Lost Memory escrita por Dri Viana


Capítulo 4
Chapter Four


Notas iniciais do capítulo

Estou amando os reviews de vcs. Muitissimo obrigada por eles. Aqui está mais um cap pra vcs. Espero que gostem.



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Sara não soube precisar quanto tempo ficou ali olhando para aquele desenho, mas certamente foram longos minutos enquanto se questionava como seria dali por diante. Em poucas horas daquela manhã sua vida virou de pernas para o ar em decorrência daquela repentina amnésia do marido.

Seus filhos estavam assustados e confusos como não podia deixar de ser em um caso tão incomum como esse. E ela também estava igual a eles. Porém, tentando manter-se firme pelos filhos e também por ela, pois se desabasse em quem eles se apoiariam? Contudo, estava sendo tão difícil aquela situação a qual se encontrava apenas no começo!

Olhando no relógio de pulso, a mulher percebeu o avançar da hora. Já ia dar duas da tarde!

Com toda aquela confusão a hora voou. Eles ainda não tinham nem almoçado e ela não estava com cabeça para preparar nada. Buscou na agenda do celular o número do restaurante delivery que Grissom e ela costumam pedir refeições vez ou outra, e ligou para o estabelecimento. Em questão de segundos já era atendida por uma jovem de voz fina e muito bem educada. Fez um pedido de quatro refeições completas e logo encerrava a ligação com o almoço encomendado e sendo entregue dentro de uma hora, segundo informação da atendente.

Por mais uns instantes Sara permaneceu na sala até que criou coragem para subir e ver como Grissom estava. Chegou ao quarto deles e encontrou o marido de costas para ela e parado diante da janela do quarto. Com cautela se aproximou um pouco dele e o chamou uma vez fazendo o homem se virar para ela. A expressão melancólica que viu estampada em seu rosto, cortou o coração de Sara. A mulher sentiu uma enorme vontade de abraçar o marido bem forte e lhe beijar várias vezes em uma tentativa de dissipar aquela expressão que via nele e lhe trazer de volta àquela outra alegre e feliz que ele sempre ostentava. Contudo, sabia que não podia fazer nada disso que sentia vontade, apenas se aproximou mais de Grissom. Antes que tivesse a oportunidade de lhe perguntar algo, seu marido se pronunciou:

— O garoto... Ele... Ele se acalmou, está melhor?

O homem demonstrou certa preocupação com a reação do garotinho.

O coração de Sara se apertou por ouvir o marido chamar o filho deles daquela forma fria e pouco comum de Grissom se referir a Matt. Contudo acalentou um pouco a mulher ver que mesmo não se lembrando do filho, Grissom se mostrou preocupado com o estado do menino. Aquilo para ela era um bom sinal.

— Matt, seu filho...

Ela fez questão de frisar bem as duas últimas palavras para Grissom.

— ...Acalmou-se um pouco, mas ainda está em choque com tudo isso que aconteceu com você. Nossa outra filha também está que nem ele. Mas conversei com os dois, eles se acalmaram mais. Agora estão dormindo o que é bom pra acalmá-los mais ainda.

Grissom apenas assentiu e o casal ficou se olhando até que o homem se pronunciou pela segunda vez.

— Me senti tão mal por ter dito ao meu próprio filho que não me lembrava dele... E me senti pior ainda por vê-lo chorar daquele jeito... Me desculpe por ter esquecido de vocês!

Ele pronunciou a última parte de cabeça baixa e com a voz em um sussurro, que deu perfeitamente para Sara ouvi-lo e entendê-lo.

Sem conseguir se conter, a esposa se aproximou o bastante do marido. Tocando seu rosto, ela fez Grissom lhe olhar nos olhos.

— Não peça desculpas. Você não tem culpa disso ter acontecido. Ninguém tem culpa. Agora temos que buscar respostas para explicar isso que houve.

— Respostas??... E tem alguma que explique muito bem o porquê de eu ter esquecido tudo assim do nada?

Com delicadeza ele tirou a mão dela que ainda permanecia em seu rosto e se afastou da esposa, indo para o lado oposto de onde ela estava no quarto. E então, Grissom continuou a falar.

— Eu queria entender como me esqueci de tudo se você disse que ontem eu estava perfeitamente bem? Se eu tivesse sofrido algum acidente e batido com a cabeça era justificável essa perda de memória, mas não foi isso que aconteceu. Eu só dormi e acordei assim, sem me lembrar de nada, nada... Droga!!

Tomado pela raiva o homem deu um soco na porta do closet, assustando levemente a esposa.

Aquela situação toda e aquele vazio na cabeça dele estavam lhe deixando nervoso.

— Grissom tente se acalmar!

Sara lhe pediu. Por mais desesperadora que a situação fosse, eles precisavam manter a calma para conversarem sobre o que estava se passando e também para não acordar os filhos, que estavam dormindo em um quarto próximo dali. Sara não queria acorda-los e deixá-los verem o pai naquele estado nervoso e alterado.

Entretanto, o que ela não esperava, era receber de Grissom palavras tão duras ao lhe pedir que se acalmasse.

— Me acalmar??

Ele a encarou de maneira incisiva e dura, fazendo-a engolir a seco.

— Eu me esqueço da minha vida toda e você me pede pra eu me acalmar? Não, isso é impossível! 

Ele esbravejou as últimas palavras de maneira alterada, deixando explícito o seu descontentamento com a fala anterior da esposa.

— Eu sei que é, mas...

Sara tentou argumentar com ele, mas Grissom nem deixou que ela continuasse o que ia dizer.

— Você não faz ideia do quão horrível é estar nessa situação em que me encontro nesse momento.

— Grissom...

Pela segunda vez ele não a deixou continuar uma fala.

— Sabe o que é ver sua vida toda por fotos e ter que ouvi-la ser contada em pouco mais de uma hora por alguém que você está vendo pela primeira vez, mas que na verdade você descobre que essa pessoa faz parte de sua vida, que ela é sua esposa, só que não se lembra dela?... Não, não sabe!... Você tem ideia do que se passa dentro de mim nesse momento com toda essa confusão? Também não!... Eu me sinto sozinho em um quarto totalmente escuro não sabendo pra onde ir. Já se sentiu assim? Aposto que não!

Após esse desabafo o homem levou as duas mãos a cabeça e deu as costas para a esposa.

A mulher ficou estática diante daquela sua fala raivosa. Em sua garganta um nó se formou e a vontade de chorar lhe veio outra vez em um curto espaço de tempo. Mas com um gole seco, ela empurrou goela abaixo aquele choro, pois chorar não ia resolver nada.

Todavia, ela teve que admitir dentro de si que a rispidez na voz de Grissom e suas palavras foram mais novas coisas que vieram lhe machucar por dentro até ali. Seu marido nunca até então, havia falado daquela forma tão dura e grosseira com ela. Nem quando tinham seus desentendimentos feio, o que eram coisas raríssima de acontecer, posto que eram um casal que tinha um convívio de dar inveja a muitos casais por aí.

Sara olhava entristecida para aquele homem a sua frente. Ele era fisicamente seu marido, mas emocionalmente era um desconhecido para ela. Grissom mesmo quando discutiam era sempre comedido em suas palavras, na sua forma de se dirigir a esposa e também de tratá-la por mais sério e duro que fosse o assunto que estivessem discutindo.

Contudo esse Grissom com quem ela discutia agora, era nervoso e não media suas palavras. Sem contar que ele saía do controle rápido. Porém, mesmo com essa reação tempestuosa e suas palavras duras, ela não se deixou esmorecer. Seu marido estava lá dentro daquele homem desmemoriado só precisava fazer com que Grissom se lembrasse disso e faria isso pelo bem estar dele e da família que junto construíram.

— Grissom sei que não está sendo fácil pra você essa situação assim como não está sendo pra mim e nem para os nossos filhos. Só que VOCÊ não está SOZINHO!... Nós estamos aqui com você. Seus filhos e eu... A sua família, meu amor!

— Minha família que eu não lembro.

Ele virou-se para olhá-la. Eles eram desconhecidos para ele. Aquela mulher podia dizer o contrário quantas vezes quisesse, porém não mudaria o fato de que agora, ele não lembrava da esposa e dos filhos, e nem qual a importância que eles tinham na vida dele.

— Mas você vai lembrar, Gil. Nós vamos te ajudar nisso, querido.

Ela estava calma e serena apesar de toda aquela situação e a forma com a qual o marido tinha de dirigido a ela momentos atrás.

— Vão fazer isso por pena?

Ela franziu a testa diante daquela palavras do marido.

De onde ele havia tirado esse disparate?

— Pena?? Você ficou louco?

Ela se mostrou estarrecida e até ressentida com aquilo dito por ele.

— Claro que não é por pena, Gil! Vamos te ajudar, porque te amamos e somos uma família.

Pela segunda vez ali, ela chegou bem perto dele e então prosseguiu, dizendo:

— Escute bem o que vou te dizer Grissom. Mesmo que não se lembre, seus filhos te amam... eu te amo... e sempre te amaremos. Estamos aqui do seu lado e vamos estar até o fim!... Nós vamos te ajudar a superar isso e a lembrar das coisas. Acredite em mim... confie em mim, por favor!

Os olhos castanhos dela estavam cheios d'água ao terminar de falar. Sara estava disposta a apoiar incondicionalmente o marido; a ficar do seu lado mesmo que ele não lembre mais dela.

O discurso emocionado dela tocou Grissom. Aquelas palavras da esposa lhe fizeram ver que havia sido duro demais com aquela mulher. Ela não merecia aquele tratamento que lhe dirigiu, bem como as amargas palavras que lançou-lhe no calor da raiva.

Se para Grissom estava sendo tão assustador e difícil estar no meio daquele furacão todo, ele podia ver que para esposa e os filhos também devia estar igual.

— Perdão pelo que eu disse.

O homem pediu com sinceridade e mais calmo. Na sequência prosseguiu:

— Essa situação me deixa nervoso e não consigo raciocinar direito. Olha... Me dê um pouco de tempo!... Eu preciso disso pra tentar me situar e me levantar dessa rasteira que está sendo não me lembrar de nada.

Sara assentiu entendendo o lado dele.

— Ainda estou desorientado e desnorteado com tudo isso, mas mesmo assim, sem me lembrar de você, eu acredito e consigo confiar no que me diz, porque...

Grissom fez uma longa parada enquanto se pôs a fitar a esposa por segundos, em uma nova tentativa de ver se obtinha lembranças acerca daquela mulher, que lhe encarava com tristeza no olhar. Todavia nada lhe veio a cabeça. Só havia um vazio, uma lacuna em branco em sua mente.

— ...Os seus olhos me dão essa segurança, Sara. Eu só te peço um tempo e que me deixe sozinho, por favor!

Ele pediu, concluindo sua fala.

A mulher suspirou decepcionada com o pedido dele, mas não ousou contestar. Apenas assentiu de maneira positiva.

Talvez seu marido e ela precisassem desse tempo para se erguerem desse baque que deixou a todos da família perdidos e confusos.

— Eu vou fazer o que me pediu, Gil. Mas quero que saiba de uma coisa... Eu estou aqui do seu lado e sempre vou estar. Não vou te deixar sozinho nisso, meu amor. Pode ter certeza!

Inconscientemente, ainda que ela fosse agora uma mera estranha para ele, aqueles seus olhos castanhos pareciam não ser. Os olhos dela e suas palavras de algum modo deram por segundos a Grissom uma calma e uma tranquilidade que antes pareciam perdidas.

Olhando-a bem, Grissom pode ver o quanto aquela mulher se mostrava ser forte e apaixonada por ele, ao contrário dele que, infelizmente por agora não conseguia detectar dentro de si nenhum tipo de sentimento amoroso por ela, mas conseguia sentir incrivelmente, que nela podia confiar.

— Eu tenho certeza disso, Sara!... De alguma forma que não sei bem explicar, eu consigo sentir essa certeza que está me dando... Sinto que não vai me deixar e que vai me ajudar, Sara!

Talvez naquele momento fosse seu coração, quem estivesse inconscientemente falando isso por Grissom.


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Notas finais do capítulo

Conversa tensa ñ?? mas é isso!!
Bjs e ate o proximo!