– Porque sim – ela disse – não vê como ele é com você?

– O que?
– Nisso, de ficar com ele, sei lá...
– O que tão pensando?
– Que, tá na cara que você e o Gabriel tem alguma coisa... – pausa – conta Julia, já andou dando uns beijinhos nele ne? – Luiz disse, com a voz toda assanhada.
– Tá, confesso que QUASE – pausa – Mas, pretendo deixar rolar mais a partir de agora...
– Hm, deixar rolar mais, sei... – agora a voz de Luiz era desconfiada.
– É uai, um beijo, ou sei lá...
– Sei sei...
– Mas, e o Dudu Julia? – pausa – Esqueceu que você ainda tem que provar que gosta dele?
– É, esse é o problema...
– Qual?
– Eu quero o Dudu – pausa – Mas ao mesmo tempo eu quero o Gabriel...
– E o Emilio, não se esqueça. – Luiz retrucou.
– Tá, eu admito que quero o Emilio, mas depois do que ele fez, quero menos, muito menos...
– E como pretende resolver isso Ju? – Rafaela perguntou – Se decidir, entre o Gabriel e o Dudu? – pausa – porque, com um dos dois, você pode esquecer o Emilio de vez...
– Não faço a mínima ideia...
– Eu já sei! – Luiz gritou.
– Calma, daqui a pouco você me fala – disse.
Sai do provador com as roupas, e segui para o caixa. Eles ficaram em silencio enquanto isso.
Paguei elas, dois vestidos, calças, blusas, etc. E fomos andando.
– E então Luiz, no que pensou? – Rafaela disse, enquanto andávamos pelo shopping.

– Bom... Já que você não consegue ficar sem Gabriel e sem Dudu...
– Hum – olhei para ele.
– Você pode ficar com os dois ao mesmo tempo!
– Quer dizer, juntos? – olhei assustada.
– Tipo isso... Mas ai você não pode falar para nenhum dos dois...
– ISSO! – Rafaela gritou – Você pode usar o Emilio como desculpa para esconder!
– Mas eu não quero fazer isso, vou estar traindo os dois ao mesmo tempo.
– Então decida-se e esqueça um deles! – Luiz disse.
– Não posso! Eu não consigo...

– Então faça isso...
– Mas, como vou usar o Emilio?
– Uai, você pode falar, por exemplo, pro Dudu : você não pode contar pra ninguém que estamos ficando juntos, por causa do Emilio. – pausa – E pro Gabriel a mesma coisa, ai um não vai saber que tá sendo "chifrado" pelo outro! – Rafaela disse, gloriosa.
– Mas isso não vai dar certo...
– Vai por mim, é o melhor que você faz... Você num quer dar um troco no Emilio? – pausa – Pois essa é sua chance!
– Mas vocês vão ter que me ajudar... MUITO!
– A gente te ajuda!
– Logico que sim gata – Luiz disse, rindo.
– Ainda acho uma ideia meio arriscada...
– Vai pela gente, vai dar mais que certo... – pausa – e depois, você se decide de vez, o que te fizer mais feliz, você assume...
– Nossa... – fiz uma cara assustada.
No fundo no fundo, eu estava louca para fazer isso. Viver com os dois garotos que eu – nesse momento pelo menos – mais quero.
Resolvi aceitar esse desafio.
Logo depois, entramos em mais algumas lojas, e compramos mais roupas.
Depois, era a hora do salão de beleza, rawr.

Entramos no salão do shopping, e colocamos as sacolas na recepção.
– E então, qual é a de hoje? – a mulher da recepção, que já conhecia a Rafa perguntou.
– Mudança total nessa gata – ela apontou para mim.
– Hm, você vai sair daqui irreconhecível – ela sorriu, e levou a gente até uma sala com muitas mulheres, cabeleireiras, manicures, sei lá o que mais.
Luiz ficou na salinha de espera.
– E então, o que vamos fazer hoje? — o cabelereiro – gay – chegou perguntando.
– O meu é o de sempre Raí, aparar as pontas e acertar o corte — Rafaela sorriu — Agora, o da Julia, você faz uma transformação radical, ok?
– Sim senhora — ele sorriu.
Ele girou minha cadeira, e mandou eu fechar os olhos.
Senti ele passar um monte de coisas geladas no meu cabelo, e depois ouvi barulho de tesoura, e depois senti meu cabelo mais leve. Abri os olhos um tempo depois, e olhei para o chão, estava com enormes pedaços de cabelo jogado.
caramba, eu to careca! – pensei.
Virei minha cabeça, tentando me ver no espelho, mas ele segurou.
– Na na, agora não mocinha — ele sorriu.

Depois me levaram para um lugar, e lavaram, e lavaram minha cabeça.
E depois, me sentaram naquela cadeira de novo.
Outra pessoa já havia cuidado do de Rafaela, e ela estava pronta.
Logo chegou uma mulher, e mandou eu estender as mãos. Ela colocou minha mão num potinho fofo com água, e depois começou a fazer minhas unhas.
O cabeleireiro puxava meu cabelo, e doía. Resolvi fechar os olhos. Escorei minha cabeça na cadeira, e esqueci do mundo.
Um longo tempo depois, ele me girou, mas tampou meus olhos.
– Está pronta honney? — ele riu.
– A-Acho que sim — gaguejei.