- Então por favor, pode nos dar licença, e ir rir lá fora no corredor. Quando terminar, você pode voltar pra sala de aula, mas com autorização da diretora – ele disse, se dirigindo até a porta e abrindo. 
- Serio? – perguntei, tentando enrolar ele, e pegar meu celular dentro da mochila e colocar discretamente no meu bolso. 
- Está de brincadeira com a minha cara? – ele perguntou, levantando seus óculos. 
- Não não senhor Lurox – a sala inteira começou a rir quando eu o chamei pelo sobrenome. 
- Senhorita Wood e Senhor Sparks, os dois pra fora de sala agora! – ele apontou para Luiz, que estava parado no meio da sala. 
Me levantei e fui até a porta. 
- Posso sair? 
- Fique a vontade – ele abriu mais a porta. Sai rindo, e esperei Luiz no corredor. 
- Puta que pariu, eu não fiz nada – ele disse, vindo em minha direção. O professor já havia fechado a porta. 
- Nem eu, estava só rindo. – fiz cara de santa, e fomos andando. 
- Uhum, de mim – ele fechou a cara. 

- Não não. De tudo. E principalmente do professor. Ele é tosco – sorri. 
- Nisso eu tenho que concordar. E principalmente porque ele fica me chamando pelo sobrenome – ele riu. 
- O Senhor Lurox – eu comecei a rir. 
- Quando pretende voltar pra sala? 
- Não tão cedo – sorri. 
- Nem eu. To dando graças a deus por ter saído daquela aula... Mas eu queria ter ficado... 
- HUM, ficado por causa da Larissa ne? 
- Também – ele corou – Ju, posso desabafar? – nos sentamos debaixo da árvore. 
- Á vontade – sorri. 
- Tá... Eu estou gostando da Larissa. Ela é diferente, sei lá. Legal, ela mexe comigo... 
- Serio Lu? – arregalei os olhos. 
- Aham... To pensando seriamente em... – pausa – Pedir pra ficar com ela. 
- O que? – abri a boca. 
- É... Sei lá. Vou desistir, to percebendo que mulher vale a pena – ele abaixou a cabeça e sorriu. 
- O que ela fez com você? Te drogou pra você estar falando isso? – arregalei os olhos e ele começou a rir. 
- Não não... 
- Ah, mas tipo você faz muito bem, em ter atitude. Não que eu esteja MUITO FELIZ porque eu gosto de você como amigo “gay”. – pausa – mas se você quiser, sei lá, não vai mudar nada na nossa amizade. 
- Serio? 
- Aham – sorri. 
- Mas ainda vai poder trocar de roupa perto de mim ne – ele começou a rir. 
- Aí é um caso a parte – ri junto. 
- Mas, tirando a graça, acha que eu devo mesmo conversar com ela? 
- Acho que sim. Na minha opinião ela gosta de você. Eu vi o jeito que ela te olha... 
- Então amanhã eu tomo coragem – ele riu. 

- Beleza – peguei meus fones de ouvido e fiquei escutando musica, enquanto ele se levantava. 
- Aonde vai? – perguntei, retirando um dos fones. 
- Pra sala – sorriu – vou passar na sala da tia Laura e levar xingão, depois vou pra aula do chato do Marco Antônio – ele riu. 
- Boa sorte pra você, eu vou ficar aqui – dei um sorriso e coloquei de volta meu fone. 
- Tchau Ju – ele abanou e saiu. Sem dar beijinho de bochecha? To estranhando... 
Me recostei na árvore e fiquei pensando no Emilio. Ele não saia da minha cabeça, de jeito nenhum. Por mais que eu tentasse prestar atenção na musica, por mais que eu tentasse pensar em outra pessoa, Gabriel ou Dudu talvez, era impossível, até o professor Marco Antônio não tirava aquela porcaria de garoto da minha cabeça. 
Fechei os olhos, e fiquei atenta ao som do sinal. 
- O que tá fazendo aqui Julia? – ouvi a voz de Emilio. Bah, devo estar sonhando. 
- JULIA! – senti alguém – ou alguma coisa – me sacudindo. Abri os olhos, e vi Emilio na minha frente. 
Devo estar delirando mesmo. 
- Oi – respondi seca. 
- O que tá fazendo aqui? – ele se sentou ao meu lado. 
- O professor me pôs pra fora de sala – sorri – e eu não to com vontade de voltar. 
- Nossa... Sempre pensei que você fosse uma aluna exemplar. 
- Pensou errado. E você, o que tá fazendo aqui? 
- Sempre mato aula – ele sorriu maliciosamente. 
- Vai nessa, a bomba tá te esperando. 
- Tá não, eu pago e passo – ele sorriu. 
- Típico de gente rica – me levantei. 
- Ei, pera ai, aonde vai? 
- Pra aula, não tenho dinheiro pra “pagar e passar” – fiz aspas com as mãos. 

Fui ate a sala da diretora, mas assim que eu pisei na porta, o sinal tocou. Eu tinha tempo de chegar na sala antes do outro professor entrar. 
Sai correndo em disparada, e entrei como se nada tivesse acontecido. Passei as outras aulas calada, até o recreio. 
Dudu ficou o recreio inteiro abraçado comigo, e Rafaela com Lucas, e o Luiz... sumiu. 
- Viu o Luiz? – perguntei pra qualquer um do grupinho que me ouvisse. 
- Não. Acho que ele tá andando por aí com a Larissa – Leticia respondeu, sorrindo. 
- Ah – fingi não estar interessada. É, eu estava, eu queria saber desse rolo. Andar com mulher, gostar de mulher, esse não é o Luiz mesmo. 
Ficamos conversando o resto do recreio, e depois fomos pra aula. Um tédio que só, então, eu passei conversando do mesmo jeito. 
O sinal tocou, e eu sai andando. Senti alguém segurando meu braço, olhei era Emilio. 
- O que quer? – perguntei com os olhos semicerrados. 
- Você me deixou falando sozinho... 
- Fiz muito bem – sorri, e tentei me soltar. 
- Fez não – ele sorriu – vamos comigo agora. 
- Não vou não – sorri. 
- Por favor? – ele fez cara de cachorrinho pidão. 
Como que seus olhos brilham tanto com o reflexo do sol? É tão meigo. 
Não Julia, para, para de pensar nele. 
- Não, Emilio, preciso ir a pé, queimar umas calorias – sorri cinicamente e me soltei. – Até Amanhã Eric – me virei e sai andando.

Cheguei em casa, e fui almoçar. Comi só arroz puro, estava sem fome. 
Fui até meu quarto e tomei um banho. Vesti um short qualquer e uma camiseta, e segui em direção á minha cama. Segunda-feira, sem tarefas, morta de cansaço. É, só me resta ir dormir mesmo. 

" – Vamos Julia, não faz isso. Me escolhe – eu estava no meio de Emilio e Gabriel. Eduardo, estava abraçado á Rafaela, olhando em nossa direção. 
- Não Ju, me escolhe – Emilio disse, com cara de cachorro sem dono. 
- Eu não posso escolher entre vocês – repeti inúmeras vezes, mas sem conseguir sair daquele meio. 
- Pode sim Julia. 
- Olha, então quer saber? Não escolho nenhum dos dois, porque eu não quero brigas, não quero nada! 
- Mas Julia! 
- Cala a boca Emilio, eu não quero conversar com você. – me virei e sai andando, no meio de um nada. 
- Ju, espera – senti um braço passar pela minha cintura. 
- O que foi agora? – perguntei me virando – Ah oi Gabriel, estava te esperando. 
- Esperando? 
- É. 
- Por que não me escolheu? 
- Porque eu gosto de você – sorri. "