– Isso mesmo. E eu vi tá – ele disse apontando o dedo pra mim – você e ele, juntinhos assim – ele juntou as pontas dos dois indicadores, e fez uma cara de “ui”.
– Só você que viu ne Luiz?
– Então quer dizer que é verdade? – eles falaram juntos.
– Não, imagina – tentei voltar.
– Não, já disse, se entregou meu amor – ele falou me mandando um beijo – mas me conta, como é pegar aquela delicia?
– Velho, não acredito. – Rafaela falou, com a boca aberta.
– Luiz! – gritei – Por favor, não comenta nada, porque você não sabe da pior!
– Pior? Tem mais? – ele disse, me puxando para sentar no murinho. Nos sentamos os três, e me colocaram no meio.
– Tem sim, infelizmente.
– O que é, fala logo! – rafa perdeu a paciência.
– Ele namora minha mãe! – falei eufórica.
Luiz tampou a boca de Rafa e Rafa tampou a boca dele, para não gritarem.
– Não acredito que falei isso – me lamentei, me levantando e saindo.
Avistei um grupinho vindo em nossa direção. Mas não podia ser conosco, então continuei andando.
Eles passaram por mim, e pude ver quem eram: Dudu, Leo, Lucas, Lari, Leticia e Felipe. Saíram me arrastando de costas, até chegarmos de volta no murinho.
– Caham – Luiz tossiu – eu sei que você agora vai preferir os populares, mas... não vai apresentar os seus amigos humildes e pobres? – ele fez cara de santo. E sim, ele é escandaloso.

– Ah... bem – desconfio que fiquei vermelha – Esses são Luiz e Rafa. – disse mostrando eles para o povo. Luiz estava quase babando nos amigos do Dudu ne, e estava muito engraçado. – E, esses são Dudu, Leo Lucas, Felipe, Letícia e Larissa – falei mostrando para os outros dois.
– Podemos roubar a Ju um minutinho? –Lucas falou.
– Claro – Luiz respondeu babando, e quase implorando para ir comigo.
Sorri, e sai andando com eles.
– Julia, você precisa explicar uma coisa para gente. – Larissa falou.
– Eu? O que? – perguntei.
– Sobre você e o Emilio. – Lucas falou.
– Emilio? – perguntei, sentindo meu rosto ferver, e, á essa altura, eu estaria vermelha.
– É. Você e ele... ficaram? – Leo perguntou, sorrindo.
– Como assim? – Dudu perguntou.
– Eu e o Lucas vimos a Julia – pausa – Aparentemente a Julia e o Emilio se beijando ali na porta da escola. – disse dando ênfase na palavra aparentemente.
– Julia? Emilio? – ele continuou perguntando, e eu continuei calada.
– É verdade Ju? – Larissa falou – Não minta pra gente, por favor.
– Vão me matar se eu disser que é verdade?
– Você não, mas o Emilio... – Dudu sussurrou, revirando os olhos. – É serio isso então Ju? – Fiquei sem reação naquele instante, não conseguia processar nada na minha cabeça. Se eu dissesse que era verdade, estaria ferrada com minha mãe, porque Eduardo é irmão do Emilio, e isso iria se espalhar com certeza. Se dissesse que era mentira, estaria ferrada com eles, meus amigos, que mais cedo ou mais tarde iriam descobrir.
Oks, me decidi.

– Bom... – naquele momento, eu iria dizer a verdade. Não havia opção, apesar de que isso ferraria com minha vida. Olhei para o lado em uma fração de segundos, tentando achar outra alternativa. Avistei uma garota, loira, com um casaco parecido com o meu. Aparentava se parecer um pouco comigo, pelo menos de costas. Minha ideia subiu á cabeça. – não fiz nada. Eu sou inocente, e afinal, não tenho interesse nenhum naquele garoto.
Me encararam, os seis.
– Falei a verdade – olhei para eles. Se havia uma coisa que eu era boa, era mentir. Eu consigo agir naturalmente quando estou mentindo, acho que vou entrar pro FBI. Tá, exagerei.
– Nossa, por um minuto pensei que você estivesse me traindo meu amor – Leo disse, rindo.
– Leonardo! – Leticia gritou. – Você está colocando chifres em mim marido? Vou pedir divórcio! – ela riu.
– Leonardo e Leticia! Chega de escândalos, os dois, idiotas. – Lucas falou.
– Ah, falou o santinho ne? – Dudu riu.
Acho que conseguimos fugir do assunto “Emílio”.
– Ainda bem que eu e a Lari saímos sãos nessa história – Felipe disse, passando o braço pela cintura da Larissa, e dando um beijo em sua bochecha.
– Olha a ousadia Felipe! – Larissa disse, tirando as mãos dele de sua cintura.

Fui indo em direção á minha sala de aula, e Emílio passou por mim, piscando.
O ignorei, o quanto pude, fingindo não ter o visto.
Entrei na sala, e Rafa e Luiz estavam me esperando. Me sentei em minha carteira, e fui obrigada a contar tudo o que conversei com o povo.
A aula passou devagar, como sempre. Acredito que seja porque meu consciente queria de qualquer jeito ir para o recreio, e eu estava com fome.
Apoiei meus cotovelos na carteira, e forcei o queixo contra as mãos, fechando os olhos. Fiquei escutando a voz do professor estourando minha cabeça, até que ouço o meu amado sinal.
Me levantei correndo da carteira, puxando Luiz pela mão.
Corri para a cantina, e comprei um misero pão de queixo, e comi.
– Luiz, cadê a Rafa? – perguntei, percebendo sua ausência.
– Diz ela que não ia andar conosco... – pausa – deve ser que vai pegar o Alex de novo. – ele disse revirando os olhos.