Desventuras No Amor escrita por Alanis Beliato


Capítulo 4
Capítulo 4 - Existe amor a primeira transa?




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Acordar cedo com certeza não estava na minha lista de coisas favoritas, mas eu tinha que trabalhar, hoje seria um grande dia, não só porque eu iria ver Swan novamente, mas minha empresa estava no topo estávamos prestes a fechar uma parceria com outras empresas de advocacia que havia em Seattle.

 Encarar Rosalie foi muito mais fácil, já que ela ainda estava envergonhada por conta de ontem, falávamos apenas quando era necessário. O resto do dia, felizmente, se passou muito rápido, conseguimos a parceria de duas advocacias e aquilo fez com que meu dia de trabalho valesse a pena, mas a noite seria melhor ainda.

Saí da empresa com o sorriso estampado no rosto, como o dia havia sido cheio, e já eram quase nove horas fui direto do trabalho para o bar em que Swan trabalhava. Era sexta feira, o local devia estar abarrotado, estava torcendo pra que, mas uma vez, ela me reconhecesse na multidão porque se dependesse de mim…

Ao chegar lá minhas suspeitas foram confirmadas o lugar estava cheio, a pista de dança mais lotada do que nunca, o volume da música estava no máximo, estava tendo um show quando cheguei e me perguntei se seria Swan que estava lá, mas o cabelo da garota era escuro demais pra ser ela, então fui para o bar beber alguma coisa enquanto revistava o local com os olhos para vê se a achava.

Meia hora havia se passado e eu já estava começando a achar que ela não estava lá. Ela sabia que eu vinha, cara, ela tinha me dado um bolo? Tudo bem, eu sei, aquilo não era um encontro de verdade, mas ela disse pra mim “Aparece aqui amanhã” e quem não apareceu foi ela. Estava me detestando no momento por ter acreditado nela, Jacob tinha um lema “Não confie em strippers, ou você vai se foder”.

— Não confie em strippers ou você vai se foder — Sibilei para mim mesmo, jamais pensei que chegaria o dia em que Jacob estivesse certo sobre alguma coisa.

 — O quê disse? — Perguntou uma mulher que estava sentada bem ao meu lado, quando é que ela havia chegado ali?

 Ela me lembrou Swan, cor do cabelo, pele branquinha, mas estava comportada demais pra ser ela.

— Nada

— Cara, tu é lerdo assim mesmo ou só se faz? — Perguntou 

— Hã, Swan? É você?

Ela estava usando uma calça jeans rasgada no joelho, uma blusa preta do Gun’s N Rose e um all star. Ela estava sem mascará.

O rosto dela era bem mais branco do que aparentava ser, o nariz dela era de um formato bonito, não sei, acho que eu entrei em estado de choque.

 — Meus parabéns

— Não te reconheci, sem aquelas... Aquelas — Não consegui terminar a frase, eu ainda estava bestificado

— Sem aquelas roupas minúsculas e desinibidas? — Perguntou ela depois de dar um gole, no que parecia ser, Tequila

— É 

— Berta, me vê uma tequila para o rapaz, acho que ele está precisando — Sibilou Swan para a mulher atrás do balcão que apenas assentiu.

— Obrigado — Falei ao pegar o copo — Então, porque está vestida assim? Não vai dançar hoje?

Apontei para o pole-dance que por sua vez estava ocupado por outra mulher, ela não era tão boa quanto Swan, mas sabia se movimentar bem.

— Hoje não, estou de folga.

— E porque me pediu para encontrar você aqui? Poderíamos ter ido a outro lugar

— Não posso aceitar a sair com estranhos assim de cara, vai que você é um psicopata? Então preferi não arriscar

— Eu tenho cara de psicopata? — Perguntei passando a mão pelo meu rosto e ela sorriu

— Não. Esse é o problema

De inicio começamos a conversar sobre coisas banais, depois ela me encheu de perguntas desnecessárias, bebemos, rimos.

— Agora é a minha vez — Falei tomando o resto que tinha do meu primeiro copo de Tequila, a conversa estava boa demais para perder tempo bebendo. 

— Vez de que? — Perguntou ela se fazendo de desentendida

— De fazer as perguntas — Especifiquei para que não houvesse dúvidas

— Manda ai

— Tá, primeiramente, qual é o seu nome? Sinceramente, não estou me contentando só com Swan

— é Bella, Isabella, na verdade, mas para todos os efeitos me chame de Bella.

Bella Swan, que nome encantador, não tanto quanto a quem pertencia.

— Bella. Ok Bella. Você tem quantos anos?

— Quantos anos você tem?

— É a minha vez de fazer as perguntas, lembra? 

— Mas o quê que custa você me falar sua idade?

 — Responda você primeiro

— Tenho 20 e você?

 — Um ano mais nova, que gracinha.

 — Então, tem 21?

 — Parabéns, você sabe subtrair — Falei sendo irônico e ela deu um sorrisinho irônico não achando graça nenhuma da minha piada.

 Continuei com as minhas perguntas, e mesmo sendo a minha vez ela ainda fazia questão de me perguntar algumas coisas. Bebemos duas rodadas de Tequilas seguidas, mas aquilo não foi suficiente para nos deixar bêbados, apenas um pouco zonzos.

 — Gosto de você Edward — Disse-me, cheguei a me perguntar se ela já estava ficando bêbada, mas ela parecia 95% sóbria.

— Também gosto de você

— Pra um psicopata engravatado até que você é legal

 Havia me esquecido que estava com a roupa do trabalho, afrouxei a gravata  e bebi mais um pouco.

 — Até que pra um stripper você também é legal — Rimos e voltamos a conversar sobre nada

Com ela a conversa fluía tão facilmente, tão fácil como respirar, diferente do dia em que a conheci, e diferente de ontem, ela, quando não estava no seu papel de “a stripper durona” me parecia ser bem… Vulnerável, e até meiga, divertida. Eu não estava acostumado com esse tipo de mulher, meu passado não era lá tão favorável com relação a elas, nunca me envolvi com uma de um jeito sério, pra mim era só foder e sair fora, pegar o telefone e dizer “Ligo pra você” e nunca mais querer ver a garota na vida, eu nunca havia sentido remorso por fazer aquilo com elas, mas caso eu fosse um idiota com Swan do jeito que fui com as outras eu jamais me perdoaria, mas isso não iria acontecer, ela era diferente, em todos os sentidos, ela não se igualava a qualquer outra garota, diferente das mulheres com quem já saí ela não me fez perder o interesse nela por um segundo sequer, ela podia falar a noite toda que eu prestaria atenção. Pela primeira vez eu não estava interessado em só levar uma mulher pra cama, mas estava interessado, e muito, em conhecê-la.

Bella’s POV

 Edward sorria feito criança enquanto eu tagarelava sem para, esse era o único jeito da nossa conversa continuar, porque se caso eu parasse ele iria gaguejar e não saberia o quê falar, minha presença parecia afetar muito ele, de um jeito diferente, um diferente bom, eu acho. Fazia tempos que eu não conversava com um cara desse jeito, sabe? Sem ter que envolver sexo, dinheiro ou uma dança particular, mas eu não me importaria em fazer uma dança pra ele, não mesmo, mas a conversa estava boa, eu perguntava ele respondia e vice-versa, bebíamos, tinha música, era um típico encontrinho de um casal, a não ser pelos caras que vinham falar comigo de cinco em cinco minutos atrapalhando nossa conversa amigável.

 — Sabe Cullen, pensei que não viesse hoje.

 — Por que não viria? — Perguntou ele pasmo.

 — Não sei. Pra mim você só era mais um cara que queria ir pra cama comigo, o quê é estranho, porque já fomos pra cama.

 — Não estávamos sóbrios.

— Eu sei, geralmente depois que transo com um cara e eles descobrem que sou "só uma stripper” eles não querem mais nada.

 — Aposto que você não é só uma stripper — Falou ele se aproximando um pouco mais de mim

— Como sabe disso? Não me conhece.

— Sei que você pode ser muito mais do que uma stripper… Você nunca quis ser outra coisa? — Perguntou ele um tanto desconfortável.

— Sim. Nenhuma garota sonha com isso — Gesticulei à minha volta — a não ser aquelas que não vagabundas por natureza, aí não tem jeito — Ele sorriu.

— O quê queria ser? — Ele estava curioso.

— Dançarina, meu sonho era dançar e atuar num musical da Broadway.

 — Tá falando sério? — Falou ele rindo.

 — Mas é claro que tô, eu já fiz todo o tipo de cursos sobre danças que você pode imaginar

 — Não posso mentir, você dança bem.

— Mas a vida nunca é favorável quando se é uma stripper

— Qual é Bella, você é jovem, tem uma vida inteira pela frente.

— Você só é um ano mais velho que eu e já tem a vida feita, e é dono de uma grande empresa de advocacia, quer mais que isso?

— As empresas eram do meu pai, eu apenas assumi o lugar quando ele faleceu.

— De qualquer jeito, minha vida nunca foi fácil.

 O som dá música aumentou fazendo com que nós dois ficássemos calados, ele me observou dos pés a cabeça e olhou pra pista de dança.

— Chega de coisa séria, vamos dançar — Disse ele já me puxando para o meio da pista abarrotada.

No começo só nos movimentávamos de um lado para outro, depois ele me puxou para si e quem diria, o psicopata engravatado sabia dançar, as pessoas que estavam a nossa volta começaram a nos encarar e depois deram espaço para que nos movimentássemos melhor. Ele me pegou me girou no ar, começamos a fazer uma mistura de tango com salsa, riamos sem parar, as pessoas pararam para nos olhar, até as strippers que estavam a nossa volta começaram a aplaudir, não dei atenção aos murmúrios a minha volta, eu estava concentrada em Edward Cullen e nos seus movimentos.  Giramos pelo salão quase a noite toda até cansarmos.

— Nada mal — Murmurou ele quando voltamos para o balcão 

— Eu é que devia te dizer isso, aonde aprendeu a dançar assim?

— Minha mãe tinha um salão de dança e eu era obrigado a dançar com todas as garotas de lá

— “Obrigado” sei, você devia é se jogar nela.

— Ei! Que tipo de cara que você acha que eu sou?

— Honestidade ou educação? — Perguntei com um sorriso no rosto 

— Honestidade — Falou sem pensar

— Bom, você parece ser do tipo: Canalha, cafajeste, sem moral alguma com as mulheres com quem já saiu, não sabe dar ideia numa garota, só consegue as meninas porque é gostoso e bonitinho — Sinceridade sempre foi meu ponto forte

 Edward’s POV

— Nossa! Fiquei levemente ofendido, mas não o bastante, qual é, sou um amorzinho de pessoa — Ela disse que sou gostoso ou foi eu que entendi errado? 

— Liga para todas as meninas depois do primeiro encontro ou não?

— Bom, se o encontro foi ruim porque eu iria ligar pra ela de volta?

— Se o encontro foi ruim pra que pegou o telefone?

— O encontro pode ser péssimo, mas quem sabe ela não é boa de cama? — Nos fitamos por alguns segundos,

— E quando se tem as duas coisas? Um bom encontro e uma boa foda, como faz?

— Quando eu achar uma dessas eu te falo.

— Nunca teve um bom encontro? — Perguntou ela um tanto quanto curiosa.

— Daqueles de querer ligar de volta, não.

Eu mal a conhecia e ela já conseguia arrancar as mais puras verdades de mim, e olha que é só o nosso primeiro encontro, imagina o estrago do segundo? Se é que haveria um segundo...

Normalmente quando estou com mulheres bonitas eu tentava ser o mais galanteador e romântico possível, mas cara, ela usava expressões como “foda” para definir o sexo, era direta e conseguiu me definir me conhecendo em menos de dois dias.

— Então tu é aquele tipo de cara de que fode e vai embora? — Perguntou ela relutante ao perceber que suas afirmativas sobre eu ser um canalha e cafajeste estavam certas

— Não exatamente, eu apenas não achei alguém com quem eu queira ter um segundo encontro, por isso fico nessa — Usei a voz mais amistosa possível.

— Vai querer ter um segundo encontro comigo? — Perguntou ela enquanto pegava meu copo e bebia o resto da Tequila que tinha lá. Cara, acho que nunca tinha bebido tanta Tequila em uma noite só em toda a minha vida.

— Se pensar bem, esse já é o nosso segundo encontro, só que o primeiro foi um pouco mais intimo — Ela corou um pouco.

— Aquele não vale, estávamos bêbados. Vai querer?

— Está me convidando pra sair Swan? — Indaguei e ela negou.

— Na verdade, estou esperando que você me convide para um segundo encontro — Oferecida, gostei. 

— Quer sair comigo? Dessa vez um encontro de verdade.

— Não sei, acho que não.

— Tá zoando comigo né? — Perguntei corando com a situação

— Não sei, ainda não tenho certeza se você não é nenhum tipo de psicopata — Ela sorriu — Mas, vou arriscar. 

— Aonde eu te pego?

— Aqui mesmo — Murmurou ela.

— Ok — Foi só o quê disse e depois um silêncio constrangedor surgiu

Vários minutos se passavam enquanto eu a encarava e ela encarava a pista de dança, estaria ela ficando entediada?

— Posso te perguntar uma coisa? — Finalmente ela falou algo.

— Claro.

— O quê quis dizer com “Não confie em strippers ou você vai se foder ” — Ela me pegou desprevenido, então ela tinha ouvido naquela hora.

— Bom… É o lema do meu amigo — Obrigada Jacob.

— Lema? — Ela parecia confusa.

— Ele é um otário. Não se ofenda, mas ele acha que vocês são mulheres apenas para uma noite.

— E por que isso me ofenderia? — Perguntou ela ainda mais confusa, que situação.

— Não sei, vai que você entende da forma errada.

— A maioria das strippers são só por uma noite mesmo. Quando fazemos danças particulares até que pode rolar alguma coisa, se quisermos. Mas e você, acha isso também? — Ela se explicou e logo voltou o assunto para mim

— Em geral... Sim, quer dizer é a profissão de vocês — Eu realmente não estava pronto para aquele tipo de conversa, o medo de falar algo errado e magoa-la me consumia por inteiro.

— Correção: Somos strippers, não prostitutas, não somos pagas para transar com caras e nem ficamos em uma esquina para ganhar dinheiro, somos pagas para fazer apresentações eróticas, no final da noite temos a opção de transar ou não com cliente caso ele queira, e vai por mim, eles sempre querem — Fiquei boquiaberto com a declaração de Swan, e ela estava certa, podia haver semelhança, mas elas não eram prostitutas, pelo menos não todas.

— Nunca parei pra pensar desse jeito 

— Pois devia, porque estou cansada de me deparar com caras que acham que só porque sou uma stripper que tenho o dever de transar com todos os caras que querem.

— Está mais do que certa.

— É, eu sei — Ela sorriu quebrando a tensão que havia ficado no ar.

Já se passavam das duas e meia da madrugada quando voltei para casa, estava meio bêbado, sei lá. Comecei a pensar sobre a minha noite e como ela havia sido ótima e eu nem precisei transar para me sentir assim, Swan é maravilhosa, ela é um poço de qualidade defeito, cada jeito dela era uma emoção, Swan causa um efeito escondendo que seu corpo perfeito era só um convite pro que ela tinha no coração. Eu gosto de tudo nela, gosto da voz, do cheiro, do jeito que ela me olhava nos olhos quando me dizia qualquer coisa, gosto da sinceridade dela, da forma que ela não deixa abalar por nada, gosto de quando ela é vulnerável e forte ao mesmo tempo, e acima de tudo, gosto de quem eu sou quando estou com ela.

Cara, tô apaixonado? Não sei. Existe amor à primeira transa?


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Notas finais do capítulo

Eu gostei bastante desse capítulo e espero que vocês gostem também. Comentem e divulguem a fanfic, obrigado.
PS: No final desse capítulo eu usei um pedaço de uma música do Projota "Mulher" para descrever a Bella, eu até deixei em itálico
Música: http://www.youtube.com/watch?v=suQksIIGZoE



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