Zumbis, Garotos E Armas! escrita por Andy


Capítulo 30
Sobrevivencia: Levanta e luta




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– Isso nem fez cócegas em você, não é? - debochou Bóris. - Aposto que seus ferimentos estão em fase de regeneração celular...Eu não conseguia me mover. Estava petrificada de joelhos no chão com o corpo de Leigh ao meu lado. Então é verdade...

Eu sou um monstro.

Grunhi levando as duas mãos a cabeça atordoada. Contorci-me agitada para todos os lados. Eu podia sentir, algo diferente e forte dentro de mim ...

...Tem uma fera dentro de mim. Eu não... Eu não sou mais humana.

Meus braços foram involuntariamente para trás com meu torso indo para frente até eu retornar curvando-me apoiando minhas mãos no chão com a respiração ofegante.

– Como eu disse ela não é mais a amiga de vocês. Se forem um pouco inteligentes perceberão que o melhor é deixa-la vim comigo. Para provar minhas boas intenções eu estendo o convite a vocês. - dizia Boris.

Enquanto o ouvia, a vontade que eu tinha era de pular em cima dele e rasga-lo lentamente e dolorosamente fazendo-o pagar pelo que fez não só a mim mas para esta cidade. Todavia se fizer-se apenas provaria que ele certo afinal.

Um breve silêncio se formou deixando fracamente audível a batalha dos soldados com os mortos vivos que ainda continuava incessante com uma barreira improvisada de carros. O "Silêncio" foi quebrado pelo som de passos se dirigindo para onde eu estava se abaixando a minhas costas inclinou-se fazendo assim sua respiração bater em meu pescoço enquanto dizia próximo ao meu ouvido:

– Amy... - essa voz suave... Meu corpo estremeceu, eu não sabia como reagir.

– Proteja-os. - sussurrou antes de se levantar.

– Lysandre... - balbuciei vendo-o se afastar passando pelos homens de preto seguindo em direção a Bóris trocando um olhar com ele antes de parar ao lado de Dake sem desviar o olhar de seus próprios pés.

Sufoquei um grito ao constatar que ele tinha nos traído e a culpa era minha. Afinal, eu matei o irmão dele.

– Lysandre o quê você esta fazendo? - gritou Castiel estupefato e ao mesmo tempo irritado sem receber resposta. Bóris gargalhou alto.

– Seu amigo apenas tomou a decisão mais sensata.

– Duvido. - rebateu Nathanael. - E tomará que ele tenha um bom motivo. - completou com o olhar fixo em Lysandre que continuava cabisbaixo.

– Está na hora disso acabar. - declarou Kentin. - E Lysandre, não importa o motivo que te fez passar para o lado deles, mas quero que saiba que assim que lhes dê uma surra você vem comigo, seu lugar é com a gente. - suas palavras fizeram Lysandre arregalar levemente os olhos surpreso. Ele torceu a boca mordendo o lábio inferior e cerrou os punhos, no entanto não se moveu ou falou coisa alguma.

– É mesmo? - ironizou Boris. - Eu acho que não. - disse fazendo um sinal e logo os soldados engatilharam suas armas. Os helicópteros estavam perto e já disparavam nos zumbis eliminando boa parte da horda de S.N.S. que também se aproximava escalando a ruina de prédios.

Castiel, Nathanael, Kentin e até mesmo Rosalya ficaram em posição de combate com suas armas empunhadas agilmente disparando sobre os soldados a sua frente mirando em suas mãos desarmando-os utilizando a distração para se aproximarem mais deles fisicamente iniciando um combate corpo-a-corpo.

Enquanto os observava me sentia inútil. Continuava no mesmo lugar sem consegui me mexer estando apenas consciente mas sem o controle sobre meu corpo.

Rosalya recebeu um soco no estômago após não conseguir esquivar e caiu escolhida no chão. Nath estava perto e derrubou o soldado com uma sequência de socos em seu rosto, abdómen e francos nocauteando-o no final. Ken os derrubava com seus golpes muito ágeis e rápidos ao qual eles nem tinham tempo de defende-se e Castiel parecia uma fera ensarnecida com o tanto de força que usava sem se importa aonde seu ataque os atingiriam.

Dois dos helicópteros sobrevoavam acima de nós com seus soldados pulando para avenida por uma corda. Eram dez de cada.

Um deles após tirar sua faca de serra do coldre lutava contra Nathanael que esquivava das investidas. Ainda assim o soldado conseguiu fazer um corte em sua bochecha. Ele passou a mão no local ligando o sangue e depois olhou para o soldado que retornou a ataca-lo, Nath recuava para trás desviando-se ate sentir algo a suas costas percebendo que era um carro. O soldado aproveitou essa chance para investir sobre ele que no último minuto jogou-se para o lado tendo que abaixar a cabeça quando viu uma faca do mesmo modo que a do soldado vindo em sua direção antes de ricochetear no carro e cair ao seu lado. O loiro levantou o olhar percebendo que quem lhe lançou foi Castiel.

Armando, ele e o soldado seguiram sua luta até que mais deles apareceram querendo atingi-lo fazendo-o ficar em uma postura defensiva. Assim como Castiel ao perceber o fato. Eram mais soldados do que apenas eles três poderiam dá conta. Kentin no entanto não tinha mudado seu ritmo continuando a atacar e lançar para longe todos aqueles que investiam contra ele. Seus olhos estavam vermelhos e os dentes a mostrar, com tanto sangue espalhado dos próprios soldados feridos estava sendo difícil para ele resistir, tendo que se controlar e ao mesmo tempo defende-se.

Ora eles eram acertados, ora revidavam. O jogo tinha mudado e agora os soldados da N.S.S. eram quem estavam se dando bem no combate. E eu apenas os observava.

Por que? Por que isso tudo está acontecendo? Por que tenho que ver aqueles que amo perecerem sem poder ajudar? Tudo que passamos foi para esse , mas o quê eu estou fazendo?

Minha cabeça vagou em uma de minhas memórias mais antigas, a que eu fazia o possível para esquecer.

– Como ela esta? - perguntou Eric ao médico Grisham, ambos estavam na sala de estar.

– Muito fraca. - respondeu o homem.

– Ela vai... Sobreviver? .

– Depende do quanto aguentar até que meu assistente chegue com o medicamento .

Aurora minha mãe estava com tuberculose aguda e insuficiência cardíaca, sua febre tinha aumento e ela tossia seco. Nós estávamos de férias em um sítio que ficava longe da cidade esse fato dificultou o trabalho de Grisham.

Eu tinha indo até o jardim pegar flores para ela e ao retornar acabei por ouvir a conversa.

Quando o jovem medico respondeu a pergunta do meu pai as flores em minhas mãos caíram. Meus olhos se arregalaram. Sem demora corri escada acima.

– Amy... - exclamou Eric ouvir passos firmes na escada.

Tropecei no último degrau, a tosse de minha mãe ecoavam do último quarto do corredor, levantei e corri desesperadamente para o mesmo. Aron se encontrava na porta fechando a mesma, porém foi interrompido por minha chegada afobada.

– Amy melhor não! - ia dizendo mas eu o ignorei adentrando no quarto e me jogando em cima da cama de Aurora comecei a chamar-la com sussurros por conta do nó em minha garganta e do choro que eu segurava. Ela me fitou e apesar de sua expressão abatida e do pesar de seus olhos sorriu para mim antes de lentamente fecha-los.

– Ma-Mãe! - repliquei antes de lágrimas começarem a brotar de meus olhos. - Mãe abre os olhos! Abra! Não tem graça, mãe abra os olhos! - gritava desesperada. Minutos depois Eric e o doutor Grisham romperam quarto adentro.

– Aron, leve Amy para fora. - pediu Eric. Apesar de também está em choque meu irmão obedeceu. Puxando-me pela cintura até que estivéssemos fora do quarto cuja porta foi fechada.

Nesse momento desabamos no chão caindo de joelhos. Enterrei a cabeça no pescoço dele enquanto mais lágrimas eram derramadas.

– Por quê... Ela não foi forte o bastante? - perguntei com a voz entrecortada por conta do soluço.

– Não sei... - sussurrou o garoto me abraçando ainda mais forte.

– Eu odeio doenças. - exclamei. Um silêncio se formou, o som de passos e comados eram ouvido do quarto.

– Aron... Por que as pessoas fortes, não lutam? - o garoto nada respondeu.

Esse foi o dia, em que eu descobri que coisas ruins aconteciam com pessoas boas também. Que até mesmo elas, poderiam morrer. O mundo não é justo. Na verdade, ele é.

– Cruel. - sussurrei tentando afastar da minha cabeça aquela lembrança ao tinha lutado para esquecer enquanto lágrimas ao quais eu nem tinha percebido começavam a descer pelo meu rosto. Meses depois de perder minha mãe, Eric meu pai também se foi. Com isso, Aron e eu fomos separados tendo morando cada um com um tio diferente. Foi assim que eu vim parar em Sweet Amorim.

Mas agora, que importância isso tinha? Seria esse meu destino? Perder todos que amo sem fazer nada?

Levantei meu olhar para a luta a minha frente e uma bolha nostálgica pareceu me envolver. Castiel estava ferindo e cambaleante, apesar disso ele não desistia, da mesma forma que Nathanael e Kentin que também pareciam desgastados. Rosalya tinha recuando e estava escondida atrás de um carro a mando de Kentin, ela não aguentou o choque de tudo que estava acontecendo e agora se encontrava inconsciente.

– Por quê... - sussurrei sentindo meus olhos pesarem fechando-os lentamente em seguida.

Eu parecia estar em outro lugar. Era grande e tinha espelhos para todos os lado não importando se era acima de mim ou abaixo tudo que eu via era minha imagem refletida. Isso me atordoava.

Levei as mãos a cabeça e me encolhi no chão, até mesmo ali eu não tinha domínio sobre minhas pernas continuando ajoelhada. Lágrimas ainda desciam sem motivo. Eu tinha medo, era isso. Eu tinha medo de mim mesma e do que me tornei, de machucar a todos, de fracassar...

– Está tudo bem. - ouvi uma voz suave dizer e senti alguém perto de mim. A pessoa parecia ter se abaixando tocando levemente em minhas mãos com delicadeza como se quisesse tira-las dali. Acabei cedendo.

Abrir os olhos lentamente enquanto a pessoa com as mãos ainda nas minha me erguia até eu ficar de pé. Quando conseguir vê -la com clareza meu olhos se arregalaram, meus lábios ficaram entreabertos, perdi a fala.

Era uma garota com um comprido cabelo prateado que flutuava em madeixas ao seu redor como se tivesse vida própria, branca como o leite e com olhos vermelhos sangue, o mais assustador era sua grande semelhança comigo.

– Está tudo bem. - afirmou com aquele tom de voz sereno e um doce sorriso sem mostrar os dentes. No entanto eu não podia deixar-me enganar por sua aparência, afinal, era ela o monstro dentro mim.

– Não, não está. - rebati.

– É mesmo? - exclamou desentendida até esboçar um sorriso irônico. - E o que você vai fazer a respeito?

– E-eu não sei. - respondi com sinceridade abaixando a cabeça. Era difícil, mas eu tinha que admitir.

A garota deu alguns passos em minha direção até dá uma volta completa ao meu redor como se flutuasse parando atrás de mim e com a boca próxima ao meu ouvido exclamou:

– Vai assistir seus amigos morrerem sem fazer nada? - sussurrou. Engoli em seco.

– Como sua mãe? - provocou, estremeci com a lembrança.

– Não... Não... Eu não quero que isso aconteça. Nunca mais...

– Sério? Bem... - a garota riu. Moveu-se rapidamente aparecendo em minha frente com seu cabelo prateado esvoaçante. Suas mãos apalparam meu rosto enquanto ela brincava apertando e esticando minhas bochechas até parar de repente ainda com as mãos em minha face segurando-a de maneira que meu olhar ficasse preso no dela.

– Não parece. - ironizou. - Você nega sua própria natureza Amy. - aproximou-se ainda mais fazendo-me inclinar para trás procurando distanciar-me.

– Gentil, simpática, a garota que ajuda todo mundo? Isso não é você verdadeiramente. - a garota moveu-se agilmente para trás de mim.

– Você lembra? - indagou colocando suas mãos em cada lado do meu ombro ela me virou para frente de um dos espelhos. A cena da morte de minha mãe passava nele.

– Aron... Por que as pessoas fortes, não lutam? - o garoto nada respondeu

– É por que elas descobriram que não vale a pena. - respondi enxugando minhas lágrimas. - Afinal todos vão morrer um dia.

Fiquei sem reação diante do que vi.

– Você lembra desse dia não é? Quando você despertou e percebeu que há algumas coisas na vida que não valem a pena pois um dia passarão. Seu coração se esfriou e você se fechou para o mundo que julgava está podre com tanta maldade e gente morrendo para todo os lados. Sua mãe foi só uma das inúmeras vitimas...

– Cala a boca! - exclamei desviando meu olhar do espelho ficando cabisbaixa. Aquelas palavras estavam mexendo comigo, trazendo coisas que preferi deixar no passado.

– Lembra da promessa que você fez? Que não teria o mesmo fim que a sua mãe? Que você corrigiria esse mundo?

– Cala a boca! - gritei mais alto. Meu corpo estremecia diante a raiva que surgia em mim lembrando-me do que passei naquele tempo.

Ela virou-me para outro espelho. Desta vez, eu estava presa em uma maca no laboratório Nébula enquanto era cobaia do experimento de Bóris.

– E quanto a eles? O quê você sente? Ódio? Rancor? Você quer se vingar não quer? Eles são os culpados por todas as coisas ruins que estão acontecendo com você. Eles criaram uma doença que mata as pessoas. Você disse que as odiava não disse? Essa corporação está deixando o mundo podre, você prometeu que o corrigiria não é?

– Para com isso... - sussurrei tentando segurar as insistentes lagrimas quentes que teimavam continuar a descer mas desta vê não eram de dor ou sofrimento. A imagem no espelho mudou. Em vez de refletir a mim eles mostravam cenas de todos os momentos em que tomei uma decisão.

– Você não é um justiceira Amy. É uma vingadora. Essa é a sua verdadeira natureza. - declarou.

– Para de falar essas coisas... - insistir estonteada.

– Por quê? Se é a verdade. Você quer livrar esse mundo das coisas ruins certo? - ela levou as mãos do meu ombro para os olhos tapando-os. - O mundo está podre, e as pessoas que estão fazendo isso são como eles.. - declarou tirando as mãos de meus olhos.

Os abrir lentamente percebendo que tinha voltado a realidade. A minha frente o conflito continuava, porém parecia o fim para os garotos. Nathaniel estava inconsciente e tinha desabado no chão. Castiel e Ken estavam na frente do local onde ele caiu procurando protege-lo apesar de também estarem em seus limites. O terceiro helicóptero que antes estava atacando os S.N.S. agora tinha suas armas apontadas para os dois.

Desesperada eu tentei me levantar a todo custo. Lutando contra minha paralisia sem muito sucesso.

Não, eu não... Não quero perde-los...

– Ken... Castiel! - chamei ao vê -los fraquejar. Kentin ficou de joelho no chão e Castiel tentava se levantar. Eles estavam a mercê dos soldados.

– Não preciso ressaltar que isso tudo era algo desnecessário. Se tivessem decidido colaborar. - dizia Bóris que foi protegido o tempo todo por Dake e pela mulher com máscara no rosto. - Pensando bem, isso não está dando certo. Acabem com isso ... - declarou fazendo um aceno de mão e antes que eu pudesse ter qualquer reação uma rajada de disparos foram efetuados em minha direção de todos os lados seja dos helicópteros ou soldados criando uma nuvem de fumaça ao meu redor. Fechei meus olhos sabendo que o impacto dos projéteis com meu corpo doeriam, mas eu não senti nada.

Quando os abrir tinha voltado a sala dos espelhos.

– E então? Está convencida de quem verdadeiramente é? - indagou a garota aparecendo na minha frente.

– Será que dá pra você parar com isso? - rebati irritada. - Eu não dou a mínima pra quem sou, tudo o que quero é salvar meus amigos e por sua causa eu não consigo fazer isso! - gritei, ela gargalhou.

– Minha causa? Eu acho que não. - ela deu mais um de seus giros ao meu redor parando ao meu lado enquanto sussurrava próximo ao meu ouvido. - A culpa é sua. Somente sua.

– Isso não é verdade... - retroquei apesar de achar o contrario. A garota percebeu.

– Você não tenta mudar, então sim, é sua culpa. - um silêncio se formou.

– É culpa de quem que as coisas acabaram assim? Um acidente? Não existe acidentes. - dizia ainda atrás de mim pendendo sua cabeça entre um ombro e outro enquanto falava. - Tudo isso não começou por que você saiu daquele hotel. Foi por se ingênua sendo enganada por Dake. Foi por que Boris fez o que bem entendeu e você acabou virando um monstro. - a garota aproximou sua boca do meu ouvido. - É.tudo.culpa.sua.

– Se tivesse sido forte e matado Dake ou Bóris seus amigos não teriam se ferido e você não teria matado um deles. - ironizou. - Se decidi-se ao menos ir com Bóris, essa guerra não teria acontecido. Você entende? É o caminho que você escolheu. - ela virou-me para outro espelho.

Ao deparar com o quê era gritei. A cena desta vez mostrava a morte de todos. Castiel, Nathaniel, Kentin, Rosalya e até mesmo Lysandre pelas mãos de Bóris deixando-os nos chão feridos com sangue jorrado para todos os lados.

Lágrimas desceram pelo meu rosto enquanto eu não conseguia parar de gritar só de pensar que aquilo estaria acontecendo realmente enquanto estou presa em meu subconsciente.

– Por que está gritando? Por que está chorando? - perguntava a garota de frente a mim desta vez, tocando em meu rosto delicadamente. - Foi esse o caminho que você escolheu. As pessoas fortes não lutam por que elas descobriram que não vale a pena, todos vão morrer um dia. É o que você pensa não é? Sua mãe também pensava assim. Se ela aguenta-se mais um pouco, se ela lutasse contra a doença até o assistente chegar... Não teria morrido. - ela torceu a boca. - Tsc.. Que mãe fraca hein? Se ela a amasse não teria se entregado a doença.

– Pare. - retruquei soluçando.

– É o que você realmente desejava que ela fizesse, não é?

– Pare de falar. - supliquei soluçando forte sentido toda a dor daquele dia voltar vividamente.

– Ela não era fraca... Ela podia lutar , podia aguentar até o assistente chegar... - desabafei. - Meu pai só tinha olhos para o Aron, então eu ficava sozinha a maior parte do tempo exceto quando a mamãe estava comigo, por isso que eu... Eu... - o nó em minha garganta apertou. - Mamãe por que você me deixou sozinha? Eu não gosto de ficar sozinha... Depois que você se foi eu fiquei sozinha... Eu queria... Queira que tivesse me escolhido!

– Eu queria que você tivesse escolhido viver por mim! - gritei magoada.

– Mesmo que alguém se machucassem?

– Mesmo que se machucassem. - gritei.

– Exatamente Amy. Há momentos que você precisa desistir de alguma coisa para preservar outra. Você ainda pode ficar do lado daqueles que não lutam e se ferem? Você pode perdoar o Bóris?

– Não. Eu não perdoarei.

– Neste instante, seus amigos podem sofrer o que você presenciou.

– Não terei misericórdia com qualquer um que tente destruir aquilo que é precioso pra mim.

– Você é forte para isso?

– Sim.

– Está dizendo que me aceita? - indagou o que eu chamava de "monstro". Levantei meu olhar para ela seguindo em sua direção.

– Não. - respondi levando minha mão ao seu peito atravessado-o. A garota grunhiu com o ato. Retirei-a em seguida tendo seu coração na mão.

– Você é minha verdadeira natureza. - respondi apertando seu coração em minha mão até leva-lo a boca engolindo. A garota foi se desfazendo a minha frente até sumir.

***

Uma risada ecoou em meio a névoa. Era maquiavélica e aterrorizante. A fumaça que se formou ao redor de Amy aos poucos foi se dissipando.

Revelando algo que deixou Bóris e muitos que ali estavam pasmados.

Seu cabelo estava prateado e esvoaçante, era grande o bastante para ficar solidificado e formar um escudo a sua frente como se tivesse vida própria. As madeixas que parecia formar tentáculos recuaram para trás revelando seus olhos vermelhos-sangue. Ela tinha um sorriso maroto nos lábios sujos de sangue.

Levantou-se fazendo alguns soldados recuarem com medo enquanto outros por instintos atiraram. Novamente seu cabelo formou um escudo protegendo-a. Ela riu.

– Minha vez. - exclamou antes de movesse-se velozmente em direção a eles. A aura arroxeada mesclar-se ao vermelho sangue que respigava para todos os lados cada vez que Amy perfurava os soldados com madeixas de seu cabelo ou quando os acertava socos e chutes com uma força descomunal ao qual sua mão muitas vezes acabava por adentrar alguns centímetros ou por completo no local atingindo. Sem piedade, como tinha dito.

Os helicópteros tentavam dar apoio disparando sem parar nela, sem sucesso. De repente um outro helicóptero surgiu no céu da direção da ponte enfrentando as aeronaves da N.S.S.

Mas esse fato não alterou em nada a postura de Amy que derrotava todos os agentes em seu caminho tendo como alvo Bóris.

Ela preparou-se para um grande salto aterrissando em cima de um carro próximo ao cientista. Um sorriso sádico sem mostrar os dentes surgiu em seus lábios. Em seguida pulou para avenida e a passos lentos e meticulosos se dirigiu para o homem ao qual tinha Dake e a mulher com máscara como proteção. Estando o loiro mais a frente.

– A-Amy... - gaguejou Dake aterrorizado. - Essa não é você. - a garota gargalhou. Deu mais um passo estando frente a frente do garoto o pegou pelo pescoço com apenas uma mão erguendo-o alguns centímetros do solo.

– Errado. Essa sempre foi eu. - retrucou arremessando-o para longe em seguida. Após isso voltou-se a mulher mascarada seu último obstáculo.

– Não pense que vai ser tão fácil assim! - declarou a mulher levando sua mão até o bolso em sua perna tirando de lá um pequeno frasco com um liquido em contrate com a cor avermelhada. Lembrando-se do que Bóris tinha lhe dito que aquela era a única forma da mesma encarar Amy além de ser apenas um protótipo. Tirou a máscara de gás jogando-a para qualquer canto.

– Debrah? - indagou Amy rindo em seguida. - Não estou surpresa. - comentou vendo a morena abrir o frasco tomando-o em seguida.

– Também não estou contente com esse reencontro. Felizmente, me deram a opção de levar você morta. - replicou antes de uma careta tomar conta do seu rosto e ela começar a se contorcer gritando de dor.

Os músculos de seu braço moldavam-se crescendo repetidamente, esticando criando garras no que devia ser seus dedos.

Amy a fitava instigada. Mesmo diante da transformação da garota, não a via como uma ameaça.

– Está pronta pra morrer? - indagou Debrah lançando um de seus braços em direção a Amy que pulou esquivando-se assim como de todas tentativas que a morena fez.

Amy parecia dançar pelos movimentos tão suaves que utilizava para desviar. Debrah investiu novamente e desta vez Amy saltou sobre seu grosso braço correndo pelo mesmo por alguns minutos antes de lançar-se ao ar rodopiando pronta para desferir na garota um forte chute que acabou por lançar Debrah para a parede de um prédio rachando-a por completo.

– Só isso? Eu esperava mais. - declarou Amy com seu sorriso sádico. Debrah levantou irritada tendo melhor controle sobre seus braços ela fez uma série de ataques em Amy que novamente saiu ilesa. Quando a garra de Debrah foi em direção do seu rosto ela a segurou fortemente antes de usar-la como uma corda para puxar Debrah para perto de si.

– Você achou mesmo que isso era o bastante? - indagou antes de lança-la para o ar batendo seu corpo de um lado para o outro da avenida até atira-la novamente para o ar saltou concentrado toda sua força no soco que deu no torso de Debrah mandando-a para o solo.

A albina nem ao menos esperou alguns minutos para constatar que a garota tinha sido derrotada. Seguiu diretamente para onde Bóris estava. O mesmo procurando uma forma de escapar procurou esconde-se atrás de Lysandre.

Isso não deteve Amy que continuava a aproximar-se de ambos a passos lentos até ficar frente a frente com Lysandre. Levou sua mão até a nuca do mesmo e o puxou para perto de si aproximando seus rostos falando em seu ouvido:

– Fuja. Ou eu o matarei. - o garoto se encontrava sem reação. Tinha presenciado toda a cena e sabia do que Amy era capaz sabendo que Bóris estava certo quando afirmou que ela não era mais a mesma.

– Proteja-se. - complementou Amy fazendo-o arregalar os olhos. Será que ainda tinha algo...

Ele não teve tempo para completar seu raciono.

Utilizando a mão que segurava Lysandre perto de si ela arremessou o garoto para o lado sem usar muita força fazendo-o apenas cair sobre o solo. O mesmo a encarava boquiaberto e estupefato.

Finalmente Amy se encontrava de frente a Boris sem nenhum empecilho.

– A-Amy não... - articulou o cientista antes de Amy pegar-lo pelo pescoço levantando-o alguns centímetros do chão acima de si de maneira que o rosto de ambos ficassem perto.

– Está feliz com a sua criação, doutor? - ironizou Amy com uma expressão séria e triste. - Como eu disse... - continuou apertando mais o pescoço do loiro fazendo seu corpo debater enquanto tentava se soltar. - Ninguém pode me ajudar. - declarou e toda parte branca de seus olhos foi preenchida pelo preto.

Os olhos de Bóris começaram a fechar a medida que o ar de seus pulmões acabava, mas conseguiu dizer uma última palavra.

– Monstro...

***

Amy levantou seu olhar para o amanhecer que ameaçava surgir a qualquer momento. Ao seu redor os destroços da guerra, os dois helicópteros da N.S.S. abatidos com parte da aeronave por todos os lados sendo que um deles fugiu levando Dake e Lysandre, o misterioso E-750 que surgiu lhe ajudando estava pousado ao lado do ônibus ao qual na primeira vez ali Amy e seus amigos usaram como escape dos militares zumbis. Foram os três piores dias de sua vida. E finalmente chegou ao fim.

A porta do helicóptero abriu revelando uma mulher de jaleco seguida por um homem com o uniforme da N.S.S. Amy estava degastada depois do combate, seu corpo dolorido e seu cabelo estava normal sem forma ou esvoaçante continuando na cor prateada e seus olhos retornaram ao azul de sempre.

– Você causou um grande estrago. - comentou Sophi enquanto desviava de vários empecilhos na avenida.

– Você de novo... - retorquiu Amy ao reconhece-la.

– Relaxa, nós estamos no mesmo lado. - disse o homem com traços orientais que vinha logo atrás da cientista.

– Eu não tenho um lado.

– Pelo bem deles agora tem. - rebateu Sophi referindo-se aos seus amigos. - Podemos tirar você e eles da cidade levando-os para um hospital. Mas depois disso você tem que vim a gente.

– Nós te levaremos até os cientistas Fontaine. Eles são contra os experimentos da corporação e poderão te ajudar. - completou Kai. Amy percebeu que não tinha escolha. Uma vez que tornou-se um monstro era arriscado ficar perto das pessoas sem saber o que era e para descobrir querendo ou não tinha que contar com a ajuda desses tais cientista.

– Tudo bem. Eu vou com vocês. - respondeu. Logo atrás deles surgiu outro soldado com cabelo e olhos verdes. Ele notou que Amy estava o analisando e sorriu sem graça.

– Oi. - exclamou. - Er... Hãn... Eu não sei se você lembra de mim mas foi eu que te ajudei a sair do laboratório! - confessou fazendo Kai sorrir vitorioso. - Aliás, meu nome é Jade! -apresentou-se. Amy o respondeu com um aceno de cabeça querendo dizer que lembrava-se dele.

– É bom reencontra-los mas podemos ajudar meus amigos agora? - pediu. Sophi reparou que ela não parecia mais a garota de antes, tirando a parte física ao qual ela tinha mudado radicalmente sua personalidade também não era mais a mesma. Pois seu jeito chegava a ser indiferente e agressivo.

– Jade me ajude aqui! - chamou Kai enquanto se aproximava de Castiel e Kentin. Sophi seguiu até o corpo de Bóris remexendo nos bolsos do mesmo encontrou uma caixinha com um botão no meio. Um disparador. O colocou no bolso de seu jaleco e foi ajudar Amy a carregar um garoto loiro.

Eles levaram cada um para dentro do helicóptero prendendo-os nos assentos com o cinto de segurança.

Jade que era o piloto traçou o percurso até Innocence, a cidade mais próxima. Quando se encontravam a uma boa distancia Sophi pegou o detonador.

– Vai acionar auto-destruição do laboratório? - perguntou Kai ao vê -la acenar com a cabeça.

– O lugar que vocês estiveram era apenas uma unidade. O Nébula se estende por boa parte da região subterrânea de Sweet, destruindo ele é o mesmo que higienizar a cidade. Por ora o que aconteceu lá não pode vim a tona, não até temos provas suficientes contra a P.C.N.C. - a cientista acionou o detonador e em questão de minutos uma serie de explosões começou a acontecer. Pela pequena janela Amy viu a destruição tomar conta de tudo com grandes nuvens de fumaça e fogo. Era o fim.

***

– Então? - indagou Amy assim que Sophi e Jade retornaram ao helicóptero após irem no hospital onde deixaram os amigos da garota.

– O estado deles é estável. Sem ferimentos graves, logo ficarão bem. - informou Sophi fazendo a garota arfar aliviada.

– Pra onde vamos agora?

– Primeiramente para um hotel. Eu farei contato com nossa base para relatar o sucesso da missão e em seguida pegaremos um vôo para Nova York onde encontraremos os irmãos Fontaine.

– Certo. - concordou Amy. Enquanto o helicóptero seguia para um zona onde pudesse aterrissar com segurança Amy tentava não perder o hospital de vista.

***

Sweet Amorins, o palco do maior desastre da vida daqueles que sobreviveram e de terror e morte de outros. Apesar de tudo, pode-se dizer que mesmo entre a dor e o desespero algumas coisas boas ainda puderam ser presenciadas. Como o triunfo da amizade acima de tudo, a ponto de sacrificar sua vida própria pelo bem do próximo. Mesmo que isso significasse abandonar tudo que você foi para trilhar um caminho negro sem volta. Contudo que aqueles que ama e são precisos estejam bem, esse é o conforto para seguir em frente. Ela tinha cumprido sua promessa no final.


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Notas finais do capítulo

Fimmmmmmmmmmmm! Finalmente consegue terminar uma fanfic XD
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