Caixa Postal escrita por Evangeline


Capítulo 25
Capítulo 25: One Summer's Day


Notas iniciais do capítulo

Decidi ser boazinha e cheguei com um capítulo MAIOR e ainda vou deixar vocês escolherem como será o próximo! *O*



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Passou-se um mês.
Estávamos em novembro, em época de provas. Todo mundo estava na fase "nerd". Eu nem tanto, sempre fui do estilo "passo o ano inteiro na média". Nem nerd, nem idiota. Desde aquele dia na casa dela, Juliana está grudada com Christiane e Charlotte.

Eu nunca havia reparado naquela Charlotte. É o tipo de garota que é bonita, meiga, tímida e inteligente. Não sei como os urubus não avançam nela. E a Juliana se deu bem com ela.
Depois deste mês... depois daquele dia na casa dela, e de quando voltei para casa, eu tive certeza de que estava gostando da Juliana. Quando penso que nossos lábios se tocaram, que quase nos beijamos, meu coração quase sai do peito voando como um passarinho apaixonado. Estou me sentindo um idiota, um panaca loucamente apaixonado por uma anja de cachos ruivos e olhos intensos.
Até meu pai está percebendo que eu estou diferente. Ando suspirando, rabiscando circulos sem fim quando normalmente estaria desenhando, tenho dormido mais, sonhado mais, comido menos.
Ah...
Quando eu me lembro de como segurei sua mão e ela deixou. De como ela segurou a minha camisa. Sinto os lugares onde ela tocou queimando, pinicando, como se tivesse soltado há dois segundos.

Hoje é a prova de geografia e biologia, fora estas, só teremos mais um dia de prova. Hoje é quarta-feira e eu não estou com a mínima vontade de me levantar. Sonhei com ela de novo. Sinceramente, não sei mais o que devo fazer. Ela está sempre colada com as amigas. Não tive oportunidade de falar com ela, e a janela está sempre fechada. "Estudando" é a descullpa que uso para alimentar minhas esperanças.
Me levantei praticamente sonâmbulo e fui tomar banho. Logo eu estava caminhando indo pra escola. Todos estavam com livros e cadernos, estudando como condenados. Na hora da prova, até que terminei rápido, não estava tão dificil. Saí da sala e fui para a cantina, onde apenas fiquei sentado de cabeça baixa, quase dormindo.
Aos poucos mais pessoas começaram a sair, e eu não sei o que o diretor tem na cabeça que ele nunca deixa os alunos saírem da escola quando terminam a prova.
Depois que a Juliana entrou na escola, a ultima mesa deixou de ser um tabu, e agora é apenas o lugar onde ela se senta com as amigas para estudar, e eu preferia ficar longe, num lugar onde ela não pode me ver e nem eu a ela.
Suspirei.
Quando o sinal finalmente tocou, eu saí o mais rápido possivel da escola, e vi que a Juliana ia ficar um pouco mais para estudar com as amigas. Caminhei devagar até em casa. Meu pai não estaria lá e ele não pagou a internet esse mês, o que significa que as únicas coisas que eu podia fazer em casa era desenhar e ficar no teclado, que foi o que eu escolhi fazer.
O quarto onde o teclado ficava havia sido recém reorganizado. Agora meu velho violão ficava ao lado da porta, e o teclado ficava bem de frente para a mesma. Tudo que antes era uma bagunça sem fim, agora estava dentro de gavetas das cômodas, ou em cima das prateleiras que eu mesmo havia instalado. Agora tinha um sofá ali, que eu mantive na mesma parede de sempre, na parede onde ficava a porta, também de frente paara o teclado e para as prateleiras.
Sentei diante do teclado ficando de costas para a porta. Toquei uma música que eu gosto muito, de um velho anime que eu assistia quando pequeno chamado A Viagem de Chihiro. "One summer's Day". Foi a primeira música que eu aprendi a tocar, e é uma das únicas que tenho comfiança para tocar bem. [http://www.youtube.com/watch?v=Jtixg_PlD08]
Tocar aquela música realmente me relaxava, era uma sensação de liberdade, eu colocava meu sentimentos naquilo, quase podia fechar os olhos e me sentir voando sob um oceano sem fim. Me expressava sem necessidade de palavras, ou ações, sem olhares, sem precisar dar satisfação. Era como dormir, sonhar, mas ali eu comendava o destido do meu sonho.
A noite chegou, e eu passei a tarde inteira tocando aquela múscia, alternando entre ela e algumas partes de Dragon Boy que eu estava treinando, era realmente complicado. [http://www.youtube.com/watch?v=r9sVKtnH58E] Havia aumentado o volume.
Na minha imaginação, eu estava diante de um grande e elegante piano de cauda de madeira branca, num grande palco, e ali na platéia estava minha mãe, meu pai... e Juliana. Toquei "One Summer's Day" mais uma vez, até que me virei e dei de cara com meu pai e Juliana me olhando tocar.
Meu pai estava de olhos arregalados, e Juliana me olhava impressionada. Acho que quem mais estava surpreso ali era eu. Me levantei meio sem jeito.
- Ahm... oi... - Eu falei com um meio sorriso.
- Oi... - responderam os dois um pouco baixinho.
- A quanto tempo estão aí? - Perguntei ainda sem jeito.
- Chegamos quase agora, faz uns dois minutos. - falou meu pai. - Ela estava na chegando na portaria quando cheguei, então descobri que ela queria vir falar com você. - Ele falou e a Juliana ficou um pouco sem jeito.
Ela estava com uma regata branca e com uma bermuda laranja... Os cabelos soltos e ficava sempre com a mão por cima de um colar, segurando o pingente.
- Ahm, então tá, vamos. – Chamei-a saindo daquele quarto e indo pra varanda, para bem longe dos ouvidos de raposa do meu pai.
- O que houve¿ - Perguntei curioso. Ela nunca havia vindo ao meu prédio, e fazia um mês que não nos falávamos.
- Você é um prodígio. – Ela falou me olhando ainda muito surpresa e separando bem as palavras. Eu ri um pouco sem jeito.
- Não, eu sou um cara que passou a vida sem nada melhor para fazer, dormindo num armário de cozinha na casa da minha mãe, porque o quarto da casa era dela, e ela sempre tinha “companhia”. – Falei rindo um pouco.
- Olha, eu... meu deus, você é incrível, é sério! – Ela parecia muito animada. Ficava gestuando com as mãos no ar, com um sorriso no rosto, muitas vezes abaixando levemente o corpo para frente. Eu ri um pouco daquilo.
- Não é nada... – Falei um pouco baixo me encostando no murinho e ficando de costas para a pista lá embaixo.
- Acha mesmo¿ É... incrível! – Ela falou olhando nos meus olhos sem acreditar em mim. Estava agitada.
- Acho. – Falei simplesmente e ela finalmente parou quieta. Começou a rir. – Hey! – Chamei, mas ela estava realmente rindo... de mim¿ - Hey, para de rir garota! – Falei um pouco alto e segurei os pulsos dela rindo junto. – Ei ei ei! Tá me ouvindo¿! – Ela parou de rir de repente e ficou me olhando.
- Ahm... – Ela ia começar a falar.
- É... sobre aquele dia na sua casa... Eu... – Comecei, mas ela me interrompeu.
- Ah! Obrigada. – Ela disse e me abraçou rápido, soltando os pulsos de minhas mãos. Fiquei sem jeito, e pude ter certeza de que corei.
- D-de nada... – Falei abraçando-a de volta.
Ela não me soltou. Passamos algum tempo abraçados, e eu deitei a cabeça sob a dela, fechando os olhos, enquanto ela deitava a sua cabeça no meu ombro.
Ela ainda tinha aquele cheiro doce, e seu corpo era delicado, me dava vontade de cuidar dela para sempre, nos meus braços. Eu podia falar tanta coisa ali... mas... Tive medo. Medo de ser só um bom amigo vizinho.
Ela afastou-se um pouco e olhou para mim. Parecia triste. Eu não sabia se queria consolá-la, fazê-la sorrir e nunca mais ver aquele rosto triste, ou beijá-la naquele exato momento.
- Juliana... aconteceu alguma coisa com você¿ - Perguntei baixinho.
- C-como assim¿ - Ela perguntou ficando corada. Corada...¿
- Você veio pra cá não foi¿ - Perguntei e percebi que ela havia entendido diferente...
- Ah... sim... – Ela pareceu tentar lembrar.
- Amanhã é prova de História e Filosofia não é¿ - Perguntei mudando de assunto. Mas ainda estávamos parcialmente abraçados.
- Sim... e depois finalmente férias. – Ela falou e riu um pouco. Eu ri também e guiei ela até eu ficar encostado novamente no muro. Ela corou de novo, o que me fez achar que algo havia acontecido. Acabamos comigo encostado no muro, semi abraçados, e ela apoiava o corpo em mim. Meu coração estava a mil.
Ela estava de novo me olhando daquele jeito. Como se me pedisse para agarra-la, como se estivesse precisando que eu nunca mais a soltasse.
Estava com o rosto muito próximo ao meu, de novo. Com as mãos sob meu peito, os olhos quase fechados, a boca levemente aberta. Nenhum de nós se atrevia a falar nada. Era como se cada um estivesse hipnotizado no rosto do outro, na boca um do outro.
Eu queria sentir a sensação de beijá-la, mas ela parecia estar mal, só precisava de um consolo, e eu não pretendia usá-la num momento frágil. Usá-la apenas para acabar com aquele vazio estranho... Eu não queria, não podia.
Alisei seu rosto e encostei nossas testas sorrindo. Ela sorriu um pouco tímida de volta.
- Agora é a hora onde você me conta o que aconteceu. – Sussurrei e ela desviou o olhar.
- Eu só... estava mal... Não sei bem o que é. – Disse com longas pausas. Fiquei apenas esperando que as palavras lhe viessem. – Eu tenho sentido um vazio estranho... como se tivesse faltando algo importante. Sei que é besteira... – Ela riu zombando de si mesma.
“Vazio estranho, como se estivesse faltando alguma coisa.” I-Igual a mim...
- N-não! Não é besteira! - Eu falei estranhamente entusiasmado. - Eu sei como é... Uma sensação de que tudo é sempre igual, nada muda por mais que o tempo passe... Como se por mais que tentemos não conseguimos alcançar algo... que nem sabemos o que é exatamente... - Falei olhando para o chão, um pouco confuso.
Ela me olhou surpresa e eu corei fazendo-a sorrir.
- Obrigada. - Falou e me abraçou deitando a cabeça no meu ombro. Eu mantive a boca em sua cabeça, como se beijasse o alto da mesma. Fechei os olhos e ficamos ali por algum tempo.
Já era noite, devia ser quase oito horas. Ainda estávamos na mesma posição e um vento frio passou, fazendo-a se arrepiar e me abraçar mais forte.
Folguei um pouco aquele abraço para poder ver seu rosto. Ela estava com as bochechas molhadas, a pele arrepiada. Aquele olhar era realmente lindo. Como ela podia fazer aquilo comigo¿
- Davi... eu... – Ela começou lentamente, quase sussurrando. Eu coloquei um cacho para traz de sua orelha e sorri parcialmente.

POV Juliana ON
Ele tinha um sorriso tão lindo. Me passava uma segurança incrível. Ele era uma pessoa incrível. Passava por tantas dificuldades na escola e em casa, toca violão incrivelmente bem, tem uma voz linda, toca piano maravilhosamente, e ainda precisa ter esse sorriso¿
Seu toque me causava um choque que permanecia comigo até que ele me tocasse de novo. E sua voz me atormentava em sonhos, me salvava de pesadelos e era o que me colocava para dormir, mesmo estando só na minha lembrança. Eu sei que não devia me apaixonar, mas é impossível. Alguma coisa fez com que ele aparecesse na minha vida, e eu sentia que não podia deixar escapar assim.
- Obrigada... – Sussurrei sorrindo. Quando eu estava perto dele, aquela sensação de vazio quase sumia e meu coração palpitava como um louco, mas eu não podia falar isso a ele.
- Pelo quê¿ - Perguntou franzindo o cenho levemente o que me fez sorrir.
- Por ter ido falar comigo naquele dia. – Respondi e sorri um pouco mais o que o fez corar.
- N-não foi nada. – Respondeu. Eu sorri e toquei meu nariz ao dele, em seguida balancei para os lados, dando lhe um beijo de esquimó, ou beijo de fada como eu chamava quando criança.
- Pra mim foi, mas se pra você não foi eu... – Falei fingindo que estava triste e virando a cabeça para segurar um sorriso.
- Não, não foi o que eu quis dizer... – Ele começou a se explicar, mas eu virei novamente para ele sorrindo.
- Estou brincando. – Falei e ele suspirou sorrindo um pouco. Encostei novamente a testa na dele e fechei os olhos. Suspirei e passei os braços por cima de seus ombros, entrelaçando os dedos nos fios negros dele. Eram macios. Ele corou de novo. Era tão fofo ele corando.
A varanda estava escura, assim como o céu... A Luz vinha do corredor do apartamento, e quase não iluminava nada, fora isso, só a rua trazia luz, que refletia nos olhos dele. Não é incrível como olhos tão escuros refletem qualquer luz¿
Aquela expressão tímida sumiu rapidamente do seu rosto, fazendo aquele olhar intenso e sedutor voltar. Ele deixava os olhos quase abertos, a boca entreaberta e inclinava um pouco a cabeça.
Ele estava abraçando minha cintura, assim como eu abraçava seu pescoço. Era mais alto que eu, mas estava apoiado no muro da varanda, portanto estava quase da minha altura, e com a perna entre as minhas.
Mais uma brisa fria passou e eu me arrepiei novamente. Eu não conseguia parar de fita-lo, eu não queria sair dali, não queria que nada interrompesse até que eu o beijasse como fazíamos nos meus sonhos mais lindos. Eu queria saber, eu estava muito curiosa. Ele me traz segurança e carinho apenas com um abraço, me faz arrepiar com um olhar ou uma palavra, me faz sorrir com um cartaz pela janela... e com um beijo¿


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Notas finais do capítulo

Agora eu quero ideias. Digam para mim o que querem que aconteca. Pode ser por comentário ou por MP, tanto faz. Mas eu só postarei o próximo quando eu gostar de alguma ideia. u-u



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