futura guerra ou mortos-vivos. Um escape perfeito para um momento como esse. Um passo, seguido da sensação refrescante que a água oferecia e após ser envolvida pela mesma é só não resistir que ela fará seu trabalho.

Involuntariamente um sorriso surgiu em meu rosto enquanto eu era banhada pela ventania constante que havia se manifestado assim que a chuva passou. Ergui meu olhar para o céu noturno encarando a lua nova que estava majestosamente impiedosa sobre o cenário de destruição que se tornará Sweet Amorins.

– Essa sensação poderia durar para sempre... – sussurrei enquanto desfrutava da brisa envolvendo-me e do som das aguas ricocheteando sobre as placas de cimento. Isso trazia tranquilidade ao meu coração, alguns minutos de paz – mesmo que fosse ilusório.

– Está tudo pronto. – bradou Castiel se aproximando de mim. Ainda presa em minha miraculosa observação paisagista fiz um aceno de cabeça para ele saber que tinha o escutado. Arrumei o sobretudo bege que Kentin havia me dado e lancei um ultimo olhar ao meu pequeno momento de escape. A última fagulha que tinha em meu coração de um esquive de paz era aquela, por que de agora em diante não poderei me dá ao luxo de outro momento como esse. Ou de uma resolução tão fácil como pular da ponte.

O abandono e o sacrifício seriam uma das coisas que mais me acompanharia nesse novo caminho que decidir seguir. Um pouco tempestuoso e talvez até mesmo negro, contudo, era o meio mais solicito para cumprir a promessa que fiz quando ainda estava no hotel, de tirar todos meus amigos dessa cidade mesmo que isso custasse minha vida.

– Alguma coisa estranha está acontecendo comigo. – pronunciei ficando de frente a Castiel que me fitava confuso. - Eu ainda não sei bem o que é, mas parece perigoso. Basta ficar desnorteada para essa força tomar conta. - esperei por sua reação vendo que ele estava dividido entre o ceticismo de acreditar ou não.

– Estou me perdendo aos poucos Castiel. – declarei fixando meus olhos no dele, esperando que o mesmo entendesse a seriedade com que eu lhe falava, fiz uma pausa suspirando e então prossegui. - Por isso, eu queria te pedir. Se alguma coisa acontecer e eu me tornar um risco para todos, você tem que me matar...

– Você está louca. - me interrompeu ele totalmente descrente e estonteado com a ideia.

– Eu sei. Por esse motivo você terá que tomar uma decisão quando for preciso. – conclui seguindo para meu posto segundo o plano deixando-o sozinho para pensar a respeito. Essa tinha sido minha decisão e definitivamente não voltaria atrás.

***

Observei a avenida sobre o mar de escuridão que se apossava dela sem sua vital fonte de luz que era os postes derrubados tal como a fachada de vários prédios criando uma trilha de caos e destruição por toda sua extensão. Meu posto era no andar de um dos remanescentes prédios que ainda se encontrava de pé.

Estava me preparando psicologicamente para o momento de nosso confronto, eu não teria um papel relevante como o de Kentin ou Castiel e isso até me dava alivio.

Eu sei, não devia pensar assim. Mas tente me entender, por toda a minha vida estive a frente de funções que envolviam responsabilidade e posição de liderança. Não ter que me preocupar com isso agora – tanto como antes- é algo que realmente me alivia de certo modo.

– Como está seu braço? – perguntou Lysandre de supetão entrando no cômodo, após o leve susto que tomei rebati:

– Não devia estar em outro lugar?

– Sim, só que... Eu não lembro. – respondeu depois de alguns minutos de silencio me fazendo rir.

– Tudo bem, isso é normal vindo de você. – respondi continuando a achar graça, mais ainda quando o mesmo arqueou as sobrancelhas com os braços cruzando sem humor para brincadeiras. – Seu lugar, é ali! – indiquei apontando pela janela para as ruinas de um arranha-céu no outro lado da rua. – No terceiro andar, não esqueça! – completei segurando o riso. Ele desistiu de tentar dialogar comigo e murmurou um “Irei tentar!” antes de ir embora. Meneei a cabeça para os lados ainda com um sorriso no rosto parando assim que meu olhar recaiu sobre o local enfaixado em meu antebraço. Teria sido mesmo uma boa ideia? Que probabilidade eu tinha de que iria funcionar? Deu certo com o Kentin, mas, e comigo?

Desviei minha atenção de um martírio de perguntas sem respostas olhando para avenida lá embaixo. Observei Amy deixando a ponte e subindo em um pequeno monte que havia de entulhos onde todos nos pudéssemos vê-la tal como o esquadrão que vinha ao nosso encontro. Estávamos com as lanternas que seriam usadas para sinais, algumas coisas não ficaram muito claras, contudo, isso não importa em um momento critico como o nosso, uma boa estratégia valia mais que qualquer outro recurso.

***

– Aqui, essa é a reserva de munição que temos. – exclamou Rosalya me entregando uma pequena caixa assim que me achou abaixado entre o entulho de tijolos e um carro amassado.

– Obrigado. – respondi cordialmente pegando o objeto de sua mão colocando-o em um lugar qualquer para poder puxa-la com força para meus braços surpreendendo-a por completo.

– Leigh... – foi tudo que ela teve tempo para dizer antes de ser envolvida pelo meu abraço caloroso e ceder ao mesmo.

– Não sei se mencionei isso antes mais você ter um perfume extremamente bom. –declarei depois de alguns minutos em silencio. Ela riu.

– Diz para garota no segundo dia em um apocalipse zumbi. – contrapôs Rosalya duvidando de minhas palavras, sua personalidade forte não havia mudando nem um pouco.

– Me dê algum crédito. – supliquei fazendo-a alargar seu sorriso.

– Leigh Lewis se abrindo? Devo pagar alguma promessa ou algo do tipo?

– Por favor, Rosalya não é para tanto.

– Eu sei. Mas não deixa de ser divertido.

– Divertido será quando deixamos esta cidade e partimos para Veneza onde poderemos continuar nossa vida somente nos dois. – declarei deixando-a estática.

– Leigh... – disse com sua voz falha e esvanecida. - Leigh você fez planos para nós...

– É claro. – respondi rindo de sua inocência em pensar que eu era o desatento da relação. – Eu amo você Rosalya, o que mais você poderia esperar? – perguntei-lhe sorrindo. Seus olhos estavam marejados com um brilho intenso e um sorriso tão puro e doce em seus lábios que se eu soubesse que minhas palavras lhe causaria aquela reação já ás teria dito antes, bem antes, milhares e milhares de vezes de formas diferentes caso fosse necessário para contemplá-la com aquela mesma expressão.

– Estou me sentindo culpada agora por todas as reclamações que fiz. – disse cabisbaixa com as bochechas coradas. Levei minha mão ao seu queixo levantou-o em seguida para que seu olhar fixa-se em mim e então lhe dei um cálido beijo.

– Não há motivo. – respondi ao desvencilha-me. – Nem para arrependimento. – complementei tornando a beija-la.

***

O som de automóveis se aproximando deixou todos em alerta. Esse é momento, pensei focando meu olhar no inicio da avenida onde carros, jipes e pequenos caminhões abordavam parando assim que viram não haver viabilidade de prosseguir por conta dos entulhos. Soldados e mais soldados pareciam brotar cada vez mais dos veículos ajuntando-se em pelotões. De um deles reconheci os dois homens de jaleco branco, Boris e Dake. Acompanhados de uma mulher com mascara de gás no rosto. O trio focou o olhar em mim e rodeados de combatentes começaram a se mover em minha direção.

Apertei firme a lanterna em minha mão. Um movimento, o plano daria inicio eu só tinha que se paciente para escolher o momento certo. Independente do que aconteceu comigo, não há ocasião melhor para testar meus novos limites.

Fechei meus olhos puxando uma grande golfada de ar soltando-a devagar. Concentração. É só desocupar minha mente e deixar que meus instintos tomem conta deixando-os aguçados. De imediato o lugar onde eu estava pareceu um enorme borrão antes de tudo desembaralhar ficando em nítidas cores branco e preto como o filtro negativo de uma fotografia. Ainda era estranho pra mim mais surpreendentemente eu conseguia ver tudo em um panorama muito melhor. A sensação que tive na primeira vez de um alcance de trezentos e sessenta graus era verdadeira graças aos meus sentidos sobrenatural.

Continuei a observá-los se aproximando contornando obstáculos no caminho, como planejando eles estavam indo exatamente para onde queríamos. Empunhei a lanterna para os mesmo como se fosse uma arma e então com um sorriso de canto de boca a liguei vendo-os em alertas apos o ato.¹

A escuridão era uma boa aliada. Ninguém havia notado a presença de Castiel dentro da van que estava com as portas abertas. Ele estava a posto com o lança-granadas e como o sinal tinha sido dado disparou de imediato.

Quando perceberam a situação e tentaram desviar ou fugir do ataque não existia mais jeito. Ouvimos o zunido da granada no ar e depois o som ensurdecedor da explosão. Tinha nuvens de poeira para todos os lados tal como lambareiras de fogo.

O local onde a granada atingiu era o mais critico com cheiro de carne queimada e cadáveres de soldados incinerados. Ainda assim, eles eram mais numerosos e tinham maior armamento. Fiz outro movimento com a lanterna desta fez um corte em diagonal como se fosse uma espada em direções contrarias. ²

Um dos soldados que mirava em mim caiu morto com um tiro na testa. E depois outro e mais outro ganhando tempo para Leigh dá o próximo passo.

Sabendo que aquilo era obra de um atirador de elite eles procuram proteção atrás de placas de concreto, veículos destruídos, colunas e ruinas de arranha-céus procurando se organizar para contra-atacar, se dermos tempo é claro. Tornei fazer um movimento com a lanterna de um lado para outro até finalizar desenhando um circulo no ar.³

Leigh disparou uma das granadas flamejantes para a trilha que criamos com gasolina - que Castiel tinha guardado- formando uma barreira entre o perímetro que estávamos e eles. Como esperado a série de ataques rápidos sem intervalos estava desestruturando totalmente suas forças.

– Amy! – exclamou o ruivo saindo de dentro da van jogando para mim uma metralhadora semiautomática. Eu a segurei ainda no ar jogando-me para trás de uma coluna destruída em seguida. Hora do abrir fogo.

Disparos eram efetuados de ambos os lados. Castiel, Leigh, Rosalya e eu daríamos suporte de nossas posições terrestres enquanto que Nathaniel e Lysandre os pegariam de surpresa os atacando da retaguarda. Era um cerco.

Em dado momento, ambos os lados cessaram. Um vento forte passou por nos trazendo consigo o som de nossos convidados indesejados. Por um momento, eu pensei se tinha sido realmente um bom plano atrai-los. As explosões e o tiroteio fariam o barulho necessário e o sangue dos soldados feridos seria um forte odor para eles.

– Os inimigos do meu inimigo é meu amigo. – exclamei ao ver os mortos-vivos surgindo em uma grande horda no começo da avenida.

Aproveitando-se da distração deles Lysandre e Nathaniel começaram a disparar causando muitas baixas. Não demorou muito para os zumbis o alcançarem e logo eles tiveram que dividirem-se em duas forças uma para combater a mim e outra para exterminar os infectados. Eles estavam ficando em um numero reduzido e isso era nosso alvo.

Sai do meu esconderijo ainda disparando quando passava em frente de um carro quando fui atingida por um chute em meu torso. Por instinto eu mirei na pessoa disparando antes de cair no chão com a força do golpe constatando que era apenas um soldado que estava escondido ali.

No entanto esse meu deslize me custou um pequeno pelotão com cinco homens e suas armas apontadas direto para mim enchendo meu corpo de pontinhos vermelhos a alguns metros de distancia. Atrás deles estava Bóris, Dake e uma mulher ao seu lado com uma máscara de gás no rosto.

– Mas que recepção calorosa. - exclamou o cientista. - Eu não esperava menos. - completou sorrindo de maneira sádica enquanto me encarava. Com movimentos lentos e cuidadosos eu me levantei.

– É mesmo? Desculpe-me por não tê-lo decepcionado. Vou me esforça na próxima vez. – ironizei. – Se tiver.

Ele gargalhou alto com minha afronta. Pelo canto de olho observei os garotos se movimentarem vindo em minha direção.

– Nós já sabermos de tudo. – gritou Castiel. - Sobre o Príon -5 e a corporação. Então suspeito que não veio até aqui para uma discussão diplomática. – indagou parando logo atrás de mim assim como Kentin e Leigh.

– Sim é verdade. Meu motivo é exclusivamente a garota ruiva, Amy, certo? - replicou e ao não ver reação alguma de nenhum de nós continuou. - Eu vim busca-la. É só deixarem que ela retorne comigo e evitaremos perdas mais graves.

– Vá sonhado. - disse Castiel se colocando a minha frente tal como Kentin.

– Por que eles sempre escolhem o jeito difícil?! - resmungou Bóris suspirando. - Vocês sabem que não adianta nada fazer essa posse de "vamos resistir até o fim" com discursos melodramáticos de adolescentes.

– Está errado. - interrompeu Lysandre se juntando anos após deixa o prédio que estava. Quase todos os soldados da N.C.S. estavam ocupados com os mortos-vivos. Logo agora era só deixa que os zumbis cumprissem seu papel no plano.

– Não somos mais adolescentes.

– É mesmo? Então me digam, o que são?

– Sobreviventes. - respondeu de imediato.

– Uau, devo estar com medo ou algo assim? - debochou Bóris.

– É claro. - afirmei. - Você ainda não entendeu o que ele quis dizer? Pensei que fosse mais esperto. - provoquei.

– Isso é guerra. - complementou Nathaniel se juntando a mim também. - Pra poder sobreviver, tem que ser...

– Tudo ou nada. - interrompeu Castiel terminando sua frase.

– Surpreendente. - exclamou Bóris batendo palmas. - Que showzinho motivacional inspirador! - continuou debochado.

– Agora chega de brincadeira e me deem a garota. - grunhiu. Novamente ninguém se moveu. - Tudo bem, pelo visto terei que dá alguns motivos para vocês. Então vamos lá... - disse dando alguns passos á frente. – Primeiro ela não é mais a amiga de vocês. Deixou de ser a muito tempo.

– Todas as limitações que a cercavam caíram graças à nanotecnologia, utilizando uma eletrolisação introduzida em escala molecular ela ganhou reflexos, força e velocidade sobre-humana. A única forma de fazer um ser humano despertar sua plenitude é trazer a tona seus instintos mais fortes, aqueles que requereram uma força muito maior do que ele próprio possui... – ele fez uma pausa.

–Esse sempre foi o nosso alvo. Mas para obter sucesso eram necessárias algumas medidas que só conseguimos com o Príon -5. Ele é como um vírus de computador dando uma pane no cérebro e no seu sistema nervoso. Em outras palavras ele derrubar seu sistema e depois o reiniciar. Se o seu corpo resistir a isso significa que está pronto para o segundo estágio, o processo da nanotecnologia, graças ao benefício da regeneração de células oferecido pelo vírus. No entanto, como podem ver, não são todos que conseguem resistir ao Príon-5, resultando em criaturas primitivas. - ele dá outra pausa fazendo menção ao lugar que estão com as mãos. - Mas tudo requer um preço, certo?

– Ah, e mais uma coisa. Talvez a mais importante. –ressaltou. - Observamos o comportamento da garota e descobrimos um efeito colateral. Seu corpo se desenvolver em uma processão geométrica tão alta que seu cérebro não tem tempo para se adaptar a evolução do corpo. Desta forma, ela acaba tendo sustos de adrenalina. Sua identidade pessoal está sendo destruída por esses colapsos. Seus instintos estão tomando conta de seu subconsciente e logo a controlaram. Essa fase, já começou em sua amiguinha. Se não quiserem perdê-la ela terão que deixa-la vim comigo. - finalizou estendendo a mão.

– Isso é mentira! - gritou Castiel repudiando todas aquelas palavras. Enquanto tudo que eu podia fazer era observa-los. Meu corpo não se movia, eu estava em choque com aquelas palavras.

– Querem mais provas? Não notaram nada estranho nela? - Kentin estremeceu. Talvez por lembrou da forma que me encontrou e de minha velocidade.

– Amy, não... - balbuciou. - Diga que não é isso. - continuou virando-se pra mim. Castiel nos encarou estupefato, seus olhos estavam arregalados e os lábios entreabertos.

– É verdade? - sussurrou me fitando. Eu estava cabisbaixa. Não sabia o que fazer ou falar. Estava mais surpresa que qualquer um deles. Antes eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas agora, era um fato incontestável, eu era um monstro.

Minha cabeça vagou em lembranças novamente. Desta vez carregada de gritos agoniantes como som de fundo. Eu me vi atacar um soldado e desmembra-lo, vi o sangue jorrando em meu rosto e o sorriso diabólico que eu esboçava.

Levei minhas mãos a cabeça e cai de joelhos no chão. Aquela dor de novo.

"Eu matei uma pessoa. Eu matei uma pessoa... E-e-eu sou um monstro".

– Amy! - ouvi alguém me chamar, mas a voz parecia tão abafada e baixa em minha cabeça. Como se estivesse distante, como se tivesse diminuindo.

– Amy você precisa se acalmar! Não dá ouvidos a esse cara. Seja lá o que ele tenha feito com você não é o fim. Nós acharemos uma solução. Amy!!! - eu sabia que eles ainda tentavam falar comigo, mas, eu não conseguia ouvi-los. Na verdade, algo em mim queria que eles calassem a boca.

Minha cabeça doía e um turbilhão de pensamentos conflituosos voltou. Eu só queria que tudo aquilo acabasse. Eu queria que aquela dor passar-se, que o que fizeram comigo no laboratório sumisse.

– Amy acorda! Não acredita no que ele disse. Você não é um monstro.

– Amy...

Essas vozes... Eu não aguento mais.

– Calem a boca! - gritei levando minha mão para frente de mim para empurrar quem quer que estivesse perto, mas me surpreendi quando ela se deteve em algo sólido encharcando-se, um grunhido de dor ecoou.

– O quê... - sussurrei abrindo os olhos vendo em minha frente o olhar de Leigh fixo no meu. A mão que eu tinha usado para afastá-lo estava cravada no abdômen dele, ao qual ele segurava por conta da dor que sentia. Eu fiquei estática, vendo sua vida desvairando junto ao brilho de seus olhos. Ele gemeu e desabou caindo em meu colo, morto.

Rosalya gritou e disparos foram efetuados em minha direção.

Abaixe-me deitando sobre o corpo de Leigh em meu colo e minha mão suja com seu sangue. Ele não merecia aquilo. Estava tentando me ajudar.

– Arhg... – grunhir ao senti os projéteis se alojarem em meu corpo como se estivessem me rasgando por completo. Meu corpo se contraiu, involuntariamente, tossi sangue.

– Viram? - exclamou uma voz masculina. - Eu disse, ela não é mais amiga de vocês.

Levantei meu olhar semicerrado por estar desnorteada pelo ataque. Lysandre estava abraçando Rosalya consolando-a. Enquanto que Castiel tentava não olhar pra mim. Kentin e Nathaniel eram os únicos que pareciam não me repudiar daquela forma.

Isso me parece familiar. Lembra o sonho que tive quando estava no hotel, onde eu tinha me tornando uma zumbi. As reações de cada um parecia com as que estavam tendo.

– Venha comigo Amy! Eu posso ajuda-la. - verbalizou Bóris estendendo a mão em minha direção. Olhei para ele por alguns minutos e para o corpo de Leigh em meu colo.

– Ninguém pode me ajudar. - declarei, vendo que havia perdido toda humanidade que restava em mim.

– Na verdade eu posso. – rebateu e depois se voltou aos meus amigos. - Eu avisei a vocês, mas não me deram ouvidos. Essa foi a consequência. Agora Amy pertence a mim. - bradou. - E ela virá comigo. - continuou dando um sinal de positivo a mulher ao seu lado um pouco mais recuada. O som de helicópteros foram ouvindo, aparecendo três deles, possivelmente o reforço.

– Tudo ou nada, certo? – debochou.

– Isso nem fez cócegas em você, não é? – continuou olhando para todos meus ferimentos. - Aposto que seus ferimentos estão em fase de regeneração celular.


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Notas finais do capítulo

Penúltimo capitulo!!! Até que enfim depois de tanto tempo, finalmente Zumbis, garotos e Armas está chegando ao fim. Com reviravoltas que imagina eu, você leitor(a) não esperava. O último capitulo já está pronto porem não irem postar-lo ainda, até por que quero saber a opinião de vocês sobre este aqui. Faz um esforço para comentar! Como disse é o penúltimo. Tem muita gente acompanhado mais poucos participando, acho que isso acontece com qualquer fic, mas como estou mudando drasticamente o final que tinha planejado para essa fic eu preciso mesmo saber se estão gostando e avisar que quando eu postar o último vou ter que mudar a classificação para +18.
Ps: Perdoe-me pelos erros ortográficos, postei o capitulo um pouco apressada e como trabalho e estudo não estou com muito tempo para editar, porem farei em breve! ;3



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