Chamamento De Sangue escrita por Melanie Blair


Capítulo 22
XXI


Notas iniciais do capítulo

OI pessoal!
Desculpem a demora, mas a criatividade não me chegou nas Canárias. Desculpem, desculpem.
Vamos a agradecimentos:
Obrigada à Laah-chan que começou a ler esta fanfic!
Obrigada a todo o pessoal que tem mandado comentários constantemente ( Death Morpheus, Inngryd, Darkane e tantos outros).
Obrigada a todos aqueles, mesmo que não comentem, que estão a acompanhar a história.
Obrigada pessoal.
Música do capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=d8ekz_CSBVg



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Sentei-me no sofá de pele, exausta. “O que teria a minha mãe a ver com tudo aquilo?”.

Maria continuava a fitar-me, como se esperasse uma súbita explosão de emoções da minha parte. Não lhe iria dar a satisfação de me ver de tal forma! Tentei concentrar-me em manter-me sã ou, pelo menos, aparentar essa mentalidade.

- O que pretendes dizer com isso?- questionei-a.

Ela sorriu, obviamente contente com a pergunta.

- É apenas uma pequena vingança, Ayame.- explicou-me.

- Vingança?- provei a palavra.

- A tua mãe tirou tudo o que me era precioso.- começou.- Eu tenciono fazer-lhe o mesmo.

Nada do que ela me referia me satisfazia. Nada do que ela referia entrava no meu cérebro. Talvez porque nada do que ela dizia fazia muito sentido. Porque teria eu de pagar pelos belos sarilhos que a minha mãe tinha causado? Pouco sabia dela. Aliás, até há muito pouco tempo pensava nela como uma humana inconsciente e irresponsável que gostava de jovens russos musculados.

- Eu não percebo porque tenho de sofrer devido a acções, já passadas há algum tempo, dela.- comecei.- Nem a conheço…

- Ah mas isso é fácil!- confessou Maria.- Tu tens de pagar porque és fruto daquilo que a minha mãe me roubou!

Esperem um momento! Se eu era o resultado… Então “aquilo” que a minha mãe roubou foi…

- …O meu pai.- concluí.

- Bingo!- exclamou Maria.

Maria/Shizuka sentou-se no lugar situado o mais longe de mim possível. Enquanto esperava que ela iniciasse uma mais detalhada explicação, ela sorriu, entre pensamentos.

- Como já deves saber, o teu pai era um vampiro.- começou.- Mais do que um vampiro normal, ele era um puro-sangue. Tinha uma família enorme, uma mansão que ocupava quarteirões, dinheiro para esbanjar sem sentir remorsos… Tinha tudo para ser feliz.

Respirou fundo e recomeçou:

- O nome dele era Jared.

“Jared.”, pensei. Aquela era a primeira vez que ouvia o nome do meu pai. Pelo menos, não me lembro de outra vez em que ouvira aquela palavra.

- Era um jovem belo. Talvez demasiado. Tinha grandes olhos azuis acinzentados e embrenhava uma tez morena. Consigo reunia-se sempre uma aura de confiança e poder, que ninguém ultrapassava.

Num piscar de olhos, fitou-me, séria.

- Detestava-o.- confessou.- Andámos sempre na mesma escola. Frequentámos sempre as mesmas festas. Mas ele nunca me olhou, nunca se dignou a partilhar um simples “olá” comigo. Será que eu era indigna dele?

Expirou, tentando acalmar-se. Depois, estranhamente, gargalhou.

- Não sei como ou quando começou.- murmurou.- Talvez quando…sim…deve ter sido aí.

Continuou a falar consigo própria, como se inconsciente da minha presença. Parecia perdida, como se não soubesse o que dizer.

- Uma vez,- continuou.- vi-o a montar um cavalo. Juro que nunca o tinha visto tão divertido. Melhor, nunca o tinha visto a sorrir. Aquela aura de confiança tinha-se formado graças à inexpressividade de Jared. Acho que foi aí que compreendi que ele não era feliz, mesmo tendo tudo para o ser. Acho que foi aí que me apaixonei por ele.

“O quê? Shizuka apaixonara-se pelo meu pai?”. O meu cérebro começou a reagir. Demasiadas sinapses. Estava a começar a perceber tudo. E, sinceramente, não estava a gostar do que o meu cérebro me dizia.

- Eu queria ser quem o fazia sorrir daquela maneira. Queria proteger aquele sorriso. Queria que ele se tornasse feliz ao meu lado.- voltou-se a rir.- Acho que me odiava por o amar tanto, por me sentir daquela maneira.

Não conseguia dizer nada. Estava totalmente boquiaberta.

- Claro que foi aí, quando comecei a perceber e a querer revelar os meus sentimentos, que ela apareceu: a tua mãe!

Suspirou.

- Jared ficou totalmente embeiçado por ela, quase desde que se conheceram. Pensei que fosse só uma fase do crescimento masculino e que lhe passaria com facilidade. Ou era isso ou era o efeito de um feitiço dela. Mas não!

Levantou-se, furiosa.

- Ele passava os dias atrás dela e, quando não a via, percorria todas as ruas, todos os becos escuros, à sua procura. Era irritante ver um homem, outrora tão inexpressivo e confiante, daquela maneira, tão fraco e vulnerável. E ela nunca deu a entender que o amava, pelo menos não como eu. Quase fazia de conta que Jared não existia.

Conseguia imaginar a frustração de Shizuka. Ver o homem que amava a fugir atrás de uma outra mulher…

- Desesperado por capturar a atenção da tua mãe, o teu pai pediu-a em casamento. Afinal, era o casamento o sonho de todas as mulheres da época. E ela, sonhadora, aceitou.

Cerrou os pulsos, com força.

- Ninguém os aceitou. Como podiam aceitar? Eles eram diferentes, demasiado diferentes.- começou.- Quando soube que os proibiram de casar, fiquei radiante. Pensei que ele desistisse e que seguisse em frente, sem ela. E quando Jared fizesse isso, eu segui-lo-ia, eternamente. Porque era assim que devia ser.

- Mas ele não desistiu, pois não?- interrompi, farta de estar silenciosa.

- Fugiu com ela, o bastardo!- gritou.- Quando ele se foi, questionei-me: “Porquê ela? Porque não eu?”. Eu era mais bela, mais poderosa, mais rica e não era humana, não tinha qualquer das fraquezas que ela tinha. Mas depois percebi. Ela tinha algo que poderia dar-lhe que eu não podia.

- O quê?- perguntei, ela fitou-me, como se a resposta fosse óbvia.

- Descendência. Um bebé.

Aparentemente, os vampiros, entre si, não conseguem ter filhos. Isso deve-se ao facto das vampiras não terem o gene responsável pela reprodução, já que o gene da eternidade, do nunca envelhecer e de todas as características sobrenaturais dos vampiros, ocupar o lugar do primeiro. Os vampiros (homens) não se têm de preocupar com nada, já que por algum motivo a secreção de espermatozóides é a mesma que nos homens humanos. A única coisa a preocupar é o veneno produzido pelo bebe vampiro enquanto está no útero da mãe. Este veneno, em quantidades elevadas, pode levar à fatalidade da progenitora.

- Por algum motivo, a tua mãe não sucumbiu ao veneno de nenhum dos bebes.

Ao ouvir o plural de “bebe” inquietei-me.

- Eu não produzi veneno. Eu sou humana…

- Não a cem por cento.- completou-me.- Ainda não se sabe bem o que és e como foste produzida. A única coisa que eu sei é que, quando o teu pai voltou, trazia-te nos braços, com um sorriso lindo na cara. Percebi, nessa altura, que nada mais havia a fazer senão desistir. Casei-me com um homem que não amava e prometi vingança.

Fitou-me:

- É por isso que aqui estás. A tua mãe roubou o meu destino, roubou as minhas esperanças, os meus planos. Tu roubaste o meu objectivo: fazer sorrir o homem que tanto amava. Não era a tua mãe que o fazia sorrir, eras tu. Sempre que choravas, sempre que puxavas um cabelo de alguém, Jared gargalhava. Uma gargalhada saudável. Eras tu a luz de toda a sua vida.

O meu pai amava-me? Mesmo na situação em que estava, sorri com a nova descoberta. Lembro-me pouco ou nada dele, mas saber que ele nutria tais sentimentos por mim era…enriquecedor.

- Tens sorte, sabes Ayame?

- Em quê?- questionei-a, curiosa.

- Tens muitas parecenças com a tua mãe!- revelou-me.

Não percebi onde Shizuka queria chegar com tal afirmação. Ela explicou-me rapidamente:

- Se fosses parecida com o teu pai, duvido que conseguisse fazer-te o que tenho planeado.

Assustei-me.

- O que planeias fazer comigo?- perguntei-lhe.

- Verás brevemente.- suspirou, enquanto se aproximava lentamente.

Comecei a tentar engendrar um plano de fuga. Afastei-me dela.

- O melhor de tudo é saber que todos os teus possíveis heróis estão retidos. Ninguém te salvará. Não terei qualquer perda de tempo.

Shizuka empurrou-me, contra a parede. Estava encurralada.

- Acho que estás enganada, Shizuka!- ouvi uma voz a exclamar. Virei-me a tempo de encarar o meu salvador.


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Notas finais do capítulo

Este fim de semana irei para Espanha (ainda não sei fazer o quê). Além disso, vêem aí cenas de luta e eu não tenho muito jeito par descrever punhos e pontapés. Duvido que o próximo capítulo venha muito cedo.
Pode ser que os comentários e que Espanha, ao contrário das Canárias, me dêem alguma inspiração.