Ele tirou as mãos da frente dos meus olhos, e eu pude ver outra pessoa no espelho.
O cabelo agora com um corte diferente, uma cor diferente, sem meu loiro-amarelo. Mais curto que antes, com alguns cachos. Estava tudo muito diferente.
Minhas unhas estavam pretas, combinadas com seu comprimento que sempre foi longo estava perfeito.
Rafaela me olhava incrédula.
– E ai, gostou? — ela riu.
– Imagina se não! — eu me levantei, e fui abraça-la.
– Você tá tão linda – pausa – espera só até certas pessoas verem isso – ela começou a rir.
Saímos, e Luiz estava dormindo na sala de espera.
– LUIZ! – gritei.
Ele se levantou, olhando para os dois lados.
– Julia?! – ele riu – o que fizeram com você?! – ele abriu a boca.
– Sei lá – comecei a rir.
– Nossa, sem palavras, tá linda! – disse.
– Obrigada, mas chega de elogios ne, senão daqui a pouco eu vou sumir de tanta vergonha! – disse, me virando e indo para o caixa.
– Hum, quero ver o Emilio agora... – Luiz disse, rindo.
– Pago pra ver a cara dele! – Rafaela gritou.
– Ele nem vai me ver...
– Rá, impossível! – Luiz disse.
– Bom, é... Mas vou fazer o possível ne... – disse.
– Aham, vai nessa – Rafaela riu.
Pegamos um táxi, e fomos pra casa.

– Mãe! – gritei assim que cheguei na sala.
– Oi! – minha mãe desceu as escadas correndo, ficando de boca aberta ao me ver.
Rafaela e Luiz estava rindo.
– O que fizeram com minha Julia?! – ela perguntou
– Mudaram ela todinha – disse rindo.
– Nossa Ju, você tá tão linda – ela riu – agora, espero que faça bom proveito da beleza e...
– Tá mãe, já sei – disse revirando os olhos.
– E o que comprou?
– Ah, muita coisa – disse, pegando as sacolas no chão.
Jogamos tudo em cima do sofá, e começamos a ver peça por peça, nos quatro.
Minha mãe ficou impressionada com tudo, e me elogiou até eu explodir de tanta vergonha.
– Temos que ir Ju – Rafaela disse depois de vermos todas as roupas — até amanhã – sorriu
– E boa sorte com o Gabriel – Luiz sussurrou, assim que escutou a campainha tocando.
– Como sabe que é ele?
– Sou mágico – ele riu.
– Mafioso! – disse, e rimos.
– Leva a gente lá – Rafaela disse, pegando suas sacolas.
Fomos andando ate o portão, e eu abri.
– Oi Jul... – pausa – Julia! – Gabriel disse, coma boca aberta e os olhos arregalados.
– Bom proveito pros dois – Luiz disse, saindo.
Fui dar tchau para eles, mas Gabriel me segurou.
– Ju, você tá tão linda – ele segurou uma mecha de meu cabelo.
– Awn, obrigada – sorri.

– Então... essa era a surpresa? — ele me puxou para fora do portão.
– É — sorri — que tal?
– Melhor de todas! — ele me abraçou.
– Awn, que fofo — retribui o abraço.
– Eu vim aqui pra te ver...
– Serio? — sorri, e nos sentamos na calçada.
– Aham... — pausa — Sabe Ju, não consigo mais... ficar longe de você...
Olhei pra ele, sentindo meu rosto ferver.
– É serio? —perguntei.
– É... — pausa — e tipo, que queria te perguntar uma coisa...
– Pergunta — sorri.
– Será que... — ele corou — na verdade... Me da um beijo Julia? — ele me olhou.
Incrível como ele mudou o tom de voz. Parecia que tinha mudado de assunto de repente.
– Um beijo?
– É — sorriu.
– Tá bom.
Me aproximei, e encostei meus lábios de leve em sua bochecha.
– Pronto — respondi.
– Não era esse... — ele sorriu.
– Não?
– Não... — pausa — Era assim... — ele se aproximou, e encostou nossos narizes, roçando um no outro.
Apenas em imaginar que nossos lábios estavam a milímetros de distancia, meu coração disparava. Minha respiração começou a ficar mais rápida, se misturando com a dele.
– Você tá louco? — perguntei, sem me mover um centímetro.
– Não estou... só se for por você — ele respondeu, e terminou de juntar nossos rostos logo em seguida.
Começamos a nos beijar, e estávamos em uma sincronia incrível. Minhas mãos involuntariamente foram parar em seus cabelos, e eu fiquei mexendo em algumas mechas enquanto nos beijávamos. Sua mão em minha cintura nos aproximava cada vez mais. Aquilo era perfeito, não sei como explicar. Mas parecia como nosso primeiro beijo.
O primeiro beijo mais apaixonado, quem sabe.

– N-nossa — gaguejei.
– O que foi? — ele me olhou assustado.
– Nada, é que — eu disse, um pouco sem jeito — foi muito bom — terminei de falar, e dei uma risada.
– Sempre é — ele riu.
– Julia?! — minha mãe gritou. Olhei para cima, ela estava me espiando da janela do quarto dela.
– O que foi? — me levantei.

– Entra, tá ficando tarde.
– Tá, ela viu a gente se beijando — eu disse, e ele riu junto comigo — sempre é essa desculpa depois que ela vê essas cenas
– Nossa... Então ne, até amanhã — ele disse, curvando um pouco os lábios pra esquerda.
– Até — dei um beijo em sua bochecha e entrei em casa.
Ele se virou, e atravessou a rua.