Half-blood Princess escrita por Clara de Col


Capítulo 28
O quê. Você. Fez. Com. Seu. Cabelo?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas! Tudo legal?
Esse cap não tem lá muita coisa, mas até que ficou decente rs
Obrigada por todas as reviews! Estou super feliz com os fantasmas que estão se apresentando :3
Esse cap é para as perfeitas: Barbara, Ynah e Stéfane.



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Lucy pensou rapidamente em 3 coisas: Se houvesse um buraco ali, ela se esconderia? Não. Isso seria uma atitude de mijona. Snape dava cintadas? Claro que não, argh, que pensamento inútil. E por último: Lynn, Lynn, Lynn...

— Snape? — Arthur estava várias coisas ao mesmo tempo, Lucy não sabia dizer se era bravo, descontente, desconfortável ou surpreso. O resto da mesa estava congelado, inclusive ela e Snape... Bem, Snape estava completamente fora de si.

— Com licença, Arthur... — ele abriu caminho até a cozinha e pregou os olhos em Lucy. Ele parecia prestes a explodir.

Lucy. — ele falou tão baixo e em um tom tão cortante que congelou até os ossos de Lucy. Ela fechou os olhos. Não poderia ficar ali até Snape perder o controle e fazer sabe lá o quê.

Ela se levantou da mesa, receosa e o encarou. Ele estava paralisado. Ela não sabia o que estava esperando... Que ele quebrasse as janelas e derrubasse a mesa?

— Pode me dar apenas uma satisfação antes de ficar trancada no seu quarto para sempre? — ele cerrou os punhos. Lucy sentiu algo inflamável crescer dentro de si. Ela não poderia o enfrentar ali, mas era o que estavas prestes a fazer.

— É isso que pretende fazer? — ela levantou as sobrancelhas, com uma coragem insana que ela não sabia da onde tinha saído. — Me trancar no quarto?

— É o mínimo que você merece depois de toda essa algazarra. — ele levantou o queixo. — O melhor que você tem a fazer é me seguir para fora desse chiqueiro.

Ele marchou até a porta, passando por Molly e Arthur e saiu. Lucy estava mortificada. Ela mirou seus pés com tanta força que sua cabeça doeu.

— Lucy? — Fred estava a chamando. Ela engoliu a bile e o encarou. Seu rosto era uma mistura de muitas coisas, mas ele parecia focado. — Acho melhor você o seguir.

Lucy assentiu e tentou mover os pés. Ela tinha que andar até lá, e passar por cima disso. Jorge ficou na sua frente e segurou seus ombros.

— Nos encontramos no Expresso, Lucy. — ele disse muito baixo. — Agora Lynn precisa de você.

Qualquer má vontade de sair dali desapareceu de Lucy. Ela assentiu novamente com firmeza e foi até Molly e Arthur, ainda parados na porta. Mal prestou atenção no resto dos Weasleys ou Potter. O que tinha a fazer era necessário e iria requerer muita delicadeza e fibra.

— Me desculpem por essa cena. — ela disse a eles, — Muito obrigada pela ótima hospitalidade. Não sei como agradecer.

Ela mal conseguia falar, seus dedos tremiam. Como ela fora tão burra de pensar que isso não aconteceria? Não, ela sabia. Só preferia passar o Natal com pessoas e não pedras de gelo.

— Não se desculpe querida, sempre vai ser bem vinda. — Molly afagou seu cabelo, vendo que ela estava prestes a explodir em lágrimas. Não vou chorar, não vou chorar.

Ela anuiu e saiu pela porta, sentindo o vento frio. Snape a esperava dentro de um carro preto, e ela mal prestou atenção ao seu redor. Apenas focou o banco de trás e abriu a porta rapidamente, sentando-se e sentindo o carro arrancar pela grama. Snape olhava fixamente para frente, o farol ligado. Ela mal sabia que ele tinha um carro. Só uma das milhares de coisas sobre a qual não sabia a seu respeito.

O carro serpenteou pelas árvores até chegar numa trilha de terra batida. A estrutura balançava e Lucy segurou-se o máximo que podia. Não seria uma viaje agradável.

— Uma atitude muito rebelde Lucy, eu estava suspeitando que você estava muito quieta. — disse ele, tão rápido que Lucy se esforçou para escutá-lo.

Ela ficou quieta, mesmo querendo gritar milhares de coisas repugnantes. Não adiantaria nada tentar uma queda de braço com Snape, se sabia que ele teria mais força.

— Só não entendo por que, de todas os bruxos naquela escola, você foi se engraçar com Weasleys...

Ok, agora já foi demais.

— Por que, Severo Snape, os Weasleys de quem você fala com tanto desprezo e superioridade, são bruxos muito simpáticos ao contrário da sua pessoa e me trataram muito melhor do que você me tratou a vida inteira. — disse ela, as palavras saíram com vontade. Snape a observou pelo retrovisor, com os olhos gelados.

— Estou sem palavras com a sua falta de senso moral. — ele retrucou tão inexpressivamente quanto uma atendente telefônica trouxa. — A sua escapadinha, além de me custar um elfo doméstico, foi um risco muito grande a correr.

A boca de Lucy ficou amarga quando ela pensou em Lynn. Ela engoliu em seco.

— E uma vergonha sem tamanho, é claro. — ele concluiu.

— Vergonha? — ela riu completamente amargurada — Você lá sabe o quê significa isso? Vergonha é andar pelos lugares com todo mundo me olhando como se eu fosse sua própria sósia feminina. Se tudo o quê você conhece sobre passar vergonha sou eu, então se prepare para sofrer muito mais.

— Quanta ousadia... — ele revirou os olhos, e Lucy sentiu vontade de vomitar o jantar inteiro. — Pensa que vai fazer o quê?

— Olha, eu não pedi nada disso ok? — ela tentou não gritar, mas não foi bem sucedida. A raiva estava lhe cegando, o carro balançava e o clima já tinha passado de péssimo para deplorável. — Eu não pedi para acordar um dia e descobrir que você é meu pai, muito menos que eu teria que morar no projeto de iceberg que você chama de casa e ainda ter que aturar esse seu comportamento superior com os meus amigos.

— VOCÊ FUGIU LUCY! — ele gritou, a assustando. — Tem ideia da gravidade da sua falta de comportamento adequado? Se eu não conhecesse bem o que você chama de amigos, até teria acreditado que você preparou uma Poção Polissuco sozinha no seu próprio quarto e deu para sua elfo doméstica tomar e se passar por você. Você ao menos sabe se elfos domésticos podem tomar Poções assim?

Lucy cerrou os punhos. Podia gritar para sempre e não conseguiria ter liberado toda a sua raiva. Uma parte sua sabia que Snape estava certo, mas a outra queria abrir a porta do carro e se jogar no mato. Ela empurrava o vidro com a mão, se mantendo no lugar enquanto o carro balançava. O céu já estava completamente coberto com sua manta negra e algumas nuvens. Lucy sentia que estava dentro de um pesadelo.

— Me desculpe por tudo isso, mas eu queria passar o Natal com pessoas e não com picolés! — o sarcasmo exalou da sua voz e ela se segurou quando o carro fez uma curva brusca.

— É tão estúpida, imoral e impulsiva quanto... — ele cortou a própria frase, depois bufou. O s cabelos negros na frente do seu rosto o faziam parecer um maníaco. Lucy nunca tivera tanto medo do Professor de Poções como estava tendo no momento.

— Quanto quem? — Lucy cuspiu o cabelo da boca, chamando a atenção dele. Ele pareceu congelar, e girou o volante com tudo parando na encosta de um pequeno morro. Ele se inclinou no banco, virando-se para ela.

Ele arregalou os olhos olhando para ela. Mas o quê?

— Eu vou perguntar só uma única vez. — ele falou cada palavra devagar e baixo, pausadamente. Um calafrio subiu pela coluna de Lucy. Seu peito subia e descia. — O quê. Você. Fez. Com. O. Seu. Cabelo?

POV. Fred

— Não acredito no quê fizeram com a pobre coitada! — Molly cobriu o rosto com as duas mãos. Fred continuava parado em frente a mesa, observando os pais congelados e a porta ainda aberta. — Como não me avisaram de uma coisa dessas?

Jorge estava do seu lado. Eles sabiam, de alguma forma, que aquilo aconteceria. Mas Lucy não parecia se importar. Eles também não. Forma um tanto estúpidos, sim. Fred tinha certeza que Lucy seguraria a barra com Snape. Ela era forte.

— Isso foi uma completa falta de responsabilidade da parte de vocês dois! — Arthur fechou a porta devagar, os movimentos pesando um pouco. O resto da mesa estava congelado, ou terminando de comer como se nada houvesse acontecido. O sermão era para eles dois ali.

— Vocês não compreendem! — Jorge deu um passo a frente, com calma. — Ela é tratada como uma estranha dentro da própria casa.

Molly colocou uma mão no peito, que subia e descia descontroladamente. Fora uma grande choque, para todos. Snape adentrou a Toca como um morcego (sem a capa que usava em Hogwarts claro, mas ainda sim um morcego). Lucy congelara onde estava. Ele, mesmo parecendo que iria explodir e quebrar tudo ali, mantivera sua postura. Fred estava com raiva por Lucy, mesmo sabendo que a atitude dos três fora errada.

— Sabemos que foi errado, mãe. — disse ele, — Mas não podíamos deixá-la sozinha para definhar naquele quarto.

Os pais olhavam para os dois, meio que decidindo o que iriam fazer. Eles ora se entreolhavam, ora sussurravam.

— Mesmo entendendo que a atitude de vocês foi um tanto nobre... Ainda vão ser punidos. — disse Arthur, encerrando o assunto. Molly voltou para a cozinha saindo do seu estado de choque.

Eles se sentaram na mesa. Percy já tinha subido para o quarto para se trancar lá até o amanhecer. Trabalhar com Bartô Crouch estava acabando com ele, mas ele não escutava ninguém mesmo, Fred pensou dando de ombros mentalmente. Harry estava encarando o prato, paralisado e Rony continuava comendo como se nada tivesse acontecido.

— Ela vai ficar legal? — Harry perguntou, ainda olhando para o prato. Não era novidade para ninguém dos seus pequenos probleminhas pessoais com Snape, mas ele pareceu gostar de Lucy.

Jorge mexeu no seu copo, encarando a parede. Fred anuiu.

— Ela sabe lidar com ele... Na maioria do tempo, pelo menos. — disse ele, tentando reconfortar mais a si mesmo do que o amigo. — Eu acho.

POV. Lucy

Snape estacionou o carro em frente a casa, e saiu rápido batendo a porta com uma força sobrenatural. Lucy abriu a porta, hesitante.

— Ora, ora... — uma voz a saudou logo na escadaria da Mansão. — Que bruxa mais levada.

Lucy revirou os olhos.

— Não estou no humor Malfoy. — ela disse, subindo as escadas e passando por ele.

A porta da frente estava aberta, e quando Lucy entrou o silêncio a congelou por dentro. Lar doce lar, ela pensou amarga e começou a subir a escadaria até sue quarto. Draco a seguia, óbvio. Dois dias sem a sua doce companhia eram mais que suficiente.

— Eu só fico me perguntando quem estava aqui enquanto você estava fora. — ele falou, o sarcasmo deixando completamente sua voz. Lucy parou no corredor, com a garganta fervendo de culpa por ter deixado Lynn ali sozinha.

— Então não ficou sabendo? — ela cerrou os olhos, depois abandonou sua postura e continuou andando até seu quarto. Ele seguia seus passos. — Deu uma poção polissuco para Lynn, só isso. Que droga.

Ele parou onde estava e segurou o braço de Lucy, o apertando.

— Quem. É. Lynn?

Lucy encarou os olhos desesperados do bruxo e pensou por que diabos aquilo tinha importância. Ela puxou o braço com força e o esfregou.

— Minha elfo doméstica. — disse ela. Draco cobriu a boca com a mão, completamente assustado. — E já vou avisando que se a maltratou e enquanto eu estava fora, vou cortar as suas bolas de natal.

Ele olhou para ela, para o chão, para a parede e saiu correndo pelo corredor. Por Merlin, que cretino louco. Mereço mais essa.

Ela empurrou a porta do quarto, e encontrou Lynn encolhida na sua cama chorando feito uma condenada. Ela correu até a criatura, e segurou os pequenos ombros dela.

— Calma Lynn. — disse ela, forçando a elfo a lhe encarar — Já cheguei, está tudo bem.

Ela soluçava coisas sem parar.

— Vou ser encarcerada, Lucy! — lágrimas grossas saltavam de seus olhos vermelhos — Humilhada e escorraçada... Não vou mais pertencer a uma família.

Lucy balançou a cabeça tentando a acalmar.

— Não vai te acontecer nada, eu não vou deixar. — disse a bruxa, respirando com dificuldade. — Isso tudo quem pagará será eu. E o farei sem nenhum remoso.

A elfo chorou ainda mais alto, batendo com os punhos na cama.

— Lynn? Olha para mim. — ela chamou a atenção da criatura — Aconteceu algo diferente enquanto estive fora?

Lynn soluçou anuindo.

— Eu não tive a intenção, aconteceu e eu não pude fazer nada e...

— Espera... O quê aconteceu?

Mas Lynn não parava para falar coisas qe faziam sentido. Ela corria os olhos pelo quarto, assustada e envergonhada. Lucy não entendia.

— Ele praticamente foi incisivo e... — ela começou, continuando a sussurrar.

Espera! — Lucy pediu. — Ele quem?

Lynn abaixou a cabeça, como se esperasse que Lucy a punisse pelo que ela estava prestes a falar.

— Senhor Malfoy, Lucy. — disse ela, baixo.

Só podia ser! Irei Assá-lo, ASSÁ-LO. Lucy se levantou e foi até a porta, quase tropeçando no tapete.

— Irei bater tanto nele, tanto! — ela gritou, frustrada. — Vai se arrepender de ter lhe maltratado! Vai mesmo!

Ela girou a maçaneta, mas Lynn gritou a interrompendo.

— Ele não me maltratou, Senhorita! — ela se levantou da cama, indo até Lucy. Com a cabeça baixa. Lucy largou a maçaneta e se agachou para ficar da altura da elfo.

— O quê ele fez então, Lynn?

Ela sussurrou algo baixo, mas Lucy não entendeu. Depois levantou os olhos, com a boca cerrada.

— Me beijou.

Lucy perdeu o equilíbrio dos pés e caiu de bunda no chão. Mas é claro... Ele a assediou, cretino, cretino. Mas a surpresa ainda fazia ficar sentada no chão. A elfo a olhou, envergonhada.

— Pode me punir agora. — ela baixou a cabeça. Lucy se levantou, se esforçando para não desabar e levantou o queixo de Lynn com os dedos.

— Não tem por que eu lhe punir querida. — ela abraçou a criatura. Como ela não pensou naquilo? Lynn não saberia enfrentar Draco numa situação com aquela.

A porta se abriu com um estrondo e Snape brotou do corredor.

— Vamos Lynn. — disse ele, esperando na porta — Sabe que é merecedora por participar dos planos estúpidos de...

— Não. — disse Lucy, empurrando a elfo para trás. — Ela não sai daqui.

Snape cerrou os olhos fuzilando Lucy.

— Não se meta nisso, Lucy. — disse ele, por um fio.

— Se colocá-la na rua, eu irei junto. — disse a bruxa, insistindo. Não deixaria Lynn levar punição pelo que ela fizera, não mesmo. O canto da boca cerrada de Snape se mexia, devido ao seu aparente esforço para não jogar Lucy pela janela. Ela levantou o queixo.

Eles se encararam por um bom tempo, Lucy não tirou os pés dali. Os ombros dele caíram.

— Nesse caso... — ele adentrou o quarto, e por um momento Lucy pensou que ele iria a pegar pelo pescoço. — É melhor tomar cuidado com o que faz daqui para frente.

Ela engoliu em seco, mas continuou sustentando o olhar dele.

— Não sei por que se rebaixa a esse nível, mas não espere que isso vai ficar assim. Não vai.

Ele deu as costas e parou na porta. Parecia uma estatua pela maneira como estava paralisado.

— Ela foi o único ser vivo dessa casa que me tratou com carinho. — disse Lucy, as pernas tremendo um pouco.

— Então estou certo que não se importe de ficar ai com ela. — ele se moveu rapidamente, batendo a porta mais uma vez. Lucy mordeu a bochecha para não gritar. Não suportava que batiam porta para demonstrar raiva. Era irritantemente baixo.

Ela se virou para a elfo, que estava com os olhos cheios de lágrimas.

— Obrigada Lucy, obrigada. — sussurrou ela. Lucy assentiu e procurou a sua cômoda para se apoiar em algum lugar.

— Não fiz mais do que deveria. — falou Lucy, segurando a barra do móvel com força.

— Se me permite Senhorita... O quê fez com o cabelo?

Lucy se deixou sorrir por um momento.

Tomou um banho de mais ou menos uma década, se jogou na cama e só quando resolveu descer para o Jantar percebeu que a porta estava, de fato, trancada.


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Notas finais do capítulo

Vou viajar amanhã (28/01) então, ficarei alguns dias sem postar. Mas escreverei o próx cap lá e posto assim que chegar no Domingo, ok?

Abraços♥

Clara