Lia acorda cedo. Veste uma roupa qualquer. Vai até a sala, onde estavam Paulina e seu pai, Tatá ainda dormia. Lia faz um sanduíche para ela. Paulina a acompanha com os olhos.

Paulina: Onde você pensa que vai, mocinha?

Lia: Ué, no hospital ver o Dinho

Paulina: Mas, já? Toma o café com calma, e depois você vai.

Lia: Eu já vou comer um sanduíche, vó, e eu não gosto de comer muito de manhã. Eu como esse sanduíche e vou pra lá

Lorenzo: Filha, se você quiser eu te levo, eu tenho que ir lá mesmo, vou ficar de plantão hoje. Só vou terminar de tomar o café e a gente vai.

Lia: Então tá, pai.

Passam dois minutos, e eles terminam de comer.

Lorenzo: Bom, então vamos?

Lia: Sim, vamo pai.

Lorenzo: Tchau, mãe

Lorenzo beija a cabeça de Paulina

Lia: Tchau, Vó

Lia dá um beijo na bochecha da mesma

Paulina: Tchau, queridos. Mas, você precisa se alimentar, Lia

Lia: Eu sei, lá tem o refeitório, eu almoço, e depois eu pego algo pra eu comer. Não se preocupa, tá?

Paulina: Não tem como eu não me preocupar com você, guria

Lia sorri, e sai de casa. Lia e Lorenzo entram no carro, e conversam durante o caminho.

Lorenzo: Como está se sentindo, filha?

Lia: Como assim, pai?

Lorenzo: Ué, ver seu namorado assim

Lia: Ele não é mais meu namorado, pai

Lorenzo: Tudo bem. Ver o garoto que você gosta assim.

Lia: Sei lá. Eu não consigo pensar em mais nada, apenas nele. Eu me arrependo tanto, mas tanto de ter me separado dele que você não pode imaginar. 

Lorenzo: Não se arrependa, filha. Na hora, você tava nervosa, e com razão, você foi traída.

Lia: Mas, a culpa não foi dele. Quer dizer, foi, mas foi a Valentina quem ficou se atirando pra ele, mesmo sabendo que ele tava namorando. Ela é a verdadeira cobra aqui, e eu tinha que ter percebido isso antes de ter acontecido esse acidente, e se ele não acordar, eu não sei o que eu faço.

Lorenzo arruma uma mexa do cabelo de Lia para atrás da orelha dela

Lorenzo: Não fica assim. Ele vai acordar, e vai dar tudo certo.

Lia dá um sorrisinho pequeno para Lorenzo, que é retribuido. Os dois seguem o caminho em silêncio.Chegando lá, eles descem do carro, entram no hospital. Lia e Lorenzo se despedem-se, eles iam um para cada lado.Quando Lia chega na sala de espera, se surpreende com quem vê.

Lia: Ju, Gil?

Os dois se viram, e olham para Lia.

Ju: Oi, Lia. Ficamos sabendo. Eu sinto muito.

Ju abraça Lia, que retribui o abraço.

Gil: Verdade, Lia. Olha, não sei nem o que dizer.

Lia: Não precisa dizer nada, Gil. Voces estão aqui, e isso é o importante.

Ju: Claro, como a gente não ia vir? Ele é nosso amigo

Gil: E a gente veio te fazer companhia também

Lia sorri

Lia: Obrigada, gente

Algumas horas se passaram. Lia estava no quarto de Dinho, sentada na ponta de sua cama, acariciando seu rosto. Lembranças boas  começaram a passar pela sua cabeça. Desde que se conheceram, até a poucos dias atrás. Deixou algumas lágrimas caírem, lembrando-se de cada uma dequelas lembranças.

Ela lembrava-se do primeiro beijo deles. No meio daquela festa, quando tudo tinha ficado chato para ela. Dinho, também estava cansado daquela festa, e daquelas garotas pegajosas que ele já tinha ficado, o cercando. Os dois conversaram civilizadamente pela primeira vez, e até riam um pouco. Os dois, com a respiração a mil, foram se aproximando, e acabaram se beijando. Se lembrava de quando eles concordaram sobre não tirarem o grafite feito pelo Gil nas paredes do Quadrante. Eles podiam discutir, mas concordavam em várias coisas também. Se lembrava também de quando eles ficaram presos na sala de robótica. Da primeira conversa de verdade depois daquele beijo. Uma conversa pra lá de descontraida, e de pura sintonia, onde perceberam que tinham muito em comum. Se lembrava do passeio de biologia. De quando eles ficaram perdidos na mata, e quando Dinho torceu a perna. A Lia cuidando dele, e os dois conversando íntimamente, e com todo aquele clima, acabou rolando o segundo beijo dos dois. Se lembrou também do beijo da peça, um tempo depois do beijo da mata. A princípio seria um beijinho técnico, da Ceci e do Peri, mas acabou sendo um beijão, da Lia e do Dinho. Lembrou também de quando eles combinaram a fuga deles, de toda aquela intimidade, quando começaram a ficar juntos de verdade. E lembrou também de todos os momentos deles na fuga. Da guerrinha de água na lagoa, das briguinhas diárias, da primeira vez deles, e até de quando eles correram risco de vida, juntos. E por fim, lembrou daquela linda declaração de amor, e pedido de namoro de Dinho. Por meio de cartazes, chamando-a de marrentinha, dizendo que sentia saudades, sendo que não fazia nem um dia que não se viam, e depois, os dois gritando que se amavam, como se quisessem que o mundo inteiro ouvisse.

Lia deixava lágrimas caírem, e as limpava em seguida. Uma enfermeira chegou para fazer mais alguns exames em Dinho, e Lia teve que se despedir, e ela aproveitaria para ir ao refeitório comer. Ela despediu-se de Dinho com um beijo na testa. Acariciou seu rosto, e sorriu para a enfermeira, e saiu do quarto.