A calmaria durava semanas no castelo dos Volturi, até que foi interrompida: o jornal trazia notícias onde corpos foram encontrados  "totalmente secos e com marcas de dentes" em Strassburg, uma pequena cidade na fronteira da França com a Alemanha. Era óbvio que algum vampiro descontrolado estava solto, e a missão da Guarda era cuidar da situação. 

Dessa vez, como teríamos que atravessar grandes cidades, iríamos de carro. Demetri estava dirigindo seu Mercedes-Benz Classe GLK com películas escuras nos vidros, Jane foi na frente (com o dom dela ela consegue tudo o que quer), Alec, Felix e eu fomos atrás. Felix ocupava quase dois lugares, e nem parecia se preocupar com isso. Alec segurava a minha mão, seu toque me deixava com uma sensação de segurança. 

Demetri tranquilamente dirigia muito rápido na estrada quase vazia, e também participava da conversa. Estavam discutindo a estratégia, 

-Ele sabe quem somos? - perguntou Felix

-Não. Não sabemos nem se é homem ou mulher, apenas que está nessa cidade, teremos que procurar e seguir o cheiro característico de um vampiro.

-Quanto tempo falta? Estou começando a ficar entediada. - falou Jane friamente

-Um dia. - falou Demetri, sério

Jane suspirou.

Eu fiquei pensando no meu poder. Precisaria testá-lo para aprender a controlar, ou ter certeza de como funciona. Obviamente não era adequado testar em qualquer um dentro do carro, e eu tinha muitas dúvidas: será que funciona nos humanos? o alvo percebe? qual é a intensidade? quantas pessoas podem ser afetadas no mesmo tempo?

Senti Alec afagar meus dedos. Suavemente apertei mais sua mão, retribuindo o carinho. Éramos silenciosos e discretos, sem olhar para ele, eu podia perceber que ele estava sorrindo. Aquela sensação de borboletas no estômago... 

Estava anoitecendo. As cores da paisagem eram lindas, tons de roxo se misturavam com o azul do céu, constrastando com o laranja do sol, que sumia entre as nuvens. Me lembrei das viagens de ônibus com a turma na Austrália, mas as imagens eram turvas. Lembro de sentar ao lado de Jack, foi em um dia desses onde ele disse que eu era a melhor amiga dele. Ele estendeu a mão para um high five, e quando eu bati na mão dele, ela se fechou prendendo meus dedos por alguns segundos. Eu me sentia culpada... Era como ter trocado Jack. Mas também estava sendo injusta com Alec, ao ficar pensando em outro. Por mais que o tempo passe e que as coisas mudem, eu nunca vou esquecer Jack Robinson. Sem perceber, soltei um pequeno suspiro.

-O que foi? - perguntou Alec, em um tom baixo, embora fosse inútil já que todos tinham audição sobrenatural

-Nada... 

Senti alguns olhares. Encontrei os olhos de Jane pelo espelho retrovisor , e desviei em seguida. 

-Fale, queremos saber. - disse Felix, interessado.

-Não é nada... Apenas estou com saudades da minha família. - falei, uma meia verdade.

-Por que não escreve para eles? - perguntou Jane

Eu tinha esquecido completamente disso, da carta. Quando retornasse à Volterra, a primeira coisa que faria seria responder, com um longo texto, havia muito para contar. 

As conversas foram fluindo naturalmente, sobre livros, músicas, o que fazer para passar o tempo e etc. Era como estar entre amigos, mesmo tendo uma forcinha extra para "amolecer" Jane...