Yabai De! escrita por Pockolli_sis


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Lero Lero ~ Postando mais um capítulo! O Maior até agora!
Bem esclarecedor sobre algumas personagens! 8DD



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Capítulo 4 –

Antes que pudesse pisar na soleira do seu local de trabalho, se viu sendo arrastado pelo braço para fora. Começou a armar um escândalo, é lógico! Kohatsu Natsurou nunca deixava barato:
- EIEIEIEIEI, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO!? – gritava inutilmente enquanto era puxado por alguém-que-não-sabia-quem-era para sua direção contrária. Como estava de costas, conhecia tanto para onde estava indo quanto a identidade do seu sequestrador.
Tentava escapar da mão que o puxava, mas suas tentativas foram em vão; eram forças muito maiores que a sua.
Finalmente quando chegaram a um píer foi que teve sua libera de de volta. Virou-se imediatamente para ver quem era, e tomou um susto!
- AH! LADRÃO DE UVINHAS! COMO OUSA MANCHAR A REPUTAÇÃO DA FAMÍLIA DO SEU AVÔ SE TORNANDO UM SEQUESTRADOR DE SANGUE-FRIO!? – fazendo drama, e não por menos (Nosso loiro é exagerado, de qualquer forma), ele gritou para quem quisesse ouvir. Porém, ninguém estava por perto.
Oh meu deus, pensou, olhando para cima, para aquele céu ta e azul e tão cheio de nuvens branquinhas. Fazia uma cara digna de pena. Suspirou, repetindo a si mesmo que era para o bem do seu trabalho. Resolveu ignorar os comentários do rapaz escandaloso a sua frente que não parava se espernear.
- Por favor, eu não te sequestrei. Será que podíamos ter uma conversa civilizada? – perguntou baixinho, tendo a voz abafada pelos gritos do outro.
Aparentemente, seu pedido tivera efeito. Ele se calará, mas agora portava uma expressão indignada no rosto.
- Como assim CIVILIZADA? Quem é o Senhor-Oi-Eu-Gosto-de-Uvas-e-de-Sequestrar-Inocentes-Garotos-Colegiais?
- Olha, não é isso o que você está pensando. Desculpe se meu modo de agir foi atípico, dou a minha palavra que não repetirei tais ações novamente.
Estava sendo mais difícil do que havia previsto, aquele garoto. Nunca tivera problemas ao lidar com pessoas até então (tirando todas as senhoras horrendas que tivera que conquistar por um bem maior), mas aquele pivete em particular lhe dava nos nervos.
É, o pedido de perdão pareceu bastar para que ele calasse a boca e escutasse o que Yuu tinha a dizer. Entretanto, não o bastante para extinguir o olhar desconfiado que ainda lhe recaía.
- Desculpe-me o mau jeito, de qualquer forma. Não fomos dignamente apresentados ainda. Hanashiro Yuu, muito prazer em conhecê-lo. – abrindo um enorme sorriso, esperava que ele abrisse a boca para se apresentar também. Mas como não recebeu nada como resposta, continuou – Kohatsu Natsurou, suponho? Bom, eu tenho uma proposta para você.
Natsurou o analisava atentamente, disposto a ouvir tal proposta. Continuou a olhá-lo, de forma que prosseguisse.
- Eu estava trabalhando a algum tempo em um projeto, mas alguns... acidentes aconteceram, então, eu perdi tudo. O prazo que eu tenho para a entrega é de apenas um mês, então receio que não consiga terminar tudo com um computador quebrado e longe da... Civilização. Acontece que o projeto que venho realizando se encaixa perfeitamente com o tipo de trabalho que você exerce naquela quitanda que tive a grande infelicidade de visitar ontem.
Vendo que o olhar do garoto a sua frente apenas se estreitara, como se estivesse tentando absorver alguma coisa naquela conversa estranha, prosseguiu.
- Digamos também que você tenha uma parte de culpa no fato de eu ter perdido meu trabalho todo, o que faz você estar diretamente relacionado com o meu problema. Posso te explicar mais detalhes se você aceitar a proposta, o que acha?
Demorou um tempo para que o “Q?” enorme que estivera estampado na cara do loiro desde que o homem a sua frente abrira a boca desaparecesse.
- Então quer dizer que eu sou forçado a trabalhar com você porque eu estou diretamente ligado a perda do seu trabalho... Sem pagamento algum? – falou lentamente, olhando para os olhos verdes a sua frente.
- É, acho que você pegou o espírito da coisa.
- ... Temo que tenha de recusar sua oferta então, senhor. – disse do mesmo modo formal com o qual Yuu lhe dirigia a palavra.
Estava estupefato, é claro. Como RECUSARIA? Não PODIA recusar.
- Por quê? – começando a perder a pose, perguntou – O que foi?
- Pra começo de conversa, você fala complicado demais. Quer dizer, eu demorei um bocado pra entender do que você tava falando, sabe? Sei lá. Depois... mesmo que você seja o neto do oji-san, não posso perdoar o fato de que está me atrasando para o trabalho.
- Hn. Eu já pedi desculpas. – Mais estupefato ainda, não entendia do que ele estava falando. Seu jeito pomposo de falar não o havia afetado, hein?
- Outra coisa. Eu não confio em você pra poder trabalhar com você. Você não parece nem um pouco com uma pessoa em que se possa confiar. Olha só, roubando uvas e saindo por aí com um cachecol enrolado no pescoço em pleno verão (o que não faz o mínimo de sentido, porque você está com uma regata!).
- E... isso é o que te inspira a não confiar em mim. Certo?
- É, mais ou menos.
É, talvez não tivesse mesmo jeito. Talvez a psicologia simplesmente não o afetasse. Suspirou, passando um ar de “tudo bem, eu desisto”. Virou as costas e saiu andando. Mas antes de se afastar completamente, deixou escapar um breve comentário:
- E pensar que ele poderia se livrar de todas as dívidas que tem com a Arashi-chan... Pobre alma perdida.
Aquelas, sem sombra de dúvidas, foram as palavras mágicas. No mesmo instante, um grito de espanto ecoou por toda a extensão da praia.
- O QUÊ!? ME LIVRAR DA ARASHI-BUCHOU!?
Recolheu seu sorriso de vitória para si mesmo antes de girar e concordar com a cabeça o que o garoto acabara de indagar.
- Eu posso lhe explicar os detalhes no caminho se você não se importar.
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- Então resumidamente, eu tenho que te ajudar a catalogar as frutas de acordo com a sua temporada, recolher referencias de cada uma, e dividi-las em subgrupos de cores e ... O que diabos vem a ser ELEMENTOS SINESTÉSICOS...? – os grandes olhos cor de mel percorriam um pedaço de papel com tópicos escritos em uma caligrafia estranhamente perfeita, mesmo para kanjis.
- Anh.. Elementos sinestésicos, sabe... Tem a ver com sensações. Por exemplo, qual a sensação que você tem ao sentir o gosto de uma melancia, entende?
- Ah, mas isso depende MUITO. Quer dizer, se a melancia estiver gelada ou quente, vai ter um gosto completamente diferente!
Ignorando completamente esse comentário, Yuu continuou a apontar instruções e descrever os problemas.
Estavam os dois no quarto de Yuu, que se encontrava muito melhor arrumado do que havia sido deixado de manhã pelo dono. Sentados no chão, ambos em um lado de uma pequena mesa baixa quadrada, estudavam todos os planos que a cliente do designer passara.
Após uma longa explicação do que acontecia, Natsurou pareceu gostar da idéia. Estava começando a lhe agradar: Yuu não parecia tão rabugento ou chato quanto pensara (na verdade, o Kohatsu não reparava muito quando perdiam a paciência com ele), e era muito melhor ficar ali do que com a sua antiga chefe.
Pela parte de Yuu, não estava sendo tão difícil ficar ali. O garoto se mostrara bastante dedicado, até, e se deixasse de se importar com seus comentários infames não seria tão ruim assim.
- Eu tenho uns livros em casa que minha mãe comprou, sobre alimentação. Acho que deve ter alguma coisa neles que possa ajudar! – comentou pensativo Natsurou.
Yuu olhou de relance o relógio digital na cabeceira de sua cama. Arregalou os olhos quando focou direito nos números digitais. Já estava bem tarde, passara realmente tanto tempo assim explicando o trabalho? Quer dizer, não se admirara muito que o tempo tivesse passado tanto. Ele era meio lerdinho para absorver as coisas, aquele loiro, sem contar as palavras que ele tinha que explicar e etc.
Quando anunciou que já estava bom por aquele dia e começou a recolher os papéis da mesa, Natsurou o ajudou.
- Ei, você não quer ir lá embaixo comigo? Tem uma sorveteria na frente da Kudamono-ya que tem vários sorvetes deliciosos de muitas frutas diferentes que a gente podia provar! – com os olhinhos brilhando, ele ficou imaginando todos os diferentes tipos de frutas que poderia encontrar nos sabores. – E além disso, já que a gente vai trabalhar junto, podíamos aproveitar e nos conhecer melhor, que que cê acha?
- É, pode ser... – distraído, o mais velho nem prestou atenção. Apenas concordou, pensando que não teria problema algum afinal.
Ao sair do quarto, seguido de Yuu, Natsurou quase tropeçou em alguma coisa que se mexia. Estava escuro, não enxergava nada. Deu um grito enorme.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAinH! QUE QUE É ISSO? – colando-se na parede, ele olhou pro chão assustado.
- PUTA MERDA, GAROTO! NÃO GRITA DESSE JEITO! – Yuu tateou a parede do corredor para ver o que tinha acontecido, e não podia negar que aquele berro quase tinha feito seu coração sair pela boca.
Quando todas as luzes se acenderam, os dois se depararam com um velhinho de 1,50m no máximo sentado no chão, com uma xícara de chá na mão. Aparentava estar alheio ao escândalo que se armara no corredor, e nem parecia ter sido pisado pelo garoto loiro. Ele sorriu ao olhar para cima e ver os meninos:
- Ah, mas que surpresa agradável, garotos!
Os dois olharam o velhote, estupefatos.
- Vô... Mas que diabos você ta fazendo aqui no chão do meio do corredor... No escuro? – quando disse isso, sua sobrancelha pulsava involuntariamente.
- Ora, a casa é minha, eu fico onde eu quiser, meu neto. – Como fosse a coisa mais normal do mundo, ele tomou um grande gole de chá, com um sorriso bobo estampado na cara.
Uma grande fungada fez os dois perceberem a presença momentaneamente esquecida do garoto mais novo. Grossas lágrimas marejaram nos olhos mel dele, que disse em uma voz falhada:
- Ojiii-san... Nunca mais me assuste desse jeito, por favooor...
Como se fosse a única pessoa normal dali – o que de fato suspeitava que fosse - ficou parado olhando para os dois por um longo tempo: um velhinho de quase 90 anos sentado no chão, como numa cerimônia de ocha, e um garoto de 16 anos grudado na parede, como se fosse armar um berreiro ali mesmo.
Sacudiu a cabeça e se esgueirou pela parte livre do corredor. Exclamou “Vamos logo” e se viu sendo seguido por um Natsurou que enxugava os olhos com as costas da mão direita.
Os dois entraram no carro, e o loiro estava mais radiante que nunca. Imaginou que ele era estranho, sempre sorrindo daquele jeito, mesmo minutos depois de quase chorar. Natsurou se ocupou então de ficar passando de estação em estação de rádio comentando cada música até chegarem no final do morro.
Quando saíram do carro, uma garota veio correndo até eles. Os cabelos castanhos esvoaçavam atrás dela e caíram perfeitamente organizados quando ela parou em frente ao menino Kohatsu. Irradiava uma aura brilhante que não condizia com o falso tom bravo e ao mesmo tempo decepcionado que usou:
- Natsurou-kun! Você falou que estaria aqui e eu fiquei te esperando até agora! O que estava fazendo?
- AI ÉEEEEE! GOMEN, MISAKI-CHAN! EU ESQUECI DE TE MANDAR UMA MENSAGEM! MAS É TUDO CULPA DELE! ELE ME ARRASTOU COM ELE E EU ESQUECI DE TUDO, NÃO TAVA PROGRAMADO!
Como ele conseguia ser tão escandaloso? Eda Misaki riu, e tentou acalmá-lo dizendo que estava tudo bem. Quando por fim o menino convenceu-se de que realmente estava tudo bem e que ela não estava chateada, a garota pareceu perceber a presença do indivíduo ao lado deles (mesmo que ele tivesse chegado dirigindo o carro).
Virou-se para ele curiosa. Acenou com um sorriso agradável no rosto.
- Boa tarde! Sou Eda Misaki, muito prazer!
- Hanashiro Yuu. – com uma breve reverencia, continuou esperando o companheiro, não dando a mínima. Voltou a olhar para os lados como se não tivessem falado com ele.
Aquela menina não era boa coisa, podia sentir. Toda aquela pose de boazinha o irritava. Ele era o próprio camaleão em pessoa, sabia quando alguém estava tentando parecer alguma coisa que queria que os outros acreditassem que era. Dificilmente era grosso com as pessoas (pois sempre queria passar uma imagem positiva), mas ela de fato merecia. Não se sentia bem perto dela.
- Ah... E então Natsurou-kun, o que aconteceu? – Percebendo a situação, ela se voltou para o amigo, interessada.
- Eu estou trabalhando pra ele agora! É uma longa história, então não quer ir com a gente tomar um sorvete?
Nunca sentiu tanta vontade de estrangular alguém quanto sentiu no momento em que aquele moleque convidou-a para ir com eles. Fuzilou-o com o olhar, mas ele pareceu não perceber.
Quando viu, já estavam os três sentados em uma mesinha perto do mar, cada qual com seu potinho de sorvete. Natsurou com uma enorme casquinha de sorvete de abacaxi e gelatinas por cima, Misaki com uma bola de sorvete de creme e cobertura de chocolate e Yuu com um de melancia e cobertura de caramelo.
- E entãao! – Dando uma enorme lambida em seu sorvete de abacaxi, ele começou – Yuu, fale mais sobre você.
- Hm... o que exatamente? – Levantando os olhos de seu sorvete vermelho, que observava curiosamente, perguntou – Especifique.
- Anh, eu vou me apresentar aí você faz a mesma coisa! – Parecendo pensar, começou a relatar – Meu nome é Kohatsu Natsurou, tenho 16 anos, nasci em Okinawa e ainda estudo no colégio aqui perto! Eu moro com a minha mãe, e gosto de fazer tudo o que eu posso pra ajudar as pessoas que eu amo! Minha fruta e comida preferidos é abacaxi, e gosto da brisa marítima. Sua vez~
- Huh... – encarando a situação como a mais estranha possível, deu os ombros e decidiu que não faria mal. – Hanashiro Yuu. Tenho 24 anos e vivo sozinho em Tokyo desde os 18. Nasci aqui, e estudei no Okinawa Shogaku. Sou design de interiores e minha comida preferida é lasanha.
Acabando de dizer isso, enfiou na boca um colherada grotesca de sorvete, castigando-se por ter se aberto demais para um estranho.
- Ooh, sugoi! Okinawa Shogaku! Mora sozinho em Tokyo? Não é solitário?
- Nem tanto.
- Mas não é difícil morar em Tokyo? – Misaki se manifestou, com um ar de preocupação.
- Não pra mim. – frio, respondeu tendo que segurar a ânsia de vômito que se apossou dele quando ouviu aquele tom de preocupação na voz dela.
Vinte minutos se passaram e todos já tinham acabados seus sorvetes. A essa altura, Yuu já descobrira todos os nomes dos colegas de classe dos dois colegiais a sua frente. Mesmo estando absorto em ver o céu alaranjado pelo crepúsculo, não podia deixar de prestar atenção na conversa animada que se passava. Não acreditava que estava com dois adolescentes tomando sorvete na PRAIA.
Quando finalmente se cansaram, foi obrigado a deixá-los em suas respectivas casas. Misaki e Natsurou se despediram amistosamente, o que lhe deu novamente enjôos.
Parou o carro na frente da casa que o garoto falou que era a dele.
- A gente se vê amanhã então? – perguntou numa felicidade só
- É, sim. Não se esquece de trazer aqueles livros, ok?
- Beleza!
- Pode chegar umas 10 horas, tudo bem? Não se preocupe em tocar a campainha, pode entrar que o portão provavelmente vai estar aberto.
- Waaaaaakarimashita! Te vejo amanhã! – e com um sorriso de alegrar qualquer um, saltou para fora do carro e desapareceu no jardim da casa.
Sinceramente, não entendia como ele podia ser tão... feliz. Sempre sorrindo, ignorando – ou não percebendo – quando era tratado mal. Percebeu que era do tipo de pessoa que não parava de falar, e animava um ambiente só com a sua presença. Todo aquele cabelo loiro ajudava. Como uma pessoa consegue ser desse jeito?
Deixou para lá e voltou para a casa de seu avô.


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final cap4,
loading... cap5!


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Notas finais do capítulo

Aiah 8DD Tô empolgada pra escrever mais! x3
Maria vê vocês no próximo cap *--*v Obrigada por postarem suas opiniões!
(OBS: Propaganda~ Vou postar uma fanfic que Maria tinha escrito há séculos mas nunca se importou em terminar. Se quiserem ler, é algo Shoujo, mas vou enfiar um 'q' de Yaoi no meio. O usuário é 'Maaria' e o nome da história 'Troubled Freedom'.)



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