Resident Evil: Armageddon escrita por avada kedavra


Capítulo 6
Afterlife


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo tem um fato clássico que aparece em três filmes (O Hóspede Maldito, A Extinção e Retribuição) e em dois jogos (Resident Evil 4 e The Umbrella Chronicles )... A história começa a ficar emocionante!!!



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Semanas se passaram desde o encontro de Zachary com o Projeto Alice. Após as interferências de sinal do radar, ele percebeu que deveria haver vários clones espalhados, todos com as mesmas habilidades da original. Na última semana, recebera um sinal muito forte, concentrado e emanava do Japão. Depois de um tempo, parte do sinal despareceu, como se os clones fossem destruídos ou a cidade tivesse sido destruída. O último contato que teve apontava para Los Angeles, para a grande Hollywood.

          Em suas andanças ele pensava na sua família. Será que estavam todos bem? Protegidos? Talvez a infecção não tenha chegado tão longe. Quando mais tentava lembrar-se deles, mas distante ficavam. Ele se sentia uma pessoa diferente. Sem medo. Poderosa, irrefreável. Toda vez que ele dormia via cenas de um laboratório e uma constante voz dizendo para não confiar na Umbrella.

          Zach passou por várias cidades. Aqueles locais que antes eram o centro das atenções agora estavam em chamas, destruídos, arrasados. Mortos-vivos andavam por todos os lados, comendo tudo o que se mexia, exceto eles mesmos. Mas o legado do T-Virus não foi apenas isso. Cães, plantas e aves também foram infectados, virando armas biológicas letais. Zachary tinha que andar na maior cautela para não chamar atenção.

          O deserto de Nevada não era tão longe da “Cidade dos Anjos”. Porém, para que viaja a pé é uma grande coisa. Tudo ia calmo naquela manhã, até uma língua agarrar os pés do garoto. Ele caiu de cara no asfalto e foi arrastado por alguns metros. Quando estava perto da boca da criatura Zach consegue se virar e fincar seu facão na cabeça dela.

          Tratava-se de um licker. Ele já tinha visto alguns enquanto lutava para sobreviver no incidente em Raccoon City, mas aquela coisa era maior: tinha a altura de uma pessoa e cerca de dois metros de comprimento e a língua era comprida e pegajosa. Segundo Sam Isaacs aquilo era resultado da injeção direta do vírus em tecido vivo, ou seja, um ser humano comum infectado que sofre uma mutação e rompe o tecido epitelial, fazendo o cérebro inchar, criando criaturas perigosíssimas. Os dentes daquela coisa eram enormes e perfuravam o sapato de Zach.

          O licker se debatia com a faca na cabeça, fazendo sua língua lançar saliva para todos os lados. Ele encolhe suas patas como um gato e se atira para cima do garoto com os dentes escancarados, que escapa por pouco, devido a seus reflexos aprimorados. O bicho lança sua língua letal no braço de Zach, enrolando-a. O aperto fazia o osso do garoto ranger, dando a impressão que iria quebrar a qualquer momento. Ele pega seu outro facão e decepa a língua da coisa, que se debate por todos os lados, amassando carros e derrubando muros de casas. O barulho atraiu Cerberus, que são cachorros mutantes infectados com o T-Virus. Eles farejavam carne fresca e atacaram, mas Zach dá um chute em um e enrola as pernas na cabeça de outro, torcendo seu pescoço. O cão chutado se recupera e ataca, porém o garoto saca sua katana e parte o cachorro em dois.

          O licker havia se recuperado. Ele era cego, mas ouvia e farejava muito bem. Parecia impossível derrotá-lo. Até que veio uma ideia. Zachary investiu contra o bicho e pegou suas facas caídas no chão, preparando o golpe. A arma biológica foi mais rápida. Sua pata desviou o garoto, que foi enrolado com a língua do licker. Este não via a hora de comer, mas isso não iria acontecer. Na mão de Zachary havia uma granada sem o pino. Ele arremessou na boca escancarada do monstro, que se desesperou e largou o garoto. O licker se debatia e atraía mortos-vivos para o local. Zach se escondeu rapidamente atrás de um carro de polícia tombado. Alguns segundo depois a boca do monstro começou a sair fumaça e ele explodiu, levando consigo zumbis, Cerberus, ratos, etc.

          O garoto correu dali o mais rápido que pôde, matando os zumbis que entravam em seu caminho. Sabia que aquela explosão atrairia mortos-vivos num raio de 1 quilômetro, então precisava se esconder. Encontrou uma mansão em um lugar afastado e entrou lá, abrindo o grande portão de metal. Parecia tudo calmo, o que era estranho. A casa parecia intocada. Depois de passar por um longo corredor, explorou o local a procura de sobreviventes ou infecção, mas nada achou. Estava tudo em um silêncio mortal. Abriu uma porta que dava para um pátio amplo coberto e com pouca luz. Havia árvores, canteiros e vários outros detalhes bonitos. No chão havia um desenho coberto pela poeira. Zach limpou e viu: era o logo da Umbrella Corporation.

          Naquele instante o pátio se iluminou. Uma porta no outro lado abriu, liberando uma horda de mortos-vivos, cães e outras criaturas mutantes horrendas. Havia dois lickers, mas menores que o que ele tinha acabado de enfrentar. O cansaço que ele sentia antes deu lugar à determinação.  Ele começou a lutar contra as criaturas, usando seus novos sentidos aprimorados. Enquanto matava os zumbis, percebeu que um grupo de 5 homens havia aparecido e o ajudava na luta. Talvez fossem refugiados. Eles lutavam bravamente, mas acabariam sendo mortos.

          Zach começou com a Katana. Sacou a espada e arrancou a cabeça de vários mortos fácil e rapidamente. O mesmo acontecia com os cachorros. A espada era muito leve e sua lâmina era mortal, mas a falta de atenção de Zachary o prejudicou. Ele observou um cachorro dilacerar a garganta de um homem e acabou perdendo a espada. Pegou suas facas kurki e partiu novamente. As facas eram mais ágeis e atravessavam o crânio perfeitamente. Ele ficou um bom tempo lutando com elas. Arremessou uma na cabeça de um morto e ficou brandindo a outra. Depois arremessou novamente e acabou ficando com nada. Esta havia se fincado na parede. Ele correu rumo ao facão e os mortos-vivos entravam em seu caminho. Zach quebrava pescoços de vários para abrir vantagem. Quando alcançou a faca, tentou tirá-la, mas estava bem presa. Os mortos se fechavam ao redor dele, famintos. O garoto colocou uma força descomunal na faca e a arrancou, fincando-a na cabeça do zumbi mais próximo. Os homens que restaram gritavam que estavam sem balas e Zach sacou suas pistolas e jogou para eles. Pegou as submetralhadoras e começou a disparar. A essa altura os homens já haviam morrido devorados, mas conseguiram matar a maioria dos cães.

          As metralhadoras abriram uma vantagem. Os mortos, os lickers e os poucos cães ficaram longe. Ele sacou suas escopetas e atirou, arrebatando vários zumbis de uma vez, abrindo uma vantagem maior, porém a sorte não estava do lado dele. Faltaram cartuchos e não daria tempo de trocá-los ou colocar novos pentes nas metralhadoras. Os monstros se fechavam ao redor de Zach, deixando-o apavorado. Ela achava que se morresse, seria poupado do sofrimento de vagar sozinho em um mundo caótico.

          Contudo, ele percebeu que se vivesse, poderia acabar com tudo aquilo. Sentiu uma força crescer dentro de si e se preparou para lutar corpo a corpo. Os cães saltaram e os lickers lançaram suas línguas, que estavam mais desenvolvidas porque eles se alimentaram de DNA fresco. Quando estavam a 30 centímetros de Zach ela pararam. Foram barradas por uma parede invisível. O garoto olhava concentrado para os monstros. Suas pupilas dilataram de um jeito sobre-humano e, com um pequeno movimento da cabeça fez uma coisa incrível acontecer. O chão se despedaçou com uma onda de choque, que também atingiu as armas biológicas. Estacas, pedaços de árvore, rebocos e pedras enormes voaram e se chocaram contra os monstros. Tudo no campo de visão do garoto estava destruído. Enquanto usava sua habilidade, sentia um prazer incrível, como se fosse indestrutível, imortal. Quando suas pupilas se retraíram a dor começou. Ele sentia que o cérebro iria explodir e era como se tivesse exposto a um som de alta frequência. Ele caiu de joelhos, gemendo de dor e perdeu os sentidos, caindo no chão não destruído.

          No sonho, ele estava deitando no que parecia uma cama de hospital. Já tinha tido esse sonho antes, mas estava muito mais nítido do que aquela vez.  Monitores se espalhavam pela sala, mostrando pressão sanguínea, atividade cerebral, batimentos cardíacos, etc. Havia vários médicos espalhados na sala, uns com máscaras de gás e outros apenas com máscaras brancas normais. Os braços de Zach estavam perfurados em várias partes e vários fios se conectavam a ele.

          Enfermeiros e auxiliares espalhavam-se pelo local, coletando amostras e fazendo anotações. Três médicos estavam na beirada da cama, olhando Zachary com atenção. Um deles era o homem que tinha falado uma vez: Quero ele no Projeto Nemesis 2.0. Seu nome não vinha na cabeça do garoto.

          — A estrutura genética dele é muito parecida com a dela — falou uma mulher.

          — Claro, Dra. Samantha — falou o outro — O vírus está se ligando a ele a nível celular. Nós temos muita sorte de encontrar dois indivíduos especiais de uma vez.

          — Graças a esse fato ele não vai virar um monstro como aquele outro que ela matou, Dr. Isaacs — falou o terceiro médico.

          — Depois dela, o Projeto Nemesis 2.0 vai ser a maior criação que a Umbrella já fez. O chefe Wesker vai adorar isso.

          — A recuperação é notável — falou Dra. Samantha, consultando uma espécie de tablete — Nível de células T no organismo está aumentando.

          — Ótimo — falou Isaacs.

          — E os poderes, tanto físicos quanto mentais, crescem em progressão geométrica.

          — Aumentem a dosagem do vírus — falou o terceiro médico — Em breve vamos acordar a arma biológica mais perfeita da Umbrella Corporation.

          — O que vai ajudar a reforçar as ações da empresa, que estão caindo desde o incidente em Raccoon City — falou Sam Isaacs — Esse é o começo de uma nova era!

          Zachary acordou em uma cama macia, com o cheiro de café no ar. Devido ao frio, percebeu que estava à noite. Ele sacou a arma e sentou-se na cama, mas caiu na mesma hora porque estava fraco. Escutou atrás da porta um barulho de uma pessoa se arrastando. E agora? Vou ser estripado por um morto-vivo sem poder me defender?, pensou Zach. O garoto estava prestes a gritar quando a porta abriu. Não era um morto-vivo. Era uma mulher adulta que trazia uma bandeja cheia de coisas para Zach.

          — Sente-se melhor? — perguntou a mulher.

          — Quem é você? — questionou Zach, fraco.

          — Uma amiga. Está com fome? Precisa se alimentar.

          Ele não queria comer nada que viesse daquela mulher, mas estava com tanta fome e a comida cheirava tão bem que ele não resistiu. Caiu de boca em tudo o que ela trouxe. Depois de passar vários dias no sol escaldante comendo barras de cereal, aquilo era um banquete para ele.

          — Você me surpreendeu um pouco, sabe? — falou a mulher — Me admira ainda ter sobreviventes lá fora.

          — Estou numa jornada para matar quem liberou essa infecção — falou Zach.

          — Entendo. Sua sorte ao entrar aqui foi a desativação do sistema de segurança. Aqueles homens que você viu no campo de batalha eram um grupo de 11 pessoas. 6 deles sucumbiram no corredor de varredura a laser.

          — Que tipo de casa tem um corredor de lasers? — perguntou o garoto, desconfiado.

          — A casa de uma pessoa que trabalhava para uma grande corporação que fez vários inimigos.

          — Umbrella? Você era da Umbrella?

          — Uma das bem treinadas agentes de Lord Ozwell Spencer.

          — Por que abandonou a companhia? — falou Zachary de boca cheia.

          — Descobri coisas que eu não devia saber. Coisas ilegais — falou a mulher — Pesquisas. Vírus. Para poupar a vida da minha família eu me demiti.

          — Poupar? A Umbrella nunca mataria alguém. Sua pesquisa com o vírus não era secreta. Por que o ingrediente de um cosmético para rejuvenescimento da pele seria segredo?

          — Porque essa não era sua única aplicação — falou a mulher, preocupada — O vírus podia ter sido feito para isso, mas segundo o que eu descobri, tinha um emprego militar altamente rentável.

          Zachary ficou calado. Não podia acreditar naquilo. E se aquela mulher tivesse sido manipulada por Alice?

          — Sabe quanto valeria o vírus no mercado negro? — continuou a mulher — Qualquer um que o vendesse ficaria bilionário, mas criaria um alto índice de bioterrorismo e uma nova guerra mundial. Só que biológica, em vez de nuclear.

          — Mentira! Você deve ter sido manipulada e está tentando me convencer a trair a corporação. Isso nunca vai acontecer.

          — Não estou tentando fazer nada. Você pode escolher por si mesmo.

          — Eu tenho que ir — falou Zach — Não posso perder mais tempo.

          — Está à noite. É perigoso. É a hora que os bichos saem. Nesse estado, você seria um prato cheio para eles. É melhor ficar aqui até o amanhecer.

          — Ok, mas quero minhas armas.

          — Está bem, mas se tentar alguma gracinha, vai enfrentar o corredor de lasers.

          Zachary riu, o que não fazia a um bom tempo. Ele se recostou na cama, mas tentou não dormir. Seus sonhos eram muito assustadores. O relato daquela mulher e a imagem dele naquela sala de cirurgia o fazia questionar se a Umbrella era o lado certo a se lutar.

          Não. Pare com isso. É o que ela quer. Alice quer virar você contra quem lhe deu abrigo, falou para si mesmo. Enquanto pensava profundamente, acabou agarrando no sono.

          O garoto estava na sua antiga casa. Todos estavam na cozinha: Ele, Jennifer, Jack e sua namorada e até os seus pais, que incrivelmente não estavam trabalhando naquela manhã. Todos festejavam e riam muito. Havia algumas pessoas na sala, comendo e dançando. Jennifer estava deslumbrantemente linda com seu vestido azul. Jack, sem querer, derrama refrigerante no vestido de Jennifer, criando uma enorme mancha. Ela ri e sai de costas, mandando um beijo para Zach. Quando vira no corredor, um morto-vivo pula nela e arranca um pedaço de seu braço. O garoto vai tentar ajudar e é mordido no ombro. Jack o puxa e eles saem pela porta dos fundos, em direção à rua. O bairro está infestado de zumbis e carros pegando fogo. Um helicóptero de notícias cai sobre uma casa causando uma onda de destroços.

          Zach começa a ficar tonto. Ele sai cambaleando e cai aos pés do irmão, com uma enorme febre e com a sensação de cérebro inchado. Depois, sua visão fica turva e ele apaga completamente. Após um tempo, ele volta a se mexer, enxergando tudo borrado. Nada passava na sua cabeça além de uma vontade enorme de comer. Olhou para um borrão vermelho que parecia uma pessoa e sentiu seu cheiro. Não reconhecia, pois só sentia a temperatura do corpo. O cheiro era irresistível, alucinante. Ele tentou se levanta e deu uma mordida forte e profunda na carne da sombra vermelha, fazendo o sonho se dissipar com o grito de dor de Jack.

          O garoto acordou suado. Seu ombro doía e percebeu que dormiu em cima de uma faca. O sonho foi muito estranho. Ele realmente virou um zumbi e comeu o próprio irmão? Ele queria afastar esse pensamento. O quanto antes achasse o Projeto Alice, melhor.

          Eram 8 da manhã. Zach conseguira cochilar um pouco sem ter pesadelos, mas fora o suficiente. Levantou-se e se sentiu bem melhor, apesar de ainda ter tontura e um pouco de dor de cabeça. A luz do sol entrava através das cortinas e o ar tinha um cheiro bom de comida. Ele abriu a janela e olhou para o lado de fora. A vista seria bonita, mas as ruas estavam apinhadas de mortos-vivos. Um grupo próximo da casa lanchava o cadáver de uma pessoa bem gorda. O garoto saiu do quarto em direção a uma escada. Ouviu ruídos lá embaixo e resolveu descer.

          A cozinha era bem grande. A mulher cozinhava algo que cheirava muito bem e havia um menino de uns 16 anos sentado no balcão, comendo um pedaço de bolo.

          — Bom dia, luz do dia — falou a mulher, olhando para ele — Você já se deu conta que nós não nos apresentamos?

          — Preciso confiar em você primeiro — falou Zach.

          — É mesmo. Por que você confiaria numa pessoa que te deu abrigo e cuidou de você? — falou ela, sarcasticamente — Vou falar o meu. Prazer, Julie.

          — Ele é seu filho? — perguntou Zach.

          — Sim. Minha única família.

          A mulher fez ovos mexidos com bacon e deu para Zachary. Depois, ela serviu pra ele uma garrafa com um líquido azul.

           — Se há uma coisa que eu aprendi com a Umbrella — começou Julie — É fazer elixires de revitalização.

          O garoto hesitou um pouco, mas acabou tomando o líquido. Algum tempo depois ele se sentia revigorado, como se tivesse tomado uma super vitamina. Depois de aplacar sua fome, tentou puxar assunto com o menino.

          — Você lembra meu irmão, sabia? — falou Zach.

          — E onde ele está? — perguntou o menino.

          — Gostaria de saber. Espero que esteja a salvo.

          — Como você sobreviveu sozinho lá fora?

          — Eu tenho... habilidades especiais.

          Depois do café, Zachary começou a se preparar para deixar a casa. Suas armas não estavam todas lá e as que estavam ficaram gastas. O garoto xingou e sentou-se na cama em que ele dormiu.

          — Tenho um arsenal no porão — falou Julie, que espiava na porta — Do que você precisa?

          — Bom, as armas brancas estão todas aqui. As escopetas também. Preciso de um par de pistolas, um par de metralhadoras e pentes para recarga das duas.

          — E de roupas, pelo visto — falou ela. As roupas dele estavam desgastadas, sujas e rasgadas — Vou providenciar umas do meu filho. Enquanto isso tome um banho.

          A sensação de um banho era ótima. Fazia dias que ele não tomava um decente. Zach se sentiu imediatamente melhor e pronto para lutar com criaturas mutantes. Enquanto se molhava tentava entender como tinha gerado aquela onda de choque contra os infectados. Aquilo fora incrível, mas o deixara de cama por dois dias. Ele prometeu a si mesmo que só usaria de novo em casos extremos.

          Quando terminou de se vestir e colocar as armas ele foi para a sala se despedir de Julie e seu filho. Ela disse que a duas quadras dali tinha um hangar. Lá poderia ter um helicóptero ou um avião abastecido que ele poderia usar.

          — Você quer mesmo ir? — falou Julie — É perigoso lá fora. Poderia ficar aqui um tempo até esse apocalipse se amenizar.

          — Tenho uma missão a cumprir. Se eu tiver sucesso, o surto viral vai ser extinto do planeta e a Terra vai parar de morrer.

          — Então boa sorte — disse ela, abraçando-o.

          Zach bagunçou o cabelo do menino e se virou para a porta da sala que dava para o corredor de saída.

          — É Zach — falou ele.

          — O quê? — perguntou a mulher, sem entender.

          — Meu nome. É Zach.

          Ela riu e foi para um painel luminoso. Apertou alguns botões e a porta para a rua se abriu. Zach acenou e entrou no corredor. Quando estava na metade do caminho, uma voz computadorizada feminina soou, dizendo Alerta! Alerta! Risco biológico detectado. Alerta! Ativista da Umbrella Corporation detectado.

          O garoto olhou para trás e viu a cara de Julie, que não estava entendendo nada. Ela correu para o painel na hora que a porta da sala e da rua se fecharam trancando-se. As pareces de concreto desceram e apareceram paredes espelhadas com luzes fluorescentes brancas dentro.

          — Oh não! — falou Julie, desesperada — Você foi reconhecido como soldado da Umbrella. Ativou os sistemas de segurança da casa. CUIDADO!

          A mulher com voz virtual falou Sistema de varredura iniciado. Nessa hora as luzes fluorescentes diminuíram de intensidade gradativamente. Nas paredes próximas à porta que dava para rua surgiu um ponto azul de brilho intenso a uns cinco palmos do teto. Os pontos das paredes se conectaram formando um feixe de luz fino que vinha em alta velocidade na direção de Zach. O garoto pensou instantaneamente e se abaixou, podendo ver o fio atingir uma planta em um vaso e cortá-la ao meio.

          Sistema de defesa a laser, lembrou Zach. As palavras da mulher vieram rapidamente em sua mente: Um grupo de 11 pessoas vieram e 6 sucumbiram no corredor de varredura a laser. Zach se levantou na hora que as luzes abaixaram novamente. Agora o laser estava a três palmos do chão. Ele veio em alta velocidade. Zach se preparava para pular, mas o filho de Julie gritou Agarre-se no teto! Ele largou as armas na hora que o laser levanta subitamente e se pendura no teto, fazendo o feixe de luz cortar o tecido da blusa em seu cotovelo.

          Zachary pulou do teto, com muita raiva. Alguém acionou o sistema de segurança de propósito. O laser agora se formava a uma distância igual do teto e do chão. Ele avançou e começou a girar, como uma hélice, mas com menos velocidade. O feixe vinha rápido e Zach se concentrou. Quando estava bem perto, o garoto calculou o tempo e o giro do laser rapidamente e saltou, fazendo a luz ferir o seu braço e fazer um corte no seu tronco.

          O garoto caiu no chão, gritando de dor. O laser era quente e fizera uma ferida profunda o suficiente para sangrar sem parar. O próximo estava demorando. Zach ficou de pé, relutante e doído. Se preparou para o que vinha, mas não veio. De repente, as luzes começaram a diminuir na direção oposta. Elas começaram a reduzir seu brilho na porta que ficava atrás de Zach. O laser se formou. Ficava a cinco palmos do teto, igual ao primeiro, porém ele não se moveu. O garoto estava concentrado em vencer aquele feixe quando outro apareceu, a três palmos do chão. Ele ficou preocupado, então surgiu dois feixes transversais formando um “X” e três feixes no centro, formando um conjunto de linhas luminosas desorganizadas.

          Ele estava muito perto delas e ficou alarmado. Elas se mexeram com menos velocidade do que os anteriores, fazendo o garoto correr desesperadamente. Quando estava perto do final do corredor, olhou para trás. Havia um espaço entre o primeiro laser e o teto. Ele correu mais rapidamente e quando chegou à porta, andou por ela e saltou por cima do emaranhado de luzes. Zach caiu no chão pesadamente e torceu o mindinho. Ele pegou o dedo e recolocou no lugar, gemendo de dor.

          Julie seu filho gritavam tentando desativar as defesas da casa. O menino olhou para a janela e viu a luz no fim do corredor se formar. Ele sabia que era o último feixe de lasers do sistema. Ele se virou para a mãe e falou Mãããeee... e ela começou a mexer rapidamente nos botões.

          O laser se formava bem no meio. Zach se preparava para enfrentá-lo, mas não sabia o que vinha.

          — Zach — falou Julie no microfone — A cinco passos de onde você está tem um alçapão do sistema de ventilação no teto. Entra nele!

          — Pode deixar! — falou Zach, friamente — Eu sei me virar.

          — NÃO!

          O laser se moveu, mas ele se dividiu em quatro partes, que se dividiram em quatro, formando uma malha quadriculada mortal. Zach gritou Merda! E virou-se. Segurou no teto, virou de ponta cabeça e chutou a tampa, entrando primeiro com os pés. O feixe varreu o corredor na hora em que a cabeça dele entra, cortando parte do cabelo. O coração do garoto vinha até a boca. A mulher do computador falou Sistema de varredura completo e Zach pulou do buraco, aterrissando perfeitamente no chão. A porta da rua se destrancou e ele se levantou, com o ódio estampado no rosto. Pegou suas armas e saiu do corredor. Julie e seu filho partem atrás dele e ela o abraça. O garoto a empurra e ela cai no chão de pedra.

          — Por que você está fazendo isso? — perguntou ela.

          — Você que fez isso — falou Zach, transbordando de raiva — Esta sendo manipulada por ela. Os zumbis, os seres mutantes, aqueles homens... tudo fazia parte do seu plano.

          — Zach, você não entende — fala ela, se levantando.

          Ele aponta a arma para ela e Julie se joga no chão no momento em que ele dispara. Ela é atingida e fica sangrando muito, mas não estava morta. Zach vai até o portão de entrada e o abre, saindo com a metralhadora em punho e com um sorriso mal no rosto. Dali em diante não seria mais gentil e simpático e não confiaria em ninguém.

          Ele encontrou o hangar e por sorte havia um avião abastecido lá. Ao meio-dia tentou rastrear Alice, mas desde que sofrera aquela dor de cabeça ela não aparecia no radar. Mesmo estando bom agora, não conseguia localizá-la em lugar nenhum. Sua última localização foi no meio do Oceano Pacífico, num local chamado Arcadia, mas essa coordenada havia desaparecido do radar faz um tempo.

          O garoto pegou o avião e decolou rumo à Hollywood, a “Cidade dos Anjos”. Depois de umas quatro horas chegou lá e o que viu foi aterrorizante. Prédios pegavam fogo e só restava seu esqueleto, o letreiro estava completamente destruído, os mortos-vivos estavam concentrados em um prédio no centro da cidade. Ele viu um gigante diferente de todas as criaturas mutantes que já havia visto. Ele carregava um grande machado em suas mãos.

          Zach aterrissou destruindo tudo em uma rua próxima à praia em que recebera o último sinal de Alice. Não havia nada lá, exceto os destroços de um navio que foram trazidos pelas ondas. Ele vasculhou os escombros e encontrou uma parte da popa onde estava escrito Arcadia. Arcadia era um navio. O Projeto tentou fugir da infecção e do mundo caótico vivendo em alto-mar. Mais uma vez, ela escapara dele e da morte.

          Zachary estava frustado. Passou semanas rastreando o Projeto Alice para poder desativá-lo e quando encontra o navio Arcadia, ele está destruído. Não havia nenhum sinal do Projeto ali. Tudo o que havia na praia eram os destroços do cargueiro e alguns helicópteros V-22 queimados da Umbrella. Ele observava aquilo e procurava loucamente por uma pista, até que achou, escondida em um saco plástico em cima dos escombros do painel de controle, uma câmera destruída. Ele a pegou e ficou observando, para ver se descobria algo. Tinha um adesivo nela escrito Assista-me.

          O garoto não sabia, mas aquela câmera mudaria todo o seu destino. Todo o rumo da história.


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Notas finais do capítulo

Gente, no próximo capítulo Zach vai voltar para as origens e vai conhecer um personagem novo, mas também importante na história!