Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 5
Capítulo 3 - Renesmee


Notas iniciais do capítulo

Momentos desconfortáveis e tensos acercam nossos dois pequenos personagens principais.... Boa leitura! Não esqueça de comentar! :)



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Como podia ter escurecido tão rápido? A tarde tão divertida que passara com Jacob se fora tão depressa. Eu ainda estava preocupada com ele. Será que tinha ficado doente depois de cair naquela água fria? Talvez mais tarde eu ligasse para ele.

Esta noite toda a família jantou em Port Angeles. Quando cheguei em casa já eram quase onze horas da noite. Não demorei nem um minuto para cair no sono quando encostei minha cabeça no travesseiro.

Meu domingo foi lento. Passar o dia em casa dando banho em Colin não era realmente minha atividade preferida. Colin era enorme e não era muito fã de banho gelado. Eu me molhava mais que ela quase sempre.

Quando eu finalmente terminei com Colin, tomei um banho e me deitei na rede da varanda do meu quarto, com O Morro dos Ventos Uivantes na mão. Estava na parte onde Cathy se casava. O livro estava ficando bem interessante. Mas eu não conseguia me concentrar naquelas letras. Reli a mesma página umas três vezes e ainda assim não entendia nada. Toda vez meus pensamentos se desviavam para Jacob. E sua namorada. E o beijinho que tinha dado em sua bochecha hoje, um impulso estúpido. De novo, eu estava ficando cheia daquele garoto encher meus pensamentos.

Eu realmente tinha ficado surpresa ao descobrir que ele tinha uma namorada. Mas eu não só tinha ficado surpresa. Tinha certo ressentimento sobre Leah. Não que ela fosse grossa ou mal educada, mas eu simplesmente não gostara de vê-la ali… com ele. Será que se eu a conhecesse e não soubesse que Jacob era seu namorado, esse ressentimento não existiria? Era difícil de ver. Parte de mim ficou feliz quando ela resolveu ir embora, porém parte de mim ficou envergonhada, por impedir que Jacob fosse tomar conta da própria namorada.

Bem, é claro que eu fiquei feliz de vê-lo aparecer do nada nas piscinas. Mais que feliz, na verdade. E nosso tempo juntos… nunca passara nenhum momento com algum amigo que fosse tão divertido.

Mas eu tinha que focar. Não podia me apaixonar. Jacob era extremamente apaixonável, com seu sorriso gentil e seus olhos felizes. Não, eu não podia. Jacob tinha namorada e eu, bom, eu não tinha mentalidade para encarar qualquer relacionamento no momento. Eu não ia me apaixonar. Isso era uma promessa.

***

Eu dormir agitada no domingo à noite, o que resultou uma manhã cansada. Por mim, eu ficaria deitada na cama o dia inteiro. Claro que eu tentei argumentar com minha mãe. Ela ia cedendo, até Emmett invadir meu quarto e me jogar sobre seu ombro, levando-me à força para tomar café da manhã. Acho que eles combinaram isso.

Eu cheguei à escola atrasada, e a aula já tinha começado. Srta. Sanchez olhou para mim com cara feia, mas não me impediu de entrar na aula. Ela recitava um poema, e eu realmente não fazia ideia do que ela dizia. Procurei Jacob. Ele estava lá no mesmo lugar, mas não tinha nenhuma cadeira fazia ao lado dele. Tinham apenas duas no fundo da sala, na fila do canto. Me arrastei até lá e fiquei tentando prestar atenção no espanhol da professora. Eu tenho certeza de que acabei dormindo, porque não me lembro de nada dessa aula.

- Soneca básica na aula de espanhol, hã? – Jacob mexeu meus ombros.

- O quê? – eu abri os olhos desnorteada. – Ah, sim. Espanhol. O quê?

- Você dormiu. O que não é surpresa, a aula dessa bruxa é um saco.

Balancei a cabeça. 

- Bom dia. – falei.

- Bom dia! Você vai chegar atrasada pra sua próxima aula – só então percebi que na sala somente tinha eu e ele.

- Meu Deus! Tchau, Jake! – gritei, correndo para fora da sala. Ele não teve tempo de se despedir.

O Sr. Gold, professor de literatura, não tinha chegado ainda quando eu irrompi na sala de aula, fazendo com que todos os alunos virassem o rosto em minha direção. Sentei-me na primeira fileira e fiquei observando os alunos.

- Oi – disse uma menina atrás de mim. – Você é a aluna nova, não é?

- Oi, sou sim. – virei meu rosto para ela. Ela parecia ser pequenina, seu rosto era redondo e seus cabelos eram cacheados com um tom meio acaju. Seus olhos verdes escuros eram amigáveis. Ela parecia um anjinho.

- Meu nome é Vivian Beckers – ela sorriu. – E o seu?

- Renesmee Cullen. Nessie. – dei de ombros.

- Que nome mais lindo… Cullen? Ahn…  – ela esticou o braço e bateu sem querer na mesa de um menino. – Desculpe, Michael.

- Vivian, mas o que você… Oi! – Michael virou para mim de repente. Seu rosto era quadrado e era o único louro que eu tinha visto em toda a escola até agora. Seus olhos eram azuis claros e o cabelo liso estava bagunçado. Se não fosse pela cor de cabelo, eu diria que ele era o Zac Efron mirim, ou mais ou menos isso. – Quem é essa, Vivi?  

- Renesmee… Nessie. Cullen. – sorri.

- Cullen? Estranho uma Cullen aqui… – ele olhou de canto de olho e percebeu que eu ainda prestava atenção nele. – Você é muito bonita, Nessie. Qual sua idade?

Eu não sabia se ria ou ficava vermelha. Mas eu podia fazer os dois.

- Hã, obrigado. Eu tenho 15, faço dezesseis na sexta-feira.

- Que legal! Eu acabei de fazer dezesseis… Vai ter festa? – ele puxou a cadeira mais para frente.

- Mike, por favor, dê menos na telha. – Vivian disse.

- Cale a boca, Vivian. Droga, o professor. Depois eu falo com vocês. – Eu também me virei para o Sr. Gold.

Eu simplesmente adorava a aula de literatura. Fora a única aula que eu tinha certeza que iria escolher para minha grade esse ano. Essa e Artes, porque não fazíamos praticamente nada em artes.

Os horários se arrastaram antes do almoço. Eu descobri que Mike estava em minha aula de inglês e na de biologia também. Vivian não tinha mais nenhum horário comigo, o que era uma pena, pois eu realmente gostara dela.

- Ei, ruiva – Jacob balançou meus ombros.

- Oi, Jacob. – sorri.

- Gosto mais quando me chama de Jake.

- Não força viu – brinquei.

Ele falou um pouco sobre as aulas enquanto caminhávamos para o refeitório.

- Oi, Nessie! – a voz de Mike ressoou em meus ouvidos.

Eu parei no corredor e Jacob parou do meu lado. Michael sorriu para mim e depois deu uma rápida olhada em Jacob. Ele não devia nada no quesito músculos (eu queria saber se os meninos daquela escola eram viciados em esteroides), mas um pouco em tamanho. Michael era alto, mas não tão alto quanto Jacob – uns quinze centímetros menor.

Vi que Jacob avaliava Michael dos pés à cabeça. Isso era uma atitude normal de homem?

- Michael… Mike! – sorri. – Jacob, Mike. Mike, Jacob.

- Já nos conhecemos – Jacob disse. – Oi.

Mike olhou para ele.

- Ah, oi. – então se voltou para mim. – Já tem mesa? É que você é nova, então…

Jacob grunhiu do meu lado.

- Não sei…

- O.k – Ele entrou no refeitório.

- Michael Raise? – Jacob levantou uma sobrancelha.

Dei de ombros. Michael era um cara legal.

- Ele é legal.

- Vai se sentar na mesa dele?

- Não sei… se importa?

Eu acabei sentando na mesa de Mike. A de Jacob estava impossivelmente cheia e não tinha onde eu me sentar com a bandeja. Os amigos de Mike e Vivian eram até legais, mas não sei se faziam meu estilo. Eu gostava deles dois, mas eu preferia estar com os meninos lá do outro lado do refeitório. Jacob não pareceu muito feliz quando eu disse que não ia almoçar com ele, mas pareceu deixar para lá. Eu sentia suas olhadas para mim durante o horário do almoço, mas não me virava para encarar de volta.

Quando terminou a aula, tivemos uma linda surpresa: neve! Era um pouco cedo para nevar, mas o gelo branco cobria todo o estacionamento e as árvores.

- Gosta de neve? – perguntei.

- Depende. – Jacob disse, passando a mão no cabelo e retirando um punhado de gelo. – Quando não ficam atirando em mim, é até legal.

Eu gargalhei.

- Nunca atiraram uma em mim. Sou sortuda. – sorri.

- Sério? Hmmmm… – ele correu, derrapando no gelo, e voltou com um punhado de neve na mão. – Rá.

- Ah, não. Sério. Jacob… – tarde demais. Senti a papada gelada e molhada na minha cabeça, escorrendo pelo cabelo. – Jacob! Que nojo, estou com frio agora. – E era verdade, meus dentes começaram a bater.

- Desculpe.  Seu pai vai demorar a chegar?

- Acho que sim. Ele vai ter uma reunião… – olhei em volta. A escola estava praticamente vazia.

- Quer que eu lhe deixe em casa? – sorriu. Eu fiz uma careta. - Não? O.k.  Ahn… já sei. Segura essa jaqueta aqui. – Jacob tirou a jaqueta de couro que ele usava e depois o suéter, ficando só com uma camisa em gola v de mangas três por quatro. – Vou lhe dar minha camisa.

Antes que eu pudesse impedir, ele tirou a camisa. Minha boca ficou seca e eu encarei-o. De repente, começou a ficar quente demais.

- Nessie? Tome – estendeu pra mim. – Pegue logo e me dê esse suéter, eu estou com frio. Renesmee? Oi? – ele sacudiu meu braço.

Respirei fundo, desviei meus olhos e com muito cuidado – tentando não olhar para aquele peitoral sarado – peguei a camisa e vesti. O cheiro de Jacob era incrível, mas comparando cheiro a ele sem camisa à minha frente, o cheiro ficava com fragrância de esgoto.

Ele vestiu o suéter e pôs a jaqueta de volta.

- Aquecida?

Ô, e como.

- Claro, acho que sim – respondi.

- Não quer realmente que te deixe em casa? – ele balançou de lado. – Ficou engraçada essa blusa em você. – ele riu.

Claro que tinha ficado – as mangas que em Jacob ficavam três por quatro, em mim passavam das mãos. E o comprimento? A camisa quase batia nos joelhos.

- Você é um monstro gigante. Tudo culpa sua. – brinquei.

- Não provoque Nessie.

- Não tenho medo de você. – eu disse, dando dois passos para trás.

- Nessie… – Eu corri e Jacob foi atrás de mim. Por mais que eu tentasse correr o mais rápido o possível, a neve atrapalhava e os galhos soltos de árvores também. Quando Jacob conseguiu segurar meu braço, eu derrapei e caí no chão gelado, levando-o junto comigo. Eu caí no chão e ele caiu por cima de mim.

- Algum dia eu vou pedir reembolso por todos os acidentes que você já me provocou – ele disse, olhando para mim.

Eu não sabia como sair dali. O fato de Jacob estar em cima de mim já me deixava desconfortável, e com o rosto dele a menos de centímetros do meu eu, o nervosismo só ficava pior.

- O que foi, Nessie?

- N-nada. – gaguejei.

Uma tensão visível perdurou por mais alguns segundos de silêncio.

- É melhor eu me levantar – ele disse.

- Boa ideia. Me ajuda? – ele estendeu a mão e me puxou para cima.

Limpei a neve da minha roupa, sacudindo a blusa de Jacob e o meu cabelo.

- Acho que me machuquei. Minhas costas estão doendo.

- Sinto muito – disse Jacob. – Ei, Nessie?

- Que foi?

- Você é uma ótima amiga, sabia?  - ele me deu um abraço.

Dava vontade de ficar ali o dia todo, aquecida nos braços dele.

- Seu pai chegou. – ele me soltou.

- Ah. Tchau, Jake.

- Tchau, Ness…

Enquanto caminhava para o carro, me dei conta de que não se apaixonar por Jacob seria um grande problema


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