The Demigods escrita por Liza Salles


Capítulo 9
Darcy


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/308649/chapter/9

Eles chegaram em Quebec vivos. Henry descordava disso, mas todos estavam vivos. Assim que estavam em terra firme, ou melhor, gelo, Henry se desamarrou do balão. Ele estava todo ensopado por causa da chuva, com a camisa toda rasgada por causa dos pássaros e todo sujo por causa dos pombos.

- Eu odeio balões. - Disse ele. - Ou melhor, odeio todos eles que me deixaram amarrados nessa merda.

Os outros ainda estavam dentro do balão.

Darcy estava em um quarto com Finn e Jenny. 

Esse balão era daqueles gigantes que tem até quarto e banheiro.

Darcy abriu os olhos e viu que estava com a cabeça no peito de Finn. Tudo estava acontecendo tão rápido. Ela tinha se encantado com o jeito fofo dele. Ele não era aquele tipo de garoto que dava rosas, afinal eles nem tem tempo pra isso, ele é daquele tipo que abraça apertado e diz "estou aqui". E era tudo que Darcy precisava no momento. Um mês antes de ser chamada para essa missão, Darcy havia perdido o pai. E apesar de ter passado a infância no acampamento, ela era muito ligada ao pai e ele contava histórias sobre sua mãe.

Finn ainda estava dormindo. Ela olhou para ele e sorriu. Ele conseguia ser ainda mais bonito dormindo. Parecia um anjinho com o rosto relaxado. Apesar de estar dormindo, sua mão estava no cabelo de Darcy, que estava solto, parecia uma cascata ruiva.

Jenny estava dividindo a cama com eles. Ela não gostou muito da ideia, mas era isso ou o chão duro e ela sentia falta de uma cama macia e cobertores.

O dono do balão bateu na parta e como ninguém atendeu, ele abriu.

- Desculpe incomodar. Só queria dizer que já estamos em Quebec e está muito frio lá fora. - Ele saiu.

O Finn e a Jenny acordaram com a entrada do dono do balão.

- Bom dia. - Eles disseram.

- Bom dia. - Darcy respondeu.

Jenny saiu da cama, pegou um casaco e saiu do quarto.

- Você é linda. - Disse Finn enrolando as pontas do cabelo de Darcy.

Darcy ficou vermelha e abaixou a cabeça.

- Obrigada. É um dos pontos positivos de ser filha da Deusa da Beleza.

- E qual seria o negativo? - Ele puxou ela pra mais perto dele e fez com que ela olhasse em seus olhos.

Ele sabia qual era seu ponto fraco. Os olhos dele...

- Acreditar no amor verdadeiro. - Darcy saiu da cama e foi até o espelho.

Seu cabelo estava todo emaranhado. Ela pegou uma escova e começou a escová-los. Olhou para o Finn através do espelho e percebeu que ele olhava para ela.

- É tão ruim assim acreditar no amor? - Perguntou Finn sem tirar os olhos dela.

- Sim. Amar é sinônimo de sofrer... - Ela respondeu sem tirar os olhos do espelho.

Finn saiu da cama, foi até onde Darcy estava e a abraçou.

- Isso se aplica a mim? - Ele perguntou olhando nos olhos dela através do espelho.

- Ainda não sei. Te conheço tem uma semana. Ninguém ama ninguém com uma semana.

- Eu amo você.

- Eu não acredito. - Ela se afastou dele e foi terminar de se arrumar.

Ela estava usando um blusão de dormir. Ela colocou a calça jeans e o tênis. Foi até o banheiro e trocou de blusa (uma de manga comprida). Voltou ao quarto e pôs o casaco. Era um preto escrito gap em branco. E por fim, prendeu o cabelo. Ela ia sair do quarto, mas Finn a impediu.

- Por que você ficou tão brava?

- Eu não estou brava. - Ela respondeu sem olhar pra ele.

- Sério? - Ele puxou ela pra mais perto. - Isso é não é estar brava? - Ele se aproximou dela, estavam sentindo a respiração um do outro de tão perto que estavam.

- Você não me conhece. - Disse ela olhando nos olhos dele.

- Então deixa eu conhecer. - E a beijou.

Jenny entrou no quarto nessa hora pra pegar a mochila. Ela acabou tropeçando em um móvel e os dois perceberam que ela estava ali.

- É... Eu vim pegar minha mochila. E o café está pronto. - Ela saiu do quarto.

Darcy saiu logo depois dela e Finn ficou no quarto para terminar de se arrumar.

- Vocês estão juntos mesmo? - Perguntou Jenny. - Achei que no lago tinha acontecido porque você ficou feliz por ele estar vivo.

- É. Naquele momento foi por isso. Agora eu não sei. Parte de mim quer e parte de mim não confia nele.

- Confiança vem com o tempo.

Elas se sentaram à mesa e Henry já estava lá.

- Henry, você estava em um furacão? O que aconteceu com você? - Perguntou Jenny.

- Sua ideia idiota de me deixar para fora do balão. Não sei se você reparou, mas o Canadá é frio.

- É óbvio que o Canadá é frio. Você nunca prestou atenção em geografia, pelo jeito. O Canadá é muito frio, pois no norte passa o círculo polar ártico à 63 º de latitude...

- Jenny, já entendemos. Geografia é um porre e você também é. - Disse Henry.

Ela tomou um gole do seu suco de laranja tentando se mostrar impassível ao comentário de Henry, o que na verdade a tinha tocado bem no fundo e a deixado triste.

Eles terminaram o café sem falar nenhuma palavra. Henry pegou um casaco em sua mochila e trocou de blusa. Finn pegava na mão de Darcy, mas ela sempre tirava a mão.

- Derek. Muito obrigado por ter feito esse favor. - Disse Finn ao dono do balão. - Fico te devendo essa.

- É sempre um prazer ajudar um irmão.

Eles desceram do balão e se viram parados sozinhos no meio do gelo.

- E agora. Pra onde a gente vai? - Perguntou Darcy.

- Boa pergunta... - Comentou Henry.

- Eu tenho um mapa. - Disse Jenny retirando o mapa da mochila.

Assim que ela abriu o mapa veio um vento forte e fez com que o mapa fosse parar no rosto dela. Ela tirou o mapa do rosto e tentou ver aonde estavam. Nisso veio outro vento forte e levou o mapa para longe deles.

- Era só o que faltava. - Disse Finn.

- O que iremos fazer agora? - Perguntou Darcy.

- O que é aquilo? - Disse Henry apontando para algo que estava se mexendo.

- Monstros de neve. - Disse Jenny apavorada.

Henry tirou a espada e a segurou na mão.

- Vamos até eles ou esperamos eles aqui? - Perguntou Henry com um olhar de animação (Tipo o olhar que o Percy olhou para a Annabeth quando a viu pela primeira vez, no filme).

- Vamos fugir, é claro. - Disse Jenny.

- E acabar com a diversão? Não mesmo. Eu vou. - E ele foi na direção dos monstros de neve.

Os outros três se olharam e foram também.

- Você é louco. - Gritou Jenny para Henry.

- Eu sei, mas fala sério, é divertido.

A cada monstro que eles matavam, apareciam três no lugar. Finn tinha ido procurar ajuda.

- Devíamos todos termos fugido. Era mais sensata que matar monstros. - Disse Darcy.

- Gente. - Gritou Finn. - Eu encontrei um lugar, venham pra cá.

- Como iremos despistar todos esses monstros? - Perguntou Henry.

- Com isso. - Disse Finn jogando uma granada para Henry. - Tire o pino e jogue neles.

Com a explosão eles conseguiram fugir. 

- Onde estamos? - Perguntou Darcy.

- Não sei ao certo, Só sei que por aqui tem pessoas que podem nos ajudar.

- Eu lembro desse lugar. - Murmurou Jenny. - É como se eu já estivesse aqui antes. 

Jenny não estava errada. Ela havia estado naquele lugar, em seu sonho.

- É aqui. - Disse Finn. - Chegamos. - Ele gritou.

Apareceu uma mulher alta e magra, cercada por soldados. A cada passo que ela dava, parecia que ficava mais difícil respirar.

- Profissional como sempre Finn. Já sabe aonde colocá-los?

- Sim. E, como sempre Quíone, foi um prazer ajudá-la.

Finn colocou eles em uma cela feita de gelo.

- Finn. - Disse Darcy quase chorando. - Como você pode fazer isso com a gente, comigo?

- Fiz apenas o meu trabalho. - Disse ele sem olhar para ela.

Assim que ele se afastou da cela, Darcy caiu no chão e começou a chorar.

- Era só o que falava. Se eu soubesse a quem ele servia, o teria deixado afundar naquele lago. - Disse Henry.

Jenny olhou feio pra ele.

- Ele tem razão. - Disse Darcy. - E além disso é tudo culpa minha. Eu que entrei na caverna, eu me deixei ficar encantada pelo par de olhos azuis. Tanta gente pra eu me apaixonar e eu fui cair de amores pelo traidor. Por que não me apaixonei pelo cabeça de alga aí? Estaríamos na Pensilvânia ainda, mas estaríamos livres. Por que eu fui aceitar essa missão? Por quê? - E ela chorava cada vez mais.

- Darcy, chega de drama. Daremos um jeito de sair daqui. - Disse Jenny.

- É ruiva, sairemos daqui. - Completou Henry.

Todos sentaram no chão para pensarem em algum plano que os tirassem dali. Enquanto pensava, Henry colocava a mão no gelo e fazia buracos no chão.

- Alguma ideia? - Perguntou Darcy.

- Não... - Respondeu Jenny.

- Espera. Isso é água? - Disse Henry olhando para o gelo.

Ele foi aumentando o buraco até que todos seu braço passasse por ele.

- Estamos em cima de um lago congelado. - Ele disse tirando o braço do buraco. - Isso é água. - Ele sorriu e abraçou Jenny. - Água.

- Não faça com que entremos nesse lago. Se entrarmos morreremos de hipotermia. - As meninas disseram juntas.

- Eu tenho uma ideia melhor. - Disse Henry.

Ele se concentrou na água e o gelo derreteu. Menos o pequeno pedaço que eles estavam em cima.

- Está na hora de sairmos daqui. - Completou ele.

Ele fez com que toda a água saísse do lago e ficasse em um semicírculo. E jogou ela com toda força na grade. A grade se partiu no meio com um estalo. Depois disso, Henry devolveu a água para o lago.

- Agora temos que achar o guerreiro. - Disse Jenny.

- E o Finn. - Disse Darcy.

- Você realmente quer achar o Finn? Depois de tudo que ele te fez? - Perguntou Henry.

- Eu quero uma explicação. Afinal ele me beijou, ele fez com que eu confiasse nele. Ele ter nos enganado eu até entendo, mas não consigo entender o porque dele ter feito isso comigo. - Respondeu Darcy.

- Eu tenho um plano. - Disse Jenny. - Só que teremos que nos separar. Henry você vai atrás do estábulo e solte os cavalos.

- Cavalos? Têm cavalo aqui? - Perguntou Henry.

- Tenho certeza que tem. Não duvido nada de que aquele cavalo que parou a gente em Nova York seja daqui. Eu vou atrás do guerreiro e Darcy, você pode ir atrás do Finn. Só que tomem cuidado, ok? Alguma duvida?

- Eu tenho. - Disse Henry. - O que tem haver os cavalos?

- Liberte-os sem perguntas. Faz parte do plano. Prontos?

Todos concordaram e eles se separaram.

Darcy se enfiou na floresta de gelo para conseguir entrar no castelo sem ser vista. Ela subiu em uma árvore que dava em uma janela. Pulou para dentro da janela e olhou para ver onde estava. Era um quarto grande e gelado, era bem feminino. Devia ser o quarto da Quíone. Ela estava quase abrindo a porta quando a maçaneta se mexeu. Sem pensar, Darcy se jogou embaixo da cama. 

- Adoro quando você faz o que eu peço - Disse Quíone.

- Como eu disse, trabalhar pra você é um prazer. - Respondeu Finn.

- Agora eu tenho que te recompensar.

- Não é necessário.

- Eu sei. Mas eu quero, afinal não é todo dia que o meu Finn está em casa.

- Eu agradeço Quíone, mas gostaria de ir para casa. Visitar minha família.

- Você quer voltar pra Londres? Mas aqui você tem tudo, você me tem.

Darcy olhou para o lado e viu o vestido de Quíone no chão. Ela fechou os olhos e deixou que as lágrimas caíssem e molhassem seu rosto.

- Tem certeza que não quer?

- Eu não posso.

- Você saiu daqui homem e voltou gay? Você nunca me recusou antes. Eu sou sua chefe. Eu mando em você. E eu quero que deite em minha cama ou irei mandar uma surpresinha pra Londres que você não gostará.

Finn deitou na cama.

- Assim que eu gosto, meu Finnzinho.

Alguém bateu na porta.

- Droga. - Ela se levantou e abriu a porta. - O que você quer?

- Senhora, vim aqui avisar que os cavalos fugiram.

- O quê? Eu vou ver o que aconteceu. Finn, jogue meu vestido.

Ele se abaixou para pegar o vestido e viu Darcy embaixo da cama. Ele pegou o vestido e o entregou para Quíone. Assim que ela saiu ele trancou a porta.

- Darcy, pode sair agora.

Ela saiu de debaixo da cama.

- O que faz aqui? - Ele perguntou.

- Vim conversar com você.

- Pode falar...

- Por que você fez isso? Por que me enganou?

- Porque eu gosto de você.

- Oi? Você me enganou e está dizendo que fez isso porque gosta de mim? Não quero nem imaginar o que faria se não gostasse.

- Você não entende. Eu não menti para você. Quíone apagou minha memória e eu só lembrei de tudo quando saí para pedir ajuda. Mas, tudo que passamos juntos foi real. A maior emoção da minha vida foi quando eu acordei naquela caverna e tinha um par de olhos verdes me encarando. Não posso me esquecer de quando você dormiu no meu ombro. Foi a dor mais gostosa que eu já senti na minha vida. Quando eu disse que te amava, eu não menti. Foi o momento mais real em toda a minha vida. Eu preferia continuar sem saber quem eu realmente era e poder viver ao seu lado à trair você.

- Chega disso. Você quer me enganar de novo, não vou deixar isso acontecer. Confiança é como um papel amassado, você pode até desamassar, mas o papel nunca voltará a ser o mesmo. Eu devia ter confiado na minha intuição e não ter acreditado em nada do que você dizia.

- Já que você não quer ouvir a minha declaração de amor, me abrace pelo menos. Você não pode me negar um abraço.

Mesmo relutante, ela abraçou o Finn.

- Eu amo você Darcy, mas aqui quem manda é a Quíone. E se ela descobrir que você entrou aqui, eu perderei a cabeça. E por mais que eu te ame, é eu ou você.

"Eu ou você. Será a sua decisão Darcy. Eu ou você." Pensou Darcy.

Ela puxou o punhal que guardava na calça e enfiou na barriga do Finn.

Ele levou um susto e caiu sentado no chão. A faca que segurava caiu de sua mão.

- Você me atingiu. - Ele disse.

- Como você disse era eu ou você. E pelo que eu vi, você iria enfiar essa faca no meu coração.

- Eu iria fazer para proteger minha família.

- Eu fiz para me proteger. Sabe, no dia em que te conheci, eu tive um sonho onde minha mãe me contava que eu teria que fazer uma decisão. Só agora eu entendi. Se eu soubesse que tudo isso iria acontecer, eu preferia não ter entrado naquela caverna. Agora eu fiz a coisa mais horrível do mundo, eu matei alguém.

- Eu ainda estou aqui, Darcy.

- Não por muito tempo. Olhe o chão. Está cheio de sangue e você mal está conseguindo falar. É questão de tempo Finn.

- Você se arrepende?

- Me diz você. Se arrepende pelo que fez?

- Sim, Darcy. Claro que sim, ao contrário do que pensa eu não sou um idiota insensível.

- Eu me arrependo por ter feito isso. - Ela apontou para o sangue na camisa dele. - Não imaginava que acabaria assim.

- Nem eu... Já que estou morrendo, você atenderia meu ultimo pedido?

- Claro, Finn...

- Me beija.

Darcy sorriu e seus olhos começaram a marejar. Ela se ajoelhou do lado dele e o beijou. O que, provavelmente, foi o beijo mais especial de sua vida.

Depois que o beijou, ela se levantou e foi para a janela. Se apoiou na árvore e olhou para trás.

- Adeus, Finn. - E foi embora.

Ela foi pelo meio da floresta e encontrou a Jenny onde tinham combinado.

- Soltou o guerreiro? - Perguntou Darcy.

- Sim, deu tudo como planejado. - Respondeu JEnny.

- Cadê ele?

- Ele pegou um cavalo e fugiu para o Sul. Como foi com o Finn.

- Digamos que foi um adeus.

- Como assim?

- Fique com isso. - Darcy entregou o punhal para Jenny. - Não quero mais ver isso.

- Por quê?

- Finn está morto, ok? - Ela respirou fundo. - Cadê o Henry? Quero ir embora daqui.

- Você matou o Finn?

- Não quero falar sobre isso.

Nisso Henry apareceu correndo.

- Vamos sair daqui rápido. Quíone está nos seguindo. - Disse Henry.

Por sorte, passaram três cavalos por eles. Eles montaram o cavalo e conseguiram sair de Quebec. Quando estavam em Montreal, eles diminuíram o galope.

- Essa foi por pouco. - Suspirou Henry.

- Darcy, você está melhor? - Perguntou Jenny.

- Não muito. Mas, eu me acostumo.

- Por que ela estaria mal? - Perguntou Henry.

- Porque o Finn morreu. - Respondeu Jenny.

- Gente, chega disso. Tem coisa mais importante pra gente se preocupar. Tipo aquilo. - Darcy apontou para o monstro gigantesco e horrendo que estava na direção deles.

Foi assim que o monstro  começou a persegui-los até a colina. O resto da missão vocês já sabem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Uffa. Esse foi comprido. Espero que gostem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Demigods" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.