- É... – ele mandou um beijo. – não, não posso, ignora o beijo – agora ele sorriu. 
- E agora resolveu virar macho de uma hora pra outra! Vai cagar Luiz! – Rafaela disse, dando outro tapa no braço dele. 
- Rafaela, deixa o menino! – tirei sua mão que estava indo cometer um atentado de belisco no outro braço do Luiz. 
- É! Essa besta tá achando que só porque eu... – pausa – resolvi tomar um rumo na minha vida, eu não vou mais poder ouvir os babados, desabafar, ouvir desabafos, ser amigo, etc etc etc – ele sorriu – é, mas, será... 
- Não! Vai sim! – gritei. 
- Tá, eu vou – pausa – mas me respeitem, e eu quero pedir uma coisa pra vocês – ele sorriu. 
- Hun...? – Rafaela resmungou de braços cruzados. 
- Olha, eu fiquei com a Larissa ne. Mas a gente não ficou, a gente só se beijou e tchau pronto acabou. MAS ela falou que, não acha que de certo... porque... eu... 
- Era biba – Rafaela disse, e começamos a rir. 
- É Rafaela – ele revirou os olhos – prosseguindo, eu não quero mais ser como era antes, sinceramente. Eu quero a ajuda de vocês... – ele sorriu. 
- Logico que consegue – apertei sua bochecha – a gente te ajuda em qualquer coisa. Ne Rafa? – olhei pra ela. 
- É – ela resmungou. 
- Então vamos dar uma braço colet... – pausa – então vamos nos abraçar – ele veio e me abraçou, e depois a Rafaela. Nada de abraços coletivos? Ah, morri. 
O professor entrou na sala, e cada um foi pro seu lugar. Dudu havia faltado hoje, e Rafaela se sentou de novo com Lucas. Fiquei sozinha, rawr. 
As aulas passaram rápido, acho que meu subconsciente ajudou bastante na expectativa de ver Emilio. Bom, pelo menos vai valer alguma pena esse meu desespero para vê-lo. Minha vida tomará um rumo, quem sabe depois dessa. 
O sinal pro recreio tocou. E eu ia procurar Emilio, custe o que custar. 

Sai sozinha, e procurei ele por toda a escola. 
- Luiz, Entra no banheiro masculino pra mim – cutuquei ele. 
- Pra que? – ele perguntou. 
- Ver se o Emilio tá lá dentro! – disse empurrando ele pra dentro do banheiro. 
Ele entrou, e não saiu. Demorou, demorou. Até que saiu, tá, eu desconfio que achou. 
- E ai? – perguntei. 
- Não tá – ele disse. 
- Então por que demorou tanto? – levantei uma sobrancelha. 
- É que os gostosos do time de futebol estavam trocando de roupa e aquelas delicias... – pausa – eu não devia ter feito isso – ele começou a rir. 
- É, eu também acho que não, seu tarado. 
- Culpa sua! Você me obrigou a entrar lá – ele cruzou os braços. 
- Se controla da próxima, quem é assanhado é você – dei uma risada e saímos andando. Eu estava atenta a todos os lados procurando Emilio. 
- Acho que vou ficar ali com a Larissa, vai querer ir também? – ele sorriu. 
- Não não, vou procurar umas pessoinhas aqui – sorri e soltei seu braço. Ele saiu andando, e eu fui sozinha pela escola. Olhava para todos os lados, procurando o bendito menino. 
Passei perto do grupinho de primatas amiguinhos dele, e ele não estava lá. Aonde aquela porcaria estava? 
E não, eu não iria perguntar. Resolvi me sentar por perto, quem sabe meus ouvidos ajudavam em alguma coisa hoje. Me sentei no murinho baixo que dividia o jardim, ao lado dos garotos do terceiro ano, e apoiei a cabeça no joelho. Fiquei atenta aos meus ouvidos. 

O assunto era o mais ridículo possível: garotas, vadiagem, festas, sexo, eca. Dava vontade até de desistir, mas não, preciso saber de alguma coisa. 
- Por que o Emilio não veio mesmo? – um dos meninos falou. é, isso me interessa. 
- Não sei. Ele me ligou pedindo pra dar a desculpa do trabalho de biologia lá, e me falou mais ou menos porque... 
- Por que então idiota? – uma menina revirou os olhos. 
- Diz ele que tá com um rolo... De escolher alguma coisa... ou alguém, sei lá. Acho que é sobre aquela namorada dele sabe? E a filha dela... Mas ninguém sabe quem é a filha dela – o menino continuou a falar. 
- O que que tem a filha dela a ver? 
- Dizem que ele anda dando uns pegas nela... 
- Uau! 
- Eu já ouvi dizerem que é a Julia, aquela menina que parece uma nerd, do primeiro ano... da sala do irmão dele. 
- Por que? 
- Porque eu ouvi umas meninas falando que viram ele e ela se pegando lá fora na escola, sei lá... 
- Mas por que ele não fala quem é? 
- Uai, e você ainda pergunta? Imagina você, no lugar dele, pegando a Julia! J-U-L-I-A , a do primeiro ano. Aquela magrelinha, que só usa umas roupas feias, com um cabelo estranho, aquele óculos horrível, aquele aparelho ridículo, e sei lá o que mais! - Não acredito nisso. Não acredito que nunca percebi isso. 
- Hum, entendi... 
- Besteira da parte dele, ela é bonita sim. Já viram ela sem óculos? Os olhos dela são muito azuis, eu sinceramente tenho inveja ne, mas enfim. E ela não é magrela, não viram ela semana passada com uma calça jeans apertada? – uma menina loira, começou a falar, e eu continuei, apesar de não estar mais aguentando ficar ali ouvindo as conversas deles. 
- É, já notaram o corpo da menina? – um outro deles falou, mordendo a boca. Idiotas, só olham pro corpo? 
Ainda bem que estou irreconhecível aqui nesse cantinho.

- Uai, indiferente disso. Ela tem que pelo menos ser bonita de rosto! – o outro deles disse. Pelo menos algum menino inteligente nesse mundo. 
- Mas ela é bonita de rosto caralho! Você é cego? – a menina falou de novo, se estressando. É, acho que ela deve estar na defensiva pra agir desse jeito, ou então é bipolar .qq
- Mari, você é gay? – um, com cara de brincalhão, disse encarando a menina que estava “me defendendo”. 
- Não seu idiota – ela deu um tapa no braço dele, com força – eu só estou colocando vocês pra pensar, entenderam? – revirou os olhos. 
- Hum, tá então ne estressadinha – ele voltou pro seu canto. 
- Mas o assunto não era esse! – outro menino, que até agora estava em silencio falou. 
- Ah é...
- Mas então, que coisa é essa de escolher? – um perguntou.