Meu celular começou a tocar, e eu o peguei. 
Telefone on
- Oi? 
- Sou eu Ju. Já tá pronta? – Gabriel disse. 
- Já sim, pode ir? 
- Pode, te espero aqui no jardim de casa 
- Ok, beijo 
Telefone off
Peguei minhas coisas, e deixei a bolsa em casa, coloquei apenas o celular e o dinheiro no bolso. 
Sai de casa, e Gabriel estava realmente me esperando, sentado no jardim da casa da frente. 
- Oi Gabri – disse indo até ele e o abraçando. 
- Oi Ju – ele me abraçou forte. 
- Oi pequeno – disse sorrindo pro garotinho de cabelos loiros e olhos verdes do lado de Gabriel. 
- Esse é o João, meu irmãozinho – pausa – ne pestinha? – ele balançou os cabelos hiper escorridos do garotinho. 
- Que gracinha, ele é a sua cara – apertei a bochecha do “Joãozinho” – E ele sim, tem cara de anjo – Gabriel começou a rir. 
- Você que pensa – ele disse. 
- Mentira! – o garotinho disse, com sua voz de criança aveludada. 
- hahaha, vamos? – Gabriel disse, pegando a criança no colo. 
- Vamos – sorri, e dei a outra mão que sobrava a Gabriel. 
- Quantos anos ele tem? – perguntei. 
- Quatro, mas nem parece. – ele riu. 
- Natação com quatro anos? – franzi o cenho. 
- Sim, ele faz desde que tinha um ano – ele riu. 
- Nossa – disse com a voz baixa. 
Fomos andando sem conversar mais. Estávamos parecendo um casal com um filho pequeno, estava tão engraçado. 

- Bi, ela é sua namorada? – o garotinho perguntou, soltando uma gargalhada. 
- não não João, somos só amigos – respondi sorrindo. 
- É... – pausa – só amigos – seu tom de voz abaixou. 
- Por que você não namora com ela Bi? – o garoto continuou a perguntar. 
Daqui a pouco eu vou arder em chamas de tão vermelha criança, para de falar! 
Parei parei. 
- Porque João – pausa - nós somo só amigos, já falei – Gabriel terminou de falar e deu um aperto de leve no nariz do garotinho. 
Ele cruzou os braços em volta do pescoço de Gabriel e ficou olhando para trás. 
Dei um risinho, e continuamos o resto do tempo em silêncio. 
Chegamos não muito tempo depois, e entramos. João desceu do colo de Gabriel rapidamente, e já foi correndo cochichar, ou conversar macaquices com seus amiguinhos pequeninos. 
Gabriel entregou as coisas dele a professora, e saímos. 

- Ju, você não me contou – ele começou a puxar assunto – o que você e o Emilio resolveram... 
- Poxa, é mesmo! – franzo o cenho. 
- Mas também meu irmão estava de bico e nem da... mas agora sim, o que resolveram afinal? – ele sorriu. 
- Que cada um vai... – pausa – continuar como antes. E eu não quero nunca mais ver ele na minha frente... Apesar de ser impossível. 
- Mas então por que estavam juntos aquela hora no dentista? 
- Porque minha mãe mandou ele me levar... E ele não quis aceitar que eu fosse a pé, e eu fui obrigada a ir com ele – revirei os olhos. 
- Ah... – pausa – hum, e por falar em dentista, não vi ainda seu novo sorriso – ele sorriu de canto, me encarando. 
- Agora você pode ver – Dei um sorriso forçado, e ele começou a rir. 
- Hm – ele apertou minha mão – e experimentar? Posso? – ele riu. 
- Como assim? 
- Posso te beijar? – ele disse, na maior cara de pau. 
Eu não acredito nisso que ouvi. 
- Tá brincando ne ? – eu ri. 
- Bom... Acho que não – ele sorriu de novo.

Eu não tive capacidade nenhuma de responde-lo. Meus músculos da boca se travaram, me impedindo de falar. 
- Então... 
- Não sei... 
- Eu ajudo – disse ele, aproximando nossos rostos. Permaneci imóvel, tentando não cometer um estrago. Ele encostou nossos lábios de leve separando-os logo em seguida. 
Coloquei involuntariamente a mão em seu ombro e o empurrei de leve. 
- Desculpe... – hesitei – acho que não podemos... 
- fazer isso? – seus olhos estavam baixos. 
- infelizmente... – pausa – n-não que haja alguma coisa de errado, é só que... Nós somos tão amigos e, eu não sei se isso estaria correto... 
Ele sorriu de lado, um pouco sem graça. 
- Não é nada com você... Nem comigo, é só nossa amizade. Ou que eu não esteja preparada, não sei Gabriel... 
- Entendo... 
- Não leve isso a mal cara... É só que eu estou – pausa – pelo menos hoje, em um momento crítico... 
- Tudo bem, eu te entendo perfeitamente... Não deve ser tão fácil... – ele deu de ombros. 
- Passar por isso, não é mesmo... – pausa – mas podemos tentar depois, quem sabe... Eu não quero desistir de você, ao contrario, eu gosto MUITO de você... Mas se nós fazermos isso agora você pareceria uma segunda opção para mim... 
- Sim, entendo. 
- E também, porque eu estou muito indecisa... porque afinal de contas, existe outra pessoa na minha vida que eu realmente admiro e gosto muito também... 
- outra pessoa? Quem? – ele ergueu as sobrancelhas suavemente, franzindo a testa. 
- Bom... Não sei de estou mesmo num momento certo de falar... 
- Tudo bem Ju, podemos conversar sobre isso depois – ele sorriu de canto. 
- Que bom que você me entende – passei meus braços envolta de seu pescoço, o abraçando. Ele fez o mesmo se agarrando á minha cintura.  

Ficamos um tempo daquele jeito, abraçados, até que percebemos que estávamos no meio da calçada. 
- É... vamos? – ele sorriu. 
- Uhum – resmunguei, e ele me deu a mão. Andamos até minha casa, em silencio, sem conversar. Eu também acho que não tínhamos assunto nenhum, depois que queimamos ele todo na nossa curta conversa agora á pouco. 
- Te vejo amanhã? – ele perguntou quando paramos na porta da minha casa. 
- Logico, você me liga, pode ser? – sorri. Como é bom poder sorrir sem se preocupar com o reflexo do aparelho. 
- Não não – apenas disse, balançando a cabeça negativamente. 
- Não? Por que? – indaguei. 
- hm... Acho que é uma surpresa... – ele respondeu, abrindo um sorriso malicioso em seu rosto.