Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 14
Capítulo 7 - Jacob


Notas iniciais do capítulo

Sentimentos só são notados na hora do desespero. | É um capítulo pequeno, em relação aos outros, porém que eu também gostei muito. Jacob não está mais tão confuso assim. Espero que gostem, boa leitura, não esqueçam de comentar!



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O sol tinha estranhamente aberto durante a tarde, deixando a praia de La Push clara e a água gelada convidativa para aqueles surfistas mais atrevidos. Eu caminhava com a cabeça baixa, as mãos no bolso. Minha camisa estava jogada por cima do ombro. Eu não tinha exatamente um rumo certo. Depois que eu fiz Quil soltar toda a história de “Nessie Pegadora” ele me deixara sozinho na praia, talvez pensasse que fosse melhor para mim. Talvez ele estivesse certo, ou talvez não. Isso não importava.

Eu não sabia o que sentir em relação à Nessie. Não tinha o que sentir, éramos amigos. Eu devia estar contente por ela, ou simplesmente não ligar para aquilo. Porque era tão impossível? Algo estranho e perturbador me incomodava. E não era como se eu pudesse deixar para lá, do jeito que fazia na maioria das vezes que fiquei assim por causa de Leah, isso me perturbava e estava quase me tirando do sério. Por fora eu parecia calmo, mas por dentro eu fervia. Não era ciúmes, era algo bem pior que isso. Eu tinha medo disso. Eu não conhecia meus sentimentos direito, e a maioria deles ditava minhas ações.

Outra coisa: era impossível eu visualizar a cena que Quil que me descrevera com tantos detalhes. Uma barreira me impedia, dizendo: mal caminho cara, mal caminho. Só de tentar imaginar eu ficava com mais raiva ainda. Há pouco eu tinha pegado uma pedra do tamanho da minha mãe e atirado numa árvore. Atirei-a tão forte que quando se chocou contra a árvore, a pedra se partiu ao meio e o galho entortou. Eu não sei o que está acontecendo comigo.

Eu só não... conseguia. Tinha a impressão de que se me deparasse com Renesmee agora iria gritar com ela, acusá-la de algo com a maior razão do mundo, mesmo esse algo não existindo. Eu me sentia traído. Talvez porque ela não me contara o que acontecera, ou porque não atendia os meus telefonemas.

E tinha que ser com Riley? Aquele louro pré-fabricado de Hollywood tinha aparecido para atrapalhar minha vida, só podia. Apesar de eu não ter nada haver com ele. Eu sentia que ele não prestava, que ele não era bom para Nessie o suficiente. Ele a fizera sofrer uma vez, quem podia duvidar que ele não fizesse uma segunda? Era muito fácil. Eu ainda me surpreendia dela ter o perdoado tão rápido.

O sol ficou mais forte, e a água se tornou um azul claro meio acinzentado, uma coisa que raramente acontecia com o mar de Forks. Pedras grandes tomavam forma alguns metros a minha frente, dando uma impressão meio solitária na praia. Uma menina branca feito papel com cabelos castanhos estava de pé, alisando alguém. Uma amiga, talvez, que estava sentada na pedra. Ela sussurrava e passava a mão no cabelo e nas costas dela, que parecia estar chorando incontrolavelmente. A de cabelos castanhos virou o corpo para minha frente e sentou ao lado da outra menina na pedra. De longe eu reconheci aquela expressão misteriosa e amigável: Margaret. Uma das melhores amigas de Renesmee. O que ela fazia aqui? Pessoas da escola particular só vinham em bandos. Riquinhos. Estiquei o pescoço para ver a outra menina, que estava de cabeça baixa. Margaret me notou. Ela se levantou e foi para a lateral da pedra.

Uma ruiva de cabelos grandes estava abraçada com os joelhos, olhando para o nada, com os olhos inchados. Renesmee.

Disparei numa corrida desesperada até a rocha onde elas estavam, esquecendo  tudo o que tinha descoberto há poucos momentos. Renesmee não pareceu notar minha chegada, ela abaixara a cabeça e começara a soluçar novamente. O som de seu choro partia meu coração. Eu não sabia como ajudá-la.

Margaret foi ao meu encontro. Apesar de fazer sol ela vestia um suéter da Carriot Academy, azul e vermelho (a única escola particular de Forks, que ficava perto da casa de Renesmee) e jeans pretos.

- Ela tá assim faz um tempo – Margaret suspirou. – Não sei mais o que fazer. Já até ameacei de jogá-la no mar. Ela tem pavor de água fria.

Ela tirou o cabelo dos olhos.

- Liguei para Jenna e Cass, mas elas só podem vir mais tarde, estão no treino das líderes de torcida.

- No sábado? – Ergui uma sobrancelha. Bando de patricinhas.

- Pois é. Eu disse que é loucura. Mas elas são um bando de filhas da puta – Margaret sorriu. Eu não conseguia rir com Renesmee naquele estado.

- O que houve com Nessie? – perguntei.

Ela colocou uma mecha do cabelo ondulado para trás da orelha.

- Eu não sei bem. Ela saiu da floresta de trás da casa dela nesse estado, quando eu a vi apenas a joguei no banco do carro e a trouxe para cá. Ela tá assim faz quase uma hora.

Então a coisa era séria.

Eu encarei Renesmee, tomado por compaixão. Ela já tinha percebido que eu estava aqui –, sua cabeça estava ligeiramente virada para nossa direção, ouvindo tudo. Margaret notou meu olhar e pigarreou.

- Tenho que ir atrás da minha... ahn, carteira. – Quando ela se virou vi a carteira presa em seu bolso do traseiro, mas não quis comentar nada.

Renesmee passou a mão pelo rosto molhada.

- Oi, Jake. – Sua voz estava fanha. – Tudo bem?

Sentei-me ao lado dela.

- Oi. Eu to... – Não estava bem, mas agora não ia preocupá-la com isso. – Normal. E você? – Que pergunta idiota.

Ela olhou para mim, tentando sorrir.  Seu rosto estava vermelho, molhado e inchado.

- Não nos meus melhores momentos, mas... – Ela deu de ombros.

- O que aconteceu? – Puxei sua cabeça e deitei-a no meu colo. Ela cobriu o rosto com as mãos.

- Sou uma idiota – Soluçou.

- Não, você não é. – Isso estava acabando comigo. – Me conte o que aconteceu.

- Não consigo – ela fungou. – Não me peça pra contar, eu simplesmente não... – E mais uma rodada de choro histérico. Margaret disse que não sabia bem o que acontecera, mas tinha uma ideia. Comecei a maquinar uma em minha mente. Ela me deu raiva.

- Foi ele? – perguntei.

- Ele quem? – Nessie não descobria o rosto.

- Você sabe. O louro. Riley.

Ela chorou mais alto ainda. Talvez isso fosse um sim.

- Não foi ele – esganiçou, sua voz falhando. – Nada com ele. É comigo. Sou uma idiota. Mereço morrer sozinha.

A palavra morrer me causou um ataque de pânico interno.

- Não, não merece. E para de chorar. Por favor. Você está me matando. Renesmee. Renesmee. Renesmee! – Balancei seu corpo. Ela deu uma risada tossida, e depois voltou a chorar.

- Não tente me fazer rir! Por favor!

- Diga o que houve! – Pedi.

Renesmee se levantou de repente, calçando as sandálias.

- É, foi Riley! Satisfeito? – Ela disparou a correr de volta ao estacionamento, deixando-me só e sem despedida. Talvez eu tenha merecido.

A verdade vinda dela foi mais difícil de encarar. Saber que ela tinha consciência do que tinha feito, tornava tudo mais real. Fiquei furioso. Ela o deixara estragar sua vida mais uma vez. Tudo por amor. Um amor que não devia ser permitido. Um amor errado. Amor insano. Amor que a fazia sofrer e mesmo assim continuar amando. Amor que não devia ser dele.

Amor que devia ser meu.


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