- Em um lugar – ele respondeu passando sua mão por minha cintura. Fomos andando em silêncio, e eu não conseguia parar de me fazer perguntas de onde estávamos indo.

Paramos na praça onde eu havia conhecido Gabriel. A grama estava mais verde como nunca. Ele me guiou cuidadosamente até debaixo da minha árvore. A árvore onde nos falamos pela primeira vez. Nos sentamos em cima da grama, e eu fiquei olhando para ele. Ficamos nos fitando por alguns momentos, em silêncio.

- E agora, o que acontece? – perguntei sorrindo.

- Levante-se. – ele segurou minha mão, me ajudando a levantar. E depois, se ajoelhou na minha frente. Fiquei olhando assustada, e sem reação.

Ele olhou para mim, me fitando com aqueles profundos olhos verde-água. Eu apenas olhava em seus olhos, tentando acreditar que aquilo realmente não era um sonho.

Ele colocou uma mão no bolso, e com a outra, segurava delicadamente a minha. Ele se levantou, e ficamos frente-a-frente.

- Ju... Não sei como começar – ele disse mordendo a boca.

- Comece pelo inicio – sorri delicadamente, e ele deu um suspiro.

- O namoro é como uma linha. – ele disse tirando um novelo de costura do bolso, e arrancando um pedaço bem grande – nós temos que dar vários nós fortes para que ela nunca se parta – ele disse, passando os dedos sobre a linha, formando vários pequenos nós – mas se um dia a nossa linha arrebentar – ele disse, tirando com a outra mão do bolso uma aliança – pode ter certeza, eu sempre estarei do outro lado segurando a ponta – ele passou a aliança por dentro da linha, formando uma espécie de colar. Senti meu rosto ferver, minhas pernas tremerem, um choque imenso passou pelo meu corpo, parecendo que eu havia tomado um balde de água fria, e minhas mãos começaram a tremer, em seguida senti brotar pequenas lágrimas de meus olhos. Ele se ajeitou, e passou a linha por meu pescoço devagar, amarrando atrás em minha nuca. Chegou sua boca perto do meu ouvido, e sussurrou delicadamente.

- Quer namorar comigo? – ele disse, e minha reação anterior voltou, com mais intensidade, me fazendo começar a chorar descontroladamente.

Não consegui responder, apenas o puxei para minha frente, e me pendurei em seu pescoço, selando nossos lábios varias vezes. As pessoas que estavam por perto e ouviram, estavam rindo, e batendo palmas, parecia um filme, onde a garota recebe o pedido dos sonhos, por seu garoto dos sonhos.

- Claro que eu quero, meu amor – falei chorando feito uma louca, e começamos a nos beijar. Os velhinhos da pracinha olhavam com os olhos brilhando para nós dois, e alguns murmúrios do tipo “que lindos” ou “que coisa meiga” rolavam por todos os lados.

Depois de separarmos nossos lábios, ficamos um de frente para o outro, de mãos dadas, nos fitando. Resolvemos nos sentar, e eu deitei minha cabeça em suas pernas, enquanto ele mexia delicadamente em algumas mechas de meu cabelo. Peguei a margarida que ele havia me dado, e comecei a passar minha mão de leve em cada pétala amarela e macia. Direcionei meus olhos aos seus, e ele sorriu de leve. Ficamos ali, nos fitando por um tempo, sorrindo, e eu tentava acordar, pensar que aquilo não havia sido um sonho, ou que pelo menos eu acreditasse.

Ele era a pessoa que eu amava. Ele era quem me fazia bem. E era com ele que eu queria estar, para sempre. Ou pelo menos pelo tempo que a vida me permitir.

Estávamos nos olhando, quando senti um leve enjoo, e um peso sobre mim.

- Nossa – murmurei.

- o que foi? – ele olhou assustado.

- De repente eu... senti um enjoo – disse direcionando meus olhos aos dele.

- Quer ir? – ele sorriu.

- Acho melhor sim, não estou muito bem – falei me levantando e ficando sentada.

- Vamos, melhor você ir pra casa – ele se levantou e estendeu a mão a mim. Me apoiei sem suas mãos, e me levantei. Ele passou seu braço pela minha cintura, e eu recostei a cabeça de leve sobre seu ombro. Fomos andando devagar até em casa.

- Preciso contar á minha mãe – falei enquanto estávamos andando.

- Nossa – ele disse – eu tinha pensado, em te pedir em namoro perto dela, e seu pai, mas...

- O que?

- Eu queria que fosse alguma coisa especial – ele sorriu – então te levei no lugar onde a gente se conheceu – ele sorriu.

- awn – murmurei, me aproximando e dando um beijo rápido sobre sua boca.

Chegamos na porta da minha casa, e ele me soltou.

- Anda, vamos entrar – sorri, puxando seu braço.

- Certeza? – ele perguntou.

- Af Gabriel, agora você é da família, anda – o puxei, e entramos. Minha dor havia parado um pouco, mas eu ainda sentia um pequeno incomodo. Mas não é nada mais que um mal estar normal.

Entramos em casa, e minha mãe ainda estava na sala, sentada com meu pai conversando, e ouvindo uma musica baixa.

- Oi família – falei sorrindo e entrando.

- Oi Ju – minha mãe sorriu – oi Gabriel.

- Olá – ele sorriu, e nos sentamos na outra ponta do sofá da sala.

- Mãe, pai, tenho uma novidade – sorri e olhei pra Gabriel, que também sorria.

- Serio? – minha mãe sorriu feito o gato da Alice. Meu deus – e o que é? – ela me olhou desconfiada.

Peguei o colar que estava em meu pescoço, e levantei de leve, mostrando a pequena aliança de ouro branco com uma letra G muito pequena pendurada de lado.

Minha mãe olhou atentamente, e seus olhos brilharam.

- O que é isso? – meu pai olhou, a felicidade era explícita em seus olhos.

- Eu. Estou. Namorando – disse pausadamente, e minha mãe soltou um berro, se levantando. Ela veio, e me deu um abraço muito forte. Pensei que iria quebrar todos os meus ossos.